Andava às voltas na
cama, mas decidi levantar-me e ir até à sala para não acordar o
Sergio.
Sentei-me no sofá, com o
cartão na mão...não era assim tão tarde para
telefonar...mas...conseguia? Não! Só me lembrava do meu
pai...e...escusado será dizer que as lágrimas tomaram-me de
assalto...
Porque é que poderia
estar a aparecer alguém da minha família...aqui...em Madrid? Porque
é que não tinham aparecido antes? Quando não tive ninguém que me
ajudasse quando fiquei sem pais...
As horas passaram...cerca
de duas...eram, agora, 02:00h. Eu continuava ali sentada, perdida no
meu passado, no meu presente e num futuro que não tinha a certeza do
que poderia ser e com quem contar.
-Que é que estás
aqui a fazer? - ouvi o Sergio,
limpando as lágrimas. O Sergio aproximou-se do sofá.
-Não tenho sono...e
não te queria acordar – ele
sentou-se a meu lado e eu sentei-me ao colo dele encostando a minha
cabeça ao seu peito e ele rodeou-me com os seus braços.
-É o homem? -
perguntou o Sergio.
-É...eu não sei o
que fazer...
-Deves querer saber
quem ele é...
-E porque é que só
apareceu agora...? Se é da minha família...
-Porque não marcas um
encontro com ele?
-Eu não consigo...não
lhe consigo ligar e depois...depois não vou saber o que fazer.
-Eu posso ligar-lhe...
- olhei para o Sergio, que me
deu um beijo no nariz – eu não imagino o que seja passar
praticamente uma vida inteira num orfanato, sem família...eu sempre
tive a minha e...nunca me imagino sem eles. E tu mereces ter alguém
da tua família ..nem que seja para saberes que existe e que
podes...vir a puder contar com ele.
-Sergio... - enterrei
a minha cabeça no seu pescoço e comecei a chorar...de novo.
-Tem calma...podes
chorar o que quiseres...eu estou aqui a teu lado e posso fazer o que
me pedires para fazer, em relação a esse homem...e em tudo. Poderás
contar comigo sempre.
-O-obrigada... - a
voz falhou-me entre os soluços e só consegui beijar o Sergio neste
momento...não haviam palavras para descreve-lo...posso contar com
ele...sei que sim, mais que um namorado...ele é um ser humano com características fantásticas e com um coração do tamanho do mundo.
-Não me tens de
agradecer nada – o Sergio
colocou as suas mãos na minha face e olhou-me fixamente nos olhos –
eu quero que saibas que eu estou mesmo muito arrependido do que fiz à
uns tempos atrás...e que podes contar comigo – ele
fez uma pausa...mas continuou – amanha eu posso ligar a
esse homem...e marcamos um encontro com ele. Eu vou contigo.
-A-achas...que podes
ligar já? Eu não sei se quero prolongar isto muito mais tempo.
-Ana...são duas e
meia da manha. É tarde...
-Mas...podíamos
tentar...se ele atender é porque...pode...estar mesmo interessado.
-Tá...vou buscar o
telefone – passei para o sofá
e o Sergio levantou-se.
(Sergio)
A
Ana tinha ficado super abalada com a presença daquele homem...e eu
entendo-a, não a compreendo, porque não passei por nada do que ela
passou...mas entendo que a falta de uma família a vida toda a afecte
e que a chegada...de alguém que pode muito bem, ser da família dela,
não está a ser nada bom para ela. Logo agora...que ela andava mais
feliz, com o projecto da música e...nós... estávamos melhor.
O
destino não escolhe quando nos provocar estas partidas...e se a
nossa ida ao cinema tinha resultado nisto...é porque tinha de
acontecer.
Depois
de falar com ela...percebi que ela queria falar com o homem o mais
depressa possível...são 02:30h da manhã...sou louco por ir
telefonar ao senhor a estas horas...mas se não o fizesse a Ana não
iria passar bem o resto da noite e só iria estar a adiar um assunto
que tem de ser tratado o mais depressa possível. Depois de ir buscar
o telefone de casa ao escritório, voltei à sala e sentei-me ao lado
da Ana, que se agarrou a mim.
-O cartão? -
perguntei. Ela simplesmente mo
entregou e encostou a sua cabeça no meu ombro.
Marquei
o número do telefone e iniciei a chamada. Muito provavelmente o
senhor ia insultar-me no momento em que atendesse o telefone, mas eu
tinha de o fazer, pela minha menina.
Depois
de dois bips atenderam:
“-Boa noite.” - um
homem falou...como que aliviado.
-Ricardo Moreira?
“-Sim...quem fala?”
-Desculpe estar a
ligar a estas horas...mas...sou o namorado da Ana...
“-Sergio...”
-Correcto.
“-Nem sabe como é
bom sinal estar a ligar.”
-Eu ligo em nome da
Ana...ela...não está em condições de falar...mas pediu-me que o
fizesse.
“-Eu compreendo-a. E
só me posso culpar por isso.”
-Eu não sei se quer
adiantar alguma coisa...mas, estamos dispostos a encontrarmo-nos
consigo.
“-Claro. Podemos
encontrarmo-nos amanha de manha? Preferia falar deste assunto
pessoalmente com a Ana...”
-Claro...eu entendo.
Mas sim, amanha podemos encontrarmo-nos. Onde é que lhe dá jeito?
“-Não sei...se
quiserem venham até ao meu escritório...temos mais privacidade.”
-Parece-me bem.
“-A morada está no
cartão que entreguei à minha...à Ana.”
-Certo.
Então...encontramo-nos às 10h?
“-Sim. Fico à vossa
espera.”
-Boa noite.
“-Obrigado por ter
ligado.”
Desliguei
a chamada e olhei para a Ana...que dormia. Coloquei o telefone em
cima da mesa de centro e levei-a para o quarto. Deitei-a, deitei-me
também e tentei preparar-me para o dia seguinte...irá ser duro para
a Ana...e ela precisa de mim, como deve ser.
(Ana)
Não
me lembro de vir parar à cama...só me lembro de ouvir o começo da
conversa do Sergio com o tal homem...e depois disso apaguei e só
acordei agora de manha.
O
relógio marcava 9:15h e o Sergio já não estava na cama.
-Bom dia – falou
ele, vindo da casa de banho, secando o cabelo com uma toalha e com
outra enrolada à cintura.
-Bom dia...
-Está na hora...tens
de te levantar.
-Marcas-te alguma
coisa?
-Sim...para as 10h.
-Vou tomar duche.
Levantei-me
da cama, passei pelo Sergio e entrei para a casa de banho.
-Ei! - o
Sergio impediu-me que fechasse a porta e entrou – não
fiz bem?
-Fizeste...
-E não mereço ao
menos...um beijinho de bons dias?
-Mereces – dei-lhe
um beijo...como ele merecia...a verdade é que eu estava super
mole...parecia que tinha dormido anos e o meu cérebro não estava a
funcionar, ainda.
Despachei-me
a tomar um duche e fui vestir-me.
Fui,
de novo, para o quarto e encontrei o Sergio a calçar-se.
-Vais para algum funeral? - perguntou ele.
-Não, porque?
-Estás toda de
preto...diz-me...que casaco vais levar?
-O blazer...preto.
-É melhor levares o
branco.
-Agora também és
conselheiro de moda?
-Só estou a
dizer...porque o preto não te fica bem.
-Ontem à noite, no
jantar, também estava de preto...
-Mas era diferente...
-Como queiras – não
me iria chatear com ele...ele não o merece e não estou lá muito
virada para isso. Vesti o blazer BRANCO e desci para o andar debaixo,
e o Sergio minutos depois também já cá estava.
-Que queres comer? -
perguntou-me.
-Nada...? Sabes que o
pequeno-almoço não é a minha refeição predilecta.
-Devias comer alguma
coisa...mas pronto, comemos depois de falarmos com o homem.
-Come tu...espera
lá...tu não tens treino?
-Só de tarde.
-É mesmo?
-É – ele
veio ter comigo, deu-me um abraço e um beijo – aconteça
o que acontecer, seja ele da tua família ou não, eu vou estar a teu
lado...
-Neste momento a
Miranda, o Sal...tu e a tua família, são a minha família...só
quero saber porque é que ele está...aqui.
-Vamos?
-Sim – ele
deu-me mais um beijo, agarrou nas chaves do carro e de casa e
saímos...em direcção incerta...para mim. Não sabia para onde íamos ..o Sergio falou no escritório do senhor...mas não fazia
ideia de onde estaríamos a ir.
Pouco
tempo chegamos a um sitio que me era bastante familiar...Puertas de
Alcalá...o local onde me tinha encontrado com o Sergio, no primeiro
dia que estive em Madrid para estar..com ele.
-Chegamos?
-Sim...é
aqui...lembras-te?
-Achas fácil de
esquecer?
-Não...foi
tão...estranho vir-te a vir na minha direcção nesse dia...
-Como assim? - olhei
para ele, que estava fixo no horizonte.
-Eu já sentia algo
por ti...e estava nervoso.
-Eu também... -
confessei e ele olhou-me, para
de seguida nos beijarmos.
-Vamos?
-Sim – saímos os dois do carro e esperei que o Sergio chegasse ao meu
lado.Agarrei-me a ele e começamos a caminhar para o interior do edifício.
O
tal homem, estava a andar de um lado para o outro junto à recepção,
mas quando nos viu, parou e começou a caminhar na nossa direcção,
à medida que nós também nos íamos aproximando.
-Bom dia – vi
que ele esticou a mão na direcção do Sergio, que o cumprimentou. O
homem ficou a olhar para mim...e eu estiquei-lhe a minha mão –
ainda bem que vieste, Ana.
-Tinha de vir... -
falei.
-Vamos até ao meu
escritório. Acompanhem-me – começamos
a caminhar de novo e entramos na última porta de um corredor e
sentamo-nos todos.Eu e o Sergio lado a lado e o senhor à minha
frente.
-Como estão? -
perguntou.
-Estamos bem... -
respondeu-lhe o Sergio.
-És tão
parecida...com a tua mãe – fechei
os olhos, controlando as lágrimas, para os voltar a abrir de
seguida. O Sergio agarrou-me a mão nesse mesmo momento.
-Quem é que você é?
-Podes tratar-me por
tu...
-Como queira...
-Eu sei que...depois
desta conversa tudo pode mudar, ou ficar na mesma, mas quando te vi
ontem...eu tinha de ter a certeza que eras tu. Que eras a Ana Filipa.
-Mas...como é que
sabia que eu era a Ana Filipa?
-És igual à tua mãe.
E já tinha ouvido falar de ti na imprensa...
-Quem é você?
-Eu sou irmão do teu
pai...não sou teu tio...porque nunca o fui...não me devo intitular
dessa forma.
-E porque é que só
apareceu ontem?
(Sergio)
A
Ana fazia as perguntas que tinha na cabeça de uma forma...fria,
magoada...sofrida.
-E porque é que só
apareceu ontem?
-Sei que deves estar
muito revoltada com o que passas-te...e, acredita, que se as coisas
tivessem corrido de outra maneira...por mim, não tinhas ficado no
orfanato.
-Ai não?
-Não...quando o meu
irmão e a Maria morreram... - tanto
o Ricardo como a Ana tiveram a mesma reacção aquele inicio de frase
– também o meu filho morreu...eu fui ao funeral dos teus
pais, estive contigo, mas não te deves recordar...e quando regressei
a Madrid, o meu filho estava muito doente e morreu dias depois.
A
mão da Ana...reagia em mim...ficou mole...ela mudou a sua posição rígida ..e julguei que ela chorasse...mas não.
-E...eu e a minha
mulher não conseguimos trazer-te para cá... queríamos fazê-lo, mas
tu tinhas quase a mesma idade que ele...e nós não estávamos em
condições de ter uma criança em casa...com o trauma do nosso filho
e...o teu.
-Como é que está a
sua mulher?
-Está bem...agora
está bem...tivemos um filho à 15 semanas – o
senhor esboçou um sorriso...e a Ana chorou...ela tinha
aguentado...mas não conseguiu mais. Passei o meu braço por detrás
das suas costas e ela agarrou-se à minha mão.
-Desculpa nunca te
termos ido buscar, mas também não nos davam as informações
correctas. Havia gente na família que dizia que estavas num sitio,
outras noutro e não estavas em nenhum – neste
momento o Ricardo começou, também ele a chorar –
desculpa-me por nunca ter sido um tio para ti...
-Pode levar-me ao meu
primo?
Tanto
o Ricardo, como eu ficamos surpreendidos com aquela pergunta da
Ana...ela estava a chorar...estava triste, mas o mesmo
tempo...perguntou pelo primo. Perguntou...por um membro da família
Aiiiii estou a adorar tanto! Quero ver este encontro entre a Ana e o primo quero quero !
ResponderEliminarBesos guapa <3
Maria
mais um capitulo em q me fizeste chorar menina ana patrícia...n se faz :P
ResponderEliminarcontinua pq acho q apartir de agora isto vai ficar interessante
Olá!
ResponderEliminarOs teus caps e os jogos do Benfica tem uma sincronia xD
Mas adorei!! TUDO! Nao estava à espera que fosse esta a historia do tio da Ana. Sabia que era tio dela, mas estava curiosa para saber o que o tinha levado a "abandoná-la".
Agora estou MUITO curiosa para saber como sera para a Ana conviver com a familia...
Espero o proximo!
Beso
Ana Santos
P.S. O Sergio e tao fofo!!!!! Tem sido incondicional no apoio a Ana!
Ai Adorei!!
ResponderEliminarO Sérgio é um amor!
Quero mais!
Beijinhos
ai, ai, não posso, isto acabou assim :o
ResponderEliminarO Sergio foi realmente fofo com ela e tenho de admitir que não espera ouvir está história do tio dela...
mas pronto, como sempre nunca me desiludes-te e como sempre AMEI ihih
agora quero ver o encontro com o primo e quero que seja rápido, se possível *-*
besos, Débora*
Olá :)
ResponderEliminarAmei <3
Mas se fosse comigo e me telefonassem aquela hora acho que me passava xD
O Sérgio como sempre foi muito querido...
Fiquei mesmo chocada com a história do tio dela, pensei que ele só se queria era aproveitar da fama dela, mas pelos visto não.
Quero o próximo
Beijinhos
Daniela^^
Olá.:)
ResponderEliminarAmei o capitulo e amei o Sérgio *.* é mesmo tão mas tão fofinho!!
Agora acabar desta forma é que não tem piada nenhuma!!loool
proximo rapidamente :P
Beijinhos
Rita
Adorei!!!!!
ResponderEliminarQuero muito saber mais sobre a família da Ana.
Bjokinhas
Mariaa