quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

8 - "...uma mãe"

- Tens a certeza que queres jantar com os meus pais? Eu posso ir jantar com eles a um restaurante – dizia o Sergio pela centésima vez.
- Sim…já te disse que sim, não há problema.
- Mas o médico disse que tinhas de ir com calma…sem grandes perdas de energia lembras-te?
- Mas eu tenho de jantar ou não?
- Tens…
- Então! Se o meu coração aguenta com o meu namorado…muito facilmente aguentará com os pais dele.
- Eu tenho a sensação que esse teu namorado é a pessoa mais sortuda do mundo.
- Não sei…és?
- Sou – ele deu-me um beijo e permanecemos os dois algum tempo agarradinhos.
Depois de almoçarmos o Sergio foi para o treino e eu fiquei…a “descansar”
O Sergio tinha pedido que me fosse deitar e que esperasse por ele, mas eu decidi ir começar a idealizar o que iria ser o jantar e dar uma limpeza à casa.
Quando eram cerca das 17:00h, era mais ou menos hora do Sergio chegar. Fui até ao andar de cima e deitei-me na cama a ver televisão. Cerca de 10 minutos depois, o Sergio chega ao quarto.
- Olha quem voltou… - atirei.
- Tens estado aí deitada?
- Sim – mentirinha…mas é por uma boa causa.
- Como é que te sentes? – Ele deitou-se na cama, deixando a sua cabeça nas minhas pernas.
- Estou bem.
- Ainda bem – ele aninhou-se e fechou os olhos. Ele tinha dormido no hospital…e o sofá onde tinha ficado não era o mais confortável. E ainda tinha ido ao treino…
- Estás cansado?
- Um bocado.
- Deita-te como deve ser…eu vou preparando o jantar e tu podes dormir um bocadinho, que tal?
- Não!
- Sergio…porque não?
- Não te podes cansar.
- E fazer o jantar cansa?
- Sim.
- Por favor…
- Então vamos fazer os dois…nem te cansas tanto tu, nem eu.
- E…ainda temos tempo para um duche – o Sergio olhou-me…e riu-se.
- Sabes o que o médico disse…
- Eu só falei em duche…tu é que estás a ter outras ideias.
- Tens razão – ele deu-me um beijo e fomos até à cozinha.
Eu já tinha retirado carne do congelador para fazermos. Ele reparou e abanou a cabeça, abraçando-me.
- Tens noção…de que és super teimosa?
- Tenho…já me disseram algumas vezes – ele olhou-me, dando-me um beijinho no nariz – eu não aguento ficar muito tempo no mesmo sitio. Eu não me cansei…só estive a pensar no que poderia ser o jantar, dei um jeito à sala de jantar…
- E não te cansas-te?
- Não…acho que o problema do meu cansaço és mesmo tu.
- Eish…que mazinha!
- Sou…de vez em quando. Mas, só quero é que daqui a uma semana o médico diga que está tudo bem, e que possamos voltar a fazer exercício físico os dois.
- Hum… - ele deu-me um beijo no canto dos lábios que me deixou…estranha. Senti uma coisa completamente…WOW.
- O que é que pensas que estás a fazer?
- Nada…
- Eu te digo o nada…sabes bem que o meu coração está fraquinho.
- Sei muito bem.
- Ainda bem…que é que estás a pensar fazer para o jantar? – Perguntei, colocando as minhas mãos no fundo das suas costas.
- Já que já temos carne…podemos fazer um guisado.
- Parece-me bem.
Começamos os dois a descascar batatas, cenourinha e tudo o que era necessário para aquele guisado. Depois de já o termos adiantado o suficiente, fomos tomar, os dois, um banho de emersão…super relaxante e demorado. Sabia mesmo bem, estar dentro da banheira, quentinha e com o Sergio. Cerca de 40 minutos depois saímos da banheira e fomos até ao quarto, enrolados em toalhas. O Sergio foi até ao seu closet e eu à minha mala…o que é que eu poderia escolher para jantar com os pais do Sergio…a roupa já estava toda espalhada, misturada com os sapatos e bijutaria, quando o Sergio saiu do closet, já pronto…em menos de 15 minutos.
- Não…não pode ser! Tu entras num closet cheio de roupa e demoras 15 minutos a estar nesse estado…eu com uma malinha ainda não tenho nada para vestir.


- Acho que te posso resolver o problema.
- Vais escolher a minha roupa?
- Vou dar uma ajuda. Vem comigo – ele esticou a sua mão na minha direcção. Eu agarrei-a e fui com ele. O Sergio levou-me…para fora do quarto encaminhando-se para o fundo do corredor – enquanto a minha irmã vivia cá em casa…ela foi juntando roupa que não queria e agora, que casou e tem a casa dela, deixou-me isto.
O Sergio abriu a porta e o meu queixo caiu-me aos pés…simplesmente o sonho de qualquer mulher…


- Wow – foi o que consegui dizer…estava completamente deslumbrada com o tamanho do closet e a quantidade de roupa que ali estava.
- Podes escolher o que quiseres.
- Não…isto é da tua irmã.
- Ela nunca usou nada disto. Diz que não fazia o estilo dela. Queres ajuda?
- Sim… - disse a medo.
- Senta-te – disse apontando para uma cadeira que se encontrava junto da porta – dá-me uns minutinhos para vasculhar o que há por aqui.
O Sergio começou a ir em busca de algo…para eu vestir. Ri-me com a situação…o meu…namorado, está a procurar a roupa para eu usar, no jantar que vamos ter com os pais dele. Está bonito, está.
Ele ia mostrando algumas peças de roupa, que eu ia amando, mas ele dizia que tinham defeito e que não era o que ELE queria que EU usasse.
Vi que ele estava…empenhado na tarefa e nem sequer tentei me meter no meio da sua busca.
Passado algum tempo e quando ele já ia a meio, ouvi:
- Achei!
Ele veio na minha direcção…com uma peça de roupa que eu não vestiria num jantar com os pais do meu namorado.
- Deves pensar…eu não vou jantar assim com os teus pais.
- Vais sim! E sou eu que mando!
- Olha, olha…deves estar muito enganado! Tu não mandas nada!
- Tens razão…mas sou teu namorado – ele fez uma pausa e sorriu – e sei que te vai ficar super bem. E sei que com os acessórios que há para ali, fazes qualquer coisa.
- Mas…não é…demais?
- Até é de menos… - ele riu-se e curvou-se para chegar aos meus lábios e beijar-me – vestes?
- Já te disse que consegues…que eu faça as coisas sem pensar?
- Não…nunca tinhas dito, mas é bom saber isso – demos mais um beijo e ele colocou a roupa nas minhas pernas – vou por o comer ao lume para acabar. Tens meia hora para te consciencializar que vais ser o meu arraso.
- Ai… - ele deu-me mais um beijo e saiu.
Fui até ao quarto do Sergio para ir buscar a minha roupa interior. Depois de vestir o vestido, fui, de novo, até ao closet e dirigi-me até ao sapatos…a minha perdição. Depois de os escolher, escolhi os acessórios também e…acho que estava pronta.


