domingo, 24 de fevereiro de 2013

16 - "...acho que és suficiente como sobremesa."

Acordei e sentia-me feliz...não que já não me sentisse à alguns dias, mas...a noite passada foi a prova de que...eu e o Sergio estávamos a 100% … juntos. E, para mim, deveríamos ficar assim sempre. Tenho saudades daquele fim de semana em que fomos só nós, esta cama, este quarto e mais nada nem ninguém.
Olhei para o lado da cama do Sergio...mas ele não estava lá. O lugar dele ainda estava meio quente, mas o Sergio não estava lá.
-Eu sei que faço falta...mas a comidinha também – falou o Sergio, pousando um tabuleiro ao fundo da cama e metendo-se em cima de mim, beijando as minhas costas despidas, arrepiando-me toda.
-Tens cá a mania de fugir da cama de manha... - dei meia volta na cama, permitindo-me ficar a escassos milímetros dos lábios dele, tentei aproximar-me, mas ele afastou-se – não há direito a um beijo de bons-dias?
-Não sei...achas que há direito a tal?
-Acho que sim – comecei a passar-lhe a mão pelo ombro, chegando ao pescoço e puxei-o para mim. 


Beijei-o e...fomos por outros caminhos. Beijo e mais beijo levou a apalpanços e mais amassos. Eu sentia-me completa com o Sergio, sentia-me muitíssimo bem com ele e, sinceramente, não me importava nada de ficar sempre aqui, sem ter mais nada para fazer. Apenas amarmo-nos e sermos um do outro. Ter estas noites com o Sergio era de levar à exaustão, mas era uma das melhores e maiores maravilhas do mundo.


-Tens noção que a nossa poderia ser sempre assim? - perguntou-me ele.
-É... e estraga-se pequenos-almoços sempre? - com toda a...agitação que se fez sentir naquela cama, o tabuleiro que o Sergio tinha trazido para o pequeno-almoço tinha ido parar, redondinho, ao meio do chão – para além de que o meu coração...é fraquinho por ti, já sabes disso.
-Quanto aos pequenos-almoços...podemos saltar essas partes todos os dias e começar assim os dias...e...o teu coração...aconteceu mais alguma vez?
-Não. Só esta noite voltamos ao activo...como deve ser...acho que não há problema, ele já se habituou ao teu ritmo mais... acelerado.
-Mas tu estás...
-O que? Se vais dizer que estou assanhada ou coisa do género é mentira! Estou...simplesmente, cheia de saudades tuas e das nossas noite, dos nossos dias, das nossas loucuras, dos teus beijos...de ti!
-Eh lá...que não seja por isso – o Sergio colocou-se em cima de mim e beijou-me. Ficamos algum tempo assim...aos beijos...apenas a namorar. 


-Não tens treino? - perguntei, depois de me aconchegar nele, quando o Sergio saiu de cima de mim.
-Infelizmente tenho.
-Infelizmente porque?
-Porque quero ficar aqui contigo.
-Oh...eu também queria que aqui ficasses, mas tens de ir trabalhar. Mas quando chegares eu estou cá.
-Então eu vou querer-te a ti, aqui, com um beijo à espera, pode ser?
-Queres que eu fique aqui...na cama?
-Porque não?
-Porque não...vou preparar o nosso almoço, e sim...posso ter um beijo à espera de ti.
-Como queiras...mas eu vou ter de me ir despachar...acompanhas-me no duche?
-Sabes... - puxei o lençol para mim, destapando o Sergio e aconcheguei-me na cama – ainda é cedinho, podes ir tomar o teu banhinho que eu vou descansar.
Ele simplesmente se riu, deu-me um beijo na bochecha e levantou-se.

«I came here tonight to get shit out of my mind
I'm gonna take what I find (Oh oh, yeah)»

