segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Mensagem de Natal

Mais um Natal está a chegar. Já se sente o cheirinho, cada vez está mais perto e é aquela altura do ano em que se sente o amor e o carinho entre as pessoas. Esta é a minha mensagem para vocês. Será curtinha, não quero que se cansem de mim, mas quero desejar-vos a todas um santo e feliz natal. Que estejam junto daqueles que mais amam, daqueles que mais vos amam. Que sorriam, que celebrem, que se sintam felizes nesta época tão bonita. Acreditem no Pai Natal, pelo menos amanhã, e sintam a magia deste tempo. A todas, a todas mesmo, um excelente Natal. 
Terminem 2013 da melhor forma: a sorrir, a amar, a apaixonar, a viver! Vivam as vossas vidas, apaixonem-se e sejam felizes. Que 2014 nos traga coisas boas, nos traga mais amor, mais carinho e que nos mantenhamos juntas. 
A cada comentário vosso depois de cada capitulo publicado, sinto como se a família se tivesse reunido. Pouco a pouco criámos aqui uma família que quero que se mantenha para o ano! E que aumente (se for o caso). 

SEJAM FELIZES! Tudo de bom princesas! 

FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO! 


sábado, 7 de dezembro de 2013

42 - "O que é que se passa com a menina? O que é que ela tem? Os médicos já te disseram alguma coisa?"

Ana: 
Tinha conseguido ter o resto de dia livre. Os nervos tomaram conta de mim, a pequenina estava com algum problema, quase que aposto. Para a Miranda não ter dito nada é porque aconteceu alguma coisa. Mas o que? Quando sai de casa ela estava bem, estava a dormir tranquila e perfeitinha como sempre. 
Sai da redacção indo até à rua e esperei que a Miranda e o Xabi chegassem. Ela disse que estavam a vir ter comigo é porque devem estar a chegar. Demoraram cerca de cinco minutos, não dei tempo que a Miranda saísse do carro e entrei logo para os bancos traseiros. O Xabi começou logo a conduzir e eu cheguei-me para a frente, ficando no espaço entre o banco do condutor e o do pendura. 
- O que é que aconteceu? 
- Não sabemos muito bem, Ana...eu liguei para o Sergio por causa do jantar e ele disse que estava a ir para o hospital com a menina. 
- Para o hospital? Mas o que é que aconteceu? 
- Ele disse que ela estava com umas manchas na cabeça, nas mãos e nos pés. Ele disse que estava estranha e que achou melhor levá-la ao médico. 
- Claro...
- Ele não me disse para te avisar, mas é óbvio que sabia que o ia fazer. 
- Será que é alguma coisa grave?
- Vais ver que não... - disse o Xabi, tentando tranquilizar-me. A verdade é que quando falava com ele por causa da menina ele conseguia sempre explicar-me coisas de pai e mãe que eu não sei - o mais provável é que seja alguma alergia.
- Alergia...a que é que ela pode ser alérgica? Ao leite?
- Por exemplo...a médica não o mudou à pouco tempo?
- Sim...
- Pode ser reacção a isso...
- Mas assim? Na pele? - perguntou a Miranda.
- Pois também não sei...mas já estamos a chegar e já vamos saber o que se passa.
Encostei-me no banco e em menos de dez minutos já estávamos a estacionar o carro junto do hospital. Saímos os três do carro e fomos até à recepção do hospital. Ia a perguntar pela menina, quando o Sergio aparece. 
- Então? O que é que se passa com a menina? O que é que ela tem? Os médicos já te disseram alguma coisa? - acho que o enchi de perguntas, mas o meu instinto é proteger aquela bebé porque ela está à nossa responsabilidade. 
- Calma... - ele colocou-se a meu lado, ficando de frente para o Xabi e a Miranda. Meteu a mão dele nas minhas costas e a Miranda sorriu...percebi que ela tinha visto aquilo - estão a fazer testes à menina, já nos dizem qualquer coisa daqui a pouco. 
- Mas eles não disseram o que poderia ser? - inquiriu a Miranda.
- Pode ser uma alergia, foi só o que disseram.
- Vês, eu disse - afirmou o Xabi.
- Ai...tadinha, será que lhe dói? - a minha menina...alergias é sempre complicado, será que está com vontade de se coçar? Ela nem sabe o que isso é...
- Tu quando fores mãe, vou ter pena dos teus filhos! - Miranda...bela saída - desculpem... - acabou por se aperceber cinco segundos depois do que é que tinha dito. 
Não sabia o que lhe responder, não sabia porque eu quero ser mãe, quero muito. Mas depois de tudo o que aconteceu com duas gravidezes completamente deitadas por água abaixo, nem sei se o quero voltar a tentar. 
Ficou tudo sem saber o que responder...não falámos sobre o assunto. Fomos para a sala de espera, já que o Sergio tinha deixado lá as coisas da menina. 

45 minutos depois:
- Se não me aparecer um médico aqui nos próximos cinco minutos, eu entro por ali dentro! - estamos à 45 minutos à espera que nos digam alguma coisa sobre a Esperanza. As enfermeiras que por aqui passam só nos dizem que estão a fazer exames e que ainda não sabem os resultados. 
- Ana, tem calma. A bebé está em boas mãos - a Miranda, que estava sentada ao meu lado e era a única que ali estava, tentou acalmar-me. O Sergio e o Xabi tinham ido até à recepção ver se lá já sabiam de alguma coisa. 
- Mas eu quero saber dela...ela é muito importante para mim, Miro. 
- Eu sei disso...mas tens de ter calma porque ela está bem - ela deu-me um beijo na bochecha e nesse momento um senhor de cabelo grisalho e bata branca chega ao pé de nós. 
- São as responsáveis pela Esperanza Rubio?
- Sim - levantámo-nos imediatamente e o médico esticou-me a mão. Apertei-a e fez o mesmo com a Miranda - como é que ela está? O que é que se passa?
- Bom...não é nada de grave podem ficar descansadas - saber isto podia-se considerar um alivio - fizemos todos os testes possíveis á bebé e descobrimos a razão de ela estar como está. 
- Então doutor? 
- A Esperanza tem dermatite atópica.
- O que é isso doutor? - inventam com cada nome de doenças que uma pessoa mais parece que ouve chinês! 
O médico ia a começar a explicar quando o Sergio e o Xabi aparecem. Depois de os cumprimentar, lá começou a explicação:
- Bom, uma dermatite atópica assemelha-se a uma alergia, contudo não se trata de uma reacção alérgica. Demorámos mais em dar notícias porque estivemos a fazer todos os exames alérgicos e podem ficar descansados que ela não é alérgica a nada. 
- Então porque é que teve essa reacção? - perguntou o Sergio. 
- Isso é o que queria ver convosco: ela mudou de ambiente ultimamente? Se apanhou muito frio, ou muito calor? Se trocou de cama, por exemplo.
- Sim...ela esta noite dormiu numa cama diferente. 
- E sabem se os lençóis eram de um material diferente?
- É capaz...quais eram os lençóis da cama? - perguntei ao Sergio, já que eu não tinha feito aquela cama. 
- São uns de verão, mais leves...mas não sei o material.
- O mais provável é que tenham partículas de materiais ásperos e isso causou a reacção na menina. Tentem evitar esse tipo de materiais na roupa dela, na roupa de cama e do banho e não se têm de preocupar mais com isto. Com o tempo desaparece, é comum nos bebés aparecerem porque ainda estão com a pele muito sensível.
- E agora doutor?
- Agora tentem que ela tenha as zonas do vermelhão sempre protegidas e Hallibut é o melhor. Irá secar a zona e impedir o alastramento. 
- Só isso?
- Sim. Se, por acaso, repararem que aumenta, aí dirijam-se de novo ao hospital. Mas ela desde que está aqui continua na mesma. Por isso não se alarmem. 
- Muito obrigada, senhor doutor. 
- Não me agradeça. Quem são os responsáveis da Esperanza? 
- Somos nós - disse o Sergio, apontando para mim e ele. 
- Venham comigo. Vamos tratar da alta da Esperanza e podem levá-la para casa. 
Fomos os dois atrás do médico, que nos levou até à Esperanza. O Sergio é que foi tratar da papelada e eu fui ter com a pequenina. 
- Oh minha doçura... - contrariamente ao que esperava, a Esperanza estava super bem disposta. Riu-se logo assim que me viu e a dar aos braçinhos. Reparei no vermelhão que tinha nos pés, o das mãos era menos e na cabeçinha também tinha. Os próximos dias tínhamos de ter cuidado com ela, porque a mania de meter as mãos na boca tem de acabar. 
Vesti-a e meti-a no babycoque. Esperei um tempinho só a olhar para ela e sempre a tirar-lhe a mão da boca, até que aparece o Sergio com o médico outra vez.
- Pronto, estão despachados. Qualquer coisa podem sempre cá voltar, mas espero que não. Sigam as indicações que vos dei.
- Muito obrigado doutor - disse o Sergio, dando-lhe um aperto de mão e pegou no babycoque...e ainda bem que o fez que eu levar aquilo é sempre complicado. 
- Obrigada senhor doutor - dei-lhe, também, um aperto de mão e fomos até à sala de espera, outra vez. 
- Tudo prontinho? - perguntou a Miranda.
- Sim...agora é andar sempre de olho nela para não por as mãos na boca - respondeu o Sergio que, pelos visto, já tinha percebido o esquema. 
- Jantam lá em casa? - inquiriu o Xabi. 
- Sim...eu moro lá, para todos os efeitos - respondi. Reparei que a Miranda e o Xabi estranharam tudo aquilo.
- Vais continuar lá em casa? - o Xabi foi quem exteriorizou a pergunta que os dois queriam fazer. 
- Já estão assim tão fartos de mim?
- Não é isso... - o Xabi ia a falar, mas não era preciso continuar já que o Sergio o interrompeu. 
- Nós ainda não decidimos o que fazer. Podemos aproveitar o resto da tarde para perceber se ela mora lá ou volta para casa... - vamos ter uma tarde interessante não haja duvida...
- Então decidam lá isso, mas jantam connosco. 
- Sim. 