Fui até à cozinha, onde estava o Sergio. Assim que cheguei à cozinha, ajeitei o vestido...achava-o demasiado curto.
-Sergio...eu acho que o vestido é curto demais.
O Sergio olhou-me e riu-se, vindo ter comigo.
-Como tinha pensado, estás um arraso.
-É...os teus pais também vão achar...eu vou trocar de roupa – dei meia volta e comecei a ir para o andar de cima, de novo, mas o Sergio agarrou-me pelo braço.
-Nem penses...estás linda e não penses no que os meus pais vão pensar...interessa-te mais o que eles pensam ou o que eu penso?
-Neste momento? O que eles pensam!
-Esquece...eles podem ficar a olhar para ti...mas é por seres linda e por seres...a primeira rapriga que lhes apresento.
-E pronto...ainda me deixas pior do que já estou.
-Ei...tem calma! Sê tu própria e...eu estou contigo.
-Sei que sim – beijamo-nos.
-Temos de ir por a mesa – o Sergio interrompeu o beijo e fomos os dois por a mesa na sala de jantar, para que, quando os pais do Sergio chegassem, estar tudo pronto.
Cerca de 20 minutos depois tocam à campainha...o meu estômago começou a andar às voltas. O Sergio veio ter comigo à sala. Olhou-me e deu-me um beijo.
-Independentemente do que se passar, quero que saibas que te amo – disse ele beijando-me de novo.
Ele foi até à porta, abriu-a e os pais dele estavam à porta. Cumprimentaram-se os três animados e o Sergio deu-lhes licença para passarem. Assim que os nossos olhos se cruzaram...senti-me super estranha. Os pais do Sergio ficaram...confusos, com a minha presença. O Sergio fechou a porta e veio ter comigo, colocando um dos seus braços em torno da minha cintura...senti-me...amparada.
-Queria apresentar-vos a Ana...a minha namorada. Ana, são os meus pais, Paqui e José.
Para meu espanto, a mãe do Sergio é quem toma a primeira iniciativa e me veio cumprimentar, com dois beijinhos. Já com o pai...era diferente, o senhor estava tenso e sem grandes vontades de me cumprimentar. Sei que o Sergio reparou nisso, mas nada dissemos...óbvio que não, os senhores tinham sido apanhados de surpresa.
Durante todo o jantar, íamos tendo conversas banais...simplesmente em relação ao castigo do Sergio, ao dia-a-dia dele e coisas assim. Quando terminamos o jantar fomos até à sala e o pai do Sergio pediu-lhe para falar com ele a sós, assim, foram os dois para o escritório, ficando eu, na sala, com a mãe do Sergio.
Assim que o Sergio e o pai saíram da sala, a mãe do Sergio, chegou-se para junto de mim, agarrando-me na mão.
-Deves ser muito especial para o meu filho – começou ela – o Sergio nunca nos tinha apresentado uma rapariga...como namorada. Deves saber a fama que as revistas e jornais fazem dele...mas o meu menino não é como o fazem parecer que é. O Sergio é...ele é...
-O homem mais perfeito...é atencioso, amigo, preocupado e tem sempre as palavras certas para o momento certo – completei.
A senhora olhou-me, emocionada, e deu-me um abraço.
-Ainda bem que...apareceste.
-Foi...por acaso – a mãe do Sergio voltou a olhar-me e a agarrar-me pela mão.
-Obrigada.
-Porque?
-Por demonstrares ao meu filho que...amar de novo não tem problemas.
-Acho que, nesse caso, eu é que tenho de agradecer...o Sergio é...o meu primeiro namorado a serio.
Vi que a senhora ficou espantada com o que lhe disse, mas permaneceu com o seu sorriso magnifico nos lábios...era semelhante ao do Sergio...vejo, agora, a quem é que ele sai.

(Sergio)
O jantar com os meus pais e a Ana estava a ser, no mínimo  casual...pouca conversa sobre nós, e muita sobre mim. Penso que a Ana não ficou incomodada com esse facto, mas eu, por outro lado, gostava que, ao jantar, os meus pais tivessem feito mais perguntas sobre ela, a ela. Sobretudo a minha mãe...do meu pai não iria esperar nada disso, muito pelo contrário. O que eu esperava dele chegou depois de jantarmos. Uma conversa a sós.
Fomos os dois para o escritório, deixando a Ana e a minha mãe na sala.
-Tens recebido propostas? - perguntou o meu pai, sentando-se no pequeno sofá que ali tinha.
-Algumas...mas, ambos sabemos que não é por isso que o pai quis falar comigo sozinho.
-Tens razão. Senta-te – puxei a cadeira e sentei-me em frente dele – isto da Ana...é alguma brincadeira? Sabes que não deves tornar as coisas tão sérias antes de o serem.
-Sei disso pai, mas que aquela mulher que está na sala, é a minha futura esposa e futura mãe dos seus netos. Desde...o meu último relacionamento...que nunca senti nada por alguém como sinto pela Ana.
-Com a Pilar...tu não chegas-te a apresentá-la como namorada.
-Vê...aí tem mais uma razão para ver que é tudo muito sério.
-Eu só espero que saibas o que estás a fazer...não brinques com a rapariga.
-Fique descansado... - foi então que me lembrei que a Ana tinha de tomar um comprimido que o médico lhe tinha dado para completar a dose que tinha de tomar – eu já volto.

(Ana)
Estava a falar tranquilamente com a mãe do Sergio, quando ele aparecesse na sala.
-Estávamos a esquecer-nos do que o médico disse – ele vinha com um copo de água na mão, bem como o comprimido que o médico me tinha mandado tomar, depois de jantar.
Peguei no comprimido e tomei-o. Ele voltou a sair da sala e eu voltei à conversa com a mãe dele.
-Estás bem, querida?
-Foi só um problemazinho...
-Queres contar-me?
-É medicação por causa do meu coração...ontem fui parar ao hospital porque estava com insuficiência cardíaca.
-E estás bem?
-Sim...fizeram-me apenas uma mini cirurgia, mas tenho de ter cuidado em relação aos esforços durante uma semana.
-Então...foste operada e estás já a conhecer os teus sogros?
-O Sergio queria levar-vos a jantar fora...eu é que não deixei.
-Custou muito a cirurgia?
-Custou o acordar dela...parecia que me tinha passado um camião em cima, mas agora está tudo bem. Tenho uma cicatriz pequena e quando retirar os pontos nem se vê.
Ainda ficamos um bom bocado a falar do que se tinha passado, até que chegou a hora dos senhores se irem embora. Despedi-me de cada um deles, o pai do Sergio, estava mais...relaxado.
-Até que nem correu mal – disse o Sergio, depois de fechar a porta.
-Adoro a tua mãe. Foi super querida comigo...uma mãe.
-Já viste a quem é que saiu certo?
-Já sim... - dei-lhe um beijo e fomos deitarmo-nos.
Despi-me, ficando apenas em roupa interior. Ri-me sozinha...iria ser a primeira noite que, realmente, iríamos para a cama os dois para dormir. Retirei o soutien e vesti uma T-shirt para ficar mais à vontade.
Peguei no meu tablet e nos óculos.


