quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

44 - "Tu só vês homens, dinheiro e fama à tua volta."

- Vocês...?
- Esqueces-te que somos família...? - na minha frente estava o meu irmão. O Gonçalo que conheci nem à um ano e que há quase um mês que não falava com ele. Com ele vinha a minha avó.
Desde que a minha avó veio viver para Madrid que eles têm aproveitado para estar os dois mais juntos. Isso não me incomoda...o que incomoda é o facto de simplesmente nunca mais terem perguntado como é que eu estava.
- Não...não me esqueci. Porque essa pergunta, Gonçalo? 
- Porque? Ainda perguntas? 
- É melhor irmos até ao escritório falar... - deixei-os entrar e encaminhei-me com eles rumo ao escritório. Creio que o único a ver-nos foi o Sergio e ainda bem que assim era. Se a Miranda ou o meu tio os vissem ainda era pior. Quando chegámos ao escritório, o único espaço onde se poderiam sentar era nas cadeiras da secretária...e foi o que fizemos. Eles de um lado e eu do outro. 
- Por onde é que querem começar? - perguntei. 
- Porque é que estas a agir desta maneira? 
- Que maneira Gonçalo? 
- À mais de um mês que não telefonas, que não nos visitas...o que é que se passa contigo? 
- Exactamente o mesmo que se passa com vocês. 
- Querida... - a minha avó ia a começar, mas eu sentia a necessidade de falar tudo de uma vez.
- Desculpe, mas desde que a avó veio morar para Madrid que pensei que as coisas entre nós pudessem ser melhores. Eu queria que as coisas dessem certo, que fossemos uma família. Mas vocês, vocês só quiseram saber um do outro. 
- Ana isso são ciúmes! Como é que podes estar com ciúmes?
- Não são ciúmes, Gonçalo. Eu vejo as coisas como elas são. Tudo bem que vocês não se conheciam muito bem, mas eu também não te conhecia o meu irmão. Vivi 24 anos sem saber que tinha um irmão e agora que tu apareceste...as coisas continuam como antes. 
- Porque tu não fazes nada para mudar. 
- O que? 
- Sim, é verdade. É essa a verdade, Ana. Eu, como teu irmão, tenho de te abrir os olhos. Tu só vês homens, dinheiro e fama à tua volta. Só queres estar com o Sergio, engravidar e conseguir algo com isso. 
- Eu não acredito que estou a acabar de ouvir isto...tens noção das merdas que estás a dizer? 
- Ana, olha a linguagem! - a minha avó alertou para a forma como eu estava a falar, mas estava irritada com tudo o que o Gonçalo tinha acabado de dizer. 
- Eu sou insultada...e ainda quer que tenha cuidado com a linguagem? É impossível. Eu não quero ouvir mais nada, podem sair se faz favor e esquecer mesmo que eu existo - o Gonçalo nada disse, levantou-se e começou a sair do escritório.
- Ana... - vi, nos olhos da minha avó que ela não estava bem, que me queria dizer alguma coisa. 
- Que se passa, abuela
- Nada...mas achas que posso ficar contigo? 
- Comigo? 
- Por favor, Ana... - nisto entra o Gonçalo, de novo, no escritório.
- Então, avó? 
- A avó fica comigo - acabei por dizer. 
- Tudo bem, eu depois venho buscá-la. 
O Gonçalo saiu e vi um sorriso formar-se nos lábios da mulher que tinha à minha frente. 
- Que se passa avó?
- Nada...só que eu casa dele é tudo uma confusão. Tem sempre lá amigos e quando eu quero dormir não consigo. 
- Bem...a casa não é minha, sabe disso?
- Sei...mas pensei que pudesse ficar por aqui. 
- Em principio pode...só tenho de falar com o Sergio. 
- Claro. 
- Vamos até à sala, então - fomos as duas até à sala. 
Quando lá chegámos, o Sergio ficou com um sorriso nos lábios. A família, para ele, é tudo...acho que o facto de eu ter poucas pessoas do meu sangue junto a mim o deixa, de certa forma, triste. 
Apresentei a minha avó a todos, que a receberam muito bem. Ela e o meu tio paterno não se falavam, devido a tudo o que se tinha sucedido no passado, mas quem sabe se não poderam recomeçar alguma coisa? 
Deixei a minha avó a falar com a mãe do Sergio e fui ter com ele, que estava com o Xabi.
- Sergio...posso falar contigo? 
- Eu vou ver os meninos - disse o Xabi, indo para junto do filho. 
- Que se passa? - ele deu-me um beijo na testa, agarrando-me pela cintura. 
- Bem...tirando o facto de ter sido insultada pelo meu irmão está tudo bem. 
- O quê...?
- Sim...para o meu irmão estou contigo porque só me interesso em homens e dinheiro. Que as minhas gravidezes são para te agarrar, basicamente. 
- O que!? 
- Pois...ainda me perguntas o porque de eu não me dar com eles? 
- Pois...mas e a tua avó?
- Bem, ela diz que está farta de viver com o Gonçalo e que não consegue descansar lá em casa...eu não te queria pedir isto, mas sou a única pessoa que ela tem cá em Madrid com quem fala...
- Não te preocupes. Ela pode ficar o tempo que quiser. 
- A sério? Eu não quero que estejas a fazê-lo por mim, Sergio...se não quiseres arranjarei uma solução. 
- Estás doida, só pode! Esta casa é nossa...logo se a tua avó precisa de um sítio para ficar, nem me devias estar a perguntar nada. Bastava apenas dizeres: a minha avó vai ficar connosco. 
- Oh...eu não iria fazer isso. 
- Eu sei que não...já sei que és uma teimosa do pior! 
- Até parece que sou a única! - o Sergio deu-me um beijo curtinho já que com todos os presentes ali as coisas entre nós não eram para dar tanto nas vistas. 

