Os dias foram passando sem que Ana conseguisse
ter alguma informação extra sobre as pessoas interessadas na compra da sua
casa. Pilar já a tinha informado que tinha falado com o seu advogado e que em
breve lhe poderia dar mais informações daquilo que fosse descobrindo.
-
Não queres avançar e procurar quem são mesmo os compradores? – perguntava
Sergio, enquanto estavam a terminar o jantar.
-
Não sei, Sergio… - Ana encostou-se à bancada da cozinha, olhando-o – não sei se
quero saber quem está atrás de tudo isto. Eu, por mim, não ligo a mais nada e
eles que esqueçam a casa e o terreno.
-
Não me parece que seja assim tão fácil – Sergio desligou o fogão, olhando para
a esposa – eles estão bastante interessados na tua casa.
-
Mas eu não estou interessada em abrir mão dela. Sabes o que significa a casa e
o sítio para mim…posso já não ir lá há imenso tempo, não cuidar daquele espaço
como meu mas está ao cuidado de alguém em quem confio, alguém que sabe o que
aquele espaço significa.
-
E o Salvador sabe isso perfeitamente.
-
Por isso…aquele espaço agora pertence-lhe. E eu não vou abrir mão dele para
outras pessoas ficarem com aquilo… - no intercomunicador fez-se ouvir o som de
Vicente a chorar – vou buscá-lo – Ana saiu do quarto, dirigindo-se ao quarto de
Vicente.
Assim
que chegou ao quarto de Vicente, reparou que o menino se matinha deitado e mais
sossegado. Com os seus seis meses, Vicente estava cada vez mais a ganhar a sua
personalidade, os seus truques e esquemas. Sabia que se não estivessem a
dar-lhe atenção, se chorasse alguém viria ter com ele. E, tanto Ana como
Sergio, sabiam desses truques todos e, mesmo assim, continuavam a alimentá-los.
-
Acordaste bichinho? – Ana aproximou-se do berço de Vicente, começando a mexer
na barriga do filho – agora vais jantar connosco…és muito esperto! – Vicente
ria-se à gargalhada olhando para a mãe – vamos lá, fofo – pegou no filho ao
colo, indo trocar-lhe a fralda antes de se dirigir à cozinha onde costumavam
jantar quando estavam sozinhos – o gordinho sentiu o maravilhoso cheirinho da
paella lá em cima – Sergio, que terminava de colocar os talheres na mesa,
aproximou-se de Ana que lhe entregou o filho para os braços.
-
Coisa boa do pai – Sergio sentou-se numa das cadeiras, enchendo o filho de
beijos. Ana adorava aqueles momentos deles dois, os momentos em que Sergio se
entregava apenas ao filho e Vicente tinha toda a atenção do pai para ele.
-
Hola! – Ana recebia na sua casa Pilar com Esperanza.
-
Titi! – Esperanza apressou-se em abraçar as pernas de Ana que depressa pegou
nela ao colo – titi Ana!
-
Oh minha princesa… - Ana sentiu a menina abraçá-la. Esperanza estava quase a
completar dois anos e Ana só se arrependia de não conseguir estar todos os dias
com a sua pequenina – a tia tinha tantas saudades tuas! – Esperanza olhou-a.
-
Eu também! O bebé? – tanto Ana como Pilar se riram e começaram a ir para a sala
onde estava Vicente.
Ana
colocou Esperanza no chão que depressa caminhou até Vicente. O menino estava
deitado no chão, sobre uma manta e com os brinquedos por cima dele. Ia mexendo
neles, ouvindo os sons que alguns deles faziam. Esperanza sentou-se ao lado
dele, mexendo também nos brinquedos.
-
Desculpa não estar tão presente na vida dela como prometi… - Ana acabou por
falar, olhando para Pilar que a olhava – andam a acontecer tantas coisas…
-
Eu sei neña. E não me tens de pedir desculpa, nem a ela. Se há coisa que eu não
me esquecerei é de tudo o que fizeste pela minha filha, por mim… - Pilar passou
o seu braço por cima dos ombros de Ana, encostando a sua cabeça com a da
rapariga – e faço sempre questão que ela saiba disso.