Deitei-me na cama, tapei-me, pus os óculos e preparei-me para ir ler o que se passava por Portugal. Notícias do país, notícias do meu...chefe, ou ex-chefe...essa tarefa foi-me dificultada pela entrada do Sergio no quarto...ele vinha apenas em boxers...o que me deixou completamente desnorteada.
Ele olhou-me e riu-se.
-Estás a gozar comigo e com o facto de usar óculos? - perguntei.
-Nada disso – ele meteu-se dentro dos lençóis, encostando a sua cabeça ao meu ombro – só não fazia ideia de que usavas óculos e que ficavas linda com eles.
-Não sejas parvo! O meu chefe mandou-me um mail – disse ao abrir a minha caixa de correio.
-Que diz?
-Vou abrir agora. Queres que te leia?
-Se quiseres...
-Pode ser em português?
-Se for devagar, eu percebo.
-Ok. Então começa assim:
Estimada Ana Moreira,
creio ter arranjado uma substituta para o seu lugar, não tem as suas características profissionais, mas parece-me que a sua escolha já estava feita no dia em que falamos. Contudo, fico a aguardar uma resposta sua até amanha de manhã. Fique sabendo que apreciava bastante o seu trabalho e que deveria aceitar a minha proposta. Se não o fizer, as minhas felicidades. Cumprimentes.”
-O que é que ele quer dizer com isso? - perguntou o Sergio.
-Quer dizer que estou desempregada. Eu não vou aceitar a proposta dele...é que nem pensar.
-Já te disse que te posso ajudar.
-Não...já disse que não.
-Vamos dormir, então...amanhã é outro dia.
-É outro dia...que eu vou passar aqui em casa...aviso já que depois de amanha tenho de sair daqui, senão dou em maluquinha.
-Depois vemos o teu caso.
Desliguei o tablet, colocando-o em cima da mesa de cabeceira, assim como aos meus óculos. Virei-me para o Sergio e, até o sono chegar, estivemos numa de...namorar.

domingo, 27 de janeiro de 2013

7 - Coração

Depois de assistir ao treino do Real e de passar um bom bocado com a Sara, os meninos terminaram o seu treino e fomos almoçar os quatro. Eu, o Sergio, a Sara e o Iker.

(Sergio)
Era importante para mim ter a Ana juntamente com o futebol. Era importante tê-la no treino de hoje assim como era importante tê-la…comigo. Tornou-se…uma pessoa essencial na minha…vida.
Nunca nenhuma rapariga tinha feito comigo o que a Ana tinha conseguido fazer. Era como se tivesse feito um clique dentro de mim…como ninguém tinha feito. Eu estou apaixonado por ela, e sei que poderei assentar de uma vez com uma rapariga.
Depois de almoçarmos com o Iker e a Sara, fomos os dois para casa.
Tinha de ir falar com o meu agente…estar no mês de Janeiro implica muitas movimentações com propostas, mas sair do Real Madrid não está na minha mente. Enquanto fui ao escritório para lhe telefonar, a Ana subiu até ao quarto. Ela disse que precisava de descansar e que se ia deitar um pouco.
Depois de almoço ela ficou um pouco diferente…estava cansada. Não era dela…não pelo menos nestes dias…e noites.
Andei cerca de uma hora a falar com o meu agente. Sobre propostas, eventos e das noticias que saíram na imprensa sobre mim e a Ana. Quando terminei a chamada, subi até ao andar do meu quarto, indo até ele.
A Ana estava deitada sobre a minha cama…como é que era possível uma pessoa ficar tão perfeita ali deitada? Estava serena. Bastante serena. Deitei-me a seu lado e afastei-lhe alguns cabelos do seu pescoço. Ela estava fria e com a respiração…fraquíssima.
- Ana… - chamei-a baixinho. Ela abriu os olhos e olhou-me. Não os abriu na totalidade. Ficou com eles semi-abertos e sem aquele seu brilho característico.
- Sergio…eu não…estou bem – a sua voz estava fraca. Comecei a desesperar. O que é que se está a passar?
- O que é que sentes?
- Estou cansada…e o meu…coração…está a bater devagar – ela estava com imensa dificuldade em falar. Tinha de parar várias vezes e fechava os olhos. Coloquei a minha mão junto do seu coração…estava muito fraco mesmo. Demasiado até para aquilo que deveriam ser batimentos cardíacos normais.
- Eu tenho de te levar ao hospital… - preparei-me para a pegar ao colo.
- Sergio…a imprensa.
- Nem penses que te vou deixar assim, és louca!?
Peguei nela ao colo e levei-a para a clínica onde eu costumo ir. Tinha lá o meu médico, que era da minha confiança. Todo o caminho, de minha casa ao hospital, a Ana só piorava. A sua respiração estava cada vez mais fraca e ela mal se aguentava direita.
Demos entrada nas urgências, chamaram de imediato o meu médico, que fez alguns testes à Ana, mas, como não era a sua especialidade, teve de chamar um colega dele, da cardiologia, para observá-la.
Depois de uns exames e de a auscultar, pediram-me que saísse do gabinete e que fosse até à sala de espera.
Espera…era aquilo que eu não conseguia fazer. Não conseguia esperar…não quando tenho uma pessoa importante mal, sem saber o que tem e a ser examinada por um cardiologista.