Depois de um belo jantar, as coisas estavam mais calmas. Com as crianças aqui por casa o ambiente ficava muito mais alegre, mais divertido, mais feliz. A Ane e a Daniela estavam as duas a olhar para a Esperanza, que estava deitada na alcofa em cima do sofá, mas acordada. Tinha um pilar da casa a separar-me delas, pelo que não me viam, mas eu conseguia ouvi-las a elas. Apesar de já ter 6 anos, a Daniela gostava muito de brincar com a Ane e as duas são as melhores amigas que poderiam ter uma à outra. 
- Achas que o nosso tio é feliz? - perguntava a Ane à Daniela. 
- É. A Ana é boazinha para ele. E para nós as três também.
- E para o meu mano também. 
- Sim.
- Ela na quer te bebés, shabes? 
- Como não?
- Não sei...ela diz que tem nós e que agora no quer. Mas ela quer.
- Se calhar tem medo. 
- Ter bebés é bom.
- Mas são chatos, Ane.
- Dani!! São tão fofinhos! Quero que a Miro e o meu papá tenham um bebé, vou pedir! - a Ane foi ter com o pai e eu cheguei perto da Daniela, ajoelhando-se junto do sofá.
- Como é que ela se está a portar? - perguntei. 
- Bem...acho que está a ficar com sono, Ana. 
- Queres ajudar-me lá em cima? 
- Pode ser. 
Peguei na Esperanza ao colo e fomos as três até ao andar de cima, indo até ao quarto da bebé. Comecei por retirar-lhe a roupa que tinha vestida, para lhe vestir o pijama. Pus-lhe o creme por causa da dermatite. 
Sabia que ela adormeceria sozinha, por isso deixei-a no berço, sentando-me no sofá do quarto com a Daniela. 
- Ela adormece sozinha? - perguntou ela, curiosa. 
- Sim.
- Então não precisas de ajuda...
- Não...eu queria falar contigo, achas que pode ser? 
- Sim. Mas o que é que se passa? 
- Nada. É só que...eu tenho medo de ter bebés. 
- Tu ouviste a minha conversa com a Ane!? Isso não se faz Ana! 
- Eu sei desculpa...mas vocês estavam a falar e calhou eu ouvir. 
- Mas porque é que tens medo? - ela chegou-se para junto de mim, dando-me uma festinha na cara. 
- Não sei...tu percebes o que aconteceu com os bebés?
- Sim...eles morreram antes de nascer. É por isso que tens medo?
- Mais ou menos. E...se eu não conseguir ter nenhum bebé, Daniela? 
- Tu consegues...tens de fazer é o tio conseguir também. 
- Hã?
- Um bebé vem dos dois. De ti e do tio. Se calhar o que falta é o tio deixar de ter medo. 
- Como é que tu com seis anos consegues ser assim? 
- Eu tenho sete! 
- Peço desculpa... - dar menos anos a uma criança...não é propriamente o que eles gostam.
- Eu só estou a dizer o que penso. O tio não queria ser pai. Mas agora quer. E se calhar tem medo de não saber ser. 
- Tu...falas estas coisas com a tua mamã, não é? 
- Sim. Eu e a mãe falamos de tudo. De vocês, de todos. É bom. 
- É mesmo muito bom, querida - abracei-a e senti uma lágrima cair-me pelo rosto - vais ser uma prima muito boa para os teus primos e uma mana linda para os teus manos. 
- Eu não quero manos! E os pais também não. São chatos - ela olhou para mim, limpando-me a cara - mas quero primos e o tio quer filhos. Com tempo chegam lá...têm é de treinar. 
- Trei...hã? 
- Eu sei que os bebés não vêm da cegonha! O pai explicou-me. 
- Explicou-te? 
- Sim...que o pai e a mãe fazem o amor e depois, se a semente do pai quiser, deixa um bebé na mãe. 
- O teu pai...podia ter esperado para te explicar isso. 
- Não faz mal. Mas ele disse para eu não fazer o amor.
- Pois claro que disse. Pai é pai e irá dizer sempre isso. Só podes fazer o amor quando encontrares o teu príncipe, está bem?
- Sim. Ana...?
- Diz.
- O tio é o teu príncipe?
- É...é o meu rei. 
- Tu também és a rainha dele - ela sorriu e de seguida levantou-se, saindo do quarto. Percebi que ela tinha encontrado o Sergio...era audível a festa que eles faziam no corredor. 
Pouco depois, tinha essa confirmação: o Sergio entrou pela porta do quarto da Esperanza. 
- Estás aqui...
- Sim.
- Ela adormeceu? 
- Estava cansada. A Daniela esteve aqui...
- Cruzei-me com ela... - o Sergio sentou-se ao meu lado encostando as nossas testas - que se passa? 
- Nada...
- Não és boa a mentir, Ana Moreira. 
- Às vezes gostava de saber quando é que me começaste a conhecer assim tão bem.
- Ontem.
- Hã?
- Todos os dias te vou conhecendo melhor. 
- E eu a ti...
- Esquece o que aconteceu com o teu irmão...
- Ele disse coisas muito más, Sergio... - ao relembrar o que tinha acontecido no escritório, as lágrimas começaram a escorrer sem que eu as conseguisse travar. 
- Ei, ei, ei... - o Sergio colocou as suas mãos na minha cara, fazendo-me olhar para ele - tens de ter calma...isto vai passar. 
- Eu sei...mas queria começar a ter uma família e o Gonçalo deitou tudo a perder. 
- Ele há-de cair em si e perceber que o que te disse hoje não tem qualquer sentido. 
- Obrigada.
- Porque? 
- Por seres o meu rei. 
- Serás sempre a minha rainha - encostei a minha cabeça no peito dele e ficámos ali um tempinho. 

