quarta-feira, 27 de março de 2013

25 - "Ana Filipa...tu queres..."

- Sergio... - o meu corpo reagia a ele...comecei a sentir um formigueiro na barriga, as pernas a tremerem. Mas não consegui fazer nada, nem me chegar perto dele, nem falar...apenas me afastei...afastei-me dele. 
- Ana... - ele entrou no quarto fechando a porta. 
Ficamos os dois a olhar um para o outro...eu queria...alguma coisa, não sei o que, mas queria. Um abraço? Uma festinha na cabeça? Um toque na mão? Alguma coisa...
Eu sentei-me ao lado da cama...no chão, e comecei a chorar...não desesperadamente porque não queria que ele ouvisse, mas chorei...era o que acontecia cada vez que tinha pensado nele nestes últimos tempos...
- Tudo o que aconteceu...foi a pior experiência das nossas vidas. Tínhamos tudo...passamos a não ter quase nada. Eu amo-te, mas sei que...as coisas mudaram. Tu mudaste. 
- Porque é que dizes que mudei? - não me atrevi a olhar para ele...a sua voz vinha de trás de mim, logo ou ele estava em pé do lado contrário da cama ou também estaria sentado. 
- Sofreres o que sofreste...é óbvio que muda uma pessoa. 
- É verdade...
- Desculpa...ter...sido o culpado de tudo. Ter sido o culpado de o teu coração ter voltado a fraquejar, de teres chorado por mim, por teres perdido...o filho que queríamos ter...
- Talvez...não estivesse destinado a nascer - olhei para trás...e ele estava de joelhos, com os braços apoiados no colchão e a sua cabeça sobre eles, olhando-me - estamos...estávamos a levar as coisas com muita pressa Sergio...estava a ser demasiado perfeito, entendes? As coisas não são perfeitas, ninguém é perfeito...e se este bebé não nasceu...não temos ficar presos a ele. Nenhum de nós sabia da sua existência...eu não o amava para saber o que é perder um filho. Podes chamar-me insensível mas é o que sinto...eu não sabia que ele estava dentro de mim para o amar. Sei...que amar é uma palavra que é forte...forte demais para ser usada em vão...nunca a usei, não é agora que a quero usar para nada. 
- Tu não és insensível ..és uma pessoa capaz de me surpreender por estes pormenores, por seres...forte, apesar de tudo...por seres...a Ana que eu sempre conheci...tu mudaste, mas eu sei que tu és tu...e que...se me deixares...se permitires, possas ser, de modo mais sério...a minha namorada. 
- Sergio...
- Dá-me a tua mão - o Sergio esticou a dele na minha direcção...e, sinceramente nunca pensei que o meu corpo fosse reagir como a minha cabeça queria fazer. Juntei as nossas mãos e simplesmente olhei para a forma como elas se conheciam, como elas encaixavam, como elas...trocaram carinho. 


- Na minha família ..há um objecto que todos nós usamos...homens e mulheres. Eu quero que tenhas isto - o Sergio abriu a sua outra mão e nela tinha um anel...igual ao que ele usava na mão direita. 


- Independentemente de qual seja a tua resposta, eu quero que o uses...
- Resposta?
- Ana Filipa...tu queres...
- Sergio...tu vais...
- Pedir-te em namoro. Tu queres namorar comigo? Com calmas, sem pensar no futuro, ser um dia de cada vez, cada dia igual ou melhor ao anterior.
- E...porque o anel de família? 
- Tu és parte dela...sendo ou não minha namorada. Todos te adoram, todos sabem que eu te amo.
- Sergio...eu não sei. 
- Não preciso que o saibas...preciso que o sintas. Não sabes o que sentes? 
- Sei...
- Responde com base nisso. 
- Sim... - ele sorriu-me...e eu sorri. Precisava de sorrir...com ele e por ele. 
O Sergio colocou-me o anel no dedo...era uma coisa gigante...mas nada em que se comparasse com o seu significado. 
- Obrigada - disse-lhe. 
- Porque?
- Por...me tentares proteger...colocando-te naquela posição com a Pilar.
- Shhh... - o Sergio deu a volta à cama e sentou-se a meu lado - se eu te amo como amo, foi por isso que o fiz - abracei-o...o meu corpo precisava de estar envolvido no dele, precisava de estar rodeada pelos braços dele, pelo cheiro dele...
- Eu amo-te tanto... - houve sofrimento...ainda há um pouco...mas eu amo-o, quero amá-lo mais que sofrer...
- E eu amo-te ainda mais...
- É impossível...
- Acho que não.
- Sergio... - olhei-o nos olhos - eu amo-te. 
- Eu também te amo, namorada. 
- Namorado... - os nossos lábios...juntaram-se, precisavam disso, mas com calma...com algum receio de apressar as coisas, mas com paixão, com saudade, com alegria e tristeza à mistura... estávamos diferentes...mas estávamos melhores, estávamos conscientes de que somos a serio...de que...é para valer...um dia de cada vez. 
- Desces comigo para jantar? 
- Claro...
Levantamo-nos e descemos em direcção da sala de estar onde estavam os pais do Sergio e a Miranda, que veio ter comigo e me abraçou. 
- Pequenina...ainda bem que não me vais bater - falou ela ao meu ouvido. 
- Achas que podia? - olhei para ela...a minha Miranda - dêem nos licença - peguei na Miranda pela mão e fomos até um sitio onde não estava ninguém - Miro...obrigada por tudo amor. Obrigada por teres sido a minha amiga, a minha irmã, a minha...mãe, naquela semana. Obrigada por não me teres deixado...acabar o que queria fazer. 
- Não me tens de agradecer...tens de me prometer que vais andar mais calma, que vais aproveitar o amor que aquelas pessoas que estão na sala têm para te dar...vais prometer-me que nunca, mas NUNCA mais te voltas a tentar matar. 
- Contas-te ao Sergio?
- Não...eu disse-lhe que tinhas batido no fundo...mas não entrei tão fundo no assunto...se lhe quiseres contar contas, se não...não contas. Mas...se eu por acaso vir que as coisas estão a dar mal...eu conto-lhe.
- Eu não sei o que é que me deu...tu sabes que eu nunca fui assim...de querer acabar com a minha vida...mas...
- Eu sei...eu sei - ela apenas me abraçou. 
- Obrigada Miranda. 
- Diz lá que às vezes aqui a louca não sabe o que faz.
- Se sabe! - gargalhamos as duas - olha - mostrei-lhe o anel.
- Isso é...um anel...
- Sim Miranda...é um anel.
- Mas um anel de...
- Um anel de família...e um anel de namoro. 
- É...grande...e...de família!? 
- Sim. Todos na família têm um. Ainda só tinha reparado no do Sergio...mas todos na família terem um...
- O moço é mesmo...
- Eu nem mereço isto.
- Mereces isso e muito mais. 
- Ana? - era o Sergio, que pouco depois aparece junto de nós - estão aqui...vamos jantar?
- Claro - avancei com a Miranda ao meu lado direito e o Sergio do meu lado esquerdo...aproximei-os de mim...eles...eles eram duas pessoas completamente cheias de amor para dar...teimosos como o raio, são os meus dois amores, os meus dois corações a bater fora do meu peito...o meu suporte de vida. 
Chegámos à sala de jantar e, tanto a Paqui, como o José tinham um sorriso nos lábios. Jantámos todos com tranquilidade...muito amor...haviam imenso amor em torno daquele jantar...havia...uma família. 
- Sergio... - começou o pai dele - eu nunca pensei que tu hoje, aqui, sentado na nossa mesa a jantar tivesses a tua namorada...a usar o nosso anel de família. 
O Sergio agarrou na minha mão...na do anel. A Paqui começou a chorar...e a Miranda falou: 
- Proponho um brinde - levantou-se...e...vai começar o discurso... - desde que a Paqui chegou aos Estados Unidos...eu soube que a Ana estava bem entregue...eu já tinha conhecido o Sergio, mas pude constatar que a família dele também protege a minha menina. Nunca pensei viver o que vivi nestes últimos dois dias...nem nos meus pesadelos o que aconteceu alguma vez apareceu...mas, obrigada por me mostrarem o significado de uma família. Por significarem isso para a Ana - é óbvio que chorei...a Miranda é a minha irmã que eu conheci tarde demais, conhecemo-nos demasiado tarde para aquilo que devia ter sido. 
Brindámos...havia felicidade...alivio, paz...serenidade...

A noite ia longa... estávamos cansados...e, nem o Sergio foi dormir a casa dele. Ficamos todos em casa da Paqui. Eu deitei-me com o Sergio...deitei-me nos braços dele, no calor do seu corpo...e preparei-me para dormir. 


Estava mesmo quase a dormir...quando senti alguém entrar. 
Olhei para a porta e era a Miranda.
- Que é que estás aqui a fazer...
- Eu sei que isto vai parecer estranho...mas eu quero dormir contigo. 
- Desculpa?
- Sim...Ana...acho que me habituei demasiado a dormir contigo.
- Mas...está aqui o Sergio...
- Não te preocupes. Eu fico do teu lado...ficas no meio de nós dois. Por favor? 
- Anda - abri-lhe os cobertores e ela entrou e abraçou-se a mim...
- Obrigada. 
Isto era completamente...surreal, mas era tão bom. Tinha a Miranda de um lado, a abraçar-me, e tinha o Sergio do outro...que eu o agarrava. O acordar para o Sergio...deveria ser estranho...mas é tão bom estar assim...com eles. 