(Duas horas depois)
Tinham-me avisado que a Ana estava a ser sujeita a uma mini cirurgia ao coração. Ela estava com insuficiência cardíaca. Ao que os médicos apuraram…muita actividade física em pouco tempo, para a Ana, poderia ser prejudicial. E a culpa de isto tudo era minha…
A operação, que deveria ser mini, já estava a demorar demasiado tempo. Foi então que me dirigi até à recepção para tentar recolher alguma informação:
- Sabe-me dizer se a operação da minha namorada está com alguma complicação? – Usar o termo namorada…era mais que apropriado, àquilo que queria ser a ela.
- Como se chama a senhora?
- Ana…Ana Moreira.
- É o acompanhante? – Perguntou um médico que aparecera.
- Sou sim doutor.
- Fui eu que estive a operar a menina Moreira.
- Como é que ela está?
- Agora está bem. Sabe se ela tem algum historial de casos relacionados com o coração?
- Não doutor. Conhecemo-nos há pouco tempo e não sei de pormenores relacionados com a saúde da Ana.
- Nesse caso temos de esperar que ela acorde. Mas…ela está bem e vai ficar bem. Não há razões para alarme. Fizemos apenas a cirurgia para estimular o coração da Ana a bombear. Ela chegou com imensas dificuldades, mas agora está estável…só tem de ter cuidado com ela na questão da actividade física. Ela não se pode esforçar muito nos próximos tempos…uma semana de descanso absoluto irá fazer-lhe bem.
- E ela está mesmo bem?
- Está. Não se preocupe. Quer ir vê-la?
- Se pudesse ser…
- Claro. Ela está ainda inconsciente por causa da anestesia, mas acordará em pouco tempo.
- Muito obrigado doutor. Obrigado por ter ajudado a Ana.
- Ora essa. É a minha função. Vamos, então?
- Claro, claro – começava a ficar mais aliviado. Afinal, a mia princesita estava bem…só tínhamos era de por um travão na…actividade física.
Fomos até ao quarto onde estava a Ana. O médico deixou-me à vontade ao pé dela e saiu do quarto. Eu sentei-me numa cadeira que estava do seu lado e agarrei-a pela mão.
- Que susto hã? – Dei-lhe um beijo na mão e peguei no meu telemóvel. Digitei o número do Iker.
“- Não me digas que já despachas-te a miúda?”perguntou ele, em tom de brincadeira.
- Nada disso…estou com ela no hospital.
“- Hospital?”
- Sim…viste que ela se estava a queixar de cansaço…
“- Sim.”
- Quando chegamos a casa ela foi-se deitar…eu estive a falar com o meu agente e quando fui ter com ela…ela estava estranha e queixou-se do coração. Estava muito fraco.
“- Mas ela está bem, puto?”
- Está…agora está. Os médicos disseram que ela estava com insuficiência cardíaca.
“- Mas isso não é grave? Ela não tem de ter cuidado?”
- Pois…pelo que o médico me disse ela vai ficar bem, só tem de descansar.
“- Ela está bem, então?”
- Sim…está ainda inconsciente. Tiveram de lhe fazer uma mini cirurgia para estimular o coração.
“- Puto…ela vai ficar bem. Não stresses.”
- Fogo…mano, só de pensar que ela podia ter morrido se eu demorasse mais tempo a ir ter com ela.
“- Ei…tem calma. Ela está bem. Tens é de deixá-la descansar, senhor Ramos.”
- Sei disso! Mas…fogo! Ainda agora a conheci e já estive quase a perde-la!?
“- Isso é que é…azar.”
- Azar é pouco! Deve ser Deus a castigar-me pelo que tenho andado a fazer estes anos.
“- Até parece que queres dizer com isso, que as revistas têm razão.”
- Em parte têm…
“- Na parte que descobrem os teus relacionamentos…não, na parte em que és um devorador de mulheres!”
- Eish…devorador de mulheres…onde é que isso já vai.
“- Ya…diz que não.”
- Bem…eu não sei quanto tempo é que ela aqui vai ficar, mas hoje eu só saiu daqui lá para a noite. Amanha…só vou ao treino se ela estiver bem.
“- Não te esqueças é de avisar.”
- Claro.
“- Mano…ela vai ficar bem. Conseguiste chegar com ela a tempo ao hospital…e os médicos que aí estão são competentes. Se houverem complicações…que espero que não hajam…sabes que estamos contigo.”
- Obrigado Iker.
“- Vá…fica lá com a rapariga e as melhoras dela.”
- Obrigado. Eu depois digo qualquer coisa.
Desliguei a chamada e olhei para a Ana…que tinha os seus olhos abertos e sorriu-me.
- Eu gosto de ser diferente… - disse ela, ainda a custo mas riu-se.
Eu aproximei-me dela, dei-lhe um beijo na testa, outro no nariz e voltei a agarrar-lhe na mão.
- Tu és diferente mesmo…como é que te sentes?
- Cansada…
- É normal…é da anestesia.
- O que é…que se passou?
- Parece que o teu coração não aguenta tanto esforço.
Ela tentou dar uma das suas gargalhadas, mas não a conseguiu prolongar pelo tempo que costumava ser o certo.
- Isso quer dizer que já…não posso ser a substituta…do Sergio Ramos no Real… - quem se desmanchou a rir fui eu. Ela estava animada, nem parecia estar toda entubada. Custava-lhe a falar…tinha de fazer imensas pausas, mas estava animada.
- Não…isso não podes. Vais mesmo ter de ser a companhia do Sergio Ramos.
- E se não me apetecer?
- Ele faz com que te apeteça, não te preocupes… - sorrimos os dois – é melhor chamar o médico, não?
- Se calhar…
Pressionei no botão de chamada dos responsáveis do quarto da Ana.

(Ana)
Parecia que um camião me tinha passado por cima…parecia que o meu corpo todo se estava a despedaçar…doía-me tudo. E estava cansada…muito cansada. Acordei ao ouvir o Sergio…o Sergio! Ele tem sido perfeito. É simplesmente a melhor coisa que me aconteceu…sem duvida nenhuma.
- …não sei quanto tempo é que ela aqui vai ficar, mas hoje eu só saiu daqui lá para a noite. Amanha…só vou ao treino se ela estiver bem.
Pelo avançar da conversa e quando chegou a despedida percebi que era o Iker.
Decidi “brincar” com o Sergio…poderia estar a custar-lhe estar ali…e se, ao menos brincasse com a situação e parecesse animada, ele poderia descansar.
O Sergio chamou o médico que, quando chegou ao quarto, pediu-lhe que saísse. O Sergio assim o fez, e o médico começou a observar-me.
- Como é que se sente?
- Dorida…e cansada.
- Isso é da anestesia. A menina já tinha tido algum episódio semelhante a este?
- Não senhor doutor.
- E costuma fazer muito exercício?
- Não tanto como gostaria…mas ultimamente…tenho feito mais – oh se tenho…então…esta coisa que me deu…deveu-se aos…pedaços de bom pecado que tenho passado com o Sergio? Ai coitado…provavelmente sentiu-se mal com tudo isto.
- Penso que seja um caso isolado e que não se repita. Pelo menos com muita frequência. Tenho de lhe dizer que tem de descansar muito, pelo menos uma semana sem grandes exercícios e perdas de energia. Se entretanto se sentir mal…terá de voltar ao hospital para estudarmos o seu caso.
- Vou puder ir para casa?
- Sim. Tem de passar a noite de hoje em observação e, se tudo correr bem, amanha de manha posso passar-lhe a alta.
- Então quer dizer…que só preciso de descansar?
- Sim…descanse muito e tenho uma alimentação equilibrada… - o médico retirou-me um dos tubos que tinha ligados ao nariz. Nada doloroso…era apenas oxigénio – teve muita sorte em que o seu namorado a trouxesse rápido.
- Namorado?
- Sim…o senhor Ramos. É seu namorado, ou não se lembra? – O médico tinha acabado de chamar o Sergio de meu…namorado. Ele tinha dito que era meu namorado? – menina Ana? – o médico chamou-me à atenção.
- Sim…sim. Peço desculpa…estava apenas a pensar no que acabou de…dizer.
- Tem alguma questão a colocar?
- O que é que…se passou ao certo comigo?
- Insuficiência cardíaca. O seu coração não aguentou com as descargas de energia que teve ultimamente e quebrou.
- E…pode repetir-se, certo?
- Sim…mas só se começar já a fazer exercício amanha. Se ficar uns tempos sem grandes esforços conseguimos que seja só um episódio.
- Muito obrigada doutor.
- Não me agradeça. Cuide de si. Amanha passo por cá para lhe dar alta.
O médico saiu do quarto e passados alguns segundo entrou o Sergio.
- Está tudo bem? – Perguntou ele, sentando-se na cadeira a meu lado.
- Sim…o médico disse só que tinha de ter cuidado…com o exercício físico.
- Também ele me disse o mesmo. Abusamos…
- Mas foi gostoso.
- Olha para ela, olha – o Sergio aproximou-se da cama e segurou-me na mão.
- O médico disse-me que eras meu namorado…
- Disse? Quem lhe deu autorização?
- Isso queria eu saber…quem te deu autorização…a intitulares-te de meu…namorado? Se és apenas…meu amigo.
- Amigo…
- Sergio. Temos de ir com calma.
- Exacto…desculpa.
- Não desculpo…não desculpo porque ainda não me deste um beijo como deve ser.
- Onde é que está a calma?
- Ei…quero calma contigo…como meu namorado. Mas quero…muita presa…contigo como meu quase namorado.
O Sergio sorriu-me…como só ele sorri. Ele levantou-se e aproximou o seu corpo do meu. Aproximou os seus lábios do meu e beijou-me. A vontade que eu tinha de corresponder ainda mais àquele beijo era imensa…mas…não sei porque uma máquina começou a fazer imenso barulho. Imenso barulho mesmo.
- O que é isto? – Perguntou o Sergio a olhar para a máquina super aflito.
- Não faço ideia…
Nisto uma enfermeira entra pelo quarto dentro, super apressada. Dirigiu-se à máquina e olhou-me.
- A menina sente-se bem? – perguntou ela, auscultando-me.
- Sim…mas o que é que se passa?
- São os seus ritmos cardíacos…aumentaram e a máquina dá-nos esse sinal.
- Está tudo bem senhora enfermeira…foi apenas o coração sentimental a falar… - olhei para o Sergio que se ria…a enfermeira acabou por se rir connosco, pedindo para que tivéssemos mais calma.