A noite, tirando o incidente com o meu irmão, tinha corrido bem. O pai do Xabi tinha aparecido de surpresa para o visitar e acabou por ser um serão bem passado. 
Mais um dia começava para mim...acordei, tomei duche e vesti-me:


Despedi-me do Sergio e da Esperanza, mesmo que eles estivessem a dormir, e fui até à redacção do jornal. Todo o dia andei de volta de um texto que ainda tinha de terminar sobre o jogo do Barcelona (apenas para ser avaliada a minha forma de escrever). 
Quando estava a sair da redacção para a hora de almoço (e depois seguiria para casa porque tinha de começar a reportagem...sobre alguém) chegou uma colega minha junto de mim:
- Deixaram isto para ti - disse entregando-me um ramo de flores. 
Flores!? No trabalho...o Sergio assim iria dar nas vistas muito depressa. Abri o cartão que lá tinha e...fiquei completamente surpreendida pelo seu conteúdo: 

Tem um bom dia e mantém esse sorriso nos lábios. Mereces ser feliz e o Sergio dá-te isso. O teu amigo, Mario. 

O Mario...o meu Mario. Irá ser o meu Mario, porque é meu amigo e...gostava de estar com ele em breve. 
Sai do jornal e, já no carro, partilhei uma fotografia no twitter: 

Lindas, cheirosas e cheias de amor. Tua amiga, Ana. Gostei muito, Mario. 
Fui para casa e quando lá cheguei tinha a minha avó na sala com a Esperanza nos braços. 
- Como está avó? - perguntei, dando-lhe dois beijinhos e um na testa da Esperanza. 
- Muito bem. Obrigada por me teres deixado ficar aqui. 
- Não tem de agradecer nada...
- O teu irmão...
- Podemos não falar sobre isso?
- Claro. 
- O Sergio? 
- Ele já veio do treino, mas disse que ia comprar uma coisa. 
- Então eu vou só vestir algo mais prático e depois fazemos o almoço, sim? 
- Claro. 
- Não se importa de ficar com ela?
- Claro que não, vai lá.
Subi até ao quarto, vestindo uma roupa mais larga. 
- Agora o Mário manda-te flores para o trabalho? - a voz do Sergio naquele quarto silencioso assustou-me. 
- Que susto! 
- Desculpa.
- Olá Sergio, como é que estás? Sim o meu dia correu bem e o teu? Ah que bom...olha pois mandou, ele é meu amigo e tu não tens de estar com ciúmes porque o meu coração é teu. Ah oh eu também te amo. Era melhor assim, não?
Desatamos os dois a rir e ele aproximou-se de mim, dando-me um beijo. 
- Sou ciumento...aquele ramito de flores mexeu comigo. 
- Nunca me deste nenhum, verdade seja dita. 
- Por isso mesmo... - ele saiu do quarto, voltando a entrar com o maior ramos que eu alguma vez tinha visto - o maior e melhor primeiro ramo de flores que te dou. 
- Sergio...! - lá com alguma dificuldade, consegui pegar nele - isto é enorme!!
- Tinha de surpreender de alguma maneira. 
- O tamanho não conta...é bom saber que tu com ciúmes me fazes surpresa! - aproximei-me dele, dando-lhe um beijo - obrigada. 
- De nada. 
Saímos os dois do quarto e antes de chegar perto da minha avó, mesmo no corredor, pedi ao Sergio que me tirasse uma foto com o ramo dele. Teria de partilhar aquilo com todos. 

Namorado ciumento, namorado romântico. Te quiero mucho mi rey, Sergio
Fomos até à sala e, enquanto o Sergio ficou a tomar conta da Esperanza, eu e a minha avó fomos até à cozinha fazer o almoço. 
- Ana?
- Sim, avó?
- Acho que deverias saber o porque de eu saber espanhol...
- Quer contar-me?
- Sim...
- Diga - parei de fazer o que estava a fazer e olhei para ela. 
- Ele esteve cá ontem à noite.
- Ele? 
- A razão de eu saber espanhol...é o pai do Xabi. 
O pai do Xabi? Como é que pode ser o pai do Xabi a razão de a minha avó saber espanhol? Algo me diz que revelações vêm a caminho.



Olá meninas!
Espero que tenham gostado do capitulo e que deixem as vossas opiniões. Queria dedicá-lo à minha maior companheira: Ana Rita Pereira. Pediste, aqui está ele! É teu e quero-te bem e para sempre.
Beijinhoos a todas :)
Ana Patrícia.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

43 - "Ana Filipa Sousa Moreira, aceitas casar comigo?"