Acordei a ouvir o toque do meu telemóvel...o toque do Sergio. Abri os olhos...estava na cama dele, não era nenhum sonho o que tinha acontecido...mas tinha dormido assim tanto para ele me estar a telefonar? Olhei para o relógio que o Sergio tinha em cima da mesa de cabeceira do lado dele, eram 11h04min...tinham passado duas horas desde que tinha acordado pela primeira vez.
Peguei no meu telemóvel e atendi a chamada:
-S-Sim? - a voz falhou-me.
-Ainda estavas a dormir, minha preguiçosa linda?”
-Estava...tu cansas-me é o que dá.
-Que bem...a por as culpas em cima do elo mais fraco...hás de cá vir...”
-Vem cá tu...está-se tão bem nesta caminha... - do outro lado da linha, o Sergio riu-se, o que fez com que eu me risse também.
-Eu ia perguntar se era preciso levar alguma coisa para casa...”
-Acho que podes vir tu...acho que és suficiente como sobremesa.
-Acordas-te agora e continuas com apetites?” - vi que ele falou mais baixo...muito provavelmente estaria acompanhado.
-Deixas-me com vontade de mais e mais! Por isso, a não ser que querias que a vontade me passe, podes começar a vir para casa ou não?
-Posso, posso! Mas...não é preciso nada?”
-Não...tens coisas no frigorífico para o almoço?
-Tenho.”
-Então pronto.
-Então até já, ó assanhada!”
-Até já gostosão!
Desliguei a chamada e levantei-me da cama, fui tomar um duche rápido e vesti, apenas, uma camisola do Sergio...com as vontades que eu estava...muito provavelmente não seria necessária muita roupa...”Ana Filipa, Ana Filipa...tu com este rapaz...se não tiveres cuidados acabas grávida em três tempos!” - pensei para mim mesma.
É mais que verdade! Acho que se o Sergio não tivesse tanto cuidado, por minha vontade já andávamos desprotegidos à muito tempo...não que eu fosse dessas, que rejeita o uso do preservativo, pelo contrário...mas com o Sergio...a vontade de não parar por um segundo que seja é imensa e deixa-me completamente irresponsável.
Fui até à cozinha, depois de abrir as janelas do quarto, e comecei a preparar algo para o almoço. Lasanha. Era a minha especialidade, modéstia à parte, e era, sensivelmente, rápido de se fazer.
Quando já tinha o comer no forno, foi quando o Sergio chegou a casa. Fui até à sala, mas antes...escutei com atenção, se ele vinha acompanhado...não iria aparecer nesta figurinha junto de um colega do Sergio. Estava tudo muito silencioso, por isso sai de trás da porta da cozinha e preparei-me para ir para a sala, mas fui de encontrão com o Sergio.
Desmanchamo-nos os dois a rir, para, de seguida, nos beijarmos.
-Estás cá com uma figurinha – disse ele, passando as suas mãos pelas minhas costas, pousando-as, firmemente, no meu rabo.
-As tuas camisolas ficam melhor em mim...o que é que queres que faça?
-Que as uses sempre...que quiseres.
-Isso é a tua autorização?
-É sim! - dei-lhe mais um beijo que se prolongou. O Sergio pegou-me ao colo e encostou-me à parede.
-Ei...calma, calma! Eu disse que eras a sobremesa, e essa só vem depois do prato principal.
-Que és tu... - ele voltou a beijar-me...e eu...quase, mas mesmo quase que me deixei apanhar.
-Não...é a lasanha que está no formo – ele olhou-me – tenho necessidade de comida...a serio.
-Mas...temos direito a sobremesa?
-Depende! Do meu apetite... - trinquei-lhe o lábio inferior e fui para o chão, “fugindo” do Sergio para a cozinha.
-E eu não tenho direito a ter apetite também? - perguntou ele, aparecendo na cozinha.
-Tens...claro que tens, mas não te prometo nada... - ele agarrou-me pela cintura e deu-me um beijo, que só interrompemos quando o fogão deu sinal que o cronómetro tinha parado.
Almoçamos os dois tranquilamente e...as vontades acabaram por se dissipar...não que eu as tivesse acalmado, ou o Sergio, mas porque o agente dele apareceu em casa, sensivelmente 10 minutos depois de acabarmos de almoçar.
O Sergio passou grande parte da tarde à conversa com o agente e eu...descansei. Fiquei-me pelo quarto, ia cantando a música do David e algumas outras para passar o tempo.
Quando a fome deu sinal fui até à cozinha para lanchar, vesti apenas o robe...afinal...estava em casa, não?
-Olha se eu entrasse aqui com o meu agente... - disse o Sergio, agarrando-me pela cintura. Assustei-me...estava de costas para ele e nem tinha dado pela sua entrada.
-Ias passar uma vergonha?
-Não...mas tu...nestes preparos é só para mim, ou não?
-Enganas-te! Eu só estou assim pelo meu namorado que está em reunião à já algum tempo...e se ele o apanha assim da-lhe uma sova...
-O teu namorado é violento?
-Pelo menos quando está a trabalhar... - o Sergio apertou-me mais contra ele e deu-me um beijo no pescoço.
-Desculpa ter-te deixado tanto tempo...mas há trabalho.
-Não tem problema. Queres? - disse, retirando um bago de uva do cacho e metendo-o junto da boca do Sergio, que, sem responder, mo retirou da mão.
-Que me dizes de irmos jantar fora e uma sessão de cinema?
-Estás a fazer um programa...fora da cama?
-Epá...parece que estou, já viste?
-Parece-me bem, sim senhor.
-E...até lá... - começou a beijar-me o pescoço – podíamos ter a nossa sobremesa...
-Não sei...
-Se eu insistir muito? - voltou a beijar-me o pescoço, virando-me para ele e beijando os meus lábios.
E...tivemos a nossa sobremesa!

20:45h
Depois de tomar um duche (com o Sergio), vesti-me para o nosso jantar e sessão de cinema.

 
O Sergio também se despachou rápido.


Seguimos no carro dele e aproveitei que parámos no trânsito para partilhar o estilo de fotos que ultimamente partilhava.

