- Foi para seres
conhecida que te quiseste meter na cama comigo? Eu sempre pensei que
fosses melhor que as outras, pensava mesmo que eras a tal, que me
poderias mudar e que eu poderia ser, finalmente, feliz.
- E eu sempre pensei
que ao menos confiasses em mim, mas já vi que és o anormal que
todas dizem que és – saí do
carro, peguei na minha mala e voltei a entrar no aeroporto. Ia
desnorteada, sem saber o que pensar, fazer e/ou dizer. O meu primeiro
instinto foi ir até ao posto de venda de bilhetes e comprar um...de
ida, para Lisboa...no próximo avião.
- O seu avião parte
daqui a 10 minutos. Deseja efectuar o check-in agora?
- Sim – a
senhora fez o check-in e embarquei...de novo. Nova viagem, nova ida
para Lisboa e para ficar por lá em definitivo.
A
viagem deu para tudo. Chorar, barafustar comigo mesma, com ele, rir
com os nervos que tinha, partir o telemóvel de o ter mandado ao chão
com alguma, bastante, violência. O desespero de voltar à minha
casa, enfiar-me na cama e chorar até mais não era enorme! Desejava
que me dessem um comprimido e me metessem a dormir para não estar
sempre a pensar nas mesmas palavras...as palavras que ele me disse.
Insinuar que...o tinha usado? Se duvidava disso porque é que me
deixava ficar no quarto dele todas as noites e dias que precisava?
Cheguei
a minha casa...e senti-me sozinha. Pela primeira vez...em duas
semanas.
Deitei-me
no sofá e desliguei. Desliguei de tudo e a minha cabeça deu um nó
e só pensava nele. No que tínhamos passado nestas semanas, em todos
os nossos momentos e naquilo que ele tinha feito! Não
conseguia...acreditar que ele tinha dito aquilo. E que...me tivesse
deixado ir embora. Sempre pensei que me chamasse, ou que tentasse
telefonar para falarmos...mas nada.
«We
are friends for life
Hold
that deep inside
Let
this be you're drive
To
survive
And
you stand high and tall
Make
sure you give you're all
And
if you have a fall
Know
that I'm right here
We'll
always be together
Don't
you worry
I'll
always be by your side
Don't
you worry»
O
meu telemóvel tocava, sabia perfeitamente que era...não fosse eu
ter toques personalizados para cada pessoa mais importante na minha
lista de contactos. Era a Miranda, a minha “irmã”, a pessoa que
esteve comigo 14 anos no orfanato e que, fora dele, continua a ser a
minha menina linda, apesar de ser um ano mais velha que eu.
A
chamada acabou por acabar, mesmo antes que tivesse oportunidade de me
levantar e conseguir atender o telemóvel. Sabia que ela iria voltar
a insistir...levantei-me e esperei sentada...e, apenas alguns
segundos depois, o telefone de casa estava a tocar. Levantei-me e fui
atender.
“ -Vais-me
dar a desculpa que estavas quase a atender, mas que não chegas-te a
tempo? Desde que tens um namorado que te esqueces de mim” - ela,
com a sua mania de começar a disparar assim que lhe atendia...nem me
deixa dizer: oi.
- Estava
deitada e o telemóvel muito longe.
“ -Que
voz é essa?”
- É
a minha
“ -De
quando choras...passou-se alguma coisa?”
- Nada.
“ -Diz-me
que é nada. Ouve lá...as fotos estão lindas. Acho que devias
continuar com isto” - sem
saber, meteu o dedo na ferida e as minhas lágrimas voltaram a
escorrer-me pela cara.
- Obrigada.
“ -Ana
Filipa Sousa Moreira tu não estás bem e vais explicar-me o que se
passa, imediatamente.”
- Preciso
de ti Miranda.
“ -Sabes
que estou aqui para o que precisares, ou não? Qual é a tua?”
- Sei...mas
preciso de estar fisicamente contigo...
“ -Ainda
bem! Vim a Lisboa tratar de umas coisa, vou agora para a nossa
casinha, queres vir?” - a
nossa casinha...quando sai do orfanato, com a Miró, era a alcunha
dela, que fomos para a minha terra natal: a Ericeira. Construímos
com ajuda de vizinhos e alguns conhecidos dos meus pais, uma casinha
para nós. Com um jardim, no vale onde eu tinha a minha casa antiga.
Ficava a poucos metros de distância, havia muito verde à volta e tínhamos a praia como última peça para completar o nosso paraíso.