Qualquer um me pode julgar. Qualquer um me pode criticar, dizer o que pensa, opinar ou mandar ideias sobre aquilo que sou. Mas são poucos, muito poucos, aqueles que me conhecem verdadeiramente, que me conhecem mesmo sem eu fazer qualquer tipo de esforço para que me conheçam. Essas pessoas são família. Mesmo que não o sejam de sangue. Aqueles que me conhecem verdadeiramente, que me compreendem, que me tentam sempre ajudar...resumem-se a 4 seres: a Miranda, o Sergio, o Xabi e a Esperanza. Todos eles, sem excepção, me ajudam todos os dias. São família de verdade...e não como aquela que é de sangue e pouco quer saber de mim.
- Em que pensas tu, Nita?
- Que é que me chamaste? -
estava distraída, mas era a primeira vez que ele me chamava isto.
- Nita, não me perguntes porque, porque eu não faço ideia. Mas olha é uma junção de tudo o que tu és: Anita, bonita, pequenita, fofita, lindita, perfeitita.
- Olha, pronto, avariou de vez.
- Não sejas má para mim, Nita.
- Agora não te vais calar com isso?
- Não gostas?
- Estás à vontade, meu...que nome para ti?
- Sergio, amor...eu amo quando me dizes "meu amor".

- Aí é? Então anda cá, meu amor - o Sergio estava sentado no sofá, eu deitada com as pernas em cima das dele. Ele desviou as minhas pernas um bocadinho para o lado, para, de seguida, se meter em cima de mim.
Tinha saudades de estar assim com ele, de sentir a respiração dele na minha cara, de sentir o coração dele bater juntamente com o meu, de sentir as mãos dele a passear no meu corpo, de me sentir desejada, amada e...de estar em casa.
- Quando a Esperanza acordar temos de lhe dar banho. Depois lá em casa do Xabi se ela adormecer já não temos de nos preocupar - disse eu, colocando as minhas mãos no pescoço do Sergio.
- E até lá?
- Até lá, ficamos aqui e nada de inventares! Temos as noites para fazer tudo.
- Ai agora é só de noite? Já nem é quando se quer?
- Vá...é quando quisermos mas controla-te porque ainda não me sinto a 100%.
- Ficas-te assim tão cansada da nossa noite?
- Não...estou mesmo a falar da constipação. Será que tu ainda pensas mais em sexo do que antes?
- És tu, o teu corpo e a perfeição das nossas horas de sexo que me fazem isto.
- Sergio Ramos García!
- Ana Filipa Sousa Moreira, aceitas casar comigo?

Vi na cara do Sergio a certeza daquela pergunta. A determinação no olhar e a expectativa por uma resposta. Só eu lha posso dar. Só eu lhe posso dizer que sim, ou não. Só eu lhe posso dar a felicidade de uma resposta positiva ou só eu lhe farei a desilusão de uma resposta negativa.
Estávamos os dois a olhar um para outro e a minha cabeça a 1000 km/hora.
- Sergio...o que...que é - as palavras pareciam querer sair todas ao mesmo tempo, mas não saíam como deve ser...tudo tão complicado.
- Calma - o Sergio sentou-se no sofá e eu acabei por fazer o mesmo...conversas sérias eram o mote da nossa tarde e era mesmo isso que está para acontecer - tenho a perfeita noção de que agora estamos a começar uma fase nova do nosso relacionamento, tu estás de novo a trabalhar no jornalismo, temos a Esperanza pelo menos mais 5 meses connosco. Ao fim desses 5 meses, ou ainda com a menina cá, fazemos um ano juntos. Dia 7 de Janeiro faz um ano que te amo. Faz um ano que nos conhecemos em Zurique. Não te peço em casamento para ficar bem na foto...não, não é isso que estou a fazer. És a mulher da minha vida e quero que tenhas o meu apelido, quero ter o teu. Não hoje, nem amanhã. Casamos quando acharmos que estamos preparados. Mas até lá...eu queria que fôssemos noivos.
- Sergio...prometemos que íamos com calma e, agora, estás a pedir-me...algo...muito sério. Eu quero ser a tua namorada, a tua companhia todos os dias...sermos...noivos, isso para ti significava o que?
- Significava que eu me comprometia a sério contigo, que te garantia que estava realmente comprometido.
- Na minha opinião...não precisamos disso Sergio... -
aproximei-me dele, colocando as minhas mãos na cara dele - a sério que o que tu queres que o noivado signifique é aquilo que eu um dia desejei que acontecesse...mas, meu amor, tu já és tudo o que eu algum dia sonhei. És um homem atento, preocupado, feliz, sorridente. Tu és maravilhoso Sergio! És o homem da minha vida, és mesmo! Eu não respondo à tua pergunta com um sim ou um não. Digo-te apenas que...iremos casar, ficarei com o teu apelido e tu, se o desejas, ficas com o meu. Eu agora quero-te todos os dias sem pressão. Precisamos de paz e, se queres saber estarás para sempre ligado a mim. És a minha metade, a minha força, o meu amor. Eu amo-te Sergio e não precisamos de estar noivos para eu saber que estás a ser sincero.
- Eu...também não tinha anel.
- Queres melhor anel do que o nosso? -
juntei a minha mão esquerda com a mão esquerda dele, as mãos onde estavam os anéis da família.
- Eu amo-te tanto, mi vida!
- E eu te amo muito mais!
- Eu amo infinitos!
- E eu amo-te infinito vezes infinito. Os meus país amavam-me assim e eu hoje sei o que é amar assim -
o Sergio puxou-me para ele, beijamo-nos para acabar com aquela conversa, não eram precisas mais palavras...era preciso dar lugar aos gestos. Os beijos, o toque...também isso me dava a certeza de que sou completamente apaixonada por ele.