"Chuvinha e trânsito...mas mesmo assim aqui vamos nós para um  programinha a dois."
Fomos até um restaurante super calmo, com pouca movimentação o que nos possibilitou ter um jantar mais calmo também e mais íntimo.
Depois de sairmos do restaurante fomos até ao centro comercial, para irmos ver um filme ao cinema, na sessão das 23:45h, estaria menos pessoas, facilitando a nossa entrada no cinema sem sermos abalroados por milhares de pessoas.
Estávamos os dois a caminhar, de mão dada, quando o Sergio parou.
-Que se passa? - perguntei-lhe.
-Olha...disfarçadamente para aquela mulher ali à frente de casaco vermelho – fiz o que o Sergio me disse e encontrei a tal mulher...era bonita...mas, sinceramente, não a conhecia de lado nenhum.
-Conheces?
-É a Pilar – era A Pilar!
-A tua...
-Essa.
-Se quiseres podemos ir embora – já que...ela estava junto da bilheteira do cinema.
-Não...nós viemos os dois para aproveitarmos...
-Mas...sentes-te bem com ela aqui?
-Sim.
-Eu estou aqui contigo, sim? - apertei ainda mais as nossas mãos e ele puxou-me para ele e deu-me um beijo super discreto.
-Vamos? - perguntou-me.
-Sim.
Voltamos a seguir o nosso caminho...em direcção da bilheteira do cinema.
Ela bem que podia não ter olhado...mas...foi mesmo no momento em que estávamos quase, quase a sair dali para ir para dentro da sala de cinema que ela olhou para nós. Sorriu e começou a aproximar-se.
-Sergio...à quanto tempo... - disse ela, chegando ao pé de nós.
-É verdade.
-Cinema? Não costumas andar muito em sítios como estes.
-Dois anos deu para...mudar – respondeu o Sergio...calmo.
-Vejo que sim – e nisto...olhou-me de esguelha.
-É a Ana...a minha namorada.
-Muito gosto – disse ela.
-Igualmente – a verdade é que não era gosto nenhum...mas avancemos!
-Foi muito bom voltar a ver-te. Felicidade – voltou a olhar para mim – para os dois – e foi embora.
-Bem...ele é...estranha – disse, assim que ela já estava longe de nós.
-Estranha?
-Sim...não me sinto bem junto a ela...más energias...só isso. Espero que não vá para a mesma sala que nós.
-Duvido...comédias românticas não é a cena dela.
-Dois anos passaram...como disseste.
-Mesmo assim.
-Vá, vamos lá entrar que eu não quero perder nada do filme e esquecer este percalço.
-Sim...é melhor.
Entramos os dois para a sala de cinema e sentamo-nos nos nossos lugares.
Estávamos os dois entretidos...um com o outro e com as pipocas...quando me...abordam.
-Ana Filipa? - aquela voz não me era nada estranha...mesmo, mesmo nada estranha.
Olhei para o individuo que me chamou...um homem. Pois...não me era mesmo nada, nada estranha aquela pessoa.
Eu sempre amei a língua espanhola...sem saber em concreto o porque. Até hoje! Tinha à minha frente, um homem extremamente idêntico ao meu pai.
-Desculpe...conhece-o?
-Muito mal...mas creio que este não é o sitio indicado para falarmos. Fique com o meu contacto – o senhor entregou-me um cartão com o seu número e identificação – espero que me ligues. Passem bem.
Fiquei a olhar para o homem e, só algum tempo depois, olhei para o cartão.
Ricardo Moreira” - MOREIRA!? Tinha o meu apelido!!! Porque é que tinha o meu apelido!?!?!? Fiquei toda a tremer...seria da minha família? Seria...irmão do meu pai? Ou alguma coisa a ele?
-Ana... - chamou o Sergio.
Olhei para ele...
-Que se passa? - ele perguntou e eu só me consegui abraçar a ele, não lhe conseguia dizer nada...nem eu própria sabia o que dizer...ou o que fazer...muito menos de lhe dizer o que quer que fosse a ele.
Ficamos no cinema...mas pouco ou quase nada do filme apanhei. Era imensa coisa em que pensar e nada do que pensava fazia sentido. Quando saímos do cinema e nos encaminhamos ao carro, o Sergio, antes de arrancar, pegou nas minhas mãos.
-Tu não sabes quem era aquele homem?
-Não... - olhei para ele...e comecei a chorar...queria faze-lo, não sei porque...mas precisava de o fazer – acho...que é da minha família.
-Da família?
-Sim...é idêntico ao meu pai...e tem o meu apelido...da parte do meu pai.
-Oh minha princesa! - o Sergio puxou-me para ele e aconchegou-me no seu abraço.
Estava sem saber o que pensar ou fazer. Por um lado...queria saber se, realmente, aquele homem pertencia à minha família, mas...ao mesmo tempo...ter alguém...que nunca se preocupou que eu vivesse num orfanato durante todos estes anos...deixava-me revoltada, porque...quando mais precisei...de...família...nunca a tinha tido comigo. 

Olá meninas! Antes de mais quero agradecer-vos todo o apoio que têm dado à história através dos comentários. Muito, muito obrigada. <3

Deixo-vos aqui este link: http://demadridcomamor.blogspot.pt/ . Espero que abram e leiam esta maravilhosa história, não se arrependem!

Besos.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

15 - "...miúdas que ele come, cantam assim ou vêm para aqui?"

-Assim que souberes de alguma coisa dizes-me? - perguntou o Sergio.
-Claro.
-Mas diz mesmo! Espero que te corra muito bem princesa.
-Obrigada Sergio – dei-lhe mais um beijo e sai do carro.
Fiz o meu check-in e embarquei rumo a Lisboa.

Assim que aterrei em Lisboa fui para o meu apartamento, já que tinha combinado com o Sal encontrarmo-nos aqui, em vez que estar a ir para a Ericeira e depois voltar para Lisboa, e como a audição ainda era daqui a umas duas horas ainda tive tempo de tomar um duche super rápido, e trocar de roupa. 

Já estou em Lisboa meu príncipe  Agora...é só esperar mais umas horinhas e não partir nenhum vidro por lá.”

Mandei a mensagem ao Sergio e meti-me no meu quarto em busca de músicas para ir...treinando.
Cantei algumas das minhas músicas preferidas:

-Christina Aguilera – Your Body
-Pablo Alborán – Quien
-Rihanna – Te Amo.
Fui interrompida pelo som de mensagem no meu telemóvel.

Partir vidros?! Não é suposto ires cantar? Jajajajaja Posso ligar-te ou já estás a ir para a audição”