24 - "Ela vai ficar bem avisada!"

(Sergio) 
Mais um treino do Real que me deixou completamente exausto. Cheguei a casa e sentei-me no sofá...as saudades que tinha de chegar a casa e ter a Ana sempre à minha espera. Ansiava que ninguém me interrompesse...queria sossegar um pouco...estar sem ouvir a Pilar por uns momentos e sem ter de pensar nas coisas antes de as fazer...mas não. Tocam à campainha no exacto momento em que me preparava para ver televisão.
Apressei-me a abrir a porta...
- Que é que estás aqui a fazer? 
- Eu preciso de acabar um assunto - falou e entrou completamente desnorteada. 
Miranda!? Mas o que é que ela está aqui a fazer?
- Onde é que está a Pilar? 
- A Pilar?
- Sim. É com ela que eu quero falar.
- Miranda...se é por causa da Ana...as coisas não são o que parecem... - ela veio na minha direcção e colocou as suas mãos na minha face. 
- Eu sei que as coisas não são o que parecem, são ainda piores...e nós estamos aqui para resolver tudo. Mas...a Pilar está, ou não está em casa? 
- Não...ela foi à rua...mas tu disseste...nós? 
- Sim... A tua mãe! Ela está só a estacionar o carro - a Miranda estava entusiasmada...sei lá...estava com a cara de que queria fazer/dizer alguma coisa mas que tinha de se controlar. Nisto entra a minha mãe em casa, com duas malas na mão.
- Mãe... - fui cumprimentá-la.
- Ela está em casa? - perguntou-me.
- Não! Temos de nos despachar - respondeu a Miranda pegando numa das malas que a minha mãe trazia. 
- O que é que vocês estão a fazer? 
- Vamos acabar com tudo isto...se é fama que ela que...é fama que ela vai ter - a minha mãe estava revoltada, como eu nunca a tinha visto. Ela foi com a Miranda para o andar de cima e eu fui atrás delas.
Elas estavam a colocar tudo o que era da Pilar nas malas...roupa, maquilhagem, bijuteria...tudo. 
- Vocês podem explicar-me o que estão a fazer!? Nós não podemos fazer isto! Ela vai atrás da Ana. 
- Não, não vai! Ela vai ficar bem avisada! Podes ter a certeza que ela não brinca comigo...eu passei anos ao lado da Ana. Aprendi o significado da palavra irmã com ela...e eu juro-te, depois de hoje, aquela filha da mãe vai arrepender-se de ter nascido. 
- Miranda...
- Sergio! Chega! Vocês têm de ser felizes um ao lado do outro! A Ana esteve a sofrer este tempo todo. O coração dela voltou a fraquejar...e...porra! Vocês perderam um filho! - a Miranda estava descontrolada...mas tudo o que ela disse...a Ana sofreu por causa de uma...pessoa sem escrúpulos nenhuns - Sergio - disse ela, colocando-se à minha frente - achas que a Pilar ainda demora?
- Não...ela deve estar a chegar. O treino do Real já acabou à algum tempo...
- Boa. Agora, ajuda a arrumar o resto. Tudo o que é dela tem de ir para estas malas. 
- Claro. 
Eu, a Miranda e a minha mãe, arrumamos tudo. Tudo o que naquela casa pertencia à Pilar, estava dentro de duas malas, postas agora junto à porta de casa. 
- Ela vem aí - disse, constatando que o carro dela estava a entrar no portão. 
- Age normalmente...nós tratamos do resto. 
- Ok.
A Miranda e a minha mãe foram para a cozinha e eu sentei-me no sofá. 
Passado algum tempo, entrou a Pilar em casa. 
- Vais levar-me a viajar, amorcito? - perguntou ela.
- Porque?
- Sergio...estão malas à entrada...
- Ah...isso. Tens visitas...
- Não me digas que os meus pais quiseram vir conhecer o netinho...
- Não são os teus pais... - levantei-me indo para junto dela - sabes que a pessoa que eu mais amo neste mundo...para além dos meus pais...é a Ana. 
- Não sei o que é que essa gaja tem de estar na frase...
- Porque...chateaste a pessoa que a ama tanto ou mais que eu. 
- Não me digas...
- Quero que conheças uma pessoa... - a Miranda, entrou na sala...não estava assim combinado...mas era a melhor maneira de apresenta-las. 
- Quem é esta rapariga, Sergio?
- Sou alguém que tu não vais gostar de conhecer - dito isto, a Miranda, encosta a Pilar à parede...sinceramente...adorei vê-lo - eu não estou aqui para te conhecer formalmente...muito menos ser tua amiguinha. Tu destruíste a vida de duas pessoas que se amam. Destruíste a minha irmã...que por tua causa teve a pior semana da vida dela a pensar que o homem que ama a tinha trocado por um monte de... - a Miranda controlou-se...no seu vocabulário...mas por mim, poderia ter continuado - tu queres fama, não é? Nós vamos dar-ta...mas ficas avisada. De hoje em diante...o teu futuro será com esse bebé que tens na barriga e com o pai dele...quer o encontres ou não. Vais deixar a Ana em paz...vais deixa-los aos dois em paz. Caso contrário...tu não sabes os sarilhos que vais ter...eu juro-te, se lhes fazes alguma coisa eu acabo com a tua vida. Não adianta ires a tribunal como fizeste com a Ana...porque eu tenho testemunhas a meu favor. Agora... - adorei ouvir a Miranda falar...ela estava tranquila, mas tinha uma raiva à Pilar...ela estava a acabar com aquilo que eu não tinha coragem de acabar, por amar demasiado uma pessoa que não merecia ser magoada por erros de outra. A Miranda pegou na Pilar pelo braço e começou a sair de casa...a minha mãe agarrou-se a mim.
- Está tudo a terminar, filho.
- A mãe...foi ter com a Ana? 
- Que é que achas que a Miranda está aqui a fazer? 
- Obrigada mãe - abracei-a e seguimos a Miranda para a rua. 

(Ana) 
A Miranda e a Paqui iam por a parte do plano delas em prática...a maior parte dele. Mas...eu não conseguia estar no mesmo sitio que a Pilar...não o conseguiria fazer porque sabia que me ia enervar demasiado e que o meu coração não iria aguentar. 
Mas, enquanto elas estavam a fazer o papel delas...eu fiz o meu. 
Divulguei a toda a imprensa espanhola do que se passava. A Pilar quer fama...e nós vamos dar-lha. Depois de grande parte da imprensa estar avisada, segui para casa do Sergio. Fui a pé...calmamente, ficando um pouco afastada de toda aquela confusão que já estava à porta. 
Estávamos a ser...diferentes de todos os casais normais...mas a nossa história em nada é normal. A Miranda saiu com a Pilar para a rua...vinha com as malas na mão e deixou-as no chão, largando a Pilar...que a única coisa que fez ao ver o que se passava, foi pegar nas malas e ir embora. 
É claro que os jornalistas ficaram ali durante imenso tempo...e eu permanecia estática...não fui a correr para casa do Sergio, não fui...não era assim que tinha de ser. 

(Miranda)
Senti-me...tão, mas tão bem a fazer o que fiz à Pilar. Ela merece...merecia mais, na minha opinião, mas tendo em conta quem é o Sergio Ramos e quem é a Ana Moreira...acho que o que fizemos até já foi demais. 
Tinha corrido tudo como planeado...a Ana tinha feito a parte dela e a Pilar estava fora, desejo eu. A Ana...ela...ainda não estava com o Sergio...ela não quis vir ter com ele depois de tudo passar...quis preparar-se primeiro. 
É mais que normal...ela perdeu um bebé, tudo bem que não sabia que existia, mas era...o filho dela com o Sergio. As horas que ela chorou no meu colo, as vezes que ela chamou pelo Sergio a dormir...ela sofreu como eu nunca a vi sofrer. 
- Como é que está a Ana? - perguntou-me o Sergio quando estávamos já sentados na sua sala. 
- Estava a ficar melhor...bateu super fundo Sergio...
- O coração dela voltou a quebrar... - a Paqui falou e o Sergio, imediatamente, começou a chorar. Nunca um homem chorar me fez tanta impressão...juro que não! Ele...ele chorava com tudo o que tinha...era doloroso vê-lo naquele sofrimento. 
- Como...como? Eu...não estive ao pé dela! - o Sergio explodiu...rebentou mesmo...levantou-se do sofá e começou a andar de um lado para o outro. Já que tinha posto um fim à Pilar...vamos lá acabar com isto também. 
- Ei! - coloquei-me de frente para ele e dei-lhe uma chapada.
- Miranda! - a Paqui...provavelmente não estava à espera que eu o fizesse...mas o gajo estava a entrar em paranóia. 
- Desculpe Paqui...mas ele tinha de acordar - voltei a olhar para o Sergio - tu tens de ter calma...sim? Estás todo stressado, em vão. 
- Em...vão?
- Sim. Isso não te serve de nada. Não apaga aquela semana, pois não? 
- Não.
- Ainda bem que estamos de acordo. 
- Ela ficou nos Estados Unidos?