- - - - - -
- O médico disse para não fazes grandes caminhadas – “gritou” o Sergio quando eu sai do carro primeiro que ele, encaminhando-me para a porta de casa.
- Até parece que estou a 2000 km de distância do teu carro.
- Não estás…mas tens de abrandar – o Sergio saiu do carro e veio ter comigo. Abriu a porta e pegou-me ao colo – agora vais para a caminha e eu sou o teu enfermeiro de serviço.
- Olha-me, olha-me…mas agora sou inválida?
- Não…mas o médico disse… - fechou a porta com o pé – para tu descansares…tens de descansar.
O Sergio levou-me até ao quarto e deitou-me na cama. Colocou-me uma almofada para me encostar e deu-me o comando da televisão, sentando-se a meu lado.
- Temos de começar a arranjar coisinhas para fazer – começou ele.
- Eu tinha umas ideias, mas o médico não deixa.
- Nem ele…nem eu. Temos de ir com calma… - ele deu-me um beijo…que, ao contrário dos que tínhamos antes, era super calmo…sentido.
Agarrei no comando e liguei a televisão.
- Ora bem…vamos ter tempo para: ver televisão, tirar fotos, jogar…cantar…
- E temos de arranjar uma dieta saudável para nós.
- Não me ponhas a comer coisas sem sal…
- Não. Mas temos de seguir as ordens que o médico deu.
Ficamos os dois a ver televisão e a mimarmo-nos um ao outro. Tudo super relaxado e sem segundas intenções. Começamos a ver um jogo do Real Madrid que estava a dar repetido…quando o telemóvel do Sergio tocou.
- Madre… - disse ele ao atender a chamada.
O Sergio conversava animado com a mãe ao telemóvel e eu distraí-me com a televisão, não ligando ao que eles conversavam. Só quando o Sergio entrelaçou a minha mão com a minha é que me apercebi que a conversa tinha terminado.
- Algum problema? – Perguntei aninhando-me ao Sergio.
- A minha mãe…vem cá jantar.
- Vem!? – A mãe do Sergio…jantar…cá em casa. Eu. Aqui. Em. Casa.
- Sim…ela, quer vir cá, vem com o meu pai. Já não estamos juntos à algum tempo.
- E…hoje…
- Jantamos os 4 juntos. Apresento-te como minha amiga.
- Queres…apresentar-me…como namorada?
- Queres sê-lo?
- Amava ser…como te amo a ti… - olhei para o Sergio, que só não sorriu mais porque não conseguia. Beijamo-nos, fugazmente…senti o meu coração a bater…como ainda não tinha batido. Batia como um coração apaixonado bate e como só uma rapariga apaixonada, como eu, conseguiria fazer um coração bater.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

6 - A importância é...

Acabamos por nos dirigir para o sofá e permanecemos por lá deitados. Estava eu em cima do Sergio, os dois de barriga para cima, e a brincarmos com a mão um do outros.
- Em que pensas? – Perguntou o Sergio, apertando-me mais contra ele.
- Que é que te faz crer que estou a pensar em algo?
- Estás a olhar para o teto…há algum tempo – e tu estás a olhar para os meus olhos há algum tempo…
- Não estou a pensar em nada – virei-me de barriga para baixo, beijando-o.
Prolongamos aquele momento durante algum tempo…mas o Sergio acabou por o interromper:
- Vou preparar algo para jantarmos, sim? – ele levantou-se e eu aprontei-me a ajudar.
- Eu ajudo!
- Nem penses – ele fez com que eu caísse no sofá – és a minha convidada e ainda queres ajudar?
- Se aqui vou passar algum tempo…tenho de ajudar.
- Não…a não ser que queiras ir com a intenção de distrair o cozinheiro e pegar fogo à casa.
Ficamos os dois a olhar um para o outro…ele estava a tentar ser engraçado…mas ao brincar com aquilo…não deu bom resultado.
- Desculpa…eu não queria…ter dito isto – ele estava atrapalhado, mas…não tinha de ficar.
- Foi só uma piada…sem jeito – eu levantei-me e dei-lhe um beijo – queres companhia para fazer o jantar?
- Quero – ele deu-me a mão e fomos os dois para a cozinha.
Mirei tudo aquilo…o Sergio a mover-se entre o frigorífico e o fogão…um verdadeiro dono de casa. Quando ele parou pelo fogão, aproximei-me dele e agarrei-o. Coloquei as minhas mãos nos seus peitorais e comprimi-os para que o Sergio estivesse mesmo encostado a mim, mesmo que estivesse de costas.
- Lá vai ela distrair o cozinheiro – comentou ele.
- Não…ela só está a querer o cozinheiro.
Acabei por ajudá-lo na confecção do jantar e de colocar a mesa.
Tivemos um jantar super agradável e relaxado. Sem aquela sensação de que estariam mil pessoas a olhar para nós…e sermos simplesmente nós, sem qualquer constrangimento.
Depois de jantarmos, e com muita insistência minha, acabei por ser eu a lavar a loiça do jantar. Era o mínimo que poderia fazer.
Até à hora de ir “dormir”, ficamos os dois pelo quarto do Sergio a “curtir”? Estávamos numa de beijos, apalpanços, mordidelas e chupões…mas estávamos bem…até…até que aquilo que mais fizemos no fim-de-semana se teve de repetir. A vontade era imensa…e não se podia contrair mais.