Do hospital fomos para casa do Sergio...deixámos a Esperanza na sala, dentro da babycoque já que ela tinha adormecido. Estávamos os dois sentados no sofá, bem pertinho um do outro.
- Queres voltar a seres a rainha aqui da barraca? - ele tentou ser sério, mas acabámos por nos rir os dois.
- Sergio...eu não sei.
- Para tentarmos a sério...devíamos ser os três juntos. Agora devias era tratar das minhas costas... - ele aproximou-se ainda mais de mim, rodeando a minha cintura com os seus braços. 
- Estão assim tão más...?
- Bem...acho que nunca tinham estado assim. Tens de ir à manicure. 
- Tadinho... - comecei a dar-lhe beijos na testa, depois na bochecha, no nariz e nos lábios - a culpa é toda tua, sabes?
- Mas o que é que eu faço para me arranhares todo?
- Fazes tudo assim a uma escala brutal. 
- Fica sabendo que é só para ti...
- É...espero bem que agora seja só para mim mesmo!
- Sou todo e só teu. Não me partilhas nem partilharás com ninguém. 
- E eu também sou tua. Achas que preciso de trazer tudo o que está em casa do Xabi?
- Isso...?
- Isto sou eu a dizer que vou voltar para a nossa barraquinha e para o nosso quartinho, para os teus braços todos os dias ao fim do dia e acordar todas as manhãs com um beijo de bons-dias. 
Isto sim. Isto é o que eu quero. É o que eu quero que aconteça a partir de hoje. É o que eu quero para o nosso futuro, para o nosso presente.

domingo, 24 de novembro de 2013

41 - "Estás em casa Ana...é como se fosse tua também, está à vontade."

Estava sentada no sofá, ao lado do Sergio que terminava de dar o biberão à Esperanza. Ela tinha demorado mais tempo a comer do que o normal.
Durante todo o tempo olhava para o Sergio tentando brincar com o anel dele. O anel...aquele que ele tem, que eu tenho igual e que ela também brinca quando está comigo. Quando ela estava mesmo quase a terminar agarrou-se ao dedo do Sergio, olhou-o  muito atenta e pestanejou os seus olhinhos.
- Já estás com sono outra vez? - perguntou-lhe o Sergio.
- Ela por volta desta hora adormece sempre. 
- Adormeço-a? 
- Sim...é o melhor. Depois fica rabugenta e quando chegar a casa não quer dormir. 
- Mas...estava a pensar que iam ficar.
- Não sei se será o melhor...
- Porque?
- Não sei, é muito cedo Sergio...a minha cabeça não sabe bem ainda o que é que nós temos. 
- A minha também não, mas quer vocês por perto. Tenho tantas saudades tuas, Ana... - a Esperanza já tinha soltado o dedo do Sergio e ele colocou essa mão sobre a minha que estava na minha perna. 
- Adormece a Esperanza...ela gosta que lhe mexam no nariz. Deixa-a na alcofa e vamos jantar, vale?
- Vale - ele esboçou um sorriso concentrando-se na Esperanza. Ele tinha jeito para estar com ela. Quando lá ia a casa do Xabi para ver dela, eu bem via o sorriso que se formava nos lábios dele, o brilho que os olhos dele ganhavam e a maneira como falava para ela também era especial.
Ele levantou-se começando a embalar a menina. Queria por-me à vontade...queria fazer como se estivesse em casa, como se estivessemos num daqueles momentos em que nos preparamos para o jantar, mas não o fiz. 
- Sergio... - chamei-o baixinho, fazendo com que ele se virasse para mim.
- Diz.
- Queres que vá pondo a mesa para jantar?
- Estás em casa Ana...é como se fosse tua também, está à vontade.
- Gracias... - sorri-lhe, levantando-me para ir na direcção da cozinha. O Sergio tinha colocado uma pizza no forno. O melhor a fazer era preparar tudo para jantar na sala. Assim víamos a segunda parte do jogo. O Real está empatado 1-1 e o Sergio vai estar a comer e a querer saber do jogo...saber o que a casa gasta é bom nestas alturas. 
Peguei em dois pratos, dois copos e talheres levando para a sala. Antes que dessem ela minha entrada, apanhei o Sergio a falar com a menina:
- Sim porque se vocês as duas cá ficassem para sempre os meus dias eram bem melhores. Nem sabes o que eu tenho medo de estragar tudo com a Ana. Ela é a mulher que mais amo, a pessoa que me fez mudar. Não foram quatro...foi só uma e só depois de saber que ela tinha estado com o Mario...não lhe contes, por favor. 
O Sergio...não tinha estado com quatro raparigas depois de mim? Ai...mas...
Decidi bater com os talheres um no outro para ele perceber que eu estava a chegar. Ele fez-me sinal que fizesse pouco barulho e eu assim o fiz. Coloquei tudo em cima da mesa, voltando à cozinha. Desliguei o formo, retirando de lá a pizza para a colocar numa travessa redonda. Voltei à sala e a Esperanza já não estava lá e o Sergio estava a descer as escadas com o intercomunicador na mão. 
- Deixei-a lá em cima. Fica mais quentinha e podemos falar à vontade, sem ter medo de a acordar. 
- Fizeste bem.
- Mudei o quarto...fiz como se fosse só da Esperanza.
- Isso é bom, assim ela tem o quartinho dela - sentámo-nos os dois no chão junto da mesa de centro e o Sergio começou a cortar as fatias da pizza - Sergio...
- Hã?
- Amanhã tens treino?
- Não. É folga, mas de tarde tenho de ir fazer o tratamento por causa da coxa.
- Podemos aproveitar a manhã então para...matar...saudades?
- Basta quereres cá ficar por casa.
- Acho que...podemos ficar - ele sorriu-me, colocando uma fatia de pizza no meu prato e outra no prato dele - Sergio?
- Diz.
- Achas-me confusa?
- Confusa?
- Sim...em relação ao que quero.
- Ultimamente sim...mas depois do que se passou é normal. Mas sempre foste determinada naquilo que queres. Já estás de novo a trabalhar na tua área e esse sorriso que vi em ti nos últimos dias é fantástico. Acho que não és confusa...estás só baralhada com tudo o que aconteceu. 
- Fazia-me falta as nossas conversas...por muito que fale com a Miranda não é o mesmo. Ela entende-me, dá-me a opinião dela, dá-me mimo, mas tu...és diferente.
- Como assim? - ele pegou na fatia de pizza dele começando a comer.
- Tu percebes-me mas conheces-me à menos tempo que ela. Estás na minha vida à muito menos tempo que ela e tomaste proporções que eu não sei explicar. 
- Então somos dois...
- Eu também tinha saudades tuas...
Ele colocou a fatia de pizza no prato, limpou as mãos e a boca aproximando-se de mim. Rodeou-me com as pernas dele, puxando o meu corpo na direcção do seu. 
- Queria tanto que a partir de hoje ficasses aqui para sempre...
- Para sempre não posso...tenho de trabalhar, ir às compras, ir aos teus jogos, a outros jogos...acho dificil ficar aqui para sempre. 
- Tu és tão linda.
- Tu também és muito lindo, Sergio.
- Posso ter esperanças que durmas comigo na nossa cama?
- Queres mesmo...dormir? 
- É como tu quiseres...és a rainha da casa, a princesa está a dormir e eu sou todo teu. 
- Quero prometer-te uma coisa.
- O que?
- Que não vou pensar em demasia. Que serei a mesma que tu conheceste: vou ser a Ana sem medo e a reagir de impulso. Precisamos disso e eu prometo que é isso que te vou dar. 
- E eu prometo que serei o mais paciente contigo. Não te quero pressionar a nada e se quiseres mesmo só dormir estamos à vontade. 
- Não...eu não quero dormir. Não esta noite. Amanhã é segunda, tenho de ir trabalhar às 11h mas quero passar a noite toda a olhar para ti. 
- Isso é um pouco obsessão não?
- Não...é querer matar as saudades. São imensas e não as consigo matar se não for prolongadamente. 
- Então e...se começássemos já?
- É uma proposta tentadora menino Sergio, mas eu ainda não comi nada desde o almoço e estou com uma constipação em cima...acho que seria melhor comer um bocadinho, tomar o comprimido, vemos o resto do jogo e depois...vamos para o teu quarto. 
- Parece-me bem, mas é o nosso quarto. 
- É mais teu que meu. 
- Mas é nosso.

