quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

44 - "Tu só vês homens, dinheiro e fama à tua volta."

- Vocês...?
- Esqueces-te que somos família...? - na minha frente estava o meu irmão. O Gonçalo que conheci nem à um ano e que há quase um mês que não falava com ele. Com ele vinha a minha avó.
Desde que a minha avó veio viver para Madrid que eles têm aproveitado para estar os dois mais juntos. Isso não me incomoda...o que incomoda é o facto de simplesmente nunca mais terem perguntado como é que eu estava.
- Não...não me esqueci. Porque essa pergunta, Gonçalo? 
- Porque? Ainda perguntas? 
- É melhor irmos até ao escritório falar... - deixei-os entrar e encaminhei-me com eles rumo ao escritório. Creio que o único a ver-nos foi o Sergio e ainda bem que assim era. Se a Miranda ou o meu tio os vissem ainda era pior. Quando chegámos ao escritório, o único espaço onde se poderiam sentar era nas cadeiras da secretária...e foi o que fizemos. Eles de um lado e eu do outro. 
- Por onde é que querem começar? - perguntei. 
- Porque é que estas a agir desta maneira? 
- Que maneira Gonçalo? 
- À mais de um mês que não telefonas, que não nos visitas...o que é que se passa contigo? 
- Exactamente o mesmo que se passa com vocês. 
- Querida... - a minha avó ia a começar, mas eu sentia a necessidade de falar tudo de uma vez.
- Desculpe, mas desde que a avó veio morar para Madrid que pensei que as coisas entre nós pudessem ser melhores. Eu queria que as coisas dessem certo, que fossemos uma família. Mas vocês, vocês só quiseram saber um do outro. 
- Ana isso são ciúmes! Como é que podes estar com ciúmes?
- Não são ciúmes, Gonçalo. Eu vejo as coisas como elas são. Tudo bem que vocês não se conheciam muito bem, mas eu também não te conhecia o meu irmão. Vivi 24 anos sem saber que tinha um irmão e agora que tu apareceste...as coisas continuam como antes. 
- Porque tu não fazes nada para mudar. 
- O que? 
- Sim, é verdade. É essa a verdade, Ana. Eu, como teu irmão, tenho de te abrir os olhos. Tu só vês homens, dinheiro e fama à tua volta. Só queres estar com o Sergio, engravidar e conseguir algo com isso. 
- Eu não acredito que estou a acabar de ouvir isto...tens noção das merdas que estás a dizer? 
- Ana, olha a linguagem! - a minha avó alertou para a forma como eu estava a falar, mas estava irritada com tudo o que o Gonçalo tinha acabado de dizer. 
- Eu sou insultada...e ainda quer que tenha cuidado com a linguagem? É impossível. Eu não quero ouvir mais nada, podem sair se faz favor e esquecer mesmo que eu existo - o Gonçalo nada disse, levantou-se e começou a sair do escritório.
- Ana... - vi, nos olhos da minha avó que ela não estava bem, que me queria dizer alguma coisa. 
- Que se passa, abuela
- Nada...mas achas que posso ficar contigo? 
- Comigo? 
- Por favor, Ana... - nisto entra o Gonçalo, de novo, no escritório.
- Então, avó? 
- A avó fica comigo - acabei por dizer. 
- Tudo bem, eu depois venho buscá-la. 
O Gonçalo saiu e vi um sorriso formar-se nos lábios da mulher que tinha à minha frente. 
- Que se passa avó?
- Nada...só que eu casa dele é tudo uma confusão. Tem sempre lá amigos e quando eu quero dormir não consigo. 
- Bem...a casa não é minha, sabe disso?
- Sei...mas pensei que pudesse ficar por aqui. 
- Em principio pode...só tenho de falar com o Sergio. 
- Claro. 
- Vamos até à sala, então - fomos as duas até à sala. 
Quando lá chegámos, o Sergio ficou com um sorriso nos lábios. A família, para ele, é tudo...acho que o facto de eu ter poucas pessoas do meu sangue junto a mim o deixa, de certa forma, triste. 
Apresentei a minha avó a todos, que a receberam muito bem. Ela e o meu tio paterno não se falavam, devido a tudo o que se tinha sucedido no passado, mas quem sabe se não poderam recomeçar alguma coisa? 
Deixei a minha avó a falar com a mãe do Sergio e fui ter com ele, que estava com o Xabi.
- Sergio...posso falar contigo? 
- Eu vou ver os meninos - disse o Xabi, indo para junto do filho. 
- Que se passa? - ele deu-me um beijo na testa, agarrando-me pela cintura. 
- Bem...tirando o facto de ter sido insultada pelo meu irmão está tudo bem. 
- O quê...?
- Sim...para o meu irmão estou contigo porque só me interesso em homens e dinheiro. Que as minhas gravidezes são para te agarrar, basicamente. 
- O que!? 
- Pois...ainda me perguntas o porque de eu não me dar com eles? 
- Pois...mas e a tua avó?
- Bem, ela diz que está farta de viver com o Gonçalo e que não consegue descansar lá em casa...eu não te queria pedir isto, mas sou a única pessoa que ela tem cá em Madrid com quem fala...
- Não te preocupes. Ela pode ficar o tempo que quiser. 
- A sério? Eu não quero que estejas a fazê-lo por mim, Sergio...se não quiseres arranjarei uma solução. 
- Estás doida, só pode! Esta casa é nossa...logo se a tua avó precisa de um sítio para ficar, nem me devias estar a perguntar nada. Bastava apenas dizeres: a minha avó vai ficar connosco. 
- Oh...eu não iria fazer isso. 
- Eu sei que não...já sei que és uma teimosa do pior! 
- Até parece que sou a única! - o Sergio deu-me um beijo curtinho já que com todos os presentes ali as coisas entre nós não eram para dar tanto nas vistas. 