(Ana)
Estava em casa da Paqui. A Pilar era notícia em todo o lado...a fama que ela queria estava espalhada por Espanha inteira. 
Eram cerca das 17h, quando entram em casa...era o José, o pai do Sergio. 
- Olá Ana.
- Olá José - ele deu-me um beijo na testa...coisa que eu não esperava...o José não me tinha aceitado muito bem e sempre que estávamos juntos havia sempre um certo distanciamento entre nós. Ele sentou-se a meu lado no sofá.
- Já foste ter com o Sergio? - perguntou-me. 
- Não...
- Ana...sei que nunca tivemos assim uma conversa muito séria, mas eu quero que saibas que eu estou com vocês a 100%.
- Obrigada José - ele abraçou-me...era bom ter, neste momento, a família do Sergio comigo. 
- Tu não me tens de agradecer nada - ele olhou-me - o Sergio está a chegar.
- Hã? 
- Sim...a Paqui e a Miranda estão a vir com ele.
- Obrigada. Vou até lá acima - levantei-me do sofá e comecei a caminhar. 
- Espero ver-te cá em baixo...
- Sim...talvez...
Subi até ao quarto onde estava com a Miranda...conseguia ver o portão da casa...assim saberia quando é que eles chegavam...e não demorou nada. 
Vinham no carro da Paqui...que tinha um sorriso nos lábios, assim como a Miranda...já o Sergio...ele não...estava sem expressão na sua face...sem qualquer tipo de amostra de como se sentia... 
Fui deitar-me na cama...o que é que eu ia fazer? Eu não o iria conseguir ver...não sei se conseguia olhar para ele sem chorar...passou algum tempo...fiquei ali a pensar e a pensar...quando ouço os passos de alguém  mulher pois era barulho de saltos, a chegar junto da porta. 
- Ana?
- Miranda... - era a Miro...abri-lhe a porta...mas...


Quero agradecer-vos por tudo o que têm dito capitulo após capitulo.
Nem imaginam como é tão bom ver os comentários que vocês deixam.
Muito, muito obrigada.
Os meus capítulos são para vocês! Porque vocês merecem isto e muito mais!

terça-feira, 26 de março de 2013

23 - "...ela sabe o que tem de fazer."

- Que é que está aqui a fazer? - de todas as pessoas que poderiam existir em Madrid, esta é a que menos esperava ter à minha frente, com o semblante mais carregado que alguma vez lhe tinha visto.
- Eu preciso mesmo de falar contigo. 
- Porque Paqui? - sim...a mãe do Sergio. 
- Porque tu estás a passar por muito e eu sei que precisas de mais alguém. E tenho de te contar a verdade. 
- A verdade? 
- Sim. Há uma razão para o Sergio estar com a Pilar...
- E temos de falar nisso?
- Querida - ela veio na minha direcção, agarrando-me pela mão - eu vim de Madrid de propósito para estar contigo, para falar contigo. 
- Mas porque, Paqui? Porque agora?
- Porque tu mereces sabe-lo.
- Eu não quero ter nada a ver com o Sergio. 
- Ana...é melhor falares com a senhora - disse a Miranda. 
- Miranda...é a mãe do Sergio; Paqui é a minha irmã do coração.
Elas cumprimentaram-se com dois beijinhos e a Paqui voltou a olhar para mim.
- Vocês podem ir falar para a zona do chá. Eu vou aproveitar a minha massagem, sim? - disse a Miranda, começando a afastar-se.
- Vamos? - perguntou-me a Paqui. 
- Sim. 
Dei o braço à Paqui e dirigimo-nos para a zona do chá. Não estava lá ninguém, apenas nós e duas raparigas do spa. 
- Tens andado melhor?
- Mais ou menos. 
- Eu sinto muito pelo que aconteceu com o bebé.
- Ninguém sabia...nem eu sabia. 
- O Sergio...depois de ler a entrevista quis vir ter contigo. 
- Ainda bem que não o fez. 
- Ana...o Sergio queria mesmo vir. 
- Paqui...eu não consigo pensar no seu filho sem chorar, como é que quer que eu o veja?
- Eu sei que custa Ana...mas vais ter de o fazer.
- Quanto mais tarde melhor. 
- Ana...eu disse que vim cá para te contar a verdade, que só eu sei. 
- Que verdade?
- O Sergio e a Pilar...é verdade que eles estão juntos. É verdade que o Sergio agiu da pior maneira, mas ele teve as suas razões.
- Teve...acredito que as teve, mas não devem ser assim tão boas. 
- Ana...a Pilar está grávida - o meu mundo desabou...senti-me sem chão, sem qualquer batimento cardíaco...sem qualquer sangue a correr-me nas veias - mas...
- Mas o que Paqui? Ela está grávida! E ele vai ser o pai do filho daquela... - controlei-me...não ia ser mal educada à frente desta grande senhora...apenas chorei! Chorei! Queria chorar tanto, mas parecia estar tudo preso. A Paqui voltou a agarrar-me nas mãos e levantou-me a cara para a olhar. 
- O filho não é do Sergio.
- Como não é!? O mais certo é ele ter andado com as duas ao mesmo tempo - percebi que a tinha ofendido de certa maneira...ele era filho dela - desculpe. 
- Não tem mal...tu não estás bem. Mas o filho não é do Sergio. Ela própria o admitiu. 
- Como?
- Sim. A Pilar admitiu ao Sergio a noite passada que o filho não era dele. Ela só está grávida de 5 semanas. Foi com um qualquer que ela conheceu e não se lembra...e lembrou-se de dizer que era do Sergio. 
- Estou super confusa. 
- Eu também fiquei...mas depois percebi o que ela quer. 
- Fama...e dinheiro?
- Exacto. Ela fez chantagem com o Sergio...disse que se ele não a assumi-se como namorada...que vinha atrás de ti.
- De mim?
- Sim. No dia do tribunal. Ela falou com o Sergio isso tudo. Disse-lhe que queria ter o lugar de jornalista outra vez e que só ele a podia ajudar.
- E ele...ficou com ela. 
- Por ti. Ele não quer que ela te faça mal...e ontem, foi ele que comprou o bilhete de avião. Era ele que era para vir ter contigo...mas ela foi além das palavras...ela agiu.
- Como assim? 
- Ela partiu-lhe uma jarra da cabeça e deixou-o atado em casa enquanto foi fazer mais uma aparição pública...a sorte foi que eu cheguei a casa do Sergio antes dela...e agora estou aqui.
- Isso...é...tão...eu nem sei o que diga. 
- Vem comigo. Vem para Madrid. Eu vim buscar-te. Só contigo lá é que podemos fazer frente à Pilar. 
- Não, não, não. Paqui...eu estou aqui à uma semana...eu preciso de estar longe de confusões...o meu coração voltou a quebrar.
- Mas estás bem? 
- Estou...agora estou...mas eu não me posso enervar muito...eu preciso de estar tranquila. 
- Vens para minha casa...com a Miranda. Ficam lá as duas, mas eu prometi ao Sergio que te levava. 
Na minha cabeça ia uma confusão de informações, de ideias...era demasiada coisa para uma cabeça só...mas no meu coração só havia lugar para uma única coisa...o estado do Sergio. Ela estava a sufocá-lo. Ela estava a chantageá-lo...e ele queria vir ter comigo. 
Nisto aparece a Miranda. 
- Miro... - ela sentou-se a meu lado, agarrando-me na outra mão, que a Paqui não segurava. 
- Que se passa?
- É o Sergio...
- Que é que lhe aconteceu? 
- Foi a Pilar...ela chatageia-o. 
- Não me admira nada. 
- Será que podes convencer a Ana a vir comigo para minha casa, contigo?
- Ela não precisa de ser convencida...ela sabe o que tem de fazer. 
- Sabes? - perguntou-me a Paqui. 
- Temos de ir...eu amo o seu filho como não amei ninguém nesta vida para além dos meus pais...eu estou confusa, mas desde que o conheci aprendi a seguir os meus instintos...e é isso que temos de fazer agora.
- Vamos! - a Miranda agarrou-me pela mão e levou-me para o balneário onde nos vestimos...eu tinha mudado...quando uma pessoa muda por dentro, revela-se no exterior...
- Isto é uma loucura. 
- É uma loucura é deixares o homem que amas nas mãos daquele monte de...
- Calma. 
- Tens razão...mas o que é que queres. Aquela rapariga mexe com o meu sistema nervoso. 
- Se mexe com o teu...imagina o que é que não faz ao meu. 
- Vá. Vamos despachar! 

Cerca de oito horas depois de avião...chegámos a Madrid.
Fomos para casa da Paqui, onde fomos recebidas, pelo pai do Sergio que também sabia de toda a história. 
Noite cerrada que era, eu e a Miranda instalámo-nos num só quarto e adormecemos assim que caímos na cama. 

No dia seguinte: 
Acordei, fui tomar um duche e vesti-me. 