****

- Vá lá Sergio! A menina não pode estar só de camisola - estamos à quase 10 minutos à "porrada" porque o menino Sergio decidiu tirar-me as calças da menina.
- Era pior se ela estivesse sem camisola. E está tão sossegada na alcofa que nem se deve importar.
- Mesmo assim! Ainda tenho de ir tomar duche e vestir-me. E combinámos daqui a 20 minutos em casa do Xabi.
- Ai...gosto tanto de ti toda stressada! -
o Sergio atirou-me para cima da cama e, sinceramente, chegar a horas era algo que não ia acontecer!

****

- Eu disse que íamos chegar atrasados! - tinha ficado combinado com a Miranda às 19:30h. Pois bem...com a “brincadeira” do menino Sergio, o atraso tinha sido de meia hora. Parece que a ele não lhe chega uma noite como a que tivemos para aguentar 24h seguidas sem sexo. Ainda não tinha feito 24h desde o nosso regresso e já tínhamos feito amor outra vez. Sim...já sei que somos viciados, mas...que fazer para não o ser? Abstinência? Não dava. Para nós não dava mesmo.
- Achas que eles se importam? Tu és irmã da Miranda, eu é como se fosse do Xabi. Estivemos separados quase vinte dias e tu achas que eles não sabem o que andamos a fazer?
- Mesmo assim Sergio! -
depois de colocar a Esperanza no babycoque, peguei nele e começámos a caminhar em direcção à porta de entrada – toca à campainha.
- Eu tenho as chaves.
- Não! Sergio, toca à campainha. Aposto que o Xabi também tem a chave de tua casa e não anda lá a entrar com ela cada vez que lá vai.
- Mas o que é que se passa contigo? Ficaste um bocadinho mal disposta, não? -
ele agarrou-me pela cintura, beijando-me o pescoço.
- Desculpa...não gosto de chegar atrasada. É só isso.
- Relaxa amor, é só a Miranda e o Xabi. Eles entendem.
- Desculpa ter descarregado em ti –
virei-me para ele, dando-lhe um beijo curtinho nos lábios.
O Sergio lá tocou à campainha como lhe pedi e pouco tempo depois estavam a abrir a porta. Era o Xabi com a Ane, a sua princesinha de três anos, ao colo. Segundos depois apareceu o Jon (de cinco anos) que se colocou do seu lado.
- A Miranda já estava a pensar que tinham ficado a...esqueçam, há crianças por aqui – algo muito impróprio ia sair daquela boca! Mas ainda bem que se calou.
- É melhor calares-te é! Olá Ane! - era mais fácil cumprimentá-la primeiro, já que estava ao colo do Xabi. Dei-lhe um beijinho naquela bochecha rechonchuda entrando em casa. Coloquei o babycoque no chão e peguei no Jon ao colo. Já tinha estado com os meninos várias vezes. A primeira foi no dia do almoço em que anunciámos o Santiago. Depois, e já aqui em casa, passei quase todos os dias com eles, exceptuando a ultima semana. São uns amores de meninos, super simpáticos e fazem de mim uma tia babada. O Xabi fez questão que eles assim me tratassem...e eles assim o fazem – ai que o Jon está cada vez mais pesado! - decidi meter-me com ele, dando-lhe um beijinho.
- Eu estou a crescer tia! É normal.
- É normal sim! E ainda bem que assim é!
- Desde quando é que chamas tia a essa aí? -
perguntou o Sergio, retirando o Jon do meu colo e fez, com ele, o avião. Escusado será dizer que as duas crianças se riam. E...quando digo duas crianças refiro-me ao Jon e ao Sergio.
- A Ana é mana da Miro, que é namorada do pai. As manas da minha mãe são minhas tias, logo a Ana é minha tia. Foi o pai que explicou a nós – o Xabi, realmente, tinha-lhes explicado tudo com todos os detalhes mas, quando é o Jon ou a Ane a explicarem, parece que as palavras ganham uma nova vida – pai!? - o menino chamou o Xabi, parecendo um pouco confuso.
- Que pasa, Jon?
- Se o tio Sergio já é tio, como é que fica se namora com a tia Ana? -
aquelas confusões que eles fazem com os graus de parentesco...delicia!
- Fica tio na mesma – respondeu o Xabi, colocando a Ane no chão. De imediato, a menina veio ter comigo, mas baixou-se ficando juntinho à Esperanza. Baixei-me também começando a mexer nos caracóis dela. Aquele cabelo é perfeição. É mesmo daquelas meninas cheias de caracolinhos e nada faz para os esconder.
- Tina saudades de vocês... - disse ela baixinho.
- Tinhas? Agora a tia e a Esperanza estão cá outra vez.
- E o tio Sergio? Também vai morar com todos cá?
- Princesinha –
sentei-me no chão e puxei-a para o meu colo. Os rapazes foram até à sala e nós ficámos ali as três junto à porta – a tia agora vai morar em casa do tio Sergio.
- Acabaram de tar chateados?
- Acabámos...
- E vão fazer mais bebés?
- Não...por agora não princesa. Temos a Esperanza, temos-te a ti e ao teu mano, temos a Daniela...não vamos ter bebés. Por agora.
- Depois quando tiverem trazes cá a casa?
- Claro! E tu vais lá a casa também.
- Mas...tia? -
ela olhou para mim e vi que os seus olhinhos estavam demasiado brilhantes...iria chorar a minha pequena? - tu não vas deixa de gosta de mim, pois não? Eu não queria...eu gosta muito de ter tia Ana.
- Oh pequenina! -
puxei-a ainda mais para mim e ela abraçou-me, apertando-me mesmo. Estes abraços valem às vezes mais que palavras – a tia vai estar sempre contigo. Vamos morar em casas diferentes, mas serei sempre, sempre tua tia. E vou amar-te sempre como se fosses minha sobrinha de verdade – olhei para ela, que estava a chorar – não chores meu amor.
- Eu tou a chorar de contente. É que...eu tou a gostar muito da Miro como minha mamã dois e de tu como tia. Eu não quero que vão embora.
- Nós não vamos Ane. Porque é que estás assim?
- Tive um sonho mau. Que vocês deixavam-me.
- A tia promete que nunca te deixa, sim?
- Sim.
- Anda cá –
voltei a abraçá-la e foi impossível não soltar uma lágrima com tudo o que tinha acabado de acontecer. Não pensei que a Ane estivesse assim tão ligada à Miranda e, muito menos, que me achasse uma tia de verdade que ela não queria perder. Estávamos as duas abraçadas quando a Esperanza começou a chorar, era hora do biberão.
- Não tenas ciúmes – disse a Ane, afastando-se um bocadinho de mim para olhar para a menina. Peguei na Esperanza, colocando-a sobre as pernas da Ane sempre agarrando na cabeça dela já que a Ane a segurava no resto do corpo.
- Ela está com fome.
- Posso ajudar?
- Claro! Vamos levantar... -
apercebi-me que a tarefa era difícil...mas como o meu anjinho anda sempre por perto, fez com que a Miranda aparecesse.
- Então estão a acampar no hall de entrada e não me diziam nada? - a Miranda riu-se, mas depressa pegou na Esperanza, enquanto que eu e a Ane nos levantámos também. Peguei nela ao colo e dei dois beijos nas bochechas da Miranda.
- Temos de ir dar papinha à Esperancia – como adoro quando os bebés falam...tornam palavras banais em delicias maravilhosas que me derretem toda.
- Vais ajudar a Ana? - perguntou a Miranda enquanto caminhávamos em direcção da cozinha.
- Vou.
Depois de aquecer o biberão para a Esperanza, fomos até à sala para nos sentarmos no sofá. Só estava lá o Sergio, já que o Xabi tinha ido com o Jon até ao andar de cima. Sentei-me num dos sofás com a Esperanza ao colo e a Ane acabou por se sentar na minha perna de maneira a ficar a agarrar no biberão. Enquanto que ela se manteve interessada correu tudo bem, mas bastou ver o irmão com a consola e o pai para sair do meu colo e ir ter com eles.
- Que é que andaram ali a falar no hall? - perguntou o Sergio, sentando-se do meu lado.
- Coisas nossas...a Ane está a apegar-se muito à Miro...e a mim.
- À Miro já tinha percebido...mas a ti?
- Sim...ela sonhou que eu e a Miranda íamos embora e já chorou ali e tudo porque tem medo que eu me vá embora.
- Vês o impacto que tu tens na vida das pessoas? Por alguma razão também eu tenho esse medo.
- Eu não vou sair mais de Madrid...só devo ir a Portugal quando precisar mesmo. Nas férias ou assim...irei sair de Madrid só em trabalho...irei a Málaga por causa da Pilar...mas Madrid é a minha casa. Tudo...por ti.
- Por mim?
- Se não tivesse existido aquele fim de semana...eu não sentia que aqui é que a minha vida faz sentido. Eu não sentia que tu é que fazes sentido. Não sentia que quero...mais que tudo...ser mãe e não consigo.
- Ana...
- Não, eu não vou falar sobre isto...não aqui, não com eles por aqui. Mas...preciso de desabafar. Já o fiz com a Miranda...mas contigo não. Há coisas que precisas de saber.
- Coisas?
- Sim...não tenhas medo que não é nada relacionado com infertilidade ou assim...mas depois falamos –
dei-lhe um beijo curtinho para, de seguida, passar a Esperanza para o colo dele – faz com que ela arrote. Vou ajudar a Miranda – voltei a dar-lhe um beijo e fui até à cozinha ajudar a Miranda.