- Sim...eu
vou.
“ -Dá-me
15 minutos e estou aí.”
- Obrigada
– desligámos a chamada e
esperei que ela viesse ter comigo.
Ela
não demorou a chegar e, assim que vi o carro dela a parar ao pé da
porta do prédio, desci e fui ter com ela. Abracei-a, e como eu
precisava dos seus abraços.
- Que
cara é essa? - pois...realmente,
não deveria ser a melhor.
- Eu
preferia não falar agora sobre isso...
- Como
querias, mas vais ter de me dar um sorriso e boa disposição se
queres meter-te neste carro.
- Eu
prometo tentar...
- Já
não é mau. Vamos embora?
- Sim
– coloquei as minhas malas no
carro da Miró e fizemo-nos à estrada.
Como
é a única pessoa que me conhece a 100%, assim que começamos a
viagem, que demora cerca de 30 minutos, ligou logo o rádio
e...coincidência ou não, a música que passava não poderia ser a
melhor que existia para soltar alguma tensão, cantando-a:
«I'm
ready for ya
Hit
'em all, switch it up
Put
it on, zip it up
Let
my perfume, soak into your sweater
Say
you'll be here soon, sooner the better
No
option for, you saying no
I
run this game, just a play a role
Follow
my lead, what you waiting for?
Thought
it over and decided tonight is your night
Can-an-an
you fee-ee-eel my hear-ar-art is beating (2x)
R.I.P,
to the girl you used to see
Her
days are over, baby she's over
I
decided to give you all of me
Baby
come closer, baby come closer
Nothing
on, i strut around
I
do it big, i shut it downI wonder if you'll be able to handle me
Mental
pictures, no cameras please
Can-an-an
you fee-ee-eel my hear-ar-art is beating (2x)
R.I.P,
to the girl you used to see
Her
days are over, baby she's over
I
decided to give you all of me
Baby
come closer, baby come closer(i, i, i'm ready for ya»
A
Miranda sabia, perfeitamente, a minha vontade de cantar, de explodir
com uma música quando os problemas eram maiores. A nossa viagem foi,
toda ela, feita a cantar. Acabava uma, vinha logo outra a seguir e
nós, bem...íamos tentando gritar o mais alto possível todas as
letras de cada música que sabíamos.
Chegamos
à Ericeira...e, uma sensação de...paz invadiu-me. Estava a
precisar de estar ali, o barulho dos pássaros, das árvores, do
mar...tudo aquilo era perfeito para mim e sabia-me bem.
Assim
que saímos do carro, olhei para a Miranda.
- Tu
tens de me contar o que se passa.
- Posso
só...ir até à praia? Quando voltar eu conto-te tudo.
- Contas?
- Prometo.
- Não
te percas e não faças nenhuma estupidez.
- Até
já. Deixa as malas no carro que eu depois levo.
- Claro...pensas
que eu sou tua mordoma? - ela
deitou-me a língua de fora...e conseguiu com que me risse um pouco.
Como
uma outra paixão minha sempre foi a fotografia, tirei logo um monte
delas, e partilhei uma no twitter, precisava de me desligar de todo
aquele mundo e anunciar...o fim do meu passado.
“A
desilução é enorme, a mágoa nem se fala. De hoje em diante, sou
eu e este sítio perfeito”
|
Caminhei
cerca de 5 minutos, em saltos...os saltos. Assim que cheguei à
“minha” praia, deserta como era típico nesta altura do ano,
retirei os sapatos e caminhei sobre o areal, frios e húmido e fui
até junto da beira da água. Estava gelada, o mar estava revolto e
aquele barulho ensurdecedor das ondas a baterem na rocha não poderia
ser mais que indicado para me abstrair de tudo.
Sentei-me,
colocando os sapatos nas minhas pernas...era impossível não olhar
para eles e não me lembrar do...dele.
Como
é que ele tinha conseguido ser tão...parvo! Otário! Tudo e mais
alguma coisa! Tinha conseguido ser a maior desilusão dos últimos
tempos.
Passei
grande parte do meu tempo ali...a olhar o mar, a ouvir todo aquele
ruído que fazia, e que eu fazia, chorei e gritei como me apeteceu.
Era uma das vantagens de ser uma praia quase sem ninguém, mesmo no
verão é óptimo vir para aqui.