Depois de acordar a Miranda e ela se despachar, descemos até ao andar debaixo e a Paqui já se encontrava na sala. 
- Buenos dias hermosas - disse ela, vindo abraçar-nos. 
- Buenos dias - falei em conjunto com a Miranda. 
- Vamos tomar o pequeno-almoço?
- Sim. Claro. 
Fomos até à sala de refeições e sentamo-nos as três à mesa. 
- O José?
- Ele já saiu. Levanta-se sempre muito cedo. 
- Vamos então começar a preparar o plano para...acabar com a Pilar? - perguntou a Miranda. 
- Sim. 
A Paqui falou, falou e falou com a Mirando e, supostamente, comigo, mas eu só pensava numa coisa...no Sergio. 
Eu tinha de o ver...só ver, antes de fazer qualquer coisa que fosse...eu precisava. 
- Eu tenho de sair - levantei-me da mesa, peguei na minha mala e sai de casa. 
Sabia onde estava e sabia para onde tinha de ir. Demorei pouco tempo até estar no centro de treinos do Real. 
Eles treinavam. Estavam a fazer a habitual corrida à volta do campo. Por ser à porta fechada eu só conseguia ver por uma fresta...mas vi-o. Vi o Sergio...e era o que mais queria ver. Não era o Sergio normal. Ele estava triste, tinha más energias em torno dele...ele sofria e isso via-se no seu rosto que costuma sempre estar com um sorriso. 
No caminho de volta para casa da Paqui...estava tentada a mandar-lhe uma mensagem...mas...pensei que a Pilar pudesse ter acesso ao telemóvel dele e decidi não o fazer. 
Quando cheguei a casa da mãe do Sergio, tanto ela como a Miranda vieram ter comigo. 
- Mas onde é que tu foste!? - perguntou-me a Miranda.
- Eu fui ver o Sergio...agora...o que é que temos de fazer para que a Pilar deixe o homem que eu amo?
Elas as duas sorriram para mim. 
Eu tinha de acabar com o sofrimento do Sergio...aquela Pilar tinha de desaparecer de uma vez por todas das nossas vidas...principalmente da do Sergio. Eu não me posso aproximar dela...mas para eu a atacar não preciso de ser eu a lhe tocar.

22 - The Worst Week Of My Life

Depois de 2 belos dias passados em Portugal, sendo que no último foi mais para a aparição no programa de televisão para promover o single do David Carreira enquanto Lara Life, voltámos a Madrid.

Meninas, não consegui achar só a parte quando cantam. Se quiserem ver é à 1-11-00

Ao chegarmos a casa liguei o telemóvel, depois de termos passado algum tempo com ele desligado. 
Haviam chamadas de números estranhos (espanhóis), mensagens a pedir entrevistas e ainda outros a pedirem um exclusivo comigo e com o Sergio. Andava tudo louco em Espanha com a acusação da Pilar... tínhamos de começar a lidar com esta situação. 
O Sergio pediu ao advogado dele que se encontrasse connosco em casa do Sergio para podermos falar melhor do que se deverá fazer neste caso. 
- A senhora Rubio acusa-a de a ter agredido na discoteca, sem motivos aparentes, e que a Ana ainda a ameaçou que se ela se voltasse a aproximar do Sergio as consequências seriam maiores. 
- A serio? É que foi exactamente ao contrário. É verdade que andámos à porrada, mas foi ela quem começou e foi ela que disse que eu tinha de deixar o Sergio a torto ou a direito. 
- Como pode ver existem duas versões da história e não há ninguém que possa comprovar o que aconteceu. 
- E o que é que podemos fazer? - perguntou o Sergio. 
- Vai ser um processo complicado...porque é a palavra de uma contra a de outra. Mas, o melhor para a menina Ana seria afastar-se...do Sergio. Assim poderíamos usar o facto de, em tribunal, o Sergio não ser a seu favor por ser o seu namorado.
- Acha que assim, poderíamos ganhar o caso? - eu tinha a minha consciência tranquila, mas não queria ter de ser obrigada a dar algo àquela rapariga...se fosse estar amais de não-sei-quantos km de distância dela, por mim era óptimo, mas o que ela quer...é dinheiro e fama. 
- Talvez. Seria menos um obstáculo  Eu deixo isso com vocês, eu agora tenho de ir. Vou encontrar-me com o advogado da senhora Rubio, para discutirmos os termos do que ela pretende. 
- Com certeza. 
Despedimo-nos do advogado e voltámos a pegar no assunto. 
- É melhor acabarmos Sergio...quer dizer, não no sentido da palavra, mas parecer que acabamos.
- Estás a sugerir então que fingíssemos que tínhamos acabado por causa da Pilar? 
- É melhor...se é fama que ela quer, podemos dar-lha, mas dinheiro meu ela não vê. 
- Nem meu. 
- Então é melhor assim. Eu saiu aqui de casa até ao dia do julgamento e depois disto estar tudo resolvido volta tudo ao normal. 
- Achas que vale a pena saíres de casa? Podes ficar por aqui...temos é de evitar aparecer juntos. 
- Tenho...é melhor assim Sergio. Eu vou para um hotel. 
- Isso não me parece a melhor ideia...
- Sergio...vá lá...não vamos complicar. Ouviste o que o advogado disse. 
- Sim. 
Aproveitamos o resto do dia para descansar da viagem e para...aproveitar um do outro. Concordamos que no dia seguinte iria sair de casa e assim seria a última noite que passava com o Sergio nas próximas duas semanas...o julgamento é só daqui a duas semanas...mas temos de fazer com que a Pilar acredite em tudo isto.

"A vida era tão mais fácil se fossemos só nós."

Duas semanas depois: 
Foram as piores semanas da minha vida. Estar sem o Sergio...era a pior sensação do mundo. Ele preenchia-me só com o simples facto de me olhar, de me dar a mão, de me dizer bons-dias todos os dias que acordava ao lado dele...e neste momento não tinha disso à imenso tempo.
Era chegado o dia do julgamento. Estaria com a Pilar depois do que aconteceu...e a vontade de olhar para ela era...nenhuma. O Sergio também iria estar presente, como um mero espectador.
Levantei-me...bem disposta, tomei um duche e vesti-me.


Sai do hotel e dirigi-me para o tribunal. 
Quando lá cheguei estava a Pilar...a falar com o Sergio. Os nervos que aquilo me fez. Passei por eles, entrando na sala da audiência. 
- Bom dia - fiz questão de lhes falar, apesar de não ficar ali a fazer tempo.
À hora marcada tudo começou. 
Eram acusações dela para um lado, minhas para outro e sempre com as duas versões completamente distorcidas. Pensei que não fosse possível chegar a um acordo, mas...a Pilar acabou por...impor o próprio desfecho. 
- Quero que ela não se aproxime de mim e que siga a vida dela - ela, não sei porque, agiu daquela maneira. O juiz perguntou-me se concordava. É claro que concordo...será 1 km de distância entre nós...por mim, até poderiam ser mil vezes mais, desde que esta história toda estivesse resolvida. 
Quando a audiência terminou, saímos para o exterior e o Sergio continuou à conversa com ele...e eu não me podia aproximar. Mas até nem era mau...assim mantinha-se o disfarce. 
Voltei para o hotel, descalcei-me e deitei-me naquela gigante cama, pegando nos meus óculos e no iPad. Era tendência no Twitter: "#AnaMoreiravsPilarRubio" mas não foi esse que me chamou à atenção... "#PilaryRamosareback". Os boatos andavam a espalhar-se...o mais provável era que o monte de paparazzi's que estiveram à porta do tribunal tivessem-nos visto mais juntos, mas mesmo assim procurei o que se andava a dizer:

«Eles estão juntos...outra vez!
Quando se noticiou o afastamento de Pilar Rubio e Sergio Ramos, muitos dos fãs de ambos ficaram devastados, mas com os mais recentes acontecimentos é caso para se dizer, que o passado está bem presente. 
Nesta manhã, Sergio Ramos esteve presente no julgamento do processo que Pilar Rubio impôs a Ana Moreira, ex-namorada do jogador. Foi à saída do tribunal que as objectivas da nossa revista captaram um momento ternurento entre o casal.























O que parecia ter acabado à algum tempo, está de volta! Sergio Ramos deixou Ana Moreira à cerca de duas semanas e voltou para a sua sempre amada. Pilar Rubio.
Manteremos esta informação actualizada, assim que conseguirmos contactar com algum dos dois.»

O fingimento...tem destas coisas. Podemos fingir de tudo, mas...fingir que me ama? As palavras que me disse, eram assim tão fracas? Ele conseguia ser tão bom actor transformando-as em palavras que me marcaram, que me fizeram acreditar no amor, que me fizeram ter esperança que ele era meu...que eu tinha agarrado o Sergio Ramos. 
Mas não! Não! Fostes só mais uma menina que ele manipulou, que ele usou e abusou como quis...foste só mais uma que ele teve a seu belo proveito. Foste a patinha que acreditou na história de que até tu poderias ter um namorado como ele. 
Namorado...ele nunca o quis ser...se o quisesse ser...porque estaria ele agora com ela?
As lágrimas escorriam-me pela cara. Porque? Eles não mereciam que chorasses, mas dói...dói como se te tivessem arrancado um braço, ou a perna...como se te arrancassem o coração e que continuasses a sentir a dor que ele te causava parecendo que estava no teu peito. 
Mandei com o iPad contra a parede, os óculos foram parar não sei onde, e enfiei-me debaixo dos lençóis, tentado parar de chorar... 
Mas não! Não! Tu não podes ficar aqui...assim morta que nem uma alma penada, não por um cabrão que cagou em cima de ti quando viu que tinha mais sexo e loucuras com outra. Era isso...ele queria-nos para o sexo...mas quando não o tinha, tinha de o ir procurar a outro lado...nem que fosse na vaca mais mal cheirosa do Mundo. 
Levantei-me da cama e precisava de explodir! De rebentar com tudo...e rebentei com o meu roupeiro. A roupa toda que lá estava...alguma da que tinha trazido de casa do Sergio...rasguei-a com a fúria ..parti cabides, parti sapatos e ainda parti umas quantas coisas do hotel. 
Peguei na mala e sai do quarto de hotel. Dirigi-me ao elevador, limpei a maquilhagem esborratada e fui fazer compras. Não queria ouvir nada do que se dizia nas revistinhas...nem saber daquele monte de...sensualidade ambulante, que mesmo sendo um cabrão de merda, continuava a ser um dos únicos homens que amo neste mundo. 