****

Sergio:

Ter a Ana em casa, de novo, é inexplicável. Não é só a pessoa que está de volta. São os sentimentos, o cheiro, o toque, os beijos, as palavras...tudo o que envolvia a Ana está de volta. Há, de novo, aquele brilho em casa.
O jantar em casa do Xabi e da Miranda foi bom, se bem que tanto eu como a Ana ficámos com a sensação de que eles tinham alguma coisa para dizer, alguma coisas a partilhar, mas não o fizeram.
Já tínhamos chegado a casa à cerca de uma hora, já estava deitado, mas a Ana ainda foi uma última vez ao quarto da Esperanza. Nunca conheci mulher como ela. Depois de tudo o que aconteceu com a Pilar, de, em certo modo, ela ser a responsável pelo primeiro aborto da Ana...ela consegue cuidar da Esperanza como se nada se tivesse passado. Estava perdido nestes pensamentos, quando ela se enfia na cama beijando-me as costas.
- Ela está a dormir...
- Eu disse-te –
virei-me para ela e aconchegámo-nos um no outro...o que eu mais ansiava era isto...tê-la nos meus braços, ser a última pessoa que eu via antes de dormir e ser a primeira a ver ao acordar – como é que vão ser os próximos dias?
- Trabalho...trabalho e trabalho. Na sexta, da parte da tarde, a Antonella e o Paco vêm ver a neta,
- A serio?
- Sim.
- Era para ir lá eu com a menina para a Pilar também a ver, mas os médicos acham melhor não.
- Tens falado com a Antonella?
- Sim...ela liga-me todos os dias para saber da menina.
- Não sabia...
- Talvez me tenha esquecido de te dizer isso...desculpa.
- Não tem mal, Nita.
- Sergio...
- Diz?
- Em relação àquilo que queria desabafar contigo...