(Na manhã seguinte)
Inspirei fundo antes de abrir os olhos…e aquele cheiro dele invadiu o meu corpo de uma ponta à outra…estremeci completamente e, de imediato, sorri. Foi então que ouvi o barulho de agua a correr e uma voz…nada mal cantante a cantarolar:
- Pero al despertar
Siempre desaparece
Ella cree que en mi mundo
No tiene su sitio y se arrepiente
O Sergio estava a cantar no duche. Não cantava nada mal…muito pelo contrário. Levantei-me da cama e fui até à casa de banho…a agua escorria-lhe pelo corpo todo, deixando algumas gotículas salientes. Antes de dar numa de invasora de banho…deixei que a melodia continuasse - Piensa que yo podré vivir sin sus besos
Que con sus años hay cosas
Que no pueden ser y no lo entiendo.
Miro adentro y busco el recuerdo
De su cuerpo fundido en mi cuerpo y aún... - Pablo Alborán - En Los Brazos De Ella
O Sergio estava a cantar…bem. Ele canta bem. Toda aquela cena me deixou com mais vontade de me meter no banho com ele. O vapor do quente da água, embaciou o espelho e as portas do poliban...que abri devagar para que ele não se apercebesse.
Rodeei-o com os meus braços e ele calou-se.
- Porque paraste? – Comecei a dar-lhe pequenos beijos pelas suas costas, ao mesmo tempo que ele agarrou nas minhas mãos, retirando-as do seu corpo e virou-se para mim, voltando a colocar as minhas mãos no seu corpo, mas desta vez nas suas costas.
- Estavas a dormir tão bem – também ele colocou as suas mãos no fundo das minhas costas.
- Comecei a ouvir-te cantar…e decidi vir ter contigo. Mas…podes continuar a cantar…eu estava a adorar.
- Não me parece…
- Vá lá!
- Cantas comigo?
- Eu não sei cantar…
- Eu também não. Isso não é desculpa.
- Tudo bem… - o Sergio…como que aclarou a voz e começou:
- Enséñame a rozarte lento,
Quiero aprender a quererte, de nuevo,
Susurrarte al oído, que puedo.

Si quieres te dejo un minuto,
Pensarte mis besos, mi cuerpo, y mi fuego,
Que yo espero si tardas, porque creo que te debo, mucho.

Ahora, que me he quedado solo,
Veo que te debo tanto y lo siento tanto,
Ahora, no aguantaré sin ti, no hay forma de seguir,
Así...
-
 percebi de que música se tratava: Pablo Alborán – Tanto. 
O Sergio beijou-me e encostou-me à parede fria…o choque térmico fez-se sentir…mas depressa passou. Ele olhou-me, sorriu…
- Sabes o resto?
Assenti afirmativamente com a cabeça, escondi a minha cara no seu peito e comecei a cantar…eu adoro cantar, mas não com pessoas a verem…e muito menos nesta situação:
- Vamos a jugar a escondernos,
Besarnos si de pronto nos vemos,
Desnúdame, y ya luego veremos,
Vamos a robarle el tiempo al tiempo.

Por mucho que aprieto tus manos,
Me cuesta creer que aún no te hayas marchado,
Me fundiré en tus labios,
Como se funden mis dedos en el piano.

Ahora, que me he quedado solo,
Veo que te debo tanto y lo siento tanto,
Ahora, no aguantaré sin ti, no hay forma de seguir,
Así...
o Sergio afastou o meu corpo do dele, para me olhar…de imediato parei de cantar.
Ele riu-se e deu-me um beijo no nariz, para de seguida tomar os meus lábios de assalto.
Acabamos por tornar aquele banho musical, em algo que já era hábito em nós. Amamo-nos como dois loucos apaixonados…apaixonados? Eu não acabei de dizer…ou pensar que estou apaixonada. Não!
Saímos os dois do duche enrolados em toalhas e voltamos para o quarto.
Enquanto o Sergio já andava a procurar roupa pelo seu armário…eu fiquei sentada na cama.
- Tens treino hoje? - Perguntei-lhe.
- Sim. Daqui a pouco mais de 40 minutos. Queres vir?
- Não! – ele espreitou pela porta do roupeiro.
- Porque?
- Porque vai lá estar a imprensa espanhola toda!
- Aí é que te enganas! É à porta fechada!
- Mais uma razão…se é à porta fechada…não deve ir ninguém – ele aproximou-se…e vê-lo, com aquela toalhita enrolada à cintura…deixou-me com uns pensamentos menos…menos nada! Tinha-os a toda a hora desde que…que…tivemos a nossa primeira vez.
- Não serás a única rapariga por lá…as mulheres dos meus colegas também costumam ir… - disse sentando-se a meu lado.
- Mas eu não sou mulher de ninguém de lá…esqueces-te disso?
- Ai…não sejas parva! Vem comigo tonta!
- Ei! É mesmo necessário que me chames esses nomes todos?
- São ditos de forma carinhosa princesita – ele deu-me um beijo e ficou a olhar para mim ­– vens?
- Posso dizer que não e ficar aqui por casa?
- Podes…mas eu não deixo.
-Tenho de dizer que sim?
- Exacto…vamos a despachar – ele voltou a entrar no seu roupeiro e eu fui até à minha mala retirar uma roupa para vestir – depois podes por as tuas coisas aqui. Há espaço suficiente.
Por a minha roupa no closet do Sergio…ai que isto tá bonito, tá!
Escolhi a roupa que queria vestir…mas uma vez, quente.



Depois do Sergio estar despachado, fomos até ao andar debaixo. Ainda comi uma maça antes de sairmos de casa…o Sergio não podia ir de barriga cheia para o treino.
Assim que chegamos ao centro de treinos do Real, o Sergio estacionou o carro dele e saímos dele indo para o interior, onde estava muito mais quentinho.
Assim que chegamos…ao que parecia ser a sala de convívio, estavam lá quase todos os jogadores do Real…bem como algumas mulheres dos mesmos.
- Buenos dias – disse o Sergio e um “buenos dias” colectivo se ouviu.
O IkerCasillas, levantou-se do sítio onde estava e veio na nossa direcção.
- Antes que comeces… - começou o Sergio por dizer, entrelaçando a sua mão com a minha.