(Sergio)

"Depois dos mais recentes acontecimentos, Ana Moreira, fala pela primeira vez da sua separação de Sergio Ramos, da acção judicial que Pilar Rubio lhe impôs e do aborto que sofreu.


Em exclusivo à revista americana "Life&Style", Ana Moreira, respondeu a algumas das mais recentes perguntas que tardavam a ter resposta. 
Aqui fica a entrevista integral, de Ana Moreira que se encontra nos Estados Unidos de férias. 

«- Desde que começou a namorar com Sergio Ramos, a sua vida levou algumas voltas...como é que o conheceu?
Eu conheci o Sergio no dia da gala da entrega do prémio de melhor jogador do Mundo. Eu era jornalista desportiva e começamos a falar nessa altura. 

- Namoraram quanto tempo?
Estive com ele quase dois meses. 

- Se soubesse o que sabe hoje...tinha feito o que fez?
Tinha. Apesar de tudo o que se passou na semana passada, eu estava interessada nele. 

- Referiu-se à semana passada...foi uma semana complicada...
Foi a pior semana da minha vida.

- Pode contar-nos o que não sabemos? Depois da relação com o Sergio ter acabado e do processo da actual namorada dele...o que é que aconteceu?
Eu tive um ataque de fúria ..fiz tudo o que não devia ter feito. Enervei-me imenso, parti coisas, andei na rua feita maluca, gastei imenso dinheiro em álcool  Tudo por causa de ter sabido que já não estava mesmo com o Sergio.

- Como assim?
Inicialmente eu e o Sergio tínhamos concordado que seria melhor acabar por causa do processo, mas era só a fingir...mas depois surgiram aquelas fotografias dele com a Pilar...e eles a assumirem.

- E abortou...
Sim...com o stress todo, o álcool e provavelmente outras tantas coisas...acabei por abortar. 

- Tinha quantas semanas de gestação? Sabe?
Pelo que o médico disse...cerca 4 semanas. 

- Falou com o Sergio?
Não. Nunca mais voltei a falar com ele. Provavelmente só saberá das coisas depois de ler esta entrevista, ou de alguém lhe ler. 

- E agora? O que se segue?
Vou aproveitar...estar aqui nos Estados Unidos. Preciso de descansar. Preciso de ter momentos para mim. 

- Veio sozinha? 
Não. Vim com a minha irmã do coração.

- Pensa voltar a Madrid?
Depende do que conseguir aqui. Estava pensar fazer algum curso para voltar ao jornalismo...ou então para o estilismo. 

- Duas áreas completamente distintas...
Eu não sei ao certo o que quero fazer.

- E a música? Sabemos que fez uma colaboração com um cantor português.
Foi só mesmo uma vez. Andar no mundo da música não é o que eu realmente quero. 

- Acha possível voltar a namorar com o Sergio?
Creio que não. O passado pertence ao passado e só têm influências no futuro se nós deixarmos. O que aconteceu foi a melhor fase da minha vida, mas isso não me impede de tentar procurar mais e ser ainda mais feliz do que fui com ele. 

- Acha possível?
Se encontrar alguém com melhor carácter do que ele...sim. Acho. 

- Um último comentário...como vê a relação dele com a Pilar?
Se é o que ele escolheu para a vida dele, só lhe posso desejar tudo de bom. Não pensei que pudessem voltar a estar juntos, mas se o estão é porque se amam de verdade. E se existe um sentimento que pode mudar uma pessoa é o amor. O amor mudou-me e de certeza que o mudou a ele. Se o quero ver à frente? Não, nem faço intenções disso. Quero que ele tenha uma família muito feliz, lá com a sua mulher, que tenham muitos filhos, mas que não se cruze no meu caminho que eu não pretendo meter-me no dele.»

Ana Moreira em exclusivo para a "Life&Style". Entrevista disponível, aqui, no site da nossa revista, Hola!"

O que se sente neste momento? Dor? Mágoa? Tristeza? Pena? Raiva? O que?
Ia ter um filho com a Ana...se não fosse aquele maldito dia no tribunal em que descobri que a mulher que hoje chamo de namorada, vai ser a mãe de um filho meu. 

(Ana)
Tinham passado 3 semanas desde que sai de Madrid...desde que perdi um bebé, que perdi o pai dele, que me perdi a mim mesma. 
Vir para os Estados Unidos não era para vir apenas de férias com a Miranda. Eu precisava de acalmar...o médico avisou-me, porque o meu coração voltou a entrar em colapso. 
Como disse na entrevista...foi a pior semana da minha vida...aquela última em Madrid...mas agora as coisas andam mais calmas e com a Miranda ao pé de mim...é tudo melhor. 
Decidimos ir aproveitar o dia. Fomos cuidar de nós. Um dia inteirinho no spa. Pedi a uma das massagistas que nos ia acompanhar que nos retirasse uma fotografia.

"Peace + love = Ana & Miranda (só queria que fosses do meu tamanho oh gigante)"
Estávamos a sair do balneário depois de nos despirmos e vestirmos o roupão, quando a pessoa que eu menos esperava encontrar aqui, está à minha frente. 
- Preciso de falar contigo, Ana. 

segunda-feira, 25 de março de 2013

21 - "Aposto que fizemos um bebé esta noite."

- Podemos simplesmente esquecer isso e divertirmo-nos? - perguntei quando chegámos a casa...depois de virmos o caminho todo a falar naquele assunto. 
Enquanto aqui estiver, quero conseguir conjugar o melhor dos meus dois mundo, das minhas duas famílias. Quero ser apenas a Ana Moreira, com o seu namorado a aproveitar dois belos dias de descanso de tudo o que anda a acontecer. 
- Como é que tu queres esquecer uma coisa desta gravidade? Aquela cabra é um monte de merda cagada! - a Miranda...quando se exalta, tem um vocabulário que eu, pessoalmente, invejo, 
- Miro...
- Desculpa! Mas eu tinha de explodir...quer dizer, ela começou tudo e vai processar-te? 
- Deixa a estar. Quando chegar a Madrid logo se vê o que é que vai acontecer. Relaxa doida! - o Sergio, que até então permanecia calado, fez-se ouvir. 
- Sim. O melhor é mesmo esquecermos a Pilar. O que vier aí, vem...e nós estamos juntos.
- E contam comigo! - disse logo a Miranda. 
- Vêem...nada de stress. Agora...que querem jantar?
- Hum...eu podia fazer o jantar - disse o Sergio. 
- Tu? - indaguei. 
- Cozinho assim tão mal...que tens medo de me dizer?
- Não...cozinhas bem, muito bem até. 
- Então porque não ser eu a fazer o jantar?
- Por mim...
- Então as meninas que fiquem aí sentadinhas, ou então que ponham a mesa.
O Sergio retirou o casaco para, de seguida, começar a preparar o jantar...com algo que tinha encontrado cá por casa. Eu e a Miranda colocámos a mesa, mas, como o jantar ainda não estava pronto, fomos sentarmo-nos no sofá, aproveitando para falar de coisas mais...de mulher. 
- Diz-me uma coisa - ela colocou as suas pernas por cima das minhas e chegou-se mais para junto de mim e falou sussurrando - ele é assim tão...tu sabes, como dizem?
- Miranda!? - tentei parecer-me ofendida, coisa que não o estava, falando também baixinho com ela.
- Que foi? Tu és como minha irmã mais velha por dois meses, mas eu quero saber mais pormenores.
- Mais pormenores como assim? Achas mesmo que te vou contar tudo o que se passa naquela maravilhosa casa em Madrid? 
- Tudo, tudo não...mas umas amostras...
- Posso...posso dizer que é muito mais do que dizem. 
- Não!?
- Sim...
- Mas...é mesmo bom?
- Mesmo! Sabes que eu já tive alguns rapazes. 
- Sei sim...
- Mas...ele? - olhámos as duas para ele que estava na bancada a preparar o jantar, de costas para nós...ai! E a vontade que me deu! - Ninguém se compara aquilo...e é só o que digo.
- Ai se ele não fosse teu...
- Desculpa? 
- Eu tenho olhos...
- Eu sei que os tens. Não te preocupes...
- E mais? Já têm algo definido? 
- Como assim? 
- Futuro, ou coisa assim.
- Andámos a falar de filhos...mas só pela parte dos treinos. 
- Filhos?
- Sim...eu descaí-me ontem quando chegamos a casa.
- Queres ter filhos com ele?
- E ele comigo. 
- Vocês são lindos.
- Somos normais...e há uma coisa que ainda não te contei.
- Estás à espera de que?
- Ontem estive com o meu tio...irmão do meu pai.
- Quem?
- Sim...ele encontrou-me por acaso no centro comercial e veio ter comigo. E depois o Sergio marcou um encontro com ele e...estamos bem. 
- Serio?
- Sim...eles andaram à minha procura, na altura em que os meus pais morreram, mas não me encontraram e depois o filho deles também morreu.
- Coitados. 
- Agora têm outro filho, o meu primo Sergio. 
- Tens uns quantos Sergios na tua vida...
- Pois tenho.
Ficamos as duas a falar ainda durante algum tempo sobre o Sergio e o meu tio. E...viciada por fotografia como é a Miranda...tivemos de tirar umas quantas e aproveitei para por uma no twitter: 

"Te echaba de menos. Eres mi hemana de corazón. Te AMO Miro"
- Meninas o jantar está pronto - disse o Sergio, virando-se para nós, com um tabuleiro na mão...cheirava a lasanha. Sentamo-nos à mesa e servimo-nos daquele belo prato. 
Tivemos um maravilhoso jantar, com muita risada. Era bom ver a Miranda e o Sergio a darem-se tão bem, como se dão. Era como se já se conhecessem, pela maneira como se tratam um ao outro, e, sem dúvida, que tê-los assim é a melhor sensação do mundo.