- Sim...
- Eu já fiz imensos testes e está tudo bem. Mas tenho medo...não consegui aguentar nenhuma das gravidezes...tenho medo de não conseguir ser mãe, Sergio.
- Ei...mas nos testes está tudo bem?
- Sim...
- Então...vou apenas dizer-te duas coisas. Primeiro: os abortos...aconteceram porque tinha de ser assim. Quando estavas grávida...quando soube que ia ser pai foi tudo tão especial, tudo tão mágico. Pela primeira vez tive a certeza de que queria ser pai, tu deste-me essa certeza. Segundo: tu nasceste para ser mãe. Vejo isso quando estás com a Esperanza, mas já via isso quando estavas com os filhos do Xabi, quando estavas com a minha Daniela. Alguma razão terá de existir para os teus abortos...pode ser o stress, poderás ter de fazer repouso na tua próxima gravidez, mas...tu vais ser mãe. Vais ser mãe de um menino, de uma menina, ou quem sabe de dois meninos e duas meninas. Serás mãe porque eu vou fazer de tudo para que voltemos a tentar, para que tu sejas a mãe dos meus filhos e eu seja o pai dos teus. Vejo no teu olhar que ser mãe é um sonho teu, sei disso com todas as minhas certezas.
- Oh... -
disse-lhe tudo aquilo que queria dizer. Ela teria de ouvir, era preciso. Mas, nos olhos dela, não via quase nada. Neste momento só via que ela estava cansada, que ela estava triste, magoada... - obrigada por me conheceres assim, meu amor.
- Por favor...não me tens nada que agradecer. Tenta descansar...vejo que estás cansada.
- Isso é da constipação...o que eu quero mesmo...é treinar bebés contigo.
- Queres o que?
- Ai queres as palavras todas?
- Quero!
- Então eu dou-te –
apesar de já ter percebido o que ela queria...está na minha frente a minha Ana. A Ana que aceitou um fim de semana em Madrid comigo, mesmo não me conhecendo. Só...por causa da fama. Ela aproximou-se do meu ouvido, mordendo a orelha – eu quero sexo contigo Sergio! Estou necessitada... - fazia agora 24h que nos voltámos a aproximar. 24H desde que me voltei a sentir homem, que me voltei a sentir eu, que me voltei a sentir vivo. Fazia agora 24h e, tanto ela como eu, precisávamos do mesmo. Não é só sexo...é sermos um do outros, sentir de novo que estamos juntos, que somos um.
Coloquei-me em cima da Ana e iniciámos ali...mais um momento só nosso. Um momento como mais nenhuma mulher me dá.



4 dias depois
Ana:

Tinha sido uma semana de trabalho, trabalho e mais trabalho. Todos os bocadinhos livres eram para descansar, em casa, com o Sergio e a Esperanza. Começava a ser a rotina: acordar às 7 da manhã, tomar duche, vestir-me e tomar o pequeno-almoço. Despedir-me do Sergio e da Esperanza (mesmo que estivessem a dormir), ir para a redacção do jornal e começar a trabalhar. Depois voltava a casa por volta das cinco da tarde e passava o resto do dia a dar e receber mimos.
Era esta a nossa rotina.
E comecei a valorizar os pequenos gestos. Quando o Sergio me fica a olhar no banho, quando fico só encostada no peito dele, quando existe um toque, quando há um beijo. A Esperanza...consegue ter aqueles olhinhos sempre despertos nos momentos certos. Mas é tão bom.
Hoje, uma sexta-feira muito mais leve! E ainda bem. Só trabalhei da parte da manhã, almocei com o Sergio e a Miranda (que anda cada dia mais esquisita), e agora era altura de esperar pela Antonella e o Paco. Tinha ficado combinado que eles vinha até cá a casa, por volta das 16h.
Estava no chão da sala, em cima da carpete e da manta que tínhamos colocado lá, com a Esperanza que brincava com os seus brinquedos, quando tocaram à campainha. O Sergio foi abrir e eram os avós da menina. Levantei-me e peguei nela ao colo, esperando que eles chegassem.
- Buenas tardes – disse-lhes, cumprimentando cada um.
- Ela está tão linda – a Antonella estava muito emocionada. E o Paco também! Passei a menina para o colo da avó que se desfez em lágrimas – ela está tão parecida com a Pilar... - sim, estava mesmo. Olho muito clarinho e cabelo bem escuro. Vê-se mesmo de quem é filha.
Eles sentaram-se no sofá e eu no outro com o Sergio. Era perfeitamente visível que eles estavam felizes. Falamos sobre a menina, sobre a Pilar e de como tudo estava. Aquela conversa que é preciso ter. Eles acabaram por jantar connosco e ainda deram biberão à neta e o banhinho. Creio que estes momentos são importantes.
Enquanto eles estavam a dar-lhe o banho, vi que tinha recebido uma mensagem da Miranda. Abri-a e comecei a ler:

Preciso imenso de ter um momento só nosso...amanhã eles jogam e no Domingo é o jantar aí em casa. Achas que podemos passear amanhã à tarde por Madrid?



