Os dias pareciam
voar. Dezembro havia chegado e novas decisões rodearam a vida do casal: o
Natal. Ana queria passá-lo com Mario…mas também queria passar com os seus tios.
Mario queria passá-lo com Ana e com a sua família. Decidiram dividir-se: noite
de Natal seria passada com os tios de Ana e o dia com os familiares de Mario.
Tanto Ana como
Mario conheciam a família um do outro. Mas estes dois dias seriam ainda mais
especiais…afinal é Natal e é o primeiro que Ana passa com a sua família.
Estavam em casa
dos tia de Ana e, enquanto Mario estava com o tio de Ana na sala com o pequeno
Sergio (o primo), Ana estava na cozinha com a tia, finalizando o jantar. Faltava
Esperanza…a pequena Esperanza que tinha ido passar o Natal com a sua mãe e os
seus avós.
- O Mario é um rapaz excelente, não é?
- É sim…e mesmo com esta lesão que teve, não foi
abaixo e está feliz, tia.
- É sinal que lhe fazes bem…que lhe dás segurança.
- Quero acreditar que sim…tia?
- Diz.
- É que…eu preciso de desabafar com alguém – Ana parou de
cortar o ananás, olhando para a tia, que desligou o lume e se encostou na
bancada olhando para ela.
- E…queres faze-lo comigo?
- A tia importa-se?
- Claro que não! Senta – as duas
sentaram-se e, depois de alguns segundos em silêncio, Ana iniciou o seu
desabafo.
- Tia…a minha vida deu voltas, voltas e muitas
voltas neste ultimo ano. Vir para Madrid, conhecer-vos a vocês, descobrir que
tinha um irmão, o Sergio, o Mario, o novo trabalho…os bebés…foi tanta coisa. E eu…não
sei, parece que me perco, de vez em quando.
- Como assim?
- É complicado…tem momentos que sei o que quero,
noutros já não tenho certezas. E…o Mario e o Sergio são a minha perdição. Eu sinto-me
feliz com o Mario, sinto-me bem e quero mesmo que esta relação dure. Mas…a
ultima vez que estive com o Sergio foi no dia de anos do Xabi, à mais de um
mês. Quando ele vai ver a menina lá a casa, eu não estou lá…mas eu tenho
saudades dele. Sinto mesmo a falta dele.
- É normal…
- É?
- Sim. Vocês passaram muita coisa juntos. Muita coisa
que o Mario não pode apagar de um dia para o outro.
- Gostava de estar com o Sergio… - Ana acabou por
admitir o seu maior desejo…ela sente falta de Sergio, sente falta de estar com
ele e de o ter para si. Mas, ao mesmo tempo, quer estar com Mario e ser apenas
dele.
- Querida…há pouca coisa que eu te possa dizer…mas
tu vais conseguir esclarecer tudo, basta seguires o teu coração. Ele está
confuso mas vais conseguir endireitá-lo e perceber o que queres fazer.
- Obrigada...
- Vá, nada disso. Vamos jantar que depois fica
tarde.
As duas
levantaram-se e levaram as coisas para a sala de jantar. Colocaram tudo na
mesa, chamando os homens da casa. Depressa apareceram e os quatro tiveram um
jantar em família. Falou-se da relação de Ana e Mario, dos planos para o futuro
e de como seria o dia de Natal. Ana esqueceu completamente Sergio naquele
momento…só interessava Mario.
A recuperação
deste ia bem. Já andava sem ajuda das muletas e estava a recuperar a olhos
vistos.
- Tia, pode retirar-nos uma foto? – pediu Ana,
querendo colocá-la nas redes sociais para desejar feliz natal aos seus
seguidores.
- Claro.
Ana agarrou Mario para
si e, segundos depois, a tia entregou-lhe o telemóvel com várias fotografias
que tinha tirado. Ana e Mario escolheram uma e, cada um no seu twitter, colocou
a mesma imagem com a mesma descrição.
Feliz Navidad |
Almoço
de Natal
- E se adoptássemos um cão? – perguntava Mario,
sentando-se ao lado de Ana.
- Queres adoptar um cão?
- Era o nosso bebé…
- Eu adoro animais…vamos ter um bebé, vamos, por
favor? – Ana
tinha ficado, visivelmente, entusiasmada com a ideia de ter um animal por casa.