Desatei a rir com a mensagem do Sergio...decidi ligar-lhe. Depois de dois bip's ele atendeu.
-Princesita! Nervosa?”
-Uma pilha...não sei se consigo fazer a audição, Sergio – se há algo que eu não consigo controlar são os meus nervos, sou mega nervosa e estes momentos só me deixam ainda mais nervosa.
-Vais ver que corre tudo bem, meu bem. Cantas maravilhosamente...”
-No duche Sergio.
-Sim...é verdade que te ouvi cantar no duche...mas fora dele também” - ri-me com o comentário dele...e tentei esquecer os nervos por um momento.
-Estive a pensar...se passar...vou utilizar um nome artístico. Que é que achas?
-Tu é que sabes, mas...Ana Moreira é o nome da minha princesa.”
-Exacto...eu sou Ana Moreira para ti e...para os paparazzi, mas para a música queria algo...diferente.
-Como é que te vou reconhecer então? Já pensas-te em algum nome?”
-Queria usar Lara...é o segundo nome da minha mãe. Ela era Maria Lara.
-É muito bonito. Me encanta!”
-Gracías...mas...só Lara?
-Não podes usar o nome do teu pai? Pode ficar bem...”
-Usar o nome do meu pai...não. É demasiado transparente.
-Hã?”
-Nunca te disse...porque queria guardá-lo só para mim. O meu pai...ele chamava-se...Sergio – contar ao Sergio este...pormenor, era...bom. Eu queria que ele soubesse.
-O teu pai...chamava-se Sergio?”
-Sim.
-Wow...o teu pai...tinha o mesmo nome que eu...”
-Tinha...mas nós podemos não falar nisto? Prefiro estar contigo quando o fizer.
-Claro...apenas me apanhas-te...desprevenido. Mas podemos voltar ao assunto do teu nome. Que tal...Lara Life?”
-Lara Life?
-Sim! Vai ser a tua segunda vida...a música”
-Vai...gosto, sabes?
-Diz lá que não tenho jeito para a coisa?”
-Até te safas!
-Até me safo!? Essa é boa!”
-Pronto...tens jeitinho para a coisa, sim!
-Estava a ver que não admitias.”
-Convencido!
-Às vezes...mas vais ser a Lara Life?”
-Sim! Gracías mi amor.
-De nada princesa.” - nisto toca a campainha. Era o Sal. Fui até à porta e abri-a.
-Entra – disse-lhe, mantendo-me ao telemóvel com o Sergio.
-Vais para a audição?”
-Sim...o meu amigo que me arranjou a audição chegou.
-Então boa sorte, meu amor. Dá o teu melhor, e quando souberes de alguma coisa diz-me.”
-Obrigada Sergio.
-Boa sorte minha menina.”
-Obrigada.
Desligamos a chamada e coloquei o meu telemóvel na mala,
-Era o Sr. Sergio Ramos? - perguntou o Sal.
-Sim. Era o Sergio.
-Para quem dizia que não iria misturar trabalho com prazer... - comentou ele.
-E não misturei! Deixei o jornalismo para...namorar com ele, ou não?
-Sim...mas se não fosse o trabalho...nada disso havia.
-Ai...vamos para a audição ou não?
-Oh...olhem ela a mudar de assunto!
-Não é mudar de assunto, chama-se, apenas...querer ir apanhar ar!
-É...mas sim, vamos lá – peguei na minha mala e saímos os dois de casa.
Fomos no carro do Sal e em cerca de 45 minutos estávamos junto a um edifício, estacionando o carro.
-Chegámos? - inquiri, curiosa.
-Sim.
Saímos os dois do carro e senti as minhas pernas a cambalearem...os nervos aumentavam. A voz ia falhar, eu ia bloquear e não ia conseguir fazer nada! Quem é que me manda meter nestas coisas?
-Acho que me vou embora! - disse ao Sal, quando ele já se encontrava ao pé de mim.
-Vais o que?
-Eu não consigo...eu vou bloquear lá dentro...não vou conseguir fazer nada de jeito.
-Vais sim! Além do mais...a pessoa que te vai avaliar é a coisa mais...relaxada do mundo. Não tens de te preocupar.
-É jovem?
-É. Tem 21 anos. Mas é exigente.
-Ai...eu não vou conseguir!
-Vais sim! Tens de conseguir, por ti, por mim, pela Miranda, pelo Sergio...pelos teus pais! Sabes perfeitamente que eles te apoiam muito mais do que todos nós, não sabes?
-Acho que sim!
-Eu tenho a certeza, por isso, vamos lá a meter essa voz no estúdio do rapaz e deixá-lo KO.
-Ya...é mesmo...
-É mesmo! - o Sal agarrou-me pela mão e começou a entrar no edifício que se encontrava à nossa frente.
Fomos em direcção do elevador e subimos até ao 5º andar. Assim que saímos do elevador o Sal caminhou até a uma secretária que ali se encontrava e eu fiquei pasmada a olhar tudo à minha volta. Haviam imensos discos de cantores portugueses nas paredes, discos de ouro, platina, tripla platina...de tudo.
-Já estão à nossa espera – disse o Sal, despertando-me daquele meu estado de hipnose.
-Vamos!
-Olá! É impressão minha...ou estás mais animada?
-Estou! - estar ali...no meio de tudo aquilo...era bom! Fez-me sentir em casa...e com vontade, ainda mais, de cantar.
Fomos os dois até ao fundo do corredor, acompanhados pela menina da recepção, que quando chegou a uma porta, bateu nela e pediu licença para entrarmos.
-A candidata chegou.
-Que entrem – ouvi do outro lado.
A secretária deu-nos licença e eu entrei, seguida pelo Sal.
Estávamos num estúdio de gravação...e, sentado junto do aparelho do som estava...David Carreira? Não era...bem aquilo que estava à espera. Quando o Sal me falou num jovem cantor português  pensei mais em coisas como aqueles cantores que aparecem nas festas das terrinhas e que ninguém conhece as músicas.
-Ana Moreira? - disse ele, levantando-se e vindo na minha direcção. Credo! Sentia-me tão pequenina! Ele é ainda mais alto que o Sergio! - Boa tarde! - ele curvou-se e deu-me dois beijinhos e um aperto de mão ao Sal.
-Boa tarde – disse-lhe.
-Senta-te aqui – ele apontou para uma cadeira que estava ao lado daquela onde ele estava sentado antes – e tu, Sal, podes sentar-te onde quiseres! - pelos vistos, o David e o Sal já se conheciam.
Eu sentei-me na cadeira que ele me tinha pedido e ele sentou-se a meu lado.
-Ele explicou-te tudo, ou ficou por meias palavras?
-Mais ou menos...um dueto.
-Exacto. Eu estou a trabalhar em alguns remixes das músicas do meu primeiro álbum e queria incorporar em algumas músicas uma voz feminina. Falei com o Sal e ele falou-me de ti. Mostrou-me um video teu...
-Um video? - perguntei, interrompendo-o.
-Tou a ver que não te disse nada... - olhei para o Sal...mas o que raio se está a passar? - eu andei a pedir que me enviassem um mail com um video se se quisessem candidatar...e tu foste a escolhida.
-Escolhida?
-Sim...hoje vamos fazer os testes de som para a música.
-Calma! Calma que eu não estou a perceber nada...isso quer dizer...que tu vais fazer um dueto...comigo?
-Exacto – respondeu-me o David, super tranquilo.
-Eu nem sei o que pensar...
-Não tens de pensar muito – ele riu-se – só tens de entrar ali para dentro e cantar uma música qualquer. Depois falamos sobre a minha música e vamos gravar os dois o primeiro ensaio.
-Gravar? Hoje? Já?
-Sim – o meu pânico deveria ser notório  o David começou a rir-se e segurou na minha mão – só aqui estamos nós, daqui a pouco chega o resto da banda. É tranquilo miúda.
-Vamos lá ver...
-Queres começar...ou preparar-te primeiro?
-É melhor começar!
-Nice! Vem comigo – levantamo-nos os dois e o David acompanhou-me até à cabine de gravação – canta o que quiseres. É só a tua voz que interessa, nada de instrumental, nem arranjos, ok.
-Tá.
-Força aí miúda.
Ele saiu da cabine e voltou para o estávamos. Fez-me sinal para que, quando quisesse começasse a cantar. Não fazia ideia do que iria cantar. Cruzei as minhas mãos, fechei os olhos e...comecei: 
- «Shine bright like a diamond
Shine bright like a diamond