-
Obrigada…
-
Temos de falar – Ana olhou-a, vendo uma Pilar bastante séria naquele momento –
é sobre os compradores da tua casa. Eu procurei pelo caso no computador do Juan
– Ana ficou bastante surpreendida com aquela afirmação de Pilar – ele saiu do
escritório por uns minutos, eu tive de aproveitar! Não me olhes assim, por
favor… - as duas riram-se, indo sentar-se no sofá – mas não consegui saber
muita coisa. Não há nomes envolvidos no processo, só letras a denominar cada um
dos interessados. São dois, uma senhora e um homem, de Madrid e a única coisa
que te consegui arranjar foi a morada – Pilar abriu a sua mala, retirando de lá
um papel que entregou a Ana – fica num dos bairros mais caros de Madrid.
-
Ou seja, são pessoas cheias de dinheiro que vão entrar com todos os argumentos
possíveis e imaginários.
-
Todos mesmo. Nas observações que eu li diz lá que não há limite de valor sobre
a casa.
-
Obrigada, Pilar. A sério – o som da campainha fez-se ouvir e Ana levantou-se
para ir ver quem era. Do outro lado do portão da casa estava o carro de Mario.
Abriu-lhe o portão, deixando já a porta aberta para que, quando ele chegasse,
pudesse entrar de imediato – esta situação toda está a dar comigo em maluca!
-
Não é para menos…estão a mexer com imensa coisa do teu passado.
-
Coisas com as quais eu não consigo lidar.
-
Podemos entrar? – a voz de Mario fez-se ouvir e tanto ele como Sara começaram a
entrar.
-
Claro que podem! – Mario fechou a porta e os dois foram na direção de Ana e
Pilar – como é que vocês estão? – cumprimentou os dois, assim como Pilar.
-
Tudo muito bem – respondeu Sara, sentando-se ao lado de Pilar, enquanto Mario
se sentou no chão junto dos meninos.
-
Nem acredito que eu conheci esta menina ainda era uma bebé! – disse Mario,
passando com a sua mão pela cara de Esperanza – tu é que já não te lembras de
mim, pois não? – Esperanza estava envergonhada o que fez com que todos
acabassem por sorrir.
-
É o tio Mario, Esperanza – disse Pilar, fazendo com que Mario a olhasse – não
deixas de ser um tio também.
-
Obrigado.
-
De nada, eu sei que estiveste ainda algum tempo com a minha filha, ajudaste a
Ana e isso significa muito para mim.
-
Deixem-se lá de agradecimentos, vá – Ana quebrou aquele momento com uma
gargalhada, atirando o papel que tinha na mão na direção de Mario – conheces
alguém que more por aí? – Mario olhou para o papel.
-
Conheço. Nesta casa mora o meu treinador.
-
Como? – Ana não conseguia estar mais incrédula com aquilo que ouvia.
-
O teu treinador? – questionou Pilar.
-
Sim. O Diego mora nesta casa, porquê? Querem ir lá entrevistá-lo?
-
Não – Ana estava sem reação. Olhava para as suas próprias mãos, pensando no
porquê de tudo aquilo.
-
Está tudo bem? – Mario aproximou-se dela, agarrando-lhe as mãos.
-
Há algo que possamos fazer? – perguntou Sara, fazendo com que Ana a olhasse.
-
Há já algum tempo que eu ando a receber propostas para vender o terreno e a
casa que eu tenho em Portugal. E essas propostas vêm aqui de Madrid… - olhou
para Mario desta vez – dessa morada. Porque é que o teu treinador haveria de
querer um terreno em Portugal?
-
Posso tentar falar com ele sobre isso…
-
Não, eu não quero que se metam em problemas. A Pilar já arriscou demasiado a
conseguir a morada…
-
Então e o que é que vais fazer? No que precisares eu posso ajudar-te – Sara
era, também, advogada.
-
Obrigada, Sara – agarrou a mão dela, olhando para Mario – achas que me
conseguias arranjar um encontro com o teu treinador?
-
Posso tentar ver o que consigo fazer, sim.
-
Gracias – Ana agradeceu…tudo aquilo deixava-a ainda mais confusa.
Passaram
grande parte da tarde todos juntos. Por entre brincadeiras com Esperanza e
Vicente, conversas sobre a vida de Pilar, Mario e Sara, Ana tinha conseguido
abstrair-se um pouco de tudo o que lhe andava a preocupar naquele momento.
