quinta-feira, 7 de março de 2013

17 - "...tu mereces ter alguém da tua família..."

Depois de chegarmos a casa...fui para o quarto do Sergio, deitei-me e tentei adormecer nos seus braços. Ele adormeceu...eu já não tive essa sorte. Aquele homem do cinema não me saia da cabeça...a cara dele, o cartão que me tinha dado...o apelido...
Andava às voltas na cama, mas decidi levantar-me e ir até à sala para não acordar o Sergio.
Sentei-me no sofá, com o cartão na mão...não era assim tão tarde para telefonar...mas...conseguia? Não! Só me lembrava do meu pai...e...escusado será dizer que as lágrimas tomaram-me de assalto...
Porque é que poderia estar a aparecer alguém da minha família...aqui...em Madrid? Porque é que não tinham aparecido antes? Quando não tive ninguém que me ajudasse quando fiquei sem pais...
As horas passaram...cerca de duas...eram, agora, 02:00h. Eu continuava ali sentada, perdida no meu passado, no meu presente e num futuro que não tinha a certeza do que poderia ser e com quem contar.
-Que é que estás aqui a fazer? - ouvi o Sergio, limpando as lágrimas. O Sergio aproximou-se do sofá.
-Não tenho sono...e não te queria acordar – ele sentou-se a meu lado e eu sentei-me ao colo dele encostando a minha cabeça ao seu peito e ele rodeou-me com os seus braços.
-É o homem? - perguntou o Sergio.
-É...eu não sei o que fazer...
-Deves querer saber quem ele é...
-E porque é que só apareceu agora...? Se é da minha família...
-Porque não marcas um encontro com ele?
-Eu não consigo...não lhe consigo ligar e depois...depois não vou saber o que fazer.
-Eu posso ligar-lhe... - olhei para o Sergio, que me deu um beijo no nariz – eu não imagino o que seja passar praticamente uma vida inteira num orfanato, sem família...eu sempre tive a minha e...nunca me imagino sem eles. E tu mereces ter alguém da tua família ..nem que seja para saberes que existe e que podes...vir a puder contar com ele.
-Sergio... - enterrei a minha cabeça no seu pescoço e comecei a chorar...de novo.
-Tem calma...podes chorar o que quiseres...eu estou aqui a teu lado e posso fazer o que me pedires para fazer, em relação a esse homem...e em tudo. Poderás contar comigo sempre.
-O-obrigada... - a voz falhou-me entre os soluços e só consegui beijar o Sergio neste momento...não haviam palavras para descreve-lo...posso contar com ele...sei que sim, mais que um namorado...ele é um ser humano com características fantásticas e com um coração do tamanho do mundo.
-Não me tens de agradecer nada – o Sergio colocou as suas mãos na minha face e olhou-me fixamente nos olhos – eu quero que saibas que eu estou mesmo muito arrependido do que fiz à uns tempos atrás...e que podes contar comigo – ele fez uma pausa...mas continuou – amanha eu posso ligar a esse homem...e marcamos um encontro com ele. Eu vou contigo.
-A-achas...que podes ligar já? Eu não sei se quero prolongar isto muito mais tempo.
-Ana...são duas e meia da manha. É tarde...
-Mas...podíamos tentar...se ele atender é porque...pode...estar mesmo interessado.
-Tá...vou buscar o telefone – passei para o sofá e o Sergio levantou-se.

(Sergio)
A Ana tinha ficado super abalada com a presença daquele homem...e eu entendo-a, não a compreendo, porque não passei por nada do que ela passou...mas entendo que a falta de uma família a vida toda a afecte e que a chegada...de alguém que pode muito bem, ser da família dela, não está a ser nada bom para ela. Logo agora...que ela andava mais feliz, com o projecto da música e...nós... estávamos melhor.
O destino não escolhe quando nos provocar estas partidas...e se a nossa ida ao cinema tinha resultado nisto...é porque tinha de acontecer.
Depois de falar com ela...percebi que ela queria falar com o homem o mais depressa possível...são 02:30h da manhã...sou louco por ir telefonar ao senhor a estas horas...mas se não o fizesse a Ana não iria passar bem o resto da noite e só iria estar a adiar um assunto que tem de ser tratado o mais depressa possível. Depois de ir buscar o telefone de casa ao escritório, voltei à sala e sentei-me ao lado da Ana, que se agarrou a mim.
-O cartão? - perguntei. Ela simplesmente mo entregou e encostou a sua cabeça no meu ombro.
Marquei o número do telefone e iniciei a chamada. Muito provavelmente o senhor ia insultar-me no momento em que atendesse o telefone, mas eu tinha de o fazer, pela minha menina.
Depois de dois bips atenderam:
-Boa noite.” - um homem falou...como que aliviado.
-Ricardo Moreira?
-Sim...quem fala?”
-Desculpe estar a ligar a estas horas...mas...sou o namorado da Ana...
-Sergio...”
-Correcto.
-Nem sabe como é bom sinal estar a ligar.”
-Eu ligo em nome da Ana...ela...não está em condições de falar...mas pediu-me que o fizesse.
-Eu compreendo-a. E só me posso culpar por isso.”
-Eu não sei se quer adiantar alguma coisa...mas, estamos dispostos a encontrarmo-nos consigo.
-Claro. Podemos encontrarmo-nos amanha de manha? Preferia falar deste assunto pessoalmente com a Ana...”
-Claro...eu entendo. Mas sim, amanha podemos encontrarmo-nos. Onde é que lhe dá jeito?
-Não sei...se quiserem venham até ao meu escritório...temos mais privacidade.”
-Parece-me bem.
-A morada está no cartão que entreguei à minha...à Ana.”
-Certo. Então...encontramo-nos às 10h?
-Sim. Fico à vossa espera.”
-Boa noite.
-Obrigado por ter ligado.”
Desliguei a chamada e olhei para a Ana...que dormia. Coloquei o telefone em cima da mesa de centro e levei-a para o quarto. Deitei-a, deitei-me também e tentei preparar-me para o dia seguinte...irá ser duro para a Ana...e ela precisa de mim, como deve ser.

(Ana)
Não me lembro de vir parar à cama...só me lembro de ouvir o começo da conversa do Sergio com o tal homem...e depois disso apaguei e só acordei agora de manha.
O relógio marcava 9:15h e o Sergio já não estava na cama.
-Bom dia – falou ele, vindo da casa de banho, secando o cabelo com uma toalha e com outra enrolada à cintura.
-Bom dia...
-Está na hora...tens de te levantar.
-Marcas-te alguma coisa?
-Sim...para as 10h.
-Vou tomar duche.
Levantei-me da cama, passei pelo Sergio e entrei para a casa de banho.
-Ei! - o Sergio impediu-me que fechasse a porta e entrou – não fiz bem?
-Fizeste...
-E não mereço ao menos...um beijinho de bons dias?
-Mereces – dei-lhe um beijo...como ele merecia...a verdade é que eu estava super mole...parecia que tinha dormido anos e o meu cérebro não estava a funcionar, ainda.
Despachei-me a tomar um duche e fui vestir-me. 


Fui, de novo, para o quarto e encontrei o Sergio a calçar-se.
-Vais para algum funeral? - perguntou ele.
-Não, porque?
-Estás toda de preto...diz-me...que casaco vais levar?
-O blazer...preto.
-É melhor levares o branco.
-Agora também és conselheiro de moda?
-Só estou a dizer...porque o preto não te fica bem.
-Ontem à noite, no jantar, também estava de preto...
-Mas era diferente...
-Como queiras – não me iria chatear com ele...ele não o merece e não estou lá muito virada para isso. Vesti o blazer BRANCO e desci para o andar debaixo, e o Sergio minutos depois também já cá estava.
-Que queres comer? - perguntou-me.
-Nada...? Sabes que o pequeno-almoço não é a minha refeição predilecta.
-Devias comer alguma coisa...mas pronto, comemos depois de falarmos com o homem.
-Come tu...espera lá...tu não tens treino?
-Só de tarde.
-É mesmo?
-É – ele veio ter comigo, deu-me um abraço e um beijo – aconteça o que acontecer, seja ele da tua família ou não, eu vou estar a teu lado...
-Neste momento a Miranda, o Sal...tu e a tua família, são a minha família...só quero saber porque é que ele está...aqui.
-Vamos?
-Sim – ele deu-me mais um beijo, agarrou nas chaves do carro e de casa e saímos...em direcção incerta...para mim. Não sabia para onde íamos ..o Sergio falou no escritório do senhor...mas não fazia ideia de onde estaríamos a ir.
Pouco tempo chegamos a um sitio que me era bastante familiar...Puertas de Alcalá...o local onde me tinha encontrado com o Sergio, no primeiro dia que estive em Madrid para estar..com ele.
-Chegamos?
-Sim...é aqui...lembras-te?
-Achas fácil de esquecer?
-Não...foi tão...estranho vir-te a vir na minha direcção nesse dia...
-Como assim? - olhei para ele, que estava fixo no horizonte.
-Eu já sentia algo por ti...e estava nervoso.
-Eu também... - confessei e ele olhou-me, para de seguida nos beijarmos.
-Vamos?
-Sim – saímos os dois do carro e esperei que o Sergio chegasse ao meu lado.Agarrei-me a ele e começamos a caminhar para o interior do edifício.
O tal homem, estava a andar de um lado para o outro junto à recepção, mas quando nos viu, parou e começou a caminhar na nossa direcção, à medida que nós também nos íamos aproximando.
-Bom dia – vi que ele esticou a mão na direcção do Sergio, que o cumprimentou. O homem ficou a olhar para mim...e eu estiquei-lhe a minha mão – ainda bem que vieste, Ana.
-Tinha de vir... - falei.
-Vamos até ao meu escritório. Acompanhem-me – começamos a caminhar de novo e entramos na última porta de um corredor e sentamo-nos todos.Eu e o Sergio lado a lado e o senhor à minha frente.
-Como estão? - perguntou.
-Estamos bem... - respondeu-lhe o Sergio.
-És tão parecida...com a tua mãe – fechei os olhos, controlando as lágrimas, para os voltar a abrir de seguida. O Sergio agarrou-me a mão nesse mesmo momento.
-Quem é que você é?
-Podes tratar-me por tu...
-Como queira...
-Eu sei que...depois desta conversa tudo pode mudar, ou ficar na mesma, mas quando te vi ontem...eu tinha de ter a certeza que eras tu. Que eras a Ana Filipa.
-Mas...como é que sabia que eu era a Ana Filipa?
-És igual à tua mãe. E já tinha ouvido falar de ti na imprensa...
-Quem é você?
-Eu sou irmão do teu pai...não sou teu tio...porque nunca o fui...não me devo intitular dessa forma.
-E porque é que só apareceu ontem?

(Sergio)
A Ana fazia as perguntas que tinha na cabeça de uma forma...fria, magoada...sofrida.
-E porque é que só apareceu ontem?
-Sei que deves estar muito revoltada com o que passas-te...e, acredita, que se as coisas tivessem corrido de outra maneira...por mim, não tinhas ficado no orfanato.
-Ai não?
-Não...quando o meu irmão e a Maria morreram... - tanto o Ricardo como a Ana tiveram a mesma reacção aquele inicio de frase – também o meu filho morreu...eu fui ao funeral dos teus pais, estive contigo, mas não te deves recordar...e quando regressei a Madrid, o meu filho estava muito doente e morreu dias depois.
A mão da Ana...reagia em mim...ficou mole...ela mudou a sua posição rígida ..e julguei que ela chorasse...mas não.
-E...eu e a minha mulher não conseguimos trazer-te para cá... queríamos fazê-lo, mas tu tinhas quase a mesma idade que ele...e nós não estávamos em condições de ter uma criança em casa...com o trauma do nosso filho e...o teu.
-Como é que está a sua mulher?
-Está bem...agora está bem...tivemos um filho à 15 semanas – o senhor esboçou um sorriso...e a Ana chorou...ela tinha aguentado...mas não conseguiu mais. Passei o meu braço por detrás das suas costas e ela agarrou-se à minha mão.
-Desculpa nunca te termos ido buscar, mas também não nos davam as informações correctas. Havia gente na família que dizia que estavas num sitio, outras noutro e não estavas em nenhum – neste momento o Ricardo começou, também ele a chorar – desculpa-me por nunca ter sido um tio para ti...
-Pode levar-me ao meu primo?
Tanto o Ricardo, como eu ficamos surpreendidos com aquela pergunta da Ana...ela estava a chorar...estava triste, mas o mesmo tempo...perguntou pelo primo. Perguntou...por um membro da família   

8 comentários:

  1. Aiiiii estou a adorar tanto! Quero ver este encontro entre a Ana e o primo quero quero !
    Besos guapa <3
    Maria

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  2. mais um capitulo em q me fizeste chorar menina ana patrícia...n se faz :P
    continua pq acho q apartir de agora isto vai ficar interessante

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  3. Olá!
    Os teus caps e os jogos do Benfica tem uma sincronia xD
    Mas adorei!! TUDO! Nao estava à espera que fosse esta a historia do tio da Ana. Sabia que era tio dela, mas estava curiosa para saber o que o tinha levado a "abandoná-la".
    Agora estou MUITO curiosa para saber como sera para a Ana conviver com a familia...
    Espero o proximo!

    Beso
    Ana Santos

    P.S. O Sergio e tao fofo!!!!! Tem sido incondicional no apoio a Ana!

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  4. Ai Adorei!!
    O Sérgio é um amor!
    Quero mais!
    Beijinhos

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  5. ai, ai, não posso, isto acabou assim :o
    O Sergio foi realmente fofo com ela e tenho de admitir que não espera ouvir está história do tio dela...
    mas pronto, como sempre nunca me desiludes-te e como sempre AMEI ihih
    agora quero ver o encontro com o primo e quero que seja rápido, se possível *-*

    besos, Débora*

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  6. Olá :)
    Amei <3
    Mas se fosse comigo e me telefonassem aquela hora acho que me passava xD
    O Sérgio como sempre foi muito querido...
    Fiquei mesmo chocada com a história do tio dela, pensei que ele só se queria era aproveitar da fama dela, mas pelos visto não.

    Quero o próximo
    Beijinhos
    Daniela^^

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  7. Olá.:)
    Amei o capitulo e amei o Sérgio *.* é mesmo tão mas tão fofinho!!
    Agora acabar desta forma é que não tem piada nenhuma!!loool
    proximo rapidamente :P
    Beijinhos
    Rita

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  8. Adorei!!!!!
    Quero muito saber mais sobre a família da Ana.
    Bjokinhas
    Mariaa

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