Find light in the beautiful sea
I choose to be happy
You and I, you and I
We're like diamonds in the sky

You're a shooting star I see
A vision of ecstasy
When you hold me, I'm alive
We're like diamonds in the sky

I knew that we'd become one right away
Oh, right away
At first sight I felt the energy of sun rays
I saw the life inside your eyes

So shine bright, tonight, you and I
We're beautiful like diamonds in the sky
Eye to eye, so alive
We're beautiful like diamonds in the sky

Shine bright like a diamond
Shine bright like a diamond
Shine bright like a diamond
We're beautiful like diamonds in the sky

Shine bright like a diamond
Shine bright like a diamond
Shine bright like a diamond
We're beautiful like diamonds in the sky

Palms rise to the universe
As we, moonshine and molly
Feel the warmth we'll never die
We're like diamonds in the sky

You're a shooting star I see
A vision of ecstasy
When you hold me, I'm alive
We're like diamonds in the sky

At first sight I felt the energy of sun rays
I saw the life inside your eyes

So shine bright, tonight, you and I
We're beautiful like diamonds in the sky
Eye to eye, so alive
We're beautiful like diamonds in the sky


Shine bright like a diamond
Shine bright like a diamond
Shine bright like a diamond
We're beautiful like diamonds in the sky

Shine bright like a diamond
Shine bright like a diamond
Shine bright like a diamond
We're beautiful like diamonds in the sky

So shine bright, tonight, you and I
We're beautiful like diamonds in the sky
Eye to eye, so alive
We're beautiful like diamonds in the sky

Shine bright like a diamond
Shine bright like a diamond
Shine bright like a diamond»
Durante toda a música permaneci com os olhos fechados...era uma forma de não ter de ir vendo as reacções do David e do Sal, mas quando acabei de cantar e abri os olhos já estavam mais duas pessoas junto deles. Eles batiam palmas e o David disse para que voltasse para junto deles.
Eu sai da cabine de gravações e fui ter com os 4 rapazes que ali se encontravam.
-Antes de mais...tu cantas super bem – começou o David.
-Obrigada... - toda eu tremia...e eles davam por isso.
-Tou a falar a sério, hã? - ele abraçou-me, o que fez com que se criasse ali uma empatia maior. O David era querido e também cantava bem e era super trabalhador – e estes são o André e o Koeman – apontou para os dois rapazes que estavam ali - é o guitarrista e o rapaz das misturas que faz de coro de vez em quando. Vai ser com ele que também vais partilhar o palco...quando for nos espectáculos.
Oh meu Deus... espectáculos, grupo, banda, coro...eu, Ana Moreira...aqui, a começar a minha vida na música! Cumprimentei os dois rapazes, apercebendo-me que o meu colega de coro...o rapaz das misturas, tinha parecenças...com o Sergio. Fiquei a olhar para ele...e ele a olhar para mim.
-David...tu não conheces esta rapariga? - perguntou ele, virando-me para o David.
-Puto...é a Ana. A rapariga do video.
-Sim! Mas não é só daí! Não a conheces mesmo?
-Não estou a ver.
-Vê-se mesmo que não vês coisas mais...másculas, e desculpa a palavra Ana – disse-me ele.
-Acho que não tem mal – afirmei.
-Importas-te de dizer de onde é que tu a conheces? - inquiriu o David.
-Ela fez uma campanha...para uma revista mais...ousada! Ela é a namorada do Sergio Ramos!
-E eu sou o Barack Obama! Deves estar a confundir, achas mesmo que aquelas miúdas que ele come, cantam assim ou vêm para aqui? Elas são todas ocas - o Sal fez a cara mais espantada do mundo e eu...fiquei super à nora. É verdade que a reputação do Sergio não é a melhor...mas ouvir as coisas desta maneira é...violento.
-Ele tem razão David – confirmei aquilo que o Koeman tinha dito.
-Eu não te disse puto!? - picou-o o Koeman.
O David ficou super vermelho e sem dizer nada.
-Bem...nem sei que diga...desculpa Ana, eu não queria, de todo ofender-te, nem ao Sergio...mas é que não estava mesmo nada à espera.
-É na boa... - não totalmente...mas temos de esquecer as coisas!

Passamos o resto da tarde a conversar sobre a música que iria fazer com ele, a ensaiar e a gravar o primeiro ensaio da música...na minha opinião, estava a ficar bonita...se bem que alguma coisas se tinham de mudar.
-Acho que por hoje ficamos por aqui – disse o David – retomamos amanhã de manhã e,se conseguirmos, gravamos a versão final.
-Ok – comecei a preparar as minhas coisas para ir embora. Tinha a papelada do contracto, dos ensaios, a letra da música e mais umas quantas informações. Enquanto isso, alguns dos membros da banda foram começando a sair.
-Ana – chamou-me o David.
-Sim? - virei-me para ele, que estava sentado no sofá.
-Senta-te aqui, por favor – eu assim fiz e sentei-me ao lado dele – eu queria pedir-te desculpas pelo que disse sobre as ga...raparigas com que o Sergio Ramos namora...eu não quero que pense que eu penso isso de ti...muito pelo contrário.
-Está descansado...eu sei o que é que as pessoas pensam dele.
-E fui completamente apanhado de surpresa...tu...namorada do Sergio Ramos...
-Achas que não sou adequada a ele, é isso?
-Não! Epá...isto hoje está a correr mal...eu não queria dizer isso, tu és bonita, é claro que podes ser namorada dele...
-Ei...eu estava a brincar.
-Epá...é que não estava mesmo nada à espera.
-Eu entendo...e...eu queria pedir-te uma coisa.
-Se puder.
-Acho que sim.
-Diz.
-Eu não queria usar Ana Moreira quando anunciares que sou eu que vou cantar contigo.
-Não?
-Não...eu quero afastar a imagem da Ana Moreira da música. Há a Ana Moreira, namorada do Sergio Ramos, mas para a música eu queria outro nome. Achas que pode ser?
-Sim...se é o que tu queres. Porque te trato então?
-Lara...Lara Life.
-Muito bem! Lara Life, será.
-Obrigada.
-Obrigado eu... por ficares a cantar comigo.
-Não agradeças.
-Ei mano!! - gritou o Koeman entrando no estúdio a dentro “mascarado” e “mascarando” o David.
-Desculpem lá, mas isso tem de fica registado! - fui até à minha mala, peguei no telemóvel e retirei-lhes uma foto, colocando no twitter:

"Los Mexicanos! Companheiros de estrada!"
-Vocês ainda ficam? - perguntei-lhes.
-Sim. Vemo-nos amanhã.
-Vemo-nos então amanhã – peguei nas minhas coisas e sai do estúdio, indo ter com o Sal, que estava no bar.
Aproveitei, também eu, para comer alguma coisa antes de ir para casa.

Depois do Sal me ter deixado em casa, liguei para o Sergio.
-Olá! Então, como é que foi esse dia?” - perguntou ele assim que atendeu o telemóvel.
-Olá meu amor...estou morta, mas correu bem.
-Ficaste?”
-Sim...eu já tinha ficado.
-Hã?” - expliquei-lhe o que se tinha passado, com o video - “Então muitos parabéns senhora cantora!”
-Muito obrigada senhor namorado!
-E como é que é agora?”
-Amanha vamos gravar a música e depois vou passar aí o fim de semana contigo, volto na segunda para mais uns ensaios, terça temos a apresentação num programa de televisão e depois volto para Madrid e a partir daí ainda não sei.
-Vamos ter de aproveitar cada segundo do dia quando cá estiveres”
-Temos de fazer por isso amor. Olha...eu vou tomar um duche e dormir, amanha...lá para a noitinha já estou contigo, sim?
-Descansa, sim, meu amor. Amanhã cá estarei para receber o meu orgulho. Te amo”
-Te amo muito mais!
Desligamos a chamada e eu fui tomar o meu duche e dormir.

No dia seguinte – 7:35h
Para estar a esta hora no estúdio...tive de me levantar às 6:00h.
Passamos o dia todo em ensaios, gravações e mais gravações, até que demos o dia por terminado e era hora de voltar a Madrid, para passar o fim de semana.
Quando cheguei ao aeroporto, fui até ao exterior do mesmo, e o Sergio esperava-me, no interior do seu carro. Entrei nele e, a primeira coisa a fazer, foi saciar aquela vontade enorme de beijar o Sergio.
-Tive tantas saudades tuas!
-É bom saber isso!
-Estava mais à espera de...também estava louco para que aqui estivesses...
-Sabe que sim, ou não?
-Não te custava dizer...
-Eu estava louco para que aqui estivesses e me desses beijos assim! - voltamos a beijarmo-nos.
-Vá...começa lá mas é a conduzir...
-Tanta presa?
-Depois percebes!
O Sergio fez o que lhe pedi e dirigiu-se para sua casa.

"Cada segundinho vai contar!"
Assim que lá chegamos e que entramos em casa...esqueci-me de tudo o resto. Tinha necessidade de ter o Sergio só para mim, nos nossos momentos de prazer total, de loucura, de desejo...de amor! Eu precisava, há imenso tempo que não o tínhamos.
Começamos uma troca de beijos intensa na sala que nos acompanhou até ao quarto e que terminou num momento de entrega total por parte dos dois e que se repetiu...e repetiu, antes, depois e...durante o nosso “jantar”.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

14 - "...só não quero é que sintas obrigado a isso."