Tinham seguido o plano. Jantaram, Ana tomou o comprimido para a constipação e ficaram os dois no sofá...a fazer tudo menos ver o jogo do Real Madrid. Estavam os dois deitados lado a lado no sofá, frente-a-frente e ora se beijavam, ora faziam caricias pelo corpo um do outro ou simplesmente se olhavam. 
- Queres ir para cima? - perguntou-lhe Sergio. 
Ana limitou-se a acenar-lhe que sim com a cabeça. Sentia-se nervosa. Queria estar com ele, mas já não estavam em contacto à tanto tempo que ele poderia não gostar de estar com ela. 
Os dois levantaram-se, Sergio desligou a televisão e encaminharam-se até ao andar de cima. Ana sabia todos os cantos daquela casa, sabia onde ficava o quarto de Sergio e era para lá que ia direita. Sergio ia mais atrás dela, mas ao ver que ela abrira a porta do quarto, precipitou-se na sua direcção beijando-lhe o pescoço.
Ana sentiu um formigueiro na zona da barriga. Sergio sempre soube o quanto ela gostava de ser provocada, o quanto gostava que ele a seduzisse. Sempre tiveram disso, Sergio sempre soube o que fazer a Ana, como lhe mexer, como a beijar, como a morder. Ana gostava que ele a mordesse, deixava-a louca e fazia com que o desejo aumentasse. 
Sergio tinha saudades do que Ana lhe fazia. Tinha saudades de ter as mãos dela sobre o seu tronco, no seu pescoço, nas suas pernas, gostava de quando Ana tomava posse do seu corpo como se fosse dela. Tinha saudades dos arranhões que ela lhe deixava nas costas, dos chupões que, por vezes, preenchiam algumas zonas dos seu corpo, das mordidelas, dos beijos, das caricias, dos aconchegos e das palavras. Ele sentia falta daquela mulher. Só ela sabe como o deixar satisfeito, só ela sabe o que o cativa e só ela sabe fazer tudo por completo. 
A noite do regresso não poderia ser de outra forma do que: perfeita. Entregaram-se um ao outro como nunca antes o tinham feito, como nunca antes o tinham pensado fazer. Foram ousados, foram inovadores, mantiveram os seus truques mas abusaram das investidas um no outro. Tanto Ana como Sergio ficaram surpreendidos. Parecia que nunca iriam acabar porque os corpos pediam por mais. Eles queriam mais. Mas tiveram de colocar um fim. Estavam cansados, os corpos estavam demasiado sacrificados e tinham tempo para voltar a ter uma noite como esta. Eram quase cinco da manhã. Nenhum tinha sono, não havia vontade de dormir. Queriam olhar um para o outro, queria falar um com o outro.
As costas de Sergio ficaram pouco apresentáveis. Ana tinha-as arranhado todas, via-se perfeitamente a marca das suas unhas e Sergio, também tinha abusado. Ana tinha chupões no pescoço, na barriga, nas pernas mas cada um tinha-lhe dado a sensação de que Sergio estava a querer deixar a sua marca nela. Ele já o tinha feito, não o precisava de fazer assim, mas Ana gostou, delirou e estremeceu com cada chupão, trincadela, beijo, toque, lambidela. 
Ana tinha a sua cabeça sobre o peito de Sergio, olhava-o e ele mexia nas costas dela.
- Que é que vai nessa cabeça neste momento? - perguntou ele. 
- Bem...vai uma sensação de que me dás o melhor...sempre. E que te amo cada vez mais. Não foi só sexo Sergio...é a certeza de que te amo. 
- E eu amo-te a ti minha princesa - Sergio puxou-a para junto dele, beijando-a.
Até adormecerem ficaram nunca troca de beijos e carinhos. O sono chegou e acabaram por adormecer nos braços um do outro. 

Na manhã seguinte:
Ana tinha de ir trabalhar. Tinha de sair dali antes que chegasse tarde. Tinha Sergio colado nas suas costas e tirou uma fotografia que iria gerar polémica...por todos os acontecimentos das últimas semanas. Mas Ana quis torná-la pública.

Não lhe digam nada, mas eu amo-o. Buenos dias! 
Levantou-se com o máximo de cuidado e foi até ao quarto de hóspedes para tomar duche lá. Assim não acordava Sergio. Sorte a sua que ainda haviam roupas no closet que ela podia vestir, assim seguia directamente para o jornal.


