sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

58 – “…eu perdi-a por causa do teu pai.”

- Eu acho que devíamos ir ao hospital!
- Sergio…por favor, confia em mim. Eu estou bem – Ana estava rodeada por Sergio e os seus tios.
- Mas, Ana, o Sergio tem razão.
- Obrigado, Elsa – Sergio olhou para a tia de Ana, voltando a olhar, depois, para ela – devias ser vista por um médico, até por causa do bebé.
- Está tudo bem. Deve ter sido apenas do choque, dos nervos…eu estou bem.
- Ai tu és tão teimosa, Dios mio – Sergio encostou-se no sofá e Ana acabou por fazer o mesmo, deixando a sua cabeça ir de encontro com o peito dele. Fechou os olhos, percebendo que o seu ritmo cardíaco estava normal.
- Bem, eu vou dar banho ao Sergio. Vocês ficam para jantar