A viagem do estádio até casa da mãe do Sergio, foi muito rápida...até demais do que pensava. Chegamos a uma casa muito bonita e já estavam alguns carros à porta. Reparei num casal que saia de um dos carros. Estavam muito elegantes e assim que o Sergio saiu do seu carro acenou-lhe e, abriu-me a porta. Sai do carro e ele agarrou a minha mão, colocando as suas uma por cima e outra por baixo da minha.
-Obrigado por teres vindo.
-Não tens de me agradecer de nada, Sergio...mas...não me deixes sozinha...não sei se aguento muito tempo sem ti e com a tua família.
-Eu vou estar contigo – ele deu-me um beijo na testa fechando o carro. Começamos a caminhar, indo na direcção do casal a quem o Sergio tinha acenado. O rapaz retirou uma menina do carro que veio a correr com o sorriso mais puro e sincero de uma criança, na direcção do Sergio. A cara da menina não me era estranha...era a Daniela, a sobrinha do Sergio.
-Olá minha aranhiça – o Sergio pegou na menina ao colo e encheram-se os dois de beijinhos. Eu já achava que aquela relação dos dois seria algo de especial...mas comprová-lo, assim, era uma coisa linda de se ver.
-Tio! Eu tinha saudades tuas!
-E eu tuas, minha pequenina, mas hoje vamos estar muito tempo juntos.
-Vamos?
-Vamos...então não vens ao jantar da avó?
-Venho! Tu também vens?
-Sim...a avó convidou todos.
-E quem é ela? - a menina apontou para mim e o Sergio olhou-me, esticando a sua mão na minha direcção. Eu peguei na mão dele e aproximei-me, colocando a minha mão nas suas costas.
-É a Ana, Daniela, ela é a namorada do tio. Ana...é a minha sobrinha.
-Olá Daniela! - mostrei-me animada, eu estava, mas queria criar uma boa empatia desde o inicio com ela.
-O tio tem uma namorada? - ela olhou para o Sergio, e voltou a olhar para mim – mas...ela vai deixar o tio a chorar como a...
-Não! É diferente Daniela...o tio gosta muito da Ana...e a Ana...
-Também gosta muito do teu tio – completei.
-Tu não vais deixar o meu tio muito triste? Ele só pode ficar triste quando perder os jogos.
-Eu não quero deixar o tio triste. Eu prometo.
-Prometes? - ela estendeu-me o seu dedo mindinho. A promessa do dedinho. Entrelacei o meu dedo ao dela.
-Prometo.
-Que bom! Então...és minha tia?
-Queres que seja? - perguntei.
-Sim!
-Então...deixa cá ver...é...acho que posso ser tua tia, sim!
A menina estendeu o seu corpo na minha direcção.
-Eu acho que a Ana não aguenta contigo ao colo – disse o Sergio.
-Não aguentas? - perguntou-me.
-O teu tio tá parvinho! Anda cá – abri-lhe os meus braços e ela saltou para o meu colo, dando-me um abraço...e que abraço, era super reconfortante e querido – acho que me vou viciar nos abraçinhos da minha sobrinha.
Ela olhou para mim e deu-me um beijinho.
-Tu és muito bonita – disse-me ela, com o seu ar mais inocente.
-Tu és muito mais bonita, acredita – a sobrinha do Sergio, minha também, é a coisa mais querida. É um amor de criança e super à vontade.
-Vais querer continuar a namorar a minha namorada, ou vamos ter com os teus pais? - perguntou o Sergio.
-Eu não tou a namorar a tua namorada! Ana – virou-se para mim – podes por-me no chão. Provavelmente o meu tio tá a dizer isto para te dar beijinhos – devo ter corado como nunca e o facto de o Sergio estar a rir que nem um louco, não ajudava.
-Eu ponho-te no chão...mas o teu tio não vai fazer nada.
-Então dou eu – ela deu-me um beijinho, eu dei-lhe outro e metia no chão. Ela foi ter com o casal...deveria ser a irmã do Sergio e o cunhado. O Sergio deu-me a mão, eu fiquei bem junto dele e começamos a caminhar.
-A tua sobrinha é a coisa mais...perspicaz do mundo – disse-me ele.
-Em que sentido?
-No sentido em que eu te queria dar beijinhos.
-Mas também foi bastante perspicaz no sentido em que te achou parvinho e veio para o meu colo.
A conversa acabou, não fossemos nós estar quase junto do casal, que o Sergio cumprimentou com grande carinho.
-Ana, é a minha irmã, Miriam, e o meu cunhado, Carlos. Esta é a Ana, a minha namorada.
-Muito gosto – disse-me a irmã do Sergio, dando-me dois beijinhos.
-É um prazer conhece-los – afirmei, conhecendo o cunhado do Sergio.
-Vamos entrando? - perguntou o Sergio?
-Claro – dei o braço ao Sergio e encaminhamo-nos para o interior da casa.
A D. Paqui veio logo ter connosco e foi super carinhosa comigo. Só tinha estado com ela no dia do jantar em casa do Sergio, mas tínhamos simpatizado uma com a outra.
Conheci mais uns elementos da família do Sergio, entre eles o irmão, René.
Estávamos eu, o Sergio, a Miriam e o Carlos, os quatro em pé junto da mesa de jantar, quando a pequena Daniela veio ter connosco.
-Posso ir mostrar o meu quarto da casa da avó à Ana? - perguntou ela à mãe.
-Se a Ana quiser ir contigo...não a estejas sempre a chatear.
-Eu não chateio – a menina virou-se para mim – queres ir ver o meu quarto?
-Claro, claro que sim.
-Anda – a menina esticou-me a sua mão, eu dei-lhe e começamos as duas a caminhar em direcção ao andar de cima. Entramos no quarto dela. Era todo ele muito cor de rosa, como se não fosse óbvio que ela era a princezinha naquela família.
-Olha que eu não me importava nada de ter um quarto como o teu – disse, metendo-me com ela.
-O quarto do tio também é bonito! Não gostas? - bem...estou para ver que a Daniela é muito dada para a conversa e saísse...com cada uma...
-Gosto...é bonito, sim, mas eu não durmo no quarto do teu tio.
-Dormes, dormes! A minha mãe e o meu pai também dormem no mesmo quarto, eu já sou crescida! Tenho quase, quase 5 anos.
-Já percebes então isso, é?
-Sim.
-Mesmo assim...eu não estou na casa do tio.
-Porque?
-Eu estou a morar em Portugal.
-Mas isso não é aqui.
-Pois não...é um bocadinho longe.
-Mas... - ela sentou-se a meu lado, na sua cama – vocês tão zangados?
-Estávamos...mais ou menos.
-Porque? Posso saber?
-É complicado para a tua cabecita...mas já tá tudo bem.
-Pois...tu já vieste com ele a casa da avó, como veio a Pilar.
-E como outras namoradas do teu tio – a Pilar tinha sido uma namorada do Sergio...uma das muitas que se dizia que ele tinha.
-Não...só tu e a Pilar é que cá vieram e que eu conheci...mas ninguém. Aquelas coisas que saem nas revistas é mentira, não acredites. Vou mostrar-te uma coisa.
A menina...defendia o Sergio com unhas e dentes, era, sem dúvida, a melhor e maior “fã” dele. Via perfeitamente que ambos se amavam e que precisavam da companhia um do outro constantemente.
A Daniela foi até a uma estante que estava na parede, pegou numa moldura e voltou para junto de mim.
-Foi a Pilar que me deu...eu gostava muito dela, e o tio também...mas depois ela fez o tio chorar e nunca mais a vi – ela passou-me a moldura, que tinha uma conjugação de várias fotos do Sergio com a Daniela. 