Ana estava a sentir-se melhor da sua constipação, mas não a 100%.
Antes de sair de casa foi até ao quarto onde Esperanza tinha dormido. A menina continuava serena a dormir e Ana nem se lembrou de que aquele era suposto ser o quarto do seu filho.
Saiu de casa e tinha meia hora para chegar à redacção do jornal. Era rápido e chegou a horas. Foi ter com a sua orientadora de estágio que a esperava com um sorriso enorme.
- Buenos dias - disse Ana sentando-se à frente dela. 
- Buenos dias cariño. Como estás?
- Estou bem...
- Olha eu preciso mesmo de dizer isto: sou super fã de Ana e Sergio. Vocês fazem um casal lindo e estarem de novo juntos é tão bom.
Ana estava surpreendida com aquilo que acabara de ouvir...a sua orientadora de estágio estava a falar da sua relação com Sergio...
- A minha relação com ele, em nada vai afectar o meu trabalho por aqui. 
- Eu sei disso, mas sempre gostei de ti quando começaste a sair nas notícias. Sou grande fã do Sergio e sempre achei que ele deveria assentar e tu és a pessoa ideal para ele. 
- Obrigada...nem sei o que dizer. 
- Não me tens de dizer nada. Vamos organizar a tua semana de estágio sim?
- Sim.
Ana iria passar a semana pela redacção, iria começar a escrever textos que daria uma ideia da sua forma de trabalhar. No final da semana teria de apresentar uma reportagem sobre um tema à sua escolha. Teria de pensar bem no que fazer. Tinha duas ideias mas precisava da opinião de Miranda, Xabi e...Sergio. Uma dela seria uma reportagem sobre Xabi e a outra uma reportagem sobre Sergio. Ana queria escrever sobre um deles do ponto de vista profissional e não pessoal. Queria testar a sua capacidade de distanciamento no que toca aquelas duas pessoas. 
Estava na sua pausa de almoço quando recebe uma chamada de Miranda:
- Buenas tardes! - disse ela do outro lado. 
- Hola guapa! Como estás?
- Estou bem e tu?
- Também.
- Estou preocupada..chegámos a casa e...onde é que vocês estão?
- Então eu estou a trabalhar. 
- E a menina?
- Ela está com o Sergio. Nós ficámos em casa dele esta noite e a Esperanza ficou lá com ele. 
- Aaaaaah! - Miranda gritava do outro lado da linha - oh meu Deus! Acabei de ver a foto do twitter! Vocês estão juntos outra vez?
- Pois...parece que sim. Em fase de teste, mas sim.
- Ai que lindos! 
- Sim Miranda, também te amo. 
- Sua tonta. Jantar a sete?
- Sete?
- Vocês os três e nós os quatro. Os filhos do Xabi chegam hoje. 
- Claro! Avisa o Sergio que eu não posso ligar. Vou acabar de almoçar e tenho de me concentrar no trabalho. 
- Fica descansada. 
- Gracias. 
As duas despediram-se e Ana terminou o seu almoço. Quando estava a ir para o seu posto de trabalho volta a receber uma chamada de Miranda.
- Miro, que passa?
- Ana...é a Esperanza. 
- O que é que se passou?
Eu e o Xabi estamos a ir ter contigo. Pede dispensa do resto do dia. 
- Miranda, o que é que se passa?
- Nós já falamos. 
Miranda desligou-lhe a chamada e Ana começou a entrar em pânico. O que é que tudo aquilo quereria dizer? O que é que tinha acontecido a Esperanza?

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

40 - "Só não sei se será uma boa ideia...é isso."

No intervalo do jogo, o Sergio foi preparar algo para comermos. Estava quase na hora da Esperanza comer, também, mas ainda não lhe tinha dado a fome. Levantei-me e comecei a "passear" pela sala. Era bom sentir-me em casa...ou então não. Não sei o que é que isto pode dar, não sei se algum dia seremos a mesma coisa, se algum dia seremos o mesmo casal. 
Haviam imensas fotografias novas. Fotografias que eu ainda não tinha visto ali. Eram fotografias da Esperanza, do dia em que ela nasceu, havia uma minha...com barriga. Peguei nela e foi impossível não pensar: o Santiago nascia daqui a uma semana. Seria daqui a uma semana que o Santiago estava previsto nascer...mas já não existe. Será que o Sergio se lembra disso? Gostava de saber, mas não tenho coragem de lhe perguntar.
- Estavas bonita nesse dia - ouvi a voz dele demasiado perto de mim, o que me assustou. De imediato coloquei a  fotografia na prateleira, virando-me para ele. Pensei que estivesse mais perto, mas ainda bem que não está.
- Só naquele dia? - perguntei, numa de brincar com ele. 
- Sabes bem que não.
- Por acaso não sei.
- Todos os dias estás linda. Estavas linda no dia da gala, no dia do treino depois da gala, no dia em que chegaste a Madrid para o nosso fim de semana, no dia em que te levei a jantar, no dia em que te levei ao Barnabéu vazio, nos dias em que estavas bem disposta, nos dias em que nem por isso. A mudança que houve em ti foi perfeita. Fizeste-me ter ganas de ti, fizeste com que o meu interior ansiasse por ti a cada segundo. Foste uma grávida linda, já sabemos como é que ficas grávida e mesmo assim és maravilhosa. Daqui a uma semana nascia o nosso filho...poderíamos assinalar a data. 
- Sergio...
- Se não o quiseres fazer estás à vontade. Eu compreendo.
Não sabia o que pensar...o que ele tinha acabado de propor era...estranho. E a maneira como tinha abordado o assunto parecia que não tinha pensado muito tempo, que era impulsivo. Assinalar a data do nascimento do nosso filho, sem que ele esteja presente? Não sei se o consigo fazer. Não sei se me sinto capaz de o fazer. Não falava do Santiago desde o dia em que sai de casa. Pensava nele, mas não exteriorizava o que sentia. 
- Só não sei se será uma boa ideia...é isso.
- Porque?
- Porque desde que tivemos a nossa conversa que nunca mais falei com ninguém sobre este assunto. 
- E queres falar?
- Não...não há nada a dizer. Eu tudo o que queria dizer, disse-te a ti. Que eras quem mais importava. Não há mais nada que possa dizer. Eu agora estou bem, recuperei a minha forma, recuperei o meu consciente e isso faz-me feliz...agora.
- Então preferes não marcar essa data?
- Depois vemos isso, pode ser?
- Claro - ele passou com a sua mão pela minha cara...e aquele gesto fez-me estremecer...eu não percebo, não entendo mesmo, a minha cabeça. Sou tão confusa, tão baralhada das ideias e quem acaba por sofrer com isto é o Mario...e o Sergio. 
Quando a mão do Sergio voltou para junto do corpo dele, senti uma vontade enorme de o sentir..."meu". Tinha vontade de voltar a beijá-lo, mesmo que isso significasse, na minha cabeça, que era o fim. Podia, simplesmente, beijá-lo e não sentir nada, mas queria sabe-lo. 
Não sei como ele ainda não o tinha feito...era ele sempre que tinha a primeira iniciativa, mas estava a respeitar o espaço que eu tinha criado entre nós. Por isso, fui eu quem tomou a iniciativa e beijei-o.