A
porta de casa abriu-se, poucos minutos depois de Pilar se ter ido embora. Era
Sergio que voltava do seu treino.
-
Vejam só quem está cá! – disse, pousando o saco do treino no chão – há muito
tempo que não vos via! – cumprimentou primeiro Sara, dirigindo-se depois a
Mario – que tal estão?
-
Está tudo bem – respondeu Mario.
-
Onde é que anda o rapaz? – perguntou Sergio, olhando para Ana.
-
Olha saiu! Pediu-me se podia ir ter com umas amigas – tanto Mario como Sara se
riram à gargalhada e Sergio acabou por se sentar em cima das pernas de Ana –
olha aí! És pesado!
-
De noite não te queixas! – todos se riram e, depois de trocarem um curto beijo,
Sergio levantou-se – está a dormir?
-
Hum, hum. Por isso não vás lá dar beijinhos nem coisa parecida senão ele
acorda.
-
Tens razão – sentou-se ao lado da mulher, entrelaçando a sua mão com a dela.
-
Esteve cá a Pilar, também. Ela conseguiu a morada do comprador do terreno –
anunciou, mostrando a morada a Sergio.
-
Isto é na zona do Mario! – atirou Sergio, olhando para Mario.
-
É sim senhor – disse Mario – fica muito afastada da minha casa, mas é o mesmo
bairro. Essa casa é do Simeone.
-
A sério? – perguntou incrédulo.
-
A sério. Eu vou tentar falar com ele no treino amanhã de manhã, para ver se ele
está disposto a encontrar-se com a Ana.
-
Têm de arranjar uma forma de explicar como é que conseguiram a morada dele –
afirmou Sara, capturando a atenção de todos – eles têm tudo confidencial, pelo
que a Pilar disse, por isso têm de ter muito cuidado.
-
Mais vale não fazer nada e esperar – acabou por dizer Ana, encostando a sua
cabeça no ombro do marido.
-
Não, isso não. Basta dizer-lhe que conseguimos a informação. Não temos de
explicar nada – contestou Mario – eu digo-lhe que a proprietária é minha amiga
e sabe que é ele quem está interessado no terreno. Depois disso logo vemos.
-
Obrigado, Mario – agradeceu Ana.
Não
sabia se aquela abordagem seria a melhor…mas tinham de a tentar.
-
O Mario já disse alguma coisa? – perguntava Sergio, depois de ter saído do
banho.
-
Não. O treino se calhar ainda não acabou… - Ana sentou-se em cima da cama,
deitando o seu filho sobre a mesma. Vestiu-lhe umas calcinhas e uma camisola,
deixando-o à vontade – a tua mãe ligou.
-
A dizer?
-
A convidar-nos para ir lá almoçar no domingo, depois do teu jogo.
-
Estou para ver, é uma desculpa para puder estar com o Vicente o tempo todo ao
colo – os dois riram-se e o telemóvel de Ana começou a tocar.
Sergio
dirigiu-se à cómoda do quarto, pegando no telemóvel para o entregar a Ana.
-
Quem é?
-
O Mario – Ana depressa pegou nele, atendendo a chamada.
-
Mario? – disse, assim que atendeu.
-
Bom dia, loca.
-
Bom dia.
-
Já falei com ele – Sergio tinha se
sentado em cima da cama e Ana não hesitou em agarrar a mão dele – estás disposta a um café hoje às três da
tarde com ele?
-
Hoje? – Ana não esperava que pudesse haver um encontro entre os dois. Não com
tanta brevidade.
-
Sim. Ele está disposto a falar contigo.
-
Ai é muito repentino – Sergio incentivava-a a ir já hoje falar com Simeone –
mas sim…
-
Queres ir com o Sergio? Eu posso ficar
com o Vicente!
-
O Sergio tem treino…
-
Eu posso faltar – disse, muito depressa, Sergio.
-
Eu já te digo qualquer coisa, sim? Obrigada por tudo, Mario.
-
De nada, loca. Fico à espera – Ana
desligou a chamada, olhando para Sergio.
-
Hoje. Às três, um café.
-
Eu posso ir contigo. Aviso o treinador e vou contigo…
-
Não. Tu tens jogo no sábado, precisas de treinar com a equipa.