Pelos vistos...a Pilar tinha uma certa importância na família...havia um passado, que estava bastante presente nos dias de hoje. Fiquei a mirar a fotografia e foi então que ouvi o Sergio:
-Vamos jantar! Menina Daniela, lavar as mãos e vai ter com a tua mãe – a menina saiu do quarto a correr, eu levantei-me e fui colocar a fotografia no sitio. Antes de me virar, olhei-a mais uma vez.
Quando estava pronta para ir, o Sergio agarrou-me pelas costas, rodeando-me pela cintura.
-Ela falou na Pilar? - perguntou-me.
-Sim, falou. Disse que tinha sido ela a dar-lhe a moldura, que tu e ela gostavam muito da Pilar...mas que...
-Depois me fez chorar e nunca mais a viu?
-Exacto.
-Quando formos para casa, eu explico-te o que se passou.
Virei-me para ele...não tinha o seu sorriso nos lábios...e os seus olhos estavam longe, mesmo que me olhassem e tentassem permanecer a olhar os meus.
-Não precisas de falar de nada Sergio...
-Tenho de te contar...até para perceberes tudo.
-Como queiras...só não quero é que sintas obrigado a isso.
-Sim...descemos?
-Claro.
Fomos os dois até ao andar debaixo, juntando-nos a todos os presentes e inicou-se um belo jantar...no seio de uma família.

Tempo depois...
Estávamos já a chegar a casa do Sergio, quando recebo uma mensagem.

Consegui! Consegui arranjar-te uma audição para fazeres um dueto com um artista português  Tens de estar amanha à tarde em Lisboa! Manda-me a hora a que chegas a Portugal para te ir buscar.”

Era do Sal... tínhamos andado a falar que eu...gostava imenso de cantar...nem que fosse no coro. Já tinha frequentado algumas aulas de canto e todos os professores que tive, me motivavam ainda mais a tentar seguir a carreira musical...mas, antes de tomar qualquer decisão...tinha de falar com o Sergio. Sobre o passado dele com a Pilar...e sobre o meu possível futuro profissional.
Entramos em casa e ficamos sentados no sofá.
-Temos de falar... - comecei.
-Sim...eu vou contar-te tudo.
-Não é disso...mas se me queres contar...começa tu.
-Tens algo para dizer?
-Sim...mas tu tens de falar primeiro.
-Ok...eu namorei com a Pilar cerca de dois anos. Eu apostei imenso na relação e pensei que era mesmo a serio...mas não foi. Ela...apesar de ser jornalista, utilizou isso para subir na carreira...ela...usou o meu nome para subir na carreira. Daí a minha reacção quando tu...
-Percebo...mas...estamos bem em relação a isso? Eu penso que devas saber que és muito mais importante do que qualquer carreira...és demasiado importante para te perder...e eu nunca te usaria.
-Eu sei...desculpa...a minha reacção...
-Não me tens de pedir desculpa...vamos esquecer – dei-lhe um leve beijo nos lábios e aconcheguei-me a ele, ficando, na mesma, a olhar os seus olhos...que olhavam os meus e permaneciam ali...comigo, não viajavam e o sorriso estava nos lábios do Sergio...de onde nunca deveria sair.
-Que me queres tu dizer, princesita? - perguntou-me ele.
-Bem...eu nunca disse isto a ninguém...mas eu amo cantar.
-Já tinha notado que sim. E cantas muito bem.
-Não é assim nada por aí além...mas obrigada.
-Não me agradeças – ele passou a sua mão pela minha bochecha.
-E...eu tive aulas enquanto estava no orfanato...aulas de canto. E o bichinho de cantar foi ficando...até hoje. E...esta última sessão fotográfica que fiz, foi um amigo meu que me arranjou.
-Sim...tinhas dito na mensagem.
-E ele tem muitos contactos no mundo da moda...e da música também. E eu...pedi-lhe que me tentasse arranjar uma audição. Apenas uma...para receber algum tipo de feedback.
-Isso é muito bom! Se quiseres, eu tenho uns amigos na área e também posso ajudar...se é isso que te faz feliz.
-Não...não é necessário...eu só queria...saber a tua opinião. Tenho uma audição amanhã...para um dueto...com um cantor português. Eu vou...independentemente do que tu digas...mas eu preciso imenso do teu sim, do teu apoio e da tua aceitação...se conseguir seguir com isto.
O Sergio estava a olhar-me...e nada dizia...o que me começou a causar um enorme desconforto! Eu precisava que ele percebesse o que se ia passar na minha vida, caso conseguisse o lugar, e precisava do apoio dele! E ele nada! Ficou a olhar para mim e não dizia nada!
-Podes dizer alguma coisa?
-Claro.
-Diz.
-Apoiar-te-ei em tudo o que queiras fazer da tua vida, eu sei que posso confiar em ti, por isso, toda a sorte do mundo para amanhã.
-A serio?
-Muito a serio! Se é o que tu queres fazer, faz, não deixes o tempo passar.
-Obrigada, obrigada, obrigada – abracei-o, enchendo-o de beijos e mais beijos
Acabamos por nos ir deitar. Ainda mandei uma mensagem ao Sal a confirmar a hora da minha chegada.


Na manhã seguinte:
Acordei com o som do meu despertador. Eram 9 horas e o meu avião partia daqui a 2 horas com destino a Lisboa. Tomei duche com o Sergio...e como eu tinha saudades dos nossos duches mais calmos... namorávamos durante algum tempo e era...tão bom!
Despachamo-nos, contudo, mais rápido, fomos vestirmo-nos.

Quando chegou a hora de me ir embora, o Sergio decidiu levar-me ao aeroporto, por isso fomos os dois no carro dele.
-Tu não tens frio? - perguntei-lhe. Não eram calções, mas também não eram calças...e estava frio.
-Não!
-És doido!
-Sou...e desde que te conheci fiquei ainda mais!
-Ei...vai lá por as culpas a outra coisa, porque eu não deixo ninguém doido.
-Não...que ideia! - ele desviou o olhar da estrada por uns segundos e deu-me um beijo na bochecha.
-Olha! Eu não quero morrer hã?
-Nem eu quero morrer também...deves pensar que eu sou um irresponsável.
-És quase – entretanto paramos no parque do aeroporto e eu dei a mão ao Sergio e aproveitei para tirar uma foto...e partilhar, certas novidades. 

"Estamos bem...quero-te a meu lado, nesta nova fase que pode vir aí. Conto contigo...namorado"