Não era apenas um beijo. Era a confirmação. A confirmação de que ainda me sinto na mesma em relação a ele. A confirmação de que ele me faz estremecer ao mínimo toque, que faz com que o meu coração dispare e comece a bater mais depressa. Precisei deste beijo na primeira semana em que estivemos separados, precisei dele para adormecer, para me sentir reconfortada...mas não afastei-o e hoje preciso de o recuperar. Preciso de criar, ou continuar a criar a nossa história. 
Ele acabou por interromper o beijo, agarrando-se à minha cintura. 
- Tinha saudades disto - confessou. 
- Também eu tinha Sergio...e devo-te um pedido de desculpas.
- Porque?
- Porque te afastei quando mais precisei de ti. Eu quis fazer-me de forte, mas na primeira semana em que estive em casa do Xabi com a Miranda eu não conseguia adormecer sem antes chorar ao olhar para as tuas fotografias. Eu não quis levar nenhuma aqui de casa, mas acabava sempre por agarrar no pc e procurar pela net...e isso deixava-me mal...mas era o que me fazia adormecer. Adormecia depois de ver imensas fotografias tuas...nossas.
- Eu só tenho uma pergunta para te fazer...quer dizer, é mais que uma.
- Diz. 
- Porque é me te afastas-te?
- Eu não conseguia lidar com as coisas, tinha medo que acabasses por me culpar da morte do Santiago. Eu sei que não o farias, mas esse medo assombrava-me. 
- Eu nunca iria fazer isso...
- Eu sei, Sergio...mas eram os meus medos. 
- Acho que entendo...e...o Mario?
- O Mario...foi parte do meu passado. Eu conheci-o quando vim à apresentação do Falcão no Atlético. Conheci-o numa discoteca e acabamos por nos envolver...foi uma coisa de uma noite mas adorei estar com ele. Agora voltei a encontrá-lo...numa discoteca e ele não sabia ao certo o que se passava entre nós. Eu expliquei-lhe e acabámos por ter dois dias maravilhosos. Senti-me, de novo, mulher com ele. Eu não quero estar a fazer sentir-te mal, mas quero contar-te tudo.
- E eu agradeço isso. Sempre foste sincera e eu quero mesmo saber. 
- Então é isso...o Mario foi o único que tive neste espaço de tempo que estivemos separados e não iria conseguir estar com mais ninguém. 
- E agora como é que estão?
- Nós estamos amigos...eu gosto de estar com ele, faz-me sentir diferente. Protegida como se fosse meu irmão, mas amada como se fosse meu marido ou namorado. 
- Se nós voltarmos a estar juntos...ficam assim na mesma?
- Claro. Não vou perder um amigo se voltar a estar contigo Sergio.
- Sim, sim...não vou dizer que estou surpreendido, porque não é verdade. Sempre soube que seria difícil para ti voltares a estar com outra pessoa...mas pensei que fossem mais. 
- Foi só o Mario. 
- Queria dizer-te que também só tinha sido uma, mas sabes que foram mais. 
- Quatro. 
- Isto faz-me sentir tão mal - ele afastou-se de mim, virando-me as costas colocando-se junto do sofá. 
- Sergio, não tens de te sentir mal. O que tu fazes deve ser exercitado o mais possível - ai! Porque é que eu acabei de dizer isto? Ai Ana, Ana...começas a dizer coisas da boca para fora vais ter resposta mais depressa.
O Sergio virou-se, de novo, para mim um pouco baralhado, pelo que percebia. 
- Isso que acabaste de dizer, é mesmo aquilo que eu acabei de ouvir?
- É. 
- Mas, então, deixa-me que te diga - caminhou na minha direcção, agarrando-me pela cintura - preciso de exercitar com alguém que tenha pedalada para mais que uma vez. 
- Elas não têm?
- Não...nos últimos tempos só uma tem.
- Tens de a voltar a encontrar. Assim exercitas melhor. 
- Continuas a aguentar?
- Nunca mais te experimentei... - que conversa é esta!? AI, está calor ou é a minha febre a voltar? Sorte do momento: a Esperanza começou a chorar - está na hora de ela comer - sai de perto do Sergio, indo até ao saco buscar o biberão - posso ir até à cozinha fazer o biberão?
- Estás à vontade.
Fui até à cozinha e aqueci a água para depois adicionar o leite em pó. Voltei à sala e o Sergio tentava acalmá-la, embalando-a. 
- Não é para a adormeceres Sergio! 
- Mas ela não se cala.
- Já devia ter comigo à meia hora, é normal, está com fome. 
- Também eu e não me queixo. 
- Mas tu não deves precisar de comida, ao contrário dela. 
- Pois não...eu preciso é de ti.
- Estou doente. Queres dar-lhe o biberão?
- Pode ser...
Entreguei o biberão ao Sergio, que se sentou no sofá e começou a dar o leite à menina. Era óptimo, demasiado bom, estar assim com ele. Algo entre nós mudou, mas isso pouco se nota. Estamos à vontade um com o outro, digo aquilo que me vai na cabeça sem pensar se ele vai gostar ou não...sinto que o conheço à imenso tempo, mas que estamos a construir algo novo. Algo só nosso que só o tempo dirá se é um reviver do passado ou se é o nosso...futuro. 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

39 - "(...) eu amo-te como nunca amarei ninguém."

- Não devias estar a chegar ao hotel? - tinha falado com ele à hora de almoço e ele disse-me que estava a chegar ao hotel...mas estava aqui. A beijar-me as costas como se entre nós estivesse tudo bem. 
- Estando tu a estagiar no Marca não sabes que estou lesionado...isso não pode ser. 
- Estás lesionado? - virei-me para ele, que olhou para a Esperanza. 
- No músculo da coxa direita. Ela está tão linda - o Sergio deu um beijo na testa da Esperanza e olhou para mim. 
Aqueles olhos, aquele sorriso, aquele encanto que ele provoca em mim todas as vezes que o vejo...o Sergio estava à minha frente e eu só pensei em como era feliz ao lado dele. 
- E...o que é que estás aqui a fazer? Como é que entraste? 
- Tenho a chave suplente, o Xabi deu-ma à tempos para quando ele está fora eu vir ver se está tudo bem e eu decidi que estava na hora de tomar uma atitude. 
- Atitude?
- Sim Ana...isto já está a ficar insuportável. Quero-te do meu lado todos os dias, precisamos de esclarecer as coisas entre nós...eu amo-te como nunca amarei ninguém. 
- Sergio...
- Eu não preciso que me digas nada. Eu sei que o Mario está cá em casa e não quero saber onde...mas quero pedir-te uma coisa. 
- O que? 
- Venham as duas ver o jogo lá a casa. 
- Eu não sei se ia ver o jogo...
- Fogo Ana, vá lá! Vem lá! Por nós. 
- É melhor ires embora Sergio, eu depois digo qualquer coisa daqui a bocado pode ser? 
- Prometes que dizes?
- Prometo. 
- Então eu fico à espera - ele deu um beijo na bochecha da Esperanza e um na minha testa, saindo de casa. 
Este momento foi, no mínimo, surreal. Não esperava, nunca na vida, que ele viesse aqui a casa ter comigo simplesmente para me pedir para estar com ele. Quero aceitar, quero estar com ele...mas preciso de ser honesta com o Mario...o que não é fácil. 
Enquanto dava o biberão à Esperanza subi até ao quarto, onde estava o Mario. 
- Mario...
- Passa-se alguma coisa? 
- Eu não quero que fiques magoado comigo...
- Foi o Sergio?
- Como é que sabes?
- Só pode ser...mas o que é que aconteceu?
- Eu estou confusa...preciso de esclarecer o que se passa na minha cabeça. E...ter-te aqui e com conversas do Sergio pelo meio é estranho e só me faz dar um nó na cabeça. 
- Eu compreendo-te...queres que eu te deixe sozinha.
- Sozinha não fico...tenho a menina e o Sergio quer estar comigo...acho que só assim vou perceber o que realmente se passa.
- Vais estar com ele? 
- Acho que sim...ainda não sei - o Mario aproximou-se de mim, agarrando-me pela cintura mesmo tendo a menina no meu colo. 
- Como teu amigo e sabendo eu o que sei sobre vocês, acho que devias ir ter com ele. Depois logo perceberás o que sentem um pelo outro a sério. 
- Mario...eu não quero que penses que eu...
- Ana, eu sabia da tua situação desde o inicio. Acima de tudo sou teu amigo, já me estava a habituar a ter-te para mim, mas se é com ele que queres estar eu só espero contar com a tua amizade sempre. 
- Isso podes contar sempre! Tens sido um apoio tão bom que não me passa pela cabeça perder-te.
- Então vai lá ter com ele hoje e vejam no que é que isso dá. Seja o que seja estou aqui para ti. 
- Obrigada, a sério Mario. 
- De nada mi loca - ele deu-me um beijo na testa, abraçando-me por pouco tempo, já que a Esperanza estava entre nós. 
Passamos o resto da tarde juntos...não era por ir ter com o Sergio que não ia estar com o Mario, sendo ele tão meu amigo devia-lhe isso. Perto da hora do jogo mandei uma mensagem ao Sergio avisando-o de que iria ter com ele para ver o jogo recebendo apenas um "Obrigado" como resposta.
Quando estava a começar a preparar-me para sair de casa, o Mario começou as despedidas:
- Eu vou indo, mas se depois precisares de alguma coisa sabes que me podes ligar.
- Sim, obrigada. 
- De nada, mi loca - ele aproximou-se de mim, abraçando-me. Os abraços dele eram reconfortantes, davam-me segurança e uma espécie de sentimento de carinho de irmão...mas ao mesmo tempo de namorado. 
Deitou-se na cama, onde estava a Esperanza deitada, e também se despediu dela. Foi um momento lindo, ternurento, que me deixou completamente babada. Aproveitei para lhes tirar uma foto e partilhar pelo twitter: 

Conhecem-se à tão pouco tempo, mas amam-se!
Peguei na menina, indo até ao hall de entrada da casa para acompanhar o Mario a sair de casa. Voltámos a abraçar-nos e, quando ele saiu, voltei ao meu quarto...para escolher o que vestir. Era nesta altura que precisava que a Esperanza falasse...assim aconselhava-me sobre o que vestir neste momento. 
Depois de muita volta pelo que tinha à disposição para vestir, lá consegui conjugar algo. Apesar de estar calor lá fora, optei por levar um casaco...tinha de me agasalhar, nem que a zona dos pulmões. 