-
Mas…
-
Não, eu vou sozinha.
-
Nem pensar! – disse muito depressa Sergio – sozinha não vais. Ou eu vou contigo
ou não sei. O Mario? Ele conhece o treinador e assim não ias sozinha.
-
Não…o Mario não tem nada a ver com isto.
-
Eu sei que não, meu amor – Sergio precipitou-se na direção da mulher, levando
as suas mãos ao pescoço de Ana – mas, assim, não ias sozinha.
-
Mas não há problema. É só um café…
-
Mesmo assim…eu preferia que fosses com alguém. Que estivesse contigo caso as
coisas não correrem bem. Vocês, provavelmente, vão falar do que significa
aquela casa para ti…e eu não acho que devas estar sozinha.
-
Tudo bem – Ana beijou-o, olhando-o de seguida – eu pergunto ao Mario se pode
vir comigo. E, se calhar, deixo o Vicente com a tua mãe. Pode ser?
-
Claro que sim. Ela vai adorar passar a tarde com o neto preferido.
-
Não sejas assim! Ela adora os dois da mesma maneira.
-
Claro! Mas o Vicente é o menino! Logo, é o preferido. A Dani é a preferida – os
dois riram-se, acabando por se envolverem numa troca de beijo intensa.
-
Obrigada por vires comigo – agradeceu, novamente, Ana. Ia no carro de Mario a
caminho do café onde se tinha combinado com Simeone.
-
Não precisas nada de me agradecer. O Sergio tem razão, tu não podias vir
sozinha…podendo este encontro vir mexer com imensa coisa.
-
Já está a mexer com imensa coisa, Mario.
-
Eu sei, eu sei – fizeram mais uns minutos de viagem, parando em frente de um
café mais afastado do centro de Madrid – chegámos – os dois retiraram o cinto
de segurança, saindo do carro.
Caminharam
lado a lado na direção do café. Entraram e, numa mesa mais ao fundo, estava
Diego Simeone sentado, mexendo no seu telemóvel.
-
Mister… - disse Mario, chegando perto da mesa.
-
Chegaram – Diego levantou-se, cumprimentando primeiro Mario.
-
Esta é a Ana, a dona da propriedade… - anunciou Mario, fazendo com que Diego a
olhasse. Ana notou que ele tenha ficado surpreendido, ficou mesmo de boca
aberta a olhar para Ana.
-
Muito gosto – acabou por ser Ana a esticar a sua mão na direção de Diego que a
acabou por apertar.
-
Igualmente – disse – sentem-se, por favor – Mario puxou a cadeira em frente à
de Diego para que Ana se sentasse a seguir.
-
Obrigada, Mario – o rapaz sentou-se ao lado dela, enquanto Diego ficou sentado
à frente de Ana.
-
Fiquei bastante surpreendido por me ter descoberto – começou por dizer Diego,
encostando-se à cadeira – posso saber como é que o conseguiu fazer?
-
Penso que não valerá a pena responder a isso. Também ainda não me respondeu
porque é que quer comprar a minha propriedade.
-
O meu advogado tratou de responder por nós.
-
A resposta do Juan é muito vaga. Por mais que se tenha ligado ao terreno, que
goste dele…se calhar, se fosse uma outra casa não iria estar a insistir tanto.
-
Talvez tenha razão – Simeone colocou as suas mãos sobre a mesa, entrelaçando
uma com a outra. Chegou-se para a frente, olhando para Ana – há muitos motivos
pelos quais estou interessado em adquirir o terreno. Não só eu, como a minha
esposa.
-
Não podem, não sei…escolher um outro terreno pela zona? – Mario limitava-se a
olhar para os dois e a ouvir aquilo que ambos iam dizendo. Sabia que não
estaria a ser fácil para Ana e que não iria melhorar caso falassem sobre toda a
sua história.
-
Por motivos muito pessoais, a minha mulher identifica-se bastante com aquele
local. Lembra-lhe a infância dela.
-
Pois. Também me lembra a minha. Foi ali que eu cresci até aos meus quatro anos.