Depois de um belo jantar, as coisas estavam mais calmas. Com as crianças aqui por casa o ambiente ficava muito mais alegre, mais divertido, mais feliz. A Ane e a Daniela estavam as duas a olhar para a Esperanza, que estava deitada na alcofa em cima do sofá, mas acordada. Tinha um pilar da casa a separar-me delas, pelo que não me viam, mas eu conseguia ouvi-las a elas. Apesar de já ter 6 anos, a Daniela gostava muito de brincar com a Ane e as duas são as melhores amigas que poderiam ter uma à outra. 
- Achas que o nosso tio é feliz? - perguntava a Ane à Daniela. 
- É. A Ana é boazinha para ele. E para nós as três também.
- E para o meu mano também. 
- Sim.
- Ela na quer te bebés, shabes? 
- Como não?
- Não sei...ela diz que tem nós e que agora no quer. Mas ela quer.
- Se calhar tem medo. 
- Ter bebés é bom.
- Mas são chatos, Ane.
- Dani!! São tão fofinhos! Quero que a Miro e o meu papá tenham um bebé, vou pedir! - a Ane foi ter com o pai e eu cheguei perto da Daniela, ajoelhando-se junto do sofá.
- Como é que ela se está a portar? - perguntei. 
- Bem...acho que está a ficar com sono, Ana. 
- Queres ajudar-me lá em cima? 
- Pode ser. 
Peguei na Esperanza ao colo e fomos as três até ao andar de cima, indo até ao quarto da bebé. Comecei por retirar-lhe a roupa que tinha vestida, para lhe vestir o pijama. Pus-lhe o creme por causa da dermatite. 
Sabia que ela adormeceria sozinha, por isso deixei-a no berço, sentando-me no sofá do quarto com a Daniela. 
- Ela adormece sozinha? - perguntou ela, curiosa. 
- Sim.
- Então não precisas de ajuda...
- Não...eu queria falar contigo, achas que pode ser? 
- Sim. Mas o que é que se passa? 
- Nada. É só que...eu tenho medo de ter bebés. 
- Tu ouviste a minha conversa com a Ane!? Isso não se faz Ana! 
- Eu sei desculpa...mas vocês estavam a falar e calhou eu ouvir. 
- Mas porque é que tens medo? - ela chegou-se para junto de mim, dando-me uma festinha na cara. 
- Não sei...tu percebes o que aconteceu com os bebés?
- Sim...eles morreram antes de nascer. É por isso que tens medo?
- Mais ou menos. E...se eu não conseguir ter nenhum bebé, Daniela? 
- Tu consegues...tens de fazer é o tio conseguir também. 
- Hã?
- Um bebé vem dos dois. De ti e do tio. Se calhar o que falta é o tio deixar de ter medo. 
- Como é que tu com seis anos consegues ser assim? 
- Eu tenho sete! 
- Peço desculpa... - dar menos anos a uma criança...não é propriamente o que eles gostam.
- Eu só estou a dizer o que penso. O tio não queria ser pai. Mas agora quer. E se calhar tem medo de não saber ser. 
- Tu...falas estas coisas com a tua mamã, não é? 
- Sim. Eu e a mãe falamos de tudo. De vocês, de todos. É bom. 
- É mesmo muito bom, querida - abracei-a e senti uma lágrima cair-me pelo rosto - vais ser uma prima muito boa para os teus primos e uma mana linda para os teus manos. 
- Eu não quero manos! E os pais também não. São chatos - ela olhou para mim, limpando-me a cara - mas quero primos e o tio quer filhos. Com tempo chegam lá...têm é de treinar. 
- Trei...hã? 
- Eu sei que os bebés não vêm da cegonha! O pai explicou-me. 
- Explicou-te? 
- Sim...que o pai e a mãe fazem o amor e depois, se a semente do pai quiser, deixa um bebé na mãe. 
- O teu pai...podia ter esperado para te explicar isso. 
- Não faz mal. Mas ele disse para eu não fazer o amor.
- Pois claro que disse. Pai é pai e irá dizer sempre isso. Só podes fazer o amor quando encontrares o teu príncipe, está bem?
- Sim. Ana...?
- Diz.
- O tio é o teu príncipe?
- É...é o meu rei. 
- Tu também és a rainha dele - ela sorriu e de seguida levantou-se, saindo do quarto. Percebi que ela tinha encontrado o Sergio...era audível a festa que eles faziam no corredor. 
Pouco depois, tinha essa confirmação: o Sergio entrou pela porta do quarto da Esperanza. 
- Estás aqui...
- Sim.
- Ela adormeceu? 
- Estava cansada. A Daniela esteve aqui...
- Cruzei-me com ela... - o Sergio sentou-se ao meu lado encostando as nossas testas - que se passa? 
- Nada...
- Não és boa a mentir, Ana Moreira. 
- Às vezes gostava de saber quando é que me começaste a conhecer assim tão bem.
- Ontem.
- Hã?
- Todos os dias te vou conhecendo melhor. 
- E eu a ti...
- Esquece o que aconteceu com o teu irmão...
- Ele disse coisas muito más, Sergio... - ao relembrar o que tinha acontecido no escritório, as lágrimas começaram a escorrer sem que eu as conseguisse travar. 
- Ei, ei, ei... - o Sergio colocou as suas mãos na minha cara, fazendo-me olhar para ele - tens de ter calma...isto vai passar. 
- Eu sei...mas queria começar a ter uma família e o Gonçalo deitou tudo a perder. 
- Ele há-de cair em si e perceber que o que te disse hoje não tem qualquer sentido. 
- Obrigada.
- Porque? 
- Por seres o meu rei. 
- Serás sempre a minha rainha - encostei a minha cabeça no peito dele e ficámos ali um tempinho. 

