sexta-feira, 8 de novembro de 2013

40 - "Só não sei se será uma boa ideia...é isso."

No intervalo do jogo, o Sergio foi preparar algo para comermos. Estava quase na hora da Esperanza comer, também, mas ainda não lhe tinha dado a fome. Levantei-me e comecei a "passear" pela sala. Era bom sentir-me em casa...ou então não. Não sei o que é que isto pode dar, não sei se algum dia seremos a mesma coisa, se algum dia seremos o mesmo casal. 
Haviam imensas fotografias novas. Fotografias que eu ainda não tinha visto ali. Eram fotografias da Esperanza, do dia em que ela nasceu, havia uma minha...com barriga. Peguei nela e foi impossível não pensar: o Santiago nascia daqui a uma semana. Seria daqui a uma semana que o Santiago estava previsto nascer...mas já não existe. Será que o Sergio se lembra disso? Gostava de saber, mas não tenho coragem de lhe perguntar.
- Estavas bonita nesse dia - ouvi a voz dele demasiado perto de mim, o que me assustou. De imediato coloquei a  fotografia na prateleira, virando-me para ele. Pensei que estivesse mais perto, mas ainda bem que não está.
- Só naquele dia? - perguntei, numa de brincar com ele. 
- Sabes bem que não.
- Por acaso não sei.
- Todos os dias estás linda. Estavas linda no dia da gala, no dia do treino depois da gala, no dia em que chegaste a Madrid para o nosso fim de semana, no dia em que te levei a jantar, no dia em que te levei ao Barnabéu vazio, nos dias em que estavas bem disposta, nos dias em que nem por isso. A mudança que houve em ti foi perfeita. Fizeste-me ter ganas de ti, fizeste com que o meu interior ansiasse por ti a cada segundo. Foste uma grávida linda, já sabemos como é que ficas grávida e mesmo assim és maravilhosa. Daqui a uma semana nascia o nosso filho...poderíamos assinalar a data. 
- Sergio...
- Se não o quiseres fazer estás à vontade. Eu compreendo.
Não sabia o que pensar...o que ele tinha acabado de propor era...estranho. E a maneira como tinha abordado o assunto parecia que não tinha pensado muito tempo, que era impulsivo. Assinalar a data do nascimento do nosso filho, sem que ele esteja presente? Não sei se o consigo fazer. Não sei se me sinto capaz de o fazer. Não falava do Santiago desde o dia em que sai de casa. Pensava nele, mas não exteriorizava o que sentia. 
- Só não sei se será uma boa ideia...é isso.
- Porque?
- Porque desde que tivemos a nossa conversa que nunca mais falei com ninguém sobre este assunto. 
- E queres falar?
- Não...não há nada a dizer. Eu tudo o que queria dizer, disse-te a ti. Que eras quem mais importava. Não há mais nada que possa dizer. Eu agora estou bem, recuperei a minha forma, recuperei o meu consciente e isso faz-me feliz...agora.
- Então preferes não marcar essa data?
- Depois vemos isso, pode ser?
- Claro - ele passou com a sua mão pela minha cara...e aquele gesto fez-me estremecer...eu não percebo, não entendo mesmo, a minha cabeça. Sou tão confusa, tão baralhada das ideias e quem acaba por sofrer com isto é o Mario...e o Sergio. 
Quando a mão do Sergio voltou para junto do corpo dele, senti uma vontade enorme de o sentir..."meu". Tinha vontade de voltar a beijá-lo, mesmo que isso significasse, na minha cabeça, que era o fim. Podia, simplesmente, beijá-lo e não sentir nada, mas queria sabe-lo. 
Não sei como ele ainda não o tinha feito...era ele sempre que tinha a primeira iniciativa, mas estava a respeitar o espaço que eu tinha criado entre nós. Por isso, fui eu quem tomou a iniciativa e beijei-o.