Depois de jantar: 
- Meninos, eu tenho de ir trabalhar.
- Vai, Miro, nós tratamos de tudo por aqui. 
- Apareçam por lá!
- Depois vemos isso, sim? 
- Como queiram. 
A Miranda saiu de casa e os meus planos eram outros. Poderíamos passar pelo café/bar onde a Miranda trabalha, mas não por agora...eu precisava de ter um momento muito, mas mesmo muito sério com o Sergio. 
Tinha ficado a olhar para a porta por onde a Miranda tinha saído, quando sinto os braços do Sergio em torno da minha cintura. 


- Como é que te sentes? - perguntou-me.
- Feliz.
- Ainda bem. Mas e dores? Tens? 
- Não. Nenhumas...e... - virei-me para ele - podíamos aproveitar que a Miranda não está em casa...
- Ela demora? - o Sergio desviou o meu cabelo do pescoço e percorreu as minhas costas com as suas mãos. 
- O bar fecha à uma da manhã e ela ainda tem de ficar a arrumar tudo. 
- Parece que sim...ainda demora. 
O momento muito sério que queria ter com o Sergio...também ele tinha a necessidade de ter esse tal momento que era sério...mas de sério nada tinha.
O Sergio começou por me começar a levar para sitio incerto...mas ao chegarmos ao meu belo cantinho percebi onde estávamos. 
Ele beijava-me o pescoço e os lábios...à medida que me ia despindo o casaco. Ele estava calmo...nada de pressas, nem desejos loucos. Era um ambiente novo...um momento novo, com maiores níveis de carinho e amor do que propriamente de desejo e loucura. 
Deitou-me na cama para, de seguida, se colocar sobre mim. Beijou-me cada milímetro de pele descoberta junto do pescoço e "torturava-me". As minhas mãos viajaram imenso por dentro da sua camisola...imenso mesmo. 
No momento mais desesperado o Sergio retirou-me a camisola...fazendo-me aperceber que tinha umas dores...fazendo com que saísse um pequeno gemido de dor. 
- Lo siento... - disse ele, ficando a olhar para o meu corpo...as nódoas negras deveriam ser mais que muitas...não era o meu corpo normal...nem eu me sentia normal. Eu sentia-me estranha, mas bem. Queria-o...mas com calma. Queria ser seduzida...como ele o consegue fazer, mas sem pressas. 
O Sergio começou uma sequência de beijos pela minha barriga que marcaram a diferença. Ele fazia círculos com os beijos...percebi que ele beijava cada volta das nódoas negras...foi subindo pelo meu tronco, até que juntou os nossos lábios, que há muito há não se encontravam. 
Aproveitei e passei eu para o comando. Os beijos tornaram-se carregados de desejo mas...há que fazer sofrer um bocadinho. 
Depois de lhe retirar a camisola do corpo...percorri aquela dádiva dos deuses de uma ponta à outra...ora beijos, ora lambidelas e alguns chupões. O Sergio percorria o meu tronco com as suas mãos, até que me desapertou o soutien. 
Invertemos as posições...e o Sergio "louco" voltou a ele. Havia pressa, desejo, loucura...mas em níveis muito menos alucinantes. Havia a pressa de sermos um do outro, mas havia ainda a necessidade de preliminares mais robustos. 
Satisfizemo-nos um ao outro, mesmo antes de nos entregarmos ao desejo. Ambos atingirmos um limite para além do máximo de prazer e...há muito que a expressão "até vi estrelas" não se aplicava na perfeição a este momento. 


Ficamos, ambos, extremamente cansados, mas com a noção de que algo grande, no futuro, está à nossa espera. 

Na manhã seguinte: 
Sentia-me ainda mais dorida do que depois de andar à porrada com a Pilar. Não. Eu sentia-me dorida...mas não com dores. Estava como que...anestesiada para isso. Foi a noite mais...puxada, que tivemos...e a mais silenciosa. Demos pela Miranda chegar...mas a nossa vontade era tanta que não parámos. 
Virei-me de barriga para cima, constatando que o Sergio ainda dormia. Aproximei-me dele, percorrendo a sua linha do maxilar com beijos, parando só quando os meus lábios tocaram os dele, muito ao de leve. 
Ele mexeu-se...para colocar a sua mão na minha barriga. 
- Aposto que fizemos um bebé esta noite - disse ele, abrindo os olhos...muito a custo. 
- E eu aposto que ainda estás a sonhar...
- Como é que sabes que sonhei com bebés?
- Sonhas-te?
- Por acaso não.
- Estamos engraçadinhos logo de manhã - ele nada disse...apenas me beijou para, de seguida, ficar a brincar com a minha mão. 


- Planos para hoje? - perguntou ele, puxando-me mais para perto dele. 
- Para a parte da manhã...nenhuns. Podemos ficar simplesmente por aqui. Depois de almoço vamos até à melhor gelataria do mundo e à minha praia. 
- Vamos à praia?
- Não para apanhar sol nem ir ao mar. Mas vamos dar uma volta.
- Parece-me bem. 
- Agora vamos a levantar...a Miranda daqui a nada já anda por aí.
Levantamo-nos, fomos tomar um duche (não tão rápido por causa do senhor Sergio), mas quando nos despachamos fomos para a cozinha, onde já estava a Miranda. 
- Estou a ver que arrumaram tudo - ups...a cozinha estava toda de pantanas.
- A culpa é minha - disse o Sergio. 
- É nossa... - acrescentei. 
- Estou a ver...mas...ao menos aproveitaram? - Miranda e a sua grande boca...mas, surpreendentemente, quem lhe respondeu foi o Sergio: 
- Bastante bem. 
A Miranda ficou a olhar para mim e eu simplesmente lhe lancei um sorriso. 
Tomamos o pequeno-almoço os três e depois arrumamos a cozinha, os três também. 
Aproveitei a manhã toda para mostrar a zona ao Sergio, incluindo o sitio onde era a casa onde cresci. 
Deixei uma foto no twitter, como sempre tinha sido hábito, mesmo antes de conhecer o Sergio. Era um vicio...

"Há paraísos tão bem escondidos neste Mundo..."
Regressamos a casa, preparamos o almoço e, depois de almoçarmos, levei o Sergio até à gelataria que eu mais gostava. Desde pequenina que me lembro de cá vir e cada vez que venho passar um fim de semana à Ericeira venho cá. 
Entrei com o Sergio e, o facto de ser uma época fria, o movimento era nulo. 
A D. Jacinta, a proprietária da gelataria, veio cumprimentar-me e fiz-lhe o meu pedido...estava-me a dar um daqueles momentos em que me apetecia comer todos os gelados que ali estavam. Contive-me, mas mesmo assim, o que pedi para mim e para o Sergio, vinha em dois pratos e...só me parecia...que o mundo era mais que perfeito. 
Antes de atacar aquela maravilha...partilhei. 

"Bem...se daqui a uns dias vos parecer mais gorda...a culpa é disto."
Comecei a deliciar-me com aquele manjar...e o Sergio olhava-me a rir-se. 
- Pareces uma miúda pequena.
- Diz que é miúda pequena, diz...se achas que ela te dava uma noite como a que passou... - o Sergio desmanchou-se à gargalhada...e contagiou-me. 
Depois de terminarmos a nossa sobremesa, levei-o até à minha praia, que era a apenas 5 minutos dali. 
Era uma praia completamente deserta, pequena e sossegada. Não estava ali ninguém, ninguém mesmo. O mar estava super agitado, mas mesmo como eu o gosto de ver. 
- Era para aqui que vinha sempre com os meus pais - confessei ao Sergio, quando nos sentamos no areal. 
- É linda - eu encostei-me ao Sergio e ficamos durante alguns segundos a contemplar aquela força da natureza a manifestar-se aos nossos olhos - anda dar um mergulho. 
- O que?!
- Sim! Anda dar um mergulho.
- Sergio...quando o mar estiver mais calmo e menos frio vamos. 
- Anda lá! - o Sergio levantou-se, retirou a camisola e começou a caminhar - se não vieres...não vais ter a compensação do aquecimento. 
- O que?
Ele virou-me as costas e continuou a caminhar para o mar. Que se lixe! Retirei também a minha camisola e fui a correr ter com ele, saltando para as suas costas. 