Antes de lhe mandar sms, liguei-lhe. Bastaram dois toques para ela atender.
- Buenas noches! - disse-lhe.
- Ana...
- Que se passa Miro? -
percebi que a voz dela estava um pouco murchita.
- Oh...estou num daqueles dias esquisitos e estou a precisar de ti. Tenho saudades de quando vivias aqui.
- Oh mi amor...amanhã sou toda tua!
- Sem Sergio e Xabi? Só nós?
- Só nós! Espera...tenho de levar a Esperanza...
- Oh...echo de menos esa pequeña.
- Então amanhã seremos as duas tuas!
- Que bom! -
a voz dela ficou muito mais animada...acho que estávamos as duas a precisar de estar juntas tenho uma coisa para te contar.
- Eu já sabia!
- Sabias?
- Sim. Miranda, não me enganas, conheço-te melhor que ninguém!
- Pois conheces...mas desconfias do que seja?
- Não, e tu só me vais contar amanhã?
- Só!
- Má!
- Eu também te amo Ana! -
rimo-nos as duas e, depois de mais dois dedos de conversa acabámos por desligar.

Na tarde do dia seguinte:

Decidimos não andar por perto do Barnabéu. Em dia de jogo a confusão seria mais que muita, por isso andámos por zonas mais afastadas do estádio.
Sentámo-nos num banco de jardim a comer gelado.


- Que se passa, Miro?
- Não é nada de mal...quer dizer, eu não sei ao certo como te contar porque é uma coisa que tu queres, mas que eu não queria muito e eu agora não sei como te contar porque... -
ela falava tão depressa que não consegui raciocinar como deve ser. Segurei-lhe na mão e ela respirou fundo.
- Se não é nada de mal é uma coisa boa, certo?
- Sim...
- Então, se é uma coisa boa vamos ficar felizes e toca a contar tudo a mim.
- Eu...estou grávida. De dez semanas. E o Xabi está super feliz. E já sabemos há três semanas mas como foi...na altura em que andavas mal por causa do Santiago não contámos nada e agora...agora eu queria contar-te porque eu quero que estejas comigo, porque estou com medo, porque não sei ser mãe, porque não sabia que queria ser mãe até à pouco tempo...desculpa.
- Miro... -
como é que esta doida me estava a pedir desculpa por ir ser mãe? Por me ir dar um sobrinho que é vindo das pessoas mais lindas do planeta? É doida! - Miranda, Miranda...não sejas tonta! Vais ser uma mãe linda! Uma grávida linda, vais ter um homem a teu lado que será excepcional, tens-me a mim, ao Sergio, à Esperanza. Irás estar sempre connosco e nós contigo e com esse bebé que ai vem – coloquei a minha mão na barriga dela, mesmo que não se notasse nada – esses medos são normais, mas vamos fazer de tudo para que desapareçam porque...tu já estás a aprender ser mãe. A Ane e o Jon começam a ver-te mais como a namorada do pai deles...começas a ser a outra mãe deles. A Esperanza dá-se maravilhosamente bem contigo. Todos os bebés se dão bem contigo. O teu filho...será a tua extensão, a tua continuação com toques do Xabi...será um bebé amado, um bebé desejado e um bebé que a tia quer que venha cá para fora – já ela chorava, eu chorava...tudo porque a minha Miranda vai ser mamã e eu uma tia super babada.
- Gracias, gracias por tudo! Obrigada, a sério, obrigada por seres sempre a irmã que está comigo. Obrigada – não era preciso estar a agradecer...mas sempre fomos assim. Abracei-a e ficámos as duas simplesmente sentadas naquele banco de jardim a falar de bebés. Pela primeira vez ia ser tia...quer dizer, sou tia do Simão o filho do meu irmão Gonçalo...mas são tão poucas as vezes que o vejo que...não sei se me deva sentir tia.

No dia seguinte:

Estava a ser uma noite em família. Tinham vindo os meus tios Ricardo e Elsa com o meu primo Sergio (que já tem 15 meses), os pais do Sergio com a Daniela (os irmãos dele não puderam vir porque estão em trabalho), o Xabi, a Miranda, a Ane e o Jon.
Era família...aqueles que eu chamo de família. Estava a assistir a um momento de brincadeira entre a Daniela e a Ane, quando tocam à campainha. Não esperava mais ninguém...pelo que fui surpreendida quando abri a porta.
- Vocês...?
- Esqueces-te que somos família...?


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Olá!!
Bom, hoje, dia 10 de Janeiro de 2014, faz um ano que iniciei esta aventura de escrever uma história com o Sergio Ramos. Por isso, estamos de parabéns! Estamos TODAS de PARABÉNS!



Amava juntar-me com vocês para celebrar esta data. Amava faze-lo porque sinto que esta, talvez, seja a minha história que é mais seguida. É, entre todas, a que tem mais visualizações (são mais de 11.400!!), é a que tem mais comentários (são 294), e, se tudo correr bem, será a que terá mais capítulos publicados (descansem que só pretendo terminá-la daqui a muito tempo!).
Sinto que, com esta história, a minha escrita mudou. Foi com ela que mudei, com ela que descobri que sei escrever mais ou menos e que consigo pensar, mesmo que seja uma confusão!

Este capitulo 43 é para TODAS VOCÊS!
É para cada uma de vocês que lê, para cada uma que comenta, para cada uma que me toca no coração com cada palavra! A vocês o meu MUITO OBRIGADA!!
Promessas para este próximo ano de «Veo Que Te Debo Tanto y Lo Siento Tanto»? Bem...deixo umas pistas:
- Bebés;
- Bebés;
- Casamentos;
- Casamentos;
- Doidas varridas;
- Drama!
Não querem que conte tudo, não é? Garanto-vos: tudo farei para que continuem desse lado!

Mais uma vez: MUITO, MAS MESMO MUITO OBRIGADA E FELIZ CUMPLE «VEO QUE TE DEBO TANTO Y LO SIENTO TANTO»