Não era apenas um beijo. Era a confirmação. A confirmação de que ainda me sinto na mesma em relação a ele. A confirmação de que ele me faz estremecer ao mínimo toque, que faz com que o meu coração dispare e comece a bater mais depressa. Precisei deste beijo na primeira semana em que estivemos separados, precisei dele para adormecer, para me sentir reconfortada...mas não afastei-o e hoje preciso de o recuperar. Preciso de criar, ou continuar a criar a nossa história. 
Ele acabou por interromper o beijo, agarrando-se à minha cintura. 
- Tinha saudades disto - confessou. 
- Também eu tinha Sergio...e devo-te um pedido de desculpas.
- Porque?
- Porque te afastei quando mais precisei de ti. Eu quis fazer-me de forte, mas na primeira semana em que estive em casa do Xabi com a Miranda eu não conseguia adormecer sem antes chorar ao olhar para as tuas fotografias. Eu não quis levar nenhuma aqui de casa, mas acabava sempre por agarrar no pc e procurar pela net...e isso deixava-me mal...mas era o que me fazia adormecer. Adormecia depois de ver imensas fotografias tuas...nossas.
- Eu só tenho uma pergunta para te fazer...quer dizer, é mais que uma.
- Diz. 
- Porque é me te afastas-te?
- Eu não conseguia lidar com as coisas, tinha medo que acabasses por me culpar da morte do Santiago. Eu sei que não o farias, mas esse medo assombrava-me. 
- Eu nunca iria fazer isso...
- Eu sei, Sergio...mas eram os meus medos. 
- Acho que entendo...e...o Mario?
- O Mario...foi parte do meu passado. Eu conheci-o quando vim à apresentação do Falcão no Atlético. Conheci-o numa discoteca e acabamos por nos envolver...foi uma coisa de uma noite mas adorei estar com ele. Agora voltei a encontrá-lo...numa discoteca e ele não sabia ao certo o que se passava entre nós. Eu expliquei-lhe e acabámos por ter dois dias maravilhosos. Senti-me, de novo, mulher com ele. Eu não quero estar a fazer sentir-te mal, mas quero contar-te tudo.
- E eu agradeço isso. Sempre foste sincera e eu quero mesmo saber. 
- Então é isso...o Mario foi o único que tive neste espaço de tempo que estivemos separados e não iria conseguir estar com mais ninguém. 
- E agora como é que estão?
- Nós estamos amigos...eu gosto de estar com ele, faz-me sentir diferente. Protegida como se fosse meu irmão, mas amada como se fosse meu marido ou namorado. 
- Se nós voltarmos a estar juntos...ficam assim na mesma?
- Claro. Não vou perder um amigo se voltar a estar contigo Sergio.
- Sim, sim...não vou dizer que estou surpreendido, porque não é verdade. Sempre soube que seria difícil para ti voltares a estar com outra pessoa...mas pensei que fossem mais. 
- Foi só o Mario. 
- Queria dizer-te que também só tinha sido uma, mas sabes que foram mais. 
- Quatro. 
- Isto faz-me sentir tão mal - ele afastou-se de mim, virando-me as costas colocando-se junto do sofá. 
- Sergio, não tens de te sentir mal. O que tu fazes deve ser exercitado o mais possível - ai! Porque é que eu acabei de dizer isto? Ai Ana, Ana...começas a dizer coisas da boca para fora vais ter resposta mais depressa.
O Sergio virou-se, de novo, para mim um pouco baralhado, pelo que percebia. 
- Isso que acabaste de dizer, é mesmo aquilo que eu acabei de ouvir?
- É. 
- Mas, então, deixa-me que te diga - caminhou na minha direcção, agarrando-me pela cintura - preciso de exercitar com alguém que tenha pedalada para mais que uma vez. 
- Elas não têm?
- Não...nos últimos tempos só uma tem.
- Tens de a voltar a encontrar. Assim exercitas melhor. 
- Continuas a aguentar?
- Nunca mais te experimentei... - que conversa é esta!? AI, está calor ou é a minha febre a voltar? Sorte do momento: a Esperanza começou a chorar - está na hora de ela comer - sai de perto do Sergio, indo até ao saco buscar o biberão - posso ir até à cozinha fazer o biberão?
- Estás à vontade.
Fui até à cozinha e aqueci a água para depois adicionar o leite em pó. Voltei à sala e o Sergio tentava acalmá-la, embalando-a. 
- Não é para a adormeceres Sergio! 
- Mas ela não se cala.
- Já devia ter comigo à meia hora, é normal, está com fome. 
- Também eu e não me queixo. 
- Mas tu não deves precisar de comida, ao contrário dela. 
- Pois não...eu preciso é de ti.
- Estou doente. Queres dar-lhe o biberão?
- Pode ser...
Entreguei o biberão ao Sergio, que se sentou no sofá e começou a dar o leite à menina. Era óptimo, demasiado bom, estar assim com ele. Algo entre nós mudou, mas isso pouco se nota. Estamos à vontade um com o outro, digo aquilo que me vai na cabeça sem pensar se ele vai gostar ou não...sinto que o conheço à imenso tempo, mas que estamos a construir algo novo. Algo só nosso que só o tempo dirá se é um reviver do passado ou se é o nosso...futuro. 

6 comentários:

  1. Eich opá eu pensava que era agora!
    Mas esta conversa é um "voltaram", certo certo certo????????
    Espero que sim! Estes dois ficam bem mas é juntos e desbocados e calientes!!
    Adorei e quero o proximo!

    Beso
    Ana Santos

    P.S. Olá xD

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  2. Olááa!!
    Boooaa!! Conseguiste deixar-me com ganas de mais! Quero mais...isto foi pouco!! :(
    E já me decidi quero só o Sérgio a partir de agora....eles bem juntinhos e o Mário só amigo! :D
    O capítulo está lindo lindo...perfeito! A sintonia deles é linda...ela queria saber se o Sergio se lembrava de que o filho nasceria daqui a duas semanas e ele falou nisso mesmo! Foi lindo isso e ele relembrar todos os momentos em que ela estava linda *_* E houve beijo entre eles yupppiii...foi um bom avanço depois de este tempo separados!
    Ai o que eu me ri com isto "O que tu fazes deve ser exercitado o mais possível" xD E ou muito me engano se a Esperanza não tivesse chorado ela tinha-o experimentado de novo xD
    Mas eu quero mais!! Mais Sérgio...Mais Ana...mais momentos juntinhos!! Logo mais capítulos!!
    Próxxximmoo guapa!!
    Besos,

    Sofia

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  3. Olá , vá tipo eu AMO isto.
    Sim agora acabasse o Marinho, vamos voltar ao Sergito de novo.
    Conversas lindas , conversas fofas *.*
    E os fofos voltaram, coisas boas *.*
    Quero maaaaiiisss ,
    Beijito, * Rita

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  4. Olá...eu amei este capitulo e estou ansiosa pelo próximo...por isso quero isso rápidoooo ;)
    Podem se ter zangado, mas nota-se que ainda se amam e quero que se resolvam o mais rápido possivel ;)
    Ri-me a valer na parte do - "O que tu fazes deve ser exercitado o mais possível" :P...a Ana foi salva pela Esperança ;)...mas eu quero mais cenas deste casal sff :*

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  5. Oláaaa

    Adoreiiiiii *_* Este casal é super fofinho :))


    Beijinhos


    Catarina

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  6. Fabuloso...

    Quero mais... Cada vez ta melhor... Tou super curiosa para ver o próximo...

    Continua...

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