Antes de entramos na água, o Sergio colocou-me no chão...era demasiado perigoso entrar às cavalitas dele. 
A água estava completamente gelada! O choque térmico era horroroso! Completamente horroroso! Tivemos algumas dificuldade até sairmos da água e quando chegámos ao areal...os meus dentes batiam uns nos outros.
- Tá...frio - eu não costumava ser assim...costumava ser sempre a única que nunca tinha frio...mas hoje! Está demais. 
O Sergio simplesmente pegou nas nossas roupas, agarrou-me pela mão e levou-me para um sitio completamente escondido...com imensas ervas em volta, mas com espaço para nos sentarmos. Eu sentei-me...e toda eu termia...estava completamente gelada. O Sergio...não sabia bem que ideia era a dele, mas quando...se colocou em cima de mim e me fez deitar no areal...a minha cabeça parece ter-se acendido.
- Tem de ser um aquecimento super rápido - disse ele também completamente a tremer. 
Retiramos qualquer peça de roupa molhada existente nos nossos corpos...e aquecemos!

quarta-feira, 20 de março de 2013

20 - "Já estás agarradinha ao selo de boa vida?"

- Vieste aqui para arranjar namoradinho novo? - perguntou ela, colocando-se ligeiramente ao meu lado, ficando também a retocar a maquilhagem. 
- Desculpa?
- Sim...perguntei-te se vieste arranjar um namorado novo. 
- Primeiro...porque haveria eu de arranjar um namorado novo?
- Para conseguires o que não conseguiste com o Sergio...
- O que não consegui com o Sergio? Ouve lá - meti o batom na mala e virei-me para ela - não estás a confundir as pessoas? 
- Tu é que "namoravas" - disse fazendo o gesto das aspas com a mão - o Sergio...tu é que te andaste aí a exibir a todos. 
- Mas tu vieste só para me chatear?
- Não...eu vim até aqui ver se via o Sergio...era onde costumávamos vir. 
- De certeza que não o encontras na casa de banho das mulheres. 
- Já cá entrou...não seria a primeira vez.
- Tu só queres mesmo chatear não é? - cheguei-me mais para ao pé dela. 
- Não queridinha...eu quero mesmo avisar-te. Ou deixas o Sergio para mim...
- Ou o que? Vais bater? 
- Se for preciso...o Sergio tem de voltar para mim.
- Para voltares a andar nas luzes da ribalta, portanto...
- Exacto. 
- Não admira que o Sergio te tenha deixado - peguei na minha mala, preparando-me para sair, mas a Pilar agarrou-me pelo braço, empurrando-me contra a parede. 
- Para que conste...ninguém me deixa e com o Sergio foi só um contratempo. Eu sei que talvez tenha abusado um pouco dele...todas abusamos...quem anda com ele abusa sempre...nem que seja na cama, mas eu quero-o de volta. Ele tem de ser meu, a torto ou a direito. 
- Eu não estou para te ouvir...mas se pensas que vais estragar tudo estás muito enganada...e...para que conste, o Sergio é meu e está lá fora à minha espera.
- Ai sim? Ainda bem...quero mostrar-lhe que estive presente na vossa bela noite - a Pilar agarrou-me pelos cabelos...fazendo com que perdesse alguma força e dirigiu-se para o exterior da casa de banho. 
Numa de me tentar livras dela, dei-lhe um "pequeno" empurrão que a fez "acidentalmente" cair no meio do chão.
- Puta de madre - com o barulho da música não consegui ouvir o que ela disse, apenas percebi pelo que os seus lábios transmitiram, mas não tive tempo nenhum para o fazer. Ela levantou-se super rápido, vindo na minha direcção, dando-me um estalo. 
Aii que te foste meter com a pessoa errada...eu tolero palavras...gesto, mas fisicalidade...nem por isso. Se alguma vez perguntarem à Miranda o que ela sofreu uma vez...ficariam parvos. 

«Em 2004:
O facto de ter um quarto só para si fazia com que Ana se isola-se um pouco...mas, a directora do orfanato já a tinha avisado que Ana iria ter companhia. A companhia de uma menina com os seus 16, como a Ana, e que estava à praticamente o mesmo tempo que Ana no orfanato. 
Ana não gostou da ideia...ela gostava simplesmente de ter um quarto só para ela.
Nos primeiros dias...Ana parecia nem ligar à presença da colega de quarto, de seu nome Miranda...mas com o passar dos dias...as coisas foram mudando.
Miranda tentava falar com Ana...e até meter-se em algumas das coisas que ela fazia...mas o temperamento de Ana não facilitava.
Tudo o que ela queria...era um quarto só para ela...chegou mesmo a andar à porrada com Miranda e outras meninas do orfanato. Não por causa do quarto, mas por comentários que faziam...e ela, não se deixava ficar. 
Depois da morte dos seus pais, ficou revoltada e só com a ajuda de, imagine-se, Miranda é que conseguiu ter mais calma e pensar duas vezes antes de agir.»

- Não me conheces de lado nenhum - gritei. Tinha de o fazer, para ele me "ouvir", nem que fosse pelo movimento dos meus lábios. E, recordei-me dos momentos menos bons no orfanato...aqueles em que troquei algumas "batalhas" com as meninas de lá...
Fui-lhe às trombas...aquela carinha de puta assanhada já me metia nojo e, depois de me fazer a mim, fiz-lhe a ela...será escusado dizer que ela não é tão diferente de mim, neste aspecto. Estalo deu em estalo, que se seguiu de mais umas puxadelas de cabelos...uns quantos murros. Sim, porque a gaja teve o descaramento de me dar um murro no estômago
Estas coisas geralmente...não acontecem com pessoas mais...velhas. Uma mulher de 35 anos, que ela tem, não deveria ter mais capacidade de controlo e...talvez (!) cabeçinha para pensar nos seus actos? 

(Sergio)
A Ana já estava a demorar imenso tempo na casa de banho...mas com a confusão que se instalou talvez nem tenha saído de lá. 
Andavam duas miúdas à luta na discoteca, pelo que me disseram. 
Decidi ir espreitar...era perto da casa de banho e sempre via se a Ana estava por lá. 
ESPERA LÁ! As duas miúdas que andam à luta são a Ana e a Pilar! Corri na direcção delas e, enquanto alguém tentou separá-las agarrando na Pilar, eu agarrei na Ana, tipo saco de batatas, e, com alguns murros nas minhas costas à mistura, levei-a para fora da discoteca. 
Pousei-a no chão e ela só queria voltar a entrar.
- Sergio! Tu sai da frente! Sai-me da frente!!
- Ana...tem calma - ela voltou a investir, quase que conseguiu entrar, mas não deixei - Vais explicar-me o que se acabou de passar?
- Tu queres que te explique o que se passou?! O que se passou é que aquela grandessisima filha da mãe meteu-se com a pessoa errada. 
E nisto a Pilar sai da discoteca, com outras miúdas. 
Estavam as duas em péssimos estado...arranhões, os cabelos todos...despenteados, as roupas fora dos sítios e o olhar de quem quer matar alguém. 
- Já estás agarradinha ao selo de boa vida? - perguntou a Pilar...a conversa não deve ter sido mesmo nada bonita...e envolvia-me. 
- Eu mato-te, sua cabra! - a Ana tentou "saltar-lhe" para cima mas eu agarrei-a e a Pilar também se foi embora.
- Vamos para casa - comecei a caminhar, estando a puxar a Ana pelo braço...ela só olhava para o sitio onde a Pilar tinha ficado e dificultava a tarefa. 
Depois de a meter no carro, dirigirmo-nos para casa. 

(Ana) 
Se a mim me doía  só espero que a ela lhe doa o dobro. No momento da discussão não parecia nada...mas agora que o corpo arrefeceu as dores são mais que muitas. 
Quando chegamos a casa, o Sergio foi até sei lá onde e eu sentei-me no sofá. Ele voltou com a mala de primeiro socorros e ajoelhou-se à minha frente.
- Estás mais calma? - perguntou-me. 
- Nem por isso. Por mim ia correr, mas acho que não consigo. 
- O que é que te dói?
- Nada...
- E eu tenho parvo escrito na testa...diz-me lá. 
- Um bocado a cabeça, as costas e as costelas.
- Vais ter de me explicar tudo o que aconteceu...
- Talvez...
- Ana...eu sei que me envolve.
- Basicamente...começou por ela ter dito que quem anda contigo abusa, porque eu lhe disse que ela te tinha usado. E depois disse que tu tinhas de ser dela, a torto ou a direito...e olha...daí partiu tudo e acabou da maneira que viste. 
- Ela ficou pior que tu...fica descansada - o Sergio riu-se.
- Mas estás a rir-te do que? 
- Vocês andaram à porrada por minha causa...
- Eu andei à porrada com ela porque ela não tinha nada que dizer o que disse. Nem me ter puxado os cabelos primeiro. 
- É bom saber que quando precisar de protecção a minha namorada pode ajudar.
- A serio. Não brinques! Aposto que não ias gostar se fosse ao contrário...nem sei se poderia haver o contrário - agarrei na caixa dos primeiros socorros e fui até à casa de banho do andar de cima. 
Estava fula! Pior que sei lá o que e com tanto por explodir ainda. Ela é parva, uma otária de primeira...e, com o Sergio a brincar com a situação, ainda quem apanha é ele. Desinfectei as feridas...dos arranhões que estavam visíveis na minha cara, alguns no pescoço e uns no braço.
Fui parva com o Sergio...mas...estava com raiva!! E ele não viu isso. 
Enfiei-me na banheira, na água quente para relaxar os músculos, aquecer e libertar alguma da tensão acumulada... Passei algum tempo completamente "de molho" e soube-me bem. Doía me tudo, mas parecia ter aliviado um pouco. 
Sai da casa de banho, enrolada numa toalha, vesti o meu pijama e fui até ao corredor espreitar se via o Sergio...ele estava sentado no sofá a ver televisão. 
Voltei ao quarto, deitei-me na cama e peguei no telemóvel:

«A estúpida da tua namorada está a pensar que foi parva da maneira como falou contigo...»