Senti-me a ficar corada…muito corada. Mas não me importei com o que o Sergio estava a fazer…não sei…mas desde que estava com ele que fazia primeiro as coisas e só depois pensava nas consequências.
- É a Ana.
Vi que o Iker ficou super…à vontade. Deu um passou bem ao Sergio e cumprimentou-me com dois beijinhos na cara.
- Ana…é o Iker…óbvio que sabes quem ele é.
- Muito gosto – disse ele.
- Igualmente.
- Vamos andado? – perguntou o Iker ao Sergio.
­- Já te apanho pelo caminho.
O Iker começou a ir com mais uns colegas para o balneário e o Sergio colocou-se à minha frente.
- Usa os teus dons de jornalista para começares a falar com as meninas – e deu-me um beijo…ali? Ontem foi no meio da rua…hoje no meio de tudo o que era jogador do Real e respectivas mulheres…
- E deixas-me com esta bomba na mão?
- Sei que vais fazer com ela o melhor que sabes…agora – deu-me mais um beijo ­– tenho de ir.
- Bom treino.
- Já nos vemos.
O Sergio começou a caminhar de costas…continuando a olhar para mim e sem me largar a mão. Quando eu não me mexi e o meu braço já não esticava mais ele soltou-me e começou a correr pelo corredor.
Comecei a sentir-me à nora e sem saber o que fazer…mas uma pessoa muito conhecida e querida minha começou a aproximar-se de mim. A Sara Carbonero. A namorada do Iker…jornalista desportiva, como eu…era.
- Hola chica.
- Hola.
- Eu sou a Sara, podes ficar à vontade comigo.
- Obrigada, eu sou a Ana.
Ficamos as duas a conversar…sobre as nossas profissões. Nada de meter o Iker ou o Sergio ao barulho, simplesmente a partilharmos momentos que já tínhamos passado.
Acabamos por nos dirigirmos as duas para um dos bancos de suplentes do relvado. Éramos apenas cinco raparigas que ali estávamos, pelo que nos foi autorizado a estar naquele banco, uma vez que não era o que estava a ser utilizado para o treino.
- Posso fazer-te uma pergunta? – Falou a Sara.
- Claro. Diz.
- O que é que tens com o Sergio?
- Fala a Sara namorada do Iker, ou a Sara jornalista?
- A Sara namorada do Iker, possível tua amiga e amiga do Sergio.
- Sinceramente não sei…estivemos o fim-de-semana juntos, como foi noticia…eu acabei por voltar a Lisboa no Domingo à noite, mas ontem voltei para cá, depois de ter a tal reunião com o meu chefe – já lhe tinha falado desse pormenor - mas…o que eu e ele temos… - fixei o meu olhar no Sergio que fazia exercícios com a bola ­– é forte…mas não tem descrição possível…não existe uma palavra que o defina. Estamos juntos, mas não somos namorados.
- Ele gosta de ti – a Sara falou, fazendo com que o meu corpo se petrifica-se…olhei-a e ela sorriu-me – o Sergio nunca falou tanto numa rapariga ao Iker, como falou de ti.
Por esta é que eu não esperava…quer dizer…o Iker era o fiel confidente do Sergio e para lhe falar de mim…seria eu assim tão…importante para ele?
Ele também é muito importante para mim…mas daí a conseguir assumir algo com ele…vai um passo de gigante.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

5 - Proposta

“- Na manha deste sábado, Sergio Ramos, o defesa central do Real Madrid, foi visto junto das Puertas de Alcalá, com uma rapariga bastante bonita e jovem. Ao que pareceu, a jovem vinha de bagagem e os dois partiram em destino desconhecido.
O fim-de-semana dos dois não deve ter sido nada entediante, uma vez que o defesa central está castigado e não se encontra na lista do Real para o jogos.
O novo casalinho de Madrid jantou, num ambiente muito romântico, no sábado à noite e no domingo almoçaram também juntos. Até ao fecho da presente edição da revista não conseguimos contactar Sergio Ramos, que se encontrou incontactável o fim-de-semana inteiro, nem conseguimos identificar quem era a nova conquista do menino bonito de Madrid. Resta desejar que desta vez Sergio apresente a rapariga e que não seja apenas mais uma na sua lista de conquistas de uma noite.” O Sergio lia-me o que vinha na revista sobre “nós”. Não havia nenhum “nós”, é verdade que passamos um fim-de-semana escaldante e muito bom, mas nada mais que isso. O Sergio era um bom amigo, um bom companheiro para a noite e para desabafar…mas daí a assumirem que seriamos o novo casalinho de Madrid…
- Estás aí?Perguntou ele.
- Estou…estou.
- Queria que soubesses antes de ires trabalhar…as noticias já podem ter chegado à redacção do teu jornal. Acho que sabes como são os paparazzi…olhos em todo o lado.
- Sim, sei…infelizmente sei. Obrigada por teres ligado a avisar. O meu chefe quer falar comigo…e segundo a mensagem dele, ele espera que o que eu ando a fazer me seja útil para o trabalho…só sei que vem dali coisa menos digna.
- Achas que ele…
- Que ele me vai pedir para te usar como fonte de noticias em primeira mão? Acho.
- Achas que era capaz disso?
- Tenho a certeza Sergio. Se há coisa que ele procura é ficar por cima de todos os jornais portugueses. Obrigada por me teres avisado…assim já vou preparada.
- De nada. Podes ir ver as fotografias…ao que parece, ficamos bonitinhos.
- Ainda brincas com a situação tu!
- Sabes que tudo o que dizem é verdade…ou não?
- Sim…passamos o fim-de-semana juntos…mas daí a sermos um casal.
- Não me importava de o ser contigo.
- Vai dormir que o teu mal é sono!
- E a culpa é tua!
- Sim, sim…vá. Eu também vou. Amanha tenho de lá estar cedo.
- Besos.
- Besos.
Desliguei a chamada e fui tomar um duche antes de me meter no meio dos lençóis. Estava frio…e precisava de aquecer.

(No dia seguinte)
Acordei…depois de um sonho tão, mas tão, porco com o Sergio! Até em sonhos ele já me afectava! Como é que era possível!? E como é que isto tinha acontecido!?
Levantei-me, fui tomar um duche e vesti uma roupa quentinha para o dia de hoje, que iria começar de uma maneira…imprevisível.



Sai de casa e pus-me a caminho da redacção do jornal.
Demorei cerca de 25 minutos a lá chegar…era a vantagem de morar perto, apesar do trânsito que havia.
Assim que cheguei ao edifício, dirigi-me à minha secretária, deixando lá a minha mala. Como já era perto das 9h fui até ao escritório do meu chefe. Bati à porta antes de entrar. Ele deu-me licença, eu entrei e sentei-me à sua frente.
- Como estás Ana?
- Bem e você?
- Também… - ele jogou uma revista espanhola em cima da mesa – podes começar a folhear.
Fiz o que ele disse e peguei na revista para a começar a folhear.
Logo numas das primeiras páginas apareciam várias fotografias minhas e do Sergio. Umas eram junto das Puertas de Alcalá, outras nos restaurantes. Era a revista que o Sergio me tinha falado ontem.
- Penso que te reconheças nas fotografias – quando ele tentava ser engraçado e não conseguia…era mau sinal – eu vou ser directo ao assunto. Já que não te preocupas-te com os paparazzi em Espanha, gostava que ajudasses aqui em Portugal.
- Como assim?
- Quero que nos arranjes noticias em primeira mão com ajuda do teu amigo.
- Do Sergio?
- Exacto. Estás disposta a isso?
- Nunca. Vai contra os meus princípios enquanto pessoa e jornalista.
- Vou ver se sou mais claro – ele desencostou-se da cadeira e aproximou o seu corpo da secretaria – encara isto como uma promoção. Poderás passar o tempo que quiseres em Madrid com o teu amigo, desde que me dês as informações que preciso.
- Não o posso fazer.
- Ou o fazes…ou o teu posto de trabalho pode ficar em causa. Assim como a tua carreira.
- Vai despedir-me?
- Tens até quinta-feira de manha para me dizeres que sim. Se for um não podes nem aparecer. Leva as tuas coisas hoje para no caso de ser a segunda opção.
- Muito obrigada…trabalhos para hoje?
- Estás dispensada até quinta-feira. Aproveita o tempo para pensar e dizeres-me que sim.
- Vamos ver…mas comece a procurar outra pessoa para me substituir.
Levantei-me e fui até à minha secretária e comecei a arrumar as minhas coisas.
Mas quem é que ele pensa que é? Lá porque é ele que passa o cheque ao final do mês não me impõe ordens na minha vida. Usar o Sergio para…subir na carreira? Desde quando é que fazer uma coisa deste género é subir na carreira? Quem o faz…é por mero interesse no dinheiro…e eu tenho mais amor aquilo que vou construindo com as pessoas do que ao dinheiro e se as coisas com o Sergio estão a correr bem…eu não o vou desiludir…nem usar para aquilo que o meu chefe quer.
Despedi-me dos meus colegas…não lhes expliquei o que se tinha passado, mas eles perceberam quando viram a revista.