A noite, tirando o incidente com o meu irmão, tinha corrido bem. O pai do Xabi tinha aparecido de surpresa para o visitar e acabou por ser um serão bem passado. 
Mais um dia começava para mim...acordei, tomei duche e vesti-me:


Despedi-me do Sergio e da Esperanza, mesmo que eles estivessem a dormir, e fui até à redacção do jornal. Todo o dia andei de volta de um texto que ainda tinha de terminar sobre o jogo do Barcelona (apenas para ser avaliada a minha forma de escrever). 
Quando estava a sair da redacção para a hora de almoço (e depois seguiria para casa porque tinha de começar a reportagem...sobre alguém) chegou uma colega minha junto de mim:
- Deixaram isto para ti - disse entregando-me um ramo de flores. 
Flores!? No trabalho...o Sergio assim iria dar nas vistas muito depressa. Abri o cartão que lá tinha e...fiquei completamente surpreendida pelo seu conteúdo: 

Tem um bom dia e mantém esse sorriso nos lábios. Mereces ser feliz e o Sergio dá-te isso. O teu amigo, Mario. 

O Mario...o meu Mario. Irá ser o meu Mario, porque é meu amigo e...gostava de estar com ele em breve. 
Sai do jornal e, já no carro, partilhei uma fotografia no twitter: 