Só
me “lembre” que tinha de ir para casa, quando o meu estômago se
lembrou de me avisar que já não comia à algumas horas. Voltei para
casa. Assim que entrei percebi que a Miranda nada tinha mudado,
continuava exactamente igual. Ela estava na cozinha, a fazer
panquecas. Sentei-me de imediato na mesa e esperei pela sua
companhia, se havia coisa melhor para se comer e confortar o estômago
e a alma, são as panquecas com chocolate da Miró.
- Queres
contar-me agora o que se passa?
- Pode
ser...
- Começa.
- Sabes...do
Sergio.
- Sim.
- Quando
te contei dele...estava tudo bem.
- Agora
não está?
- Nem
deve voltar a estar...sabes o meu historial de relações com
rapazes.
- Uma
noite, dois dias e deixam a bela rapariga que és.
- Sim...com
ele foram preciso uma noite e dois dias para me mudar completamente,
mas ao fim de dez noites, onze dias e uma manhã, acabou tudo.
- Mas
acabou, como?
- Por
causa da produção fotográfica.
- Não
lhe tinhas contado?
- Não...e
hoje, quando cheguei a Madrid, ele estava à minha espera e a
primeira coisa que me disse foi se tinha sido para isso que tinha
andado com ele.
- Ele
pensa que tu o usaste?
- Exacto.
- Mas
ele é um anormal!? Só pode! Ele não deve conhecer a minha Pipa –
estava dispostas a ripostar...o
Sergio não era assim. Ele era uma pessoa maravilhosa, mas a atitude
dele desta manhã é de um anormal. Era um Sergio completamente
diferente daquele que eu tinha deixado em Madrid – que é
que estás a pensar fazer?
- Procurar
um trabalho...e esquecer tudo o que aconteceu.
(Sergio)
Queria
ter ido atrás da Ana...queria, mas, ao mesmo tempo, não o conseguia
fazer. Ela tinha-me magoado...o que eu pensava ser um possível
relacionamento com pernas para andar...não passava de mais uma
mentira.
Fiquei
ainda ali algum tempo até que me decidi a ir embora. Fui ter com o
Iker, a casa dele.
- Já
pensaste que podes estar a ser precipitado? - perguntou
o Iker, depois de lhe ter contado o que se tinha passado.
- Não.
Ela fê-lo.
- Sergio...ela
já era conhecida em Portugal...o mais natural é que tenham
descoberto que ela namorava contigo e decidiram fazer-lhe a proposta.
Tu próprio disseste que ela disse que precisava de se sentir mulher
de uma vez.
- Sim...achas
que...o que eu lhe disse...
- Eu
acho que foste precipitado. Deverias ter-lhe dado uma oportunidade de
se explicar. Devias ter ido atrás dela quando saiu do carro.
- E
agora? Ela nem atender o telemóvel me vai atender.
- Queres
ligar do meu?
(Ana)
O
lanche com a Miranda estava a fazer-me bem. Para além de me matar a
fome...sabia bem comer e tentar esquecer o Sergio.
Nisto,
o meu telemóvel começa a tocar. Era a música de números
desconhecidos, uma daquelas que vem com o próprio telemóvel e faz
um barulho estranho. Peguei no telemóvel, olhando para o ecrã, constatando que se tratava de um número a ligar de Espanha.
- É
um número de Espanha – disse
para a Miró.
- Vais
atender?
Adorei!!!!! Próximo rápido!!!! Viciada!!!
ResponderEliminarAdorei!!
ResponderEliminarO próximo por favor rápido!!
Ai atende, atende!!!
ResponderEliminarAdorei!
O Sérgio foi um estúpido e por isso acho que se devia esforçar para a Ana o perdoar. :P
Já estou cheia de vontade de ler o próximo!
Beijinhos
Gostei muito (;
ResponderEliminarEspero bem que Ela atenda e o Sergio admita que foi um parvo ;b
Beijinhos
Nii'i
Olá!
ResponderEliminarOTÁRIO! É um valente otário!
Ele devia admitir a toda o mundo que é um autêntico parvo, vezes e vezes sem conta, até que a Ana lhe perdoasse!!
Venha o proximo, porque quero ver onde isto vai dar!!!
Besito
Ana Santos
AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII *-*
ResponderEliminaragora quero o próximo rápido para matar esta curiosidade xd
beijinhos, Débora*
grande otário este sérgio -.-
ResponderEliminarpróximo rápido sff ;)
Olá.
ResponderEliminarO Sérgio foi tão ESTÚPIDO!!
Haja um S. Iker Casillas para lhe pôr algum juízo.
E Ana ATENDEE !
Escreve o próximo, rápidinho :')
Beijinhos
Daniela^^