Passei a tarde toda a pensar mil vezes no mesmo assunto.
Se eu não aceitar o que o meu chefe quer que faça…fico sem trabalho e na conjuntura em que nos encontramos arranjar trabalho outra vez é complicado.
Preparei um chá de camomila para ver se aquecia…apesar do turbilhão de pensamentos que me ocorriam pela cabeça não me conseguia manter quente o suficiente, devido ao frio que se fazia sentir.
Sentei-me em frente do televisor e uma sensação de deja-vu invadiu-me.

«I came here tonight to get shit out of my mind
I'm gonna take what I find (Oh oh, yeah)
So open the box, don't need no key I'm unlocked
And I won't tell you to stop (Oh oh, yeah)»

O sentido de oportunidade do Sergio…era muito certeiro. Apressei-me a atender a chamada…começava a sentir saudades de o ouvir.
“- Princesita! Como estás? Fiquei à espera que me dissesses algo depois da reunião com o teu chefe.”
- Olá Sergio…fiquei sem saber o que pensar com tudo o que ele disse e sem coragem de ser eu a ligar-te…desculpa.
“- Não pensava que fosses uma tonta assim…mas como é que correu?”
- Ele pediu-me para fazer o que te disse…
“- A serio? E tu?”
- Recusei-me como é óbvio. Gosto imenso de ti para tal coisa…além do mais…eu era incapaz de o fazer se ele me pedisse para fazer a outro jogador.
“- E ele entendeu?”
- Deu-me até quinta-feira para pensar…mas se recusar perco o trabalho.
“- Que?!”
- Sim…mas eu prefiro perder o meu trabalho agora…do que te perder a ti daqui a uns tempos.
“- Ana…estou aqui para o que precisares. Podes dizer-lhe que sim. Eu colaboro contigo e não perdes o teu trabalho.”
- Esquece Sergio…eu não o consigo fazer.
“- Então…o que é que vais fazer?”
- Vou tirar férias…preciso de descansar um pouco e depois começar a procurar emprego.
“- Vem para ao pé de mim.”
- Sergio…se eu for…não podemos sair à rua, esqueces-te que há um monte de paparazzi a querer saber quem sou eu?
“- E eu digo-lhes que és a rapariga mais maravilhosa que já conheci.”
- Exagerado…
“- Vem. Que ficas aí a fazer? Ao menos ficar comigo aqui…quentinha.” Como eu me precisava de sentir quentinha…neste momento…sozinha aqui em casa, sinto-me mesmo uma daquelas solteiras que nunca vão arranjar um homem na vida “queres que te marque o avião?”
- Não…eu vou…mas eu marco o avião, não te preocupes. Estima o tempo que vou aí passar.
“- O resto da vida?”
- Sergio! Achas mesmo!?
“- Qual é o mal!? Eu não sei se é da tua magia ou o que foi…mas enfeitiçaste-me com esses teus olhos e desde a entrevista que fizeste o clique que eu precisava. Quero ter a possibilidade de poder ter a certeza que escolhi a mulher da minha vida.”
- Tu queres mesmo que eu tenha um ataque cardíaco…fazer noção de como é que o meu coração bate neste momento?
“- Fazia…se estivesses aqui.”
 - Sabes…eu disse-te isto ontem…mas eu volto a dize-lo. Eu tenho medo…eu não me consigo entregar como a tua possível namorada permanente – ele riu-se – não tem graça!
“- Mas eu sei disso…sei que não tem graça, mas estou aqui para te tirar esses medos…eu quero que sejas a minha namorada permanente.”
- Ai…Ana Filipa, Ana Filipa…tinhas de te ir meter com o rapaz que conquista as raparigas todas? – Falei comigo…mas ao mesmo tempo…falei com ele!
“- Vá…mas vem lá! Vem…para os meus braços” e que braços Sergio…e que braços!
- Vou desligar. Quando chegar a Madrid…encontramo-nos no restaurante onde fomos almoçar ontem.
“- Perfeito! Até já guapa.”
- Até já Sergio.
Desliguei a chamada e fui fazer uma mala rápida…enquanto comprava um bilhete de ida para Madrid…não sabia ao certo quando iria voltar…nem se o queria fazer.
Sinceramente…eu já nem sei o que faço desde que o conheci. Parece que os meus impulsos falam por mim e que já não querem saber de mais nada a não ser do Sergio…poderia ser isto possível? Eu…uma rapariga…com um historial de relações duradouras inexistente…estar assim com um rapaz que…também não tem um historial de relações duradouras!

A viagem para Madrid…foi o oposto da que tinha feito para Lisboa…não adormeci, só queria era chegar o mais depressa possível ao meu destino.
Recolhia a minha bagagem, sai do aeroporto e procurei o primeiro táxi vazio que me apareceu à frente. Indiquei para onde queria ir e em menos de 25 minutos já estava a chegar.
Retirei a minha mala do táxi, paguei e comecei a mirar tudo o que era pessoas que ali se encontravam…eram poucas, mas nenhuma era o Sergio. Sentei-me num banco que ali estava e esperei que o Sergio aparecesse.

(Meia hora depois)
Não queria, nem pensar, que o Sergio me tinha deixado pendurada…se há coisa que eu odeio são atrasos…e comecei a desesperar. Entrei mesmo em pânico…eu no meio de Madrid sem o meu fiel motorista…comecei a caminhar…
- Princesita! – A voz que eu mais precisava de ouvir…a do Sergio. Mas mesmo assim…tava brava com ele! Odeio (de morte) atrasos. Caminhei mais um pouco…precisava de me acalmar...
Ele puxou-me pelo braço e fez com que o meu corpo se virasse para ele.
- Chegas atrasado, eu já estava a desesperar, está um frio do caraças – ele não me deixa terminar o meu reportório de “queixas” e beija-me ali…em plena rua…em pleno centro de Madrid.


- Desculpa, mas o treino do Real demorou mais um bocadinho…perdóname – falou ao encostar a sua testa na minha, fazendo olhinhos de carneiro mal morto.
- Preciso de quentinho – dei-lhe um beijo super discreto nos lábios e ele sorriu-me.
- Vamos para casa – o Sergio pegou na minha mala e caminhamos para o carro dele.
Demoramos pouco tempo a chegar a casa do Sergio e assim que a porta se fechou, o Sergio atacou-me com beijos…e beijos…e mais beijos.
Também eu tinha necessidade daqueles beijos…mas ele…ele demonstrava que estava mesmo com necessidade. Quererá ele assentar? Mesmo? Comigo?