Lindas, cheirosas e cheias de amor. Tua amiga, Ana. Gostei muito, Mario. 
Fui para casa e quando lá cheguei tinha a minha avó na sala com a Esperanza nos braços. 
- Como está avó? - perguntei, dando-lhe dois beijinhos e um na testa da Esperanza. 
- Muito bem. Obrigada por me teres deixado ficar aqui. 
- Não tem de agradecer nada...
- O teu irmão...
- Podemos não falar sobre isso?
- Claro. 
- O Sergio? 
- Ele já veio do treino, mas disse que ia comprar uma coisa. 
- Então eu vou só vestir algo mais prático e depois fazemos o almoço, sim? 
- Claro. 
- Não se importa de ficar com ela?
- Claro que não, vai lá.
Subi até ao quarto, vestindo uma roupa mais larga. 
- Agora o Mário manda-te flores para o trabalho? - a voz do Sergio naquele quarto silencioso assustou-me. 
- Que susto! 
- Desculpa.
- Olá Sergio, como é que estás? Sim o meu dia correu bem e o teu? Ah que bom...olha pois mandou, ele é meu amigo e tu não tens de estar com ciúmes porque o meu coração é teu. Ah oh eu também te amo. Era melhor assim, não?
Desatamos os dois a rir e ele aproximou-se de mim, dando-me um beijo. 
- Sou ciumento...aquele ramito de flores mexeu comigo. 
- Nunca me deste nenhum, verdade seja dita. 
- Por isso mesmo... - ele saiu do quarto, voltando a entrar com o maior ramos que eu alguma vez tinha visto - o maior e melhor primeiro ramo de flores que te dou. 
- Sergio...! - lá com alguma dificuldade, consegui pegar nele - isto é enorme!!
- Tinha de surpreender de alguma maneira. 
- O tamanho não conta...é bom saber que tu com ciúmes me fazes surpresa! - aproximei-me dele, dando-lhe um beijo - obrigada. 
- De nada. 
Saímos os dois do quarto e antes de chegar perto da minha avó, mesmo no corredor, pedi ao Sergio que me tirasse uma foto com o ramo dele. Teria de partilhar aquilo com todos. 

Namorado ciumento, namorado romântico. Te quiero mucho mi rey, Sergio
Fomos até à sala e, enquanto o Sergio ficou a tomar conta da Esperanza, eu e a minha avó fomos até à cozinha fazer o almoço. 
- Ana?
- Sim, avó?
- Acho que deverias saber o porque de eu saber espanhol...
- Quer contar-me?
- Sim...
- Diga - parei de fazer o que estava a fazer e olhei para ela. 
- Ele esteve cá ontem à noite.
- Ele? 
- A razão de eu saber espanhol...é o pai do Xabi. 
O pai do Xabi? Como é que pode ser o pai do Xabi a razão de a minha avó saber espanhol? Algo me diz que revelações vêm a caminho.



Olá meninas!
Espero que tenham gostado do capitulo e que deixem as vossas opiniões. Queria dedicá-lo à minha maior companheira: Ana Rita Pereira. Pediste, aqui está ele! É teu e quero-te bem e para sempre.
Beijinhoos a todas :)
Ana Patrícia.

5 comentários:

  1. Olá!. Gostei muito deste capitulo :)
    O inicio começa bem, não haj duvidas -_-...aquele Gonçalo é um pouco otário, não? -_-...não gostei da atitude dele e espero que caia em si e peça desculpa á Ana, afinal são irmãos.
    Amei o ramo do Mário e ri-me com o ataque de ciúmes do Sérgio e também adorei aquele ramo enorme, que namorado romântico mais ciumento ;)
    Deixa-me que te diga, mas a conversa da Daniela sobre os filhos e cegonhas...foi no mínimo...surpreendente, a miúda já sabe tudo de cor e saltiado :P
    Espero pelo próximo sff
    Bjs

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  2. Olá!
    Ameii!!
    So o início é que não gostei! O Gonçalo foi um otário ...espero que ele se arependa do que disse!
    Depois amei aquela conversa com a Daniela! O pai ensinou-lhe tudo muito bem! xD
    Fartei-me de rir com o lado ciumento do Sergio e amei aquele ramo que ele deu! *_*
    Agora tou pa ver o que é que o pai do xabi tem a ver com o facto de a avó dela saber espanhol!
    Quero muito o próximo para ver essas revelacões! Próximo!!
    Beijinhos!

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  3. Bom dia alegriaaaa!!
    Adorei o capitulo mas fiquei curiosa para saber a história que houve entre a avó da Ana e o pai do Xavi!!!
    Continua rápidoooo

    Bjinhos

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  4. Olá

    Amei ...... O irmão dela foi um PARVO ! E gostei do Sérgio ciumento xD
    E fiquei muito curiosa sobre aquela história do pai do Xavi com a avó da Ana , por isso quero muito o Próximo !


    Beijinhos


    Catarina

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  5. Olá!
    Bem o Gonçalo devia fumar menos erva porque ja se viu que lhe queima neuronios! mas pronto ele foi apenas um pormenor infeliz num capitulo muitoooo feliz!
    A Daniela e a Ana tiveram uma conversa tao fofinha! Para uma miuda de 6 anos (7! desculpa, Daniela, sao 7 aninhos xD) é muito inteligente. É mulher, já se sabe que geneticamente sao mais inteligentes :p
    E quando vi o ramo do Mario? Ui ate tive medo! mas va so despertou o lado positivo dos ciumes que é tratar ainda melhor a Ana! E que ramo...
    Avo? Pai do Xabi? Ai ai que medo :o
    Espero essas novidades!

    Beso
    Ana Santos

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