Encostou a sua testa na de Mario, beijando-o como que a pedinchar por um cão.
- Queres mesmo?
- Sim! Vá lá, Mario…treinávamos para depois termos
filhos a serio…
- Isso dos filhos a serio agrada-me.
- Ai…amanhã vamos buscar o nosso primeiro bebé?
- Espera – Mario levantou-se, indo até ao jardim.
De lá voltou com
um pequeno cão nos braços, com um laço azul em torno do pescoço. De imediato,
um sorriso formou-se nos lábios de Ana, que se levantou e foi ter com Mario,
mesmo antes de este chegar perto dela.
- É…é o nosso bebé?
- Eu tinha pensado dar-to ontem à noite…mas queria
ter a certeza que querias.
- É tão lindo, Mario… - Ana retirou o
pequeno cão dos braços do Mario, fazendo-lhe festas e dando-lhe alguns beijos – é menino, não é?
- Sim…não ia por um laço azul numa menina.
- E tem nome?
- Tem…como é adoptado ele já tinha um nome quando o
fui buscar. Roco.
- Oh…Roco Suárez Moreira, seu fofo da mamã – Ana voltou a
olhar para o cão olhando, de seguida, para Mario – obrigada, amor. Eu dava-te um beijo mas não e lá muito higiénico…
- Ele não tem problemas nenhuns – Mario tomou a
iniciativa e beijou Ana, que se riu no meio dele.
- Vou ajudar a tua mãe… - estavam em casa
de Mario e estavam presentes os pais de Mario, a irmã e o cunhado. Ana deixou
Roco no colo de Mario e foi até à cozinha, onde estava Julieta – Precisa de ajuda, Juli? – Ana sentia-se
muito próxima da mãe de Mario. Com a lesão a senhora ia mais vezes lá a casa e
Juli era a forma carinhosa de a tratarem.
- Preciso sim. Que comam a comida toda! Já está tudo
na mesa, já podemos ir almoçar.
- Oh muito obrigada.
- Estás a agradecer-me de que?
- Por ter feito quase o almoço todo sozinha…não
tenho lá muito jeito para cozinhar para tanta gente.
- Deixa-te disso. Vamos almoçar.
- Sim.
Enquanto Julieta
foi para a sala de jantar com o marido, a filha e o genro, Ana foi até à sala
chamar Mario. Ficou encostada na ombreira da porta quando viu Mario a brincar
com Roco.
- Vais mimar o nosso bebé? Ele assim só te quer a
ti.
- Isso já é ciúme de mãe?
- Oh…nada disso – Ana sacou do telemóvel partilhando
aquela imagem no twitter.
O nosso primeiro bebé. Te amamos Roco da mamã. |
Foram almoçar,
deixando Roco andar à solta. O cão foi atrás deles e ficou o almoço todo
sentado no chão, ao lado da cadeira onde Mario estava sentado.
Dias
depois
Finalmente
tinham Esperanza de volta.
- Tio Mario, olha quem chegou… - Mario ainda
estava deitado, a dormir, quando Ana foi buscar Esperanza a casa de Pilar. Ela ainda
iria para mais tratamentos e Esperanza voltava a ficar com Ana e Mario.
Mario começou a
mexer-se, virando-se de barriga para cima. Ana colocou Esperanza sobre o seu
peito despido e, de imediato, Mario pegou nela levantando-a no ar.
- Gordita! – Esperanza ria-se que nem uma perdida e
Mario, depois de lhe beijar a testa, colocou-a entre ele e Ana – Ela está cada vez maior.
- Está, está…tinha tantas saudades dela – Ana beijou as
bochechas de Esperanza, encostando-se na cama.
- Eu sei que tinhas.
- Que é que vão fazer hoje vocês?
- Vais trabalhar?
- Tem de ser…
- Hum…eu tenho fisioterapia. Vou levar a Esperanza,
importas-te?
- E podes levá-la?
- Posso. Era bom tê-la por lá…
- Leva, mas tem cuidado.
- Eu tenho sempre.
- Eu sei… - Ana deu um beijo a Mario, partilhando mais uma
imagem deles.
Alguém que vá trabalhar por mim... |
Ia a sair de
casa…quando o inesperado acontece. Quando uma pessoa apareceu para lhe mudar a vida.