Mandar sms a uma pessoa que esta no andar debaixo da casa...é, no mínimo  hilariante...mas não tinha força para descer as escadas...queria deitar-me.
Pouquíssimo tempo depois, a porta abriu-se e o Sergio entrou.
Eu, como estava virada para o lado oposto da porta, por ser a única maneira de ter menos dores, não me mexi. Apenas percebi que o Sergio se despia...para, minutos depois se deitar a meu lado. 
- Quem é que é estúpida? - perguntou.
- Eu...não devia ter falado contigo daquela maneira...mas eu estava com raiva.
- Eu sei. Não devia ter brincado com a situação...mas, acreditas em mim?
- Acredito, porque?
- Porque eu era capaz de andar à porrada com alguém por ti...como o fizeste hoje...
- E depois eras notícia nos jornais. 
- Por ter protegido quem amo. 
- Desculpa Sergio - tentei aconchegar-me a ele...de modo a que não me doesse nada, coisa que era impossível  e ficasse perto, muito perto, dele.
- A Pilar magoou-te mesmo na cabeça.
- Porque?
- Porque me estás a pedir desculpa, por...teres falado mal comigo, depois de teres andado à porrada com a minha ex-namorada, depois de ela te ter dito que queria ficar comigo. 
- É...
- Eu amo-te tanto - ter a certeza que o Sergio me ama, é das melhores coisas do mundo. Sentir que, pela primeira vez, tenho um rapaz...homem, a meu lado, pronto para aturar todos os meus problemas, as minhas manias e as minhas indecisões, é algo que nunca esperei que viesse a acontecer...não tão cedo.
- Eu também te amo...muito. 
Permanecemos os dois imóveis até que adormeci. 

Na manhã seguinte: 
Dormir...dormi bem. Acordar é que nem por isso. Para além das dores serem maiores...tinha a sensação de que iria precisar de meses para ficar a 100%
- Bom dia - disse o Sergio, apercebendo-se, com certeza, que tinha acordado.
- Bom dia - virei-me de barriga para cima, aliviando um pouco a dor. 
- Como é que te sentes?
- Toda partida...
- Queres ir ao médico?
- Não. 
- Ouve...não sentis-te nada...no coração?
- Por causa daquilo? - olhei para ele, que me assentiu com a cabeça - não...deve ter sido só uma vez. 
- Mas temos de ter cuidado. E tu tens de me dizer se te começares a sentir estranha. 
- Tá bom - ele pegou na minha mão e ficou a "brincar" com ela, enquanto me olhava. 


- Queres alguma coisa para o pequeno-almoço? - perguntou. 
- Não...quero só um beijo de bons dias. 
O Sergio aproximou-se de mim e beijamo-nos.
A necessidade de ter um beijo dele todas as manhãs, era igual, ou superior, à necessidade de comer. Era tão bom...tê-lo só para mim...no nosso ninho. Nesta cama, mais ninguém interessa, mais nenhum problema se mete entre nós...somos, simplesmente felizes. 
- Não tens férias por agora? - perguntei-lhe.
- Não...porque?
- Queria ir contigo até à minha terra...mas deixamos para outra altura. 
- Posso pedir dois dias ao Real.
- Não...tens de treinar. 
- Não. Eu quero ir contigo...já que me queres levar até lá. 
- Tens a certeza?
- Tenho. Vou ver o que posso fazer e já volto. 
- Já?
- Sim.
- Vou tomar um duche. 
- Não te esqueças de hidratar a tatuagem.
- Sim.
O Sergio levantou-se primeiro e eu, com algum sofrimento, levantei-me e fui tomar um duche. Fui-me vestir, quando o Sergio voltou. 
- Dois dias de licença aprovados a contar a partir de amanhã. 
- Obrigada. 
- Obrigado eu - ele deu-me um beijo e eu acabei de me arranjar, enquanto que ele também se foi preparar.


Fiz uma pequena mala só com os produtos de higiene, uma vez que tinha roupa lá na Ericeira. Ajudei o Sergio a fazer a dele e partimos em direcção à minha terra. O Sergio quis ir de carro...demoramos cerca de 3 horas a chegar a minha casa. A da Ericeira. 
O Sergio estacionou o carro à porta e dirigimo-nos para o interior da casa. 
- Miranda? - chamei, mas ninguém respondeu - ela deve estar a trabalhar...e podíamos ir ter com ela almoçar, que tal?
- Parece-me bem. 
- Assim conheces a minha doidona. 
- Vamos lá - saímos os dois de casa e fomos em direcção ao café onde a Miranda trabalha. Fomos a pé e, quando lá chegamos, ela não estava a trabalhar...e ninguém me soube dizer onde ela estava. 
Eu e o Sergio almoçamos, tranquilamente, e quando terminamos fomos até ao areal da praia. 
- Isto aqui é tão calmo... - comentou o Sergio.
- Sempre foi assim...
- A casa dos teus pais é no sitio da tua?
- Não...é noutro sitio. 
- Deixa-me tirar-te uma fotografia. 
- Para que?!
- Para partilhar...
- Sergio...já reparas-te nos meus arranhões?
- Não se vão ver. Prometo. 
- Ok.

(Sergio)
Peguei no telemóvel, tirei a foto à Ana e partilhei-a no twitter:

"Eres la mejor. Eres mi metad. Te AMO"
(Ana) 
O Sergio, ao partilhar aquela foto...só foi agitar as coisas...comentários e comentários surgiram...inclusive da Pilar, não na foto, mas no seu perfil. 

"As metades às vezes não se completam..."

Ela era simplesmente um "cabrita". 
Decidi desligar do twitter e ligar para a Miranda. Queria apresentar-lhe o Sergio. 
Depois de dois bip's. ela atendeu:
"- Olá, olá."
- Olá sua desaparecida! Onde é que andas? Não estás em casa nem no trabalho.
"- Como é que sabes?"
- Porque talvez ande à tua procura...
"- Estás na Ericeira?"
- Estou sim. 
"- A serio?"
- Sim! DIz-me lá onde estás.
"- Eu vim até ao centro. Estou aqui com o Sal"
- Boa. Não saiam daí, que vou ter com vocês.
"- Tá bom."
Desliguei a chamada e virei-me para o Sergio. 
- A Miranda está no centro com um outro amigo meu. 
- Vamos ter com eles. 
- Vamos?
- Sim...quero conhecer essa Miranda que tanto me falas.
- Vamos - dei-lhe um beijo para, nos metermos a caminho. Desta vez quem conduziu fui eu...conduzir o carro do Sergio era um perigo! Bastava por apenas o pé ao de leve no acelerador para aquilo andar sei lá a quantos à hora. 
Quando chegamos ao centro, não comercial, mas da Ericeira, e saímos do carro, vi logo a Miranda e o Sal sentados numa esplanada. Dei a mão ao Sergio e começamos a dirigirmo-nos até eles. 
- Olá! - disse quando chegámos à esplanada. 
- Ana! - a Miranda virou-se para mim...e ficou com a boca aberta - o que é que te aconteceu? 
- Nada de especial...meninos, este é o Sergio. Sergio são a Miranda e o Sal. 
A Miranda ficou a olhar para mim, enquanto que o Sal cumprimentou o Sergio. 
O tempo passou a voar e quando demos por nós já eram cerca das 17:30h e estava na hora de irmos embora...estava a ficar frio. 
- Levam a Miro? - perguntou o Sal. 
- Claro.
- É que eu não vou já para baixo.
- É na boa - despedimo-nos do Sal, eu agarrei-me ao Sergio e começamos a caminhar - levas o carro? - perguntei. 
- Claro - ele deu-me um beijo na testa e continuamos o nosso caminho até ao carro. 
Entramos os três nele e quando já estávamos a quase metade do caminho a Miranda, que tinha parado de falar uns segundos voltou a falar:
- Olha só! - passou-me o telemóvel dela e tinha lá uma foto que ela tinha postado no facebook com uma legenda...super querida:

"O casal mais lindo e fofinho que conheço."
- És tão exagerada...
- Não sou nada.
- Olha só Sergio - coloquei o telemóvel um pouco à frente do Sergio, de modo a que ele espreitasse por uns segundos, sem perder o controlo do carro. 
- Eu não a acho exagerada... - comentou ele.
- Vês...eu acho que és a única cega no carro - ela retirou-me o telemóvel das mãos e, tanto ela como o Sergio, se riram - ouve lá! Quem é a Pilar Rubio? - perguntou ela super escandalizada.
Eu olhei para o Sergio que me olhou também. 
- É a ex-namorada do Sergio, porque?
- Há aqui uma notícia que diz que ela te vai processar pelo que lhe fizeste...
Agora é que as coisas...vão aquecer.