Quando estava despachada arrumei as coisinhas da Esperanza no saco dela e fiz caminho até casa do Sergio...aquela casa que tanta coisa já vivi lá dentro. 
Ainda tinha as chaves todas...por isso abri logo o portão sem ter de pedir ao Sergio que o fizesse, assim só saberia que eu estava a chegar caso visse o carro ou só quando eu tocasse à campainha. Depois de estacionar o meu carro junto de um dos dele, sai do mesmo retirando a Esperanza da cadeirinha dela e colocando o saco dela ao ombro. 
Fechei o carro e fui em direcção da porta, tocando à campainha. Cerca de dois minutos depois, o Sergio abriu a porta. 
- Como é bom ver-te aqui...
- Por nós...teria de vir. 
- Entra - ele deu-me passagem e eu entrei - deixa-me ajudar - ele retirou o saco da Esperanza do meu ombro, indo colocá-lo no sofá. 
- Obrigada.
- Ora essa. 
- Sergio...eu não quis estar a vir carregada, mas como tens cá uma alcofa... - era a que seria para o Santiago. 
- Ah...sim. Sim, sim, fizeste bem, eu vou lá acima buscar. 
- Obrigada.
- Tens de deixar de usar essa palavra hoje, já a disseste muita vez. 
- Oh... - ele subiu as escadas e passado um bocado estava de volta com a alcofa. Colocou-a no sofá e eu deitei a Esperanza nela. 
- A que horas é que ela tem de comer? 
- Por volta das oito...
- Tá. Senta-te.
Sentamo-nos os dois no sofá...ficando a olhar um para o outro. 
- Sergio...devíamos começar a falar sobre o que aconteceu. 
- Posso falar? 
- Claro. 
- Eu fiquei sem saber o que pensar, o que fazer ou o que dizer depois da morte do Santiago... - não falava neste assunto desde a semana em que o bebé tinha morrido - e descarreguei um bocado em ti. Tu precisavas mais de mim do que nunca e eu simplesmente deixei-te. Não é desculpa, mas eu queria que soubesses que sinto muito o que aconteceu.
- Sergio, eu fiquei assim também. Tanto no primeiro como no segundo...mas eu, talvez, tenha reagido de uma forma aos abortos que tu não estavas à espera. Mas foi a minha maneira de ultrapassar as coisas. 
- E eu sei que sofreste também, mas sei disso hoje porque na altura não pensei que sofresses mesmo. 
- Qual não é a mãe que sofre por ver o bebé que carregava em si morrer?
- Tens razão...quero pedir-te desculpa. Mas desculpa mesmo. 
- Não tens de pedir desculpa Sergio...temos ambos de viver o agora e o agora é que conta. E agora estamos aqui os três, vamos ver o jogo do Real e aproveitar para...estar juntos. Como duas pessoas que se conhecem e que têm uma história. 
- Parece-me maravilhoso - ficámos os dois a olhar um para o outro e foi impossível não me agarrar a ele. 
Aquela saudade de estar nos braços dele era muita que, por mais que ele me abraçasse, eu queria ser ainda mais abraçada. 

Foi um serão bem passado. Partilhamos fotografias no twitter e logo aí as pessoas perceberam que estávamos juntos. Primeiro foi o Sergio e depois eu, quando a Esperanza decidiu adormecer antes do inicio do jogo. 
Duas princesa cá em casa para ver o jogo do Real. Hala Madrid!

A princesa mais pequena não aguentou para ver o jogo do tio Xabi...
Vimos o jogo só os dois, mas isso fez com que nos aproximasse-mos...fez com que houvesse aquelas festinhas do Sergio, aqueles beijinhos no meu pescoço, fez com que ele brincasse com as minhas mãos, que contornasse o símbolo do duplo infinito tatuado no meu pulso. Fez-me sentir...em casa. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

38 - "...só espero que ele seja só mais um."

Assim que atendi a chamada ouvi a voz do Sergio:
- Bom dia.
- Bom dia, Sergio - retribui-lhe os bons dias, encostando-me no sofá. 
- Como é que estás? A tua voz está estranha...
- Estou a ficar um bocadinho doente...e tu, como estás?
- Eu estou bem...estás sozinha com a Esperanza...não seria melhor teres alguém que te ajudasse para a menina não ficar doente?
- Sergio...já deves ter visto as notícias. O Xabi já te deve ter contado. Neste momento estou com o Mario e ele está a ajudar-me a tomar conta da Esperanza...não estou sozinha.
- Ah...estás com ele...então ele que cuide da Esperanza e tu cuida de ti.
- Sim...Sergio...eu queria dizer-te antes que se soubesse na imprensa, mas foi tudo muito rápido. 
- Eu entendo...já sei como é que os jornalistas são. 
- Desculpa não ter sido eu a contar-te directamente. 
- Não tem mal...só espero que ele seja só mais um. 
- Sergio, por agora ele é o Mario, o rapaz que está comigo porque nos damos bem e temos uma história...
- Podes apaixonar-te? - a pergunta que tanto o Sergio, como o Mario e eu queremos ver respondida. 
- Se me posso apaixonar...? Tudo na vida é possível, mas o que eu sinto por ti não se apaga com uma pessoa...terão de ser sentimentos muito mais fortes para que eu consiga esquecer o que tu és para mim - olhei para o Mario que brincava com a Esperanza, tinha um sorriso, mas mesmo assim estava um pouco estranho. 
- Só o tempo o dirá, certo?
- Sim...
- Não te vou mentir...tenho mesmo pena que as coisas estejam assim. Mas, como disseste, só sabemos lidar um com o outro pelo telefone...
- Talvez um dia Sergio...mas ainda é cedo. 
- E...posso receber as tuas palavras antes do jogo?
- Claro que sim. Perto da hora do jogo...eu mando-te mensagem. 
- Gracias... - notei que a voz dele tinha mudado...mas eu tinha prometido que lhe iria dar a minha mensagem...não era para ele ficar...triste.
- De nada Sergio... - ficou um silêncio estranho nos dois lados da linha. 
- Bom...tem um bom dia e fica boa depressa. Estamos...a chegar ao hotel. 
- Obrigada Sergio. Tem um bom dia tu também. 
Ainda era estranho despedirmo-nos assim...não era o nosso habitual ritual...mas é o que se sente no momento. 
Assim que desliguei a chamada, encostei a minha cabeça nas costas do Mario, já que este estava desencostado do sofá. 
- Não correu bem...? - perguntou o Mario. 
- Nem bem, nem mal...são estranhas estas conversas, mas creio que ele percebeu o que se passa. 
- E...nós? - eu cheguei-me mais para a frente olhando para ele. 
- Nós estamos aqui não é? 
- Estamos...
- Então. Só temos é de aproveitar. Tu sabes que eu não estou à procura de nada sério...e espero que percebas mesmo. 
- Sim. Isso eu entendo na perfeição. Mas...e se um de nós se apaixonar...?
- Nesse caso teremos de falar um com o outro abertamente...e ver o que dá. 
- É assim?
- É assim.
- Eu estou a gostar imenso de estar com vocês...a sério que estou. 
- E eu a gostar de estar contigo. E sei que a Esperanza também. 
Ele aproximou-se...reticente, mas acabei por lhe sorrir e dar-lhe um beijo. A verdade é que aqueles lábios são aliciantes...são bons. 
Até à hora de almoço pouca coisa foi feita...ficámos os três no sofá. Eu melhorei um pouco, com o efeito do comprimido, mas mesmo assim ainda me doía a garganta. O Mario e a Esperanza adoravam-se! A menina só ri com ele e teve, pela primeira vez, soluços! Ficámos um bocado para o assustados já que ela ficou um pouco estranha mas, felizmente, passou. 
Por muito que não me apetecesse...tive de almoçar. Mas só comi uma sopa...as dores de garganta não davam para muito mais. Como é habitual, uma hora depois de almoçar a Esperanza adormeceu na alcofa dela, junto de nós...que voltámos ao sofá. 
- Acho que estás a apanhar a maior seca da tua vida... - comentei. 
- Porque dizes isso? - perguntou ele, aconchegando-me mais no seu corpo. Com tanta proximidade quem fica doente é ele...mas ele quer que eu fique assim...não posso fazer nada contra. Até porque gosto...
- Oh...estamos aqui a olhar para a televisão e nada mais...podias estar muito bem a divertir-se.
- Mas isso era preciso que eu quisesse. 
- Diz lá que não preferias estar numa bela piscina a apanhar banhos de sol em vez de estares aqui enfiado nesta casa com uma gaja toda constipada. 
- Sinceramente...prefiro estar aqui enfiado nesta casa, com a gaja constipada mais linda que já vi. 
- Bem...essa gaja deve ser mesmo linda...até constipada é bonita?
- És! - ele voltou a aconchegar-me nele, beijando-me o pescoço. 


- Obrigada mesmo por estares aqui.
- De nada, loca
- Estás quentinho... - sendo possível, ainda me encostei mais nele...o comprimido deveria estar a passar o efeito e a febre a voltar. 
- E tu estás quente demais. Vais ter de tomar outro comprimido, Ana. 
- O senhor enfermeiro acha?
- Acho! 
- Sabes o que é bom para a febre também? - virei-me para ele, dando-lhe um beijo. 
- Essas ideias a esta hora? Com a febre que tens?
- Que ideias...? - ele lançou-me um olhar mais louco e percebi a que ideias ele se referia...era o que eu tinha em mente, mas não o ia admitir - achas mesmo que é isso!? Eu aqui toda doente e tu a pensar nisso! 
- Desculpa...pensei que estavas a pensar nisso...
- Não...estava mesmo a pensar num banho de água gelada. E tu se estás com essas vontades também te fazia bem! 
- Dispenso!
- Eu também...a minha ideia era mesmo aquecer ainda mais contigo.
- Ana...tu estás doente. 
- Mas eu quero! 
- Estás assim tão necessitada? 
- Digamos que...a nossa noite me despertou assim umas vontades maiores...e já que não te inclui no pequeno-almoço...
- Então mas...temos aí a miúda.
- Pois. Realmente...
- Não tens aquela cena que se mete ao pé dos bebés e ficamos com um no quarto no caso de ela chorar? 
- Tenho. 
- Então vou deixar ela no vosso quarto e deixo lá a cena. E trago a outra para baixo e tu não saias daqui! - ele levantou-se, passando por cima de mim e pegou na alcofa da Esperanza. 
Foi até ao andar de cima e...com os calores que eu tinha decidi adiantar o trabalho. Fiquei apenas de lingerie e o casaco. 
O Mario voltou depressa para a sala, colocando o aparelho em cima da mesa de centro, para, de seguida, se meter em cima de mim.
- Estavas com muito calor, não? 
- Um bocadinho...mas...que tal passarmos para a parte da acção? 
- É para já - depois de uns beijos na boca e no pescoço. A mão do Mario deslizou por todo o meu corpo, acompanhada pela minha mão, até que chegou à minha coxa. 


De um momento em que eu precisava de tomar um comprimido que me iria baixar a temperatura corporal, passámos para O momento em que as temperaturas dos nossos corpos subiram imenso. A "primeira ronda" como apelidou o Mario, foi ali mesmo no sofá. Quando eu pensei que estava completamente satisfeita e que iria descansar, eis que surge a segunda. Estava já de roupa interior quando fomos para no chuveiro do meu quarto...segundo o Mario ajudaria a manter as temperaturas mais baixas.


A verdade é que nesta segunda ronda...foi tudo muito mais calmo. Aproveitámos o momento para desfrutar daquela água a cair sobre nós. Água essa que nem estava quente nem fria, para o Mario, porque para mim estava gelada. Poderia ajudar a baixar a febre. 
Chamem-me maluca...porque sou! 
No entanto, fomos interrompidos pelo choro da Esperanza. Sai primeiro do duche, enrolando uma toalha no corpo e uma no cabelo e fui até ao quarto. Estava na hora do biberão dela.
Fui com a menina até à cozinha e preparei-lhe o biberão. 
Quando estava a começar a dar-lhe, senti...aqueles lábios. Senti OS lábios nas minhas costas.   


Meninas! Aqui está o 38. Espero que gostem e que deixem as vossas opiniões.
Queria agradecer à Paula que começou a ler a fic muito recentemente e que está actualizada nos capitulos. Muito obrigada.
Em relação ao comentário que deixaste Paula fiquei com uma pequena duvida: mais fotografias como?
Espero a tua resposta.
Beijinhos a todas e espero os vossos comentários :)
Ana Patrícia Moreira.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

37 - "Estás incluído no menu do meu pequeno-almoço?"

Acordei a sentir beijos na barriga da perna. E com o cheirinho a chocolate. Surpresa do menino Mario? Espreguicei-me, mesmo que deitada, e o Mario deitou-se, com cuidado, em cima de mim. 
- Buenos dias! - ele deu-me um beijo na bochecha.
- Bom dia.
- Dormiste bem? - ele começou a beijar-me as costas. 
- Dormi sim, e tu? - a muito custo, consegui virar-me de barriga para cima, levando o lençol comigo. Estava com frio. 
- Eu também dormi bem... - as nossas caras estavam muito próximas uma da outra, eu apenas coloquei as minhas mãos na cara do Mario, puxando-a para mim beijando-o. 
Tinha falta destas coisas de manhã. De ter um homem a mimar-me, a...amar-me de maneiras diferentes do que apenas daquele sentimento forte. Tinha falta de ser de alguém, de ser de um homem, de ter prazer, de ser beijada, de beijar. Tinha falta do toque forte, mas meigo de um homem. Tinha falta de sexo, de suar por estar a ter prazer, de ficar cansada porque simplesmente demos o nosso corpo ao manifesto. Tinha falta de me sentir eu. 
- Fiz o pequeno-almoço para nós... - disse ele, depois de ficar alguns segundos a olhar para mim. 
- Cheira a chocolate...
- Tens: croissant de chocolate, morangos, uvas, café, sumo de laranja e torradas. É só escolher. 
- Esmeraste-te...
- Queria surpreender logo de manhã. 
- Querias era engordar-me só pode!
- Por isso é que trouxe várias coisas, assim comes aqui que for mais saudável para ti.
- Estás incluído no menu do meu pequeno-almoço?
- Hum...dizia que era a sobremesa, mas no pequeno-almoço não faz sentido. Acho que poderei ser o suplemento alimentar. 
- Agrada-me imenso! - voltamos a beijar-nos, mas o meu estômago fez um barulho que deve ter sido audível para o Mario. 
- Acho que por agora precisas mesmo é de comida. 
- Acho que sim... - desmanchamo-nos os dois a rir e o Mario saiu de cima de mim, dando-me espaço para me levantar. 
Peguei na camisa dele que estava no chão ali bem perto da cama, vestindo-a. Não sei o que se estava a passar comigo mas estava a ficar cheia de frio! 
Sentei-me no meio das pernas do Mario, fazendo com que os braços dele ficassem bem colados ao meu corpo para me sentir mais quentinha. 
- Ana...tu estás demasiado quente - alertou ele. 
- É...acho que estou a ficar doente. Estou com frio...
- Uma constipação, é o mais certo - ele foi com os lábios dele de encontro ao meu pescoço, depositando lá um beijo.
- Então é melhor não estarmos assim, ainda te pego. 
- Não, ficas aqui sim - ele esticou-se para puxar o tabuleiro para junto de nós e coloquei-o sobre as minhas pernas.
O Mario tirou logo uma torrada e eu dei um gole no sumo de laranja...e doía me a garganta. Doente com o calor dos últimos dias? É o que dá beber coisas geladas, dormir com o ar condicionado ligado...
Optei por beber apenas o sumo e comer os morangos e as uvas. Nem as torradas nem o croissant me chamaram à atenção. Seria algo quente e com as dores de garganta não é lá muito bom. 
- Era só o que faltava...ficar constipada.
- Se ficares por casa e tomares já algo ficas boa depressa.
- Vamos ver...eu quando fico assim é, no mínimo, uma semana...
- Oh a minha loquita está doentinha... - ele abraçou-me e eu encostei a minha nuca ao peito dele. 
- Não posso...tenho de tomar conta da Esperanza hoje sozinha. E ela não pode ficar doente também. 
- A Miranda não está em casa?
- Foi lá não sei para onde porque o Real joga fora.
- Ah...então, mas eu posso ficar lá em casa contigo e tomo conta de ti e da Esperanza. 
- É...vais tu lá para casa e o Suárez vai para os treinos.
- Eu não tenho treino hoje.
- Mesmo assim...
- O Xabi não me deve querer lá em casa...é isso?
- Não. Ele gosta de ti e, sendo meu amigo, ele tem aceite as coisas...mas eu não quero estar dependente de ti. Isto é só uma coisinha de nada. Pode ser que daqui a nada esteja melhor - eram essas as minhas esperanças, mas a verdade é que as dores de garganta aumentavam, devia estar cheia de febre e espirrei.
- Vais ficar melhor vais...depois de tomares um banho quente e tomares um comprimido. Eu levo-te para casa e fico com vocês as duas até a Miranda e  o Xabi voltarem.
- Não é preciso Mario, a serio - ele fez-me olhar para ele. 
- Eu vou e não se fala mais nisso.
- Tudo bem. Obrigada. 
- De nada, minha doentinha - ele deu-me um beijo e o meu telemóvel começou a tocar.
- Agora onde é que ele estará... - ia a levantar-me, mas o Mario levantou-se primeiro que eu, indo até à cómoda que estava ao fundo da cama encostada à parede.
- Estava aí no meio do chão e eu meti-o aqui...é a Miranda. 
- Que horas são?
- Quase onze. 
- Bonito... - atendi a chamada e, antes que ela dissesse alguma coisa, fui eu que falei - estou já a ir para aí. Desculpa. 
- Tudo bem, despacha-te. 
- Sim - desliguei a chamada, levantando-me - já devia estar em casa, a Miranda vai apanhar o avião ao meio dia. 
- Vamos então tomar um duche rápido. 
- Sim...
Apesar de ter sido rápido houve beijinhos e miminhos. Mas nada mais. Sinceramente, estava sem forças para o fazer. 
Depressa nos vestimos e saímos de casa do Mario em direcção à do Xabi.
Assim que entrámos, a Miranda apareceu no hall com a Esperanza ao colo.
- Estava a ver que não! Aposto que quando liguei ainda estavas deitada!
- Estava sentada... - a minha voz saiu meio rouca. 
- Que se passa? Andaste a cantar a noite toda?
- Não...quer dizer parte dela. Mas estou a ficar doente. 
- Bonito...toma cuidado contigo, e tu Mario toma conta delas as duas - a Miranda passou a Esperanza para o colo do Mario, que segurou na menina com muita segurança - portem-se bem, amanhã já cá estamos. Beijinhos. Fui! 
É foi assim que o furacão Miranda saiu de casa. Estávamos a ir para a sala, quando recebi uma mensagem dela. 

«É verdade: procura no google por Ana Moreira e Mario Suárez. Irás gostar de ver as notícias que saíram. Besos!»

Bonito...sinceramente, já esperava. Mas não assim tão rápido. 
- Mario...já há notícias sobre nós. 
- Como é que sabes?
- A Miranda disse...importas-te de ficar uns segundos só com a menina enquanto vou buscar o computador?
- Não, vai lá buscar. 
Fui até ao meu quarto, peguei no pc e num casaco e fui até à sala, de novo. O cenário esse era lindo: o Mario simplesmente embevecido a olhar para a Esperanza e a brincarem com a mão um do outro. 
- Ela gostou mesmo de ti... - sentei-me ao lado deles, pousando o pc nas pernas e vesti o casaco. 
- Ela é tão querida. É mesmo uma menina bem disposta e simpática. 
- Às vezes é uma teimosa que nem imaginas.
- Como todos os bebés são. 
- Também é verdade. Ela vai gostar de te ver mais vezes. 
- Ela e tu, ou só ela? 
- Nós as duas. 
- Quanto tempo é que ficas com ela? 
- Não sei...a Pilar começou o tratamento à duas semanas é previsto que sejam três meses mas tudo depende da evolução dela. 
- E não tens medo de te apegar demasiado a ela?
- Já me apeguei, mas sei que ela não é minha tenho isso na consciência. 
- A tia Ana tem sido uma boa tia, não tem? - perguntou ele à Esperanza que lhe sorriu - Pois tem! - ele riu-se e olhou para mim - já foste tomar alguma coisa?
- Não...já vou, vamos ver é as notícias primeiro. 
Abri o pc e, como estava em modo suspensão, foi menos tempo até abrir uma página da internet. Fiz a pesquisa como a Miro tinha dito e foi facílimo de encontrar. 
- Gosto das fotografias - disse o Mario. 
- É...até que estão engraçadas. 
- Que é que diz? 
- Vou abrir vários sites para ver. 
As fotografias variavam entre duas. Como o camarote onde estávamos era meio escuro deviam ter sido poucas as fotografias que tinham conseguido. 
No primeiro site onde entrei não haviam fotografias. Apenas texto que li para o Mario: 

«Mario Suárez, jogador do Atlético de Madrid, não foi convocado para o primeiro jogo do campeonato mas mesmo assim marcou presença no Vicente Calderón. O médio defensivo esteve a ver os seus companheiros de equipa mas o que nos chamou mais à atenção foi a sua companhia: Ana Moreira.
A portuguesa que roubou o coração de Sergio Ramos acompanhou o jogador do Atlético e os dois pareciam bastante íntimos  resta saber se Ana e Mario estão realmente juntos ou se apenas numa fase de se conhecerem.»

Ele nada disse e eu entrei noutro site que já tinha uma fotogaleria com fotografias nossas. 

«Na noite passada, enquanto decorria o jogo Atlético Madrid vs Sevilha, os olhos estavam postos no novo casalinho. Pelo menos os olhos dos fãs de ambos e...de Sergio Ramos. 
Mario Suárez fez-se acompanhar de Ana Moreira num camarote, estavam os dois sozinhos e desfrutaram do jogo. A jornalista mostrou-se bastante impulsiva, criticando algumas decisões do árbitro e o médio defensivo acompanhava-a nos comentários. 
Estavam também bastante românticos, mais no intervalo do jogo tentando sempre não demonstrar certos tipos de gestos. Dadas as condições do local onde se encontravam são pouca as fotografias, mas elas demonstram bem o que o casalinho andou a fazer.»



- Gostam muito de inventar... - comentou o Mario. 
- Também não inventaram nada demais...nós estivemos juntos era normal que fossem falar.
- Não inventam?
- Não estamos juntos?
- Como casal não - sim, era verdade que não o éramos e era bom que ele pensasse assim. 
- Sim, mas estamos juntos a passar bons momentos e eu quero passar dias contigo, quero conhecer-te melhor e aproveitar. 
- Queres mesmo?
- Quero Mario. Eu não me quero apaixonar, nem sei se isso é possível, mas eu gosto de estar contigo e gosto imenso de ti.
- Faço minhas as tuas palavras - ele aproximou-se e deu-me um beijo, eu tive de me afastar depois de um beijo já que tinha de espirrar - vai tomar o comprimido é melhor. 
- Sim...
Fui até à cozinha buscar o copo de água e quando estava a voltar para a sala ouvi o meu telemóvel cada vez mais perto. Do nada apareceu-me o Mario à frente com a Esperanza ao colo e o meu telemóvel na mão. 
- É o Sergio... - ficámos os dois a olhar um para o outro, eu atendi a chamada e fomos até à sala...a conversa deveria ser longa.


Aqui têm mais um capitulo! Espero que gostem e que deixem os vossos comentários, nem que seja só um gostei/não gostei.
Quero aproveitar também para agradecer a todas as que têm comentado e que me têm acarinhado ao longo do tempo.
Queria também, dar este capitulo à Cátia Gomes. Ela faz anos hoje e é para ela este capitulo. Muitos parabéns guapa!
Beijinhos.
Ana Patrícia Moreira.