Foi naquele terreno que eu comecei a dar os primeiros passos, a dizer as
primeiras palavras e a ser pessoa. Foi naquele terreno que eu vi os meus pais
morrerem – Mario passou a sua mão para as costas de Ana, percebendo que as
palavras estavam a sair-lhe a muito custo pela boca. Era quase como estar a ver
Ana sofrer por dentro mesmo que ela não o demonstrasse exteriormente – eu
passei 14 anos num orfanato e quando sai de lá refiz toda a minha vida ali.
Consegue calcular o quão aquele sitio é importante para mim?
-
Consigo – respondeu muito depressa Diego – eu vou falar com a minha mulher –
Ana riu-se, deixando-se envolver pelas lágrimas que não conseguiram ficar
presas.
-
Porque é que insiste? Não há volta a dar…
-
Deixei-me terminar – Diego agarrou a mão de Ana tentando, de alguma forma,
acalmá-la – eu vou tentar o que conseguir para que ela não avance com mais
propostas – Ana sentia um peso a sair do seu peito, uma leveza a invadir-lhe
todo o seu corpo – eu não posso garantir nada. mas prometo que falarei com ela.
-
Muito, mesmo muito obrigada.
-
Eu não posso garantir nada…
-
Eu sei.
-
Vou deixar-lhe o meu contato – Diego abriu a sua carteira, retirando de lá um
papel – se precisar de alguma coisa ligue-me. Eu sei que a minha mulher já
falou consigo, por isso temos o seu número de telemóvel…assim que haja alguma
coisa a dizer eu telefono-lhe.
-
Gracias – agradeceu Ana.
-
Bom, eu vou indo – Diego levantou-se, esticando a sua mão na direção de Ana –
muito prazer em conhecê-la.
-
Igualmente.
-
Mario, até amanhã rapaz.
-
Até amanhã, mister – Diego saiu do café e Ana sentiu o abraço apertado de
Mario, segundos depois – o meu mister é boa pessoa, não é?
-
É, Mario. Resta saber como é que será a mulher dele.
-
Pelo que conheço…ela também era boa pessoa.
-
Nota-se! – os dois optaram por lanchar naquele café, antes de voltarem a casa.
-
Tereza Dias Simeone… - Ana olhava para o email que Pilar lhe tinha mandado.
-
Que disseste? – perguntou Sergio, que estava a brincar com Vicente no chão.
-
A Pilar mandou-me um email – Ana deixou o computador em cima do sofá,
juntando-se ao marido – ela descobriu informações sobre a mulher do Simeone.
-
Eu acho que não quero perguntar como…
-
Acho que é melhor não. Sabes que nós, jornalistas, conseguimos coisas de
maneiras, por vezes, menos próprias.
-
Alguma vez fizeste coisas menos próprias?
-
Não vou revelar isso – os dois riram-se.
-
Então e o que é que ela descobriu?
-
Bom. Chama-se Tereza Dias Simeone. Tem ascendência portuguesa e só conseguiu
saber que nasceu em Portugal mas que se mudou para Espanha muito nova. Não há
informação sobre a profissão dela, nem da sua escolaridade…
-
Isso já é alguma informação.
-
Pouca. E estranha…normalmente consegue-se sempre mais, muito mais. O que é que
ela faz, o que já fez, se tem filhos, se tem dividas…e a Pilar não conseguiu
descobrir nada disso. É quase como se ela fosse um fantasma em Madrid.
-
Provavelmente tem alguém que lhe consegue apagar essas informações. Ou que,
pelo menos, não sejam reveladas ao público.
-
Não sei…
-
Chama-se Tereza…
-
Sim – os dois olharam-se por largos segundos. Era o nome da mãe de Ana. O nome
que ainda lhe custava a pronunciar – e agora, Sergio?
-
Não sei, meu amor – Sergio beijou-lhe a testa, olhando-a de seguida – tenta ter
calma e passar os próximos dias sem pensar nisso. Pelo menos enquanto não te
disserem mais nada.
Ana sabia que tinha de tentar viver a sua vida com
normalidade. Não poderia estar constantemente preocupada com aquele assunto,
sabendo que o desfecho já estava bem presente na sua cabeça: o terreno não
seria vendido.
Olá meninas!
Cá está mais um capítulo desta história! Espero que estejam a gostar do rumo que ela está a levar e que deixem as vossas opiniões.
Beijinhos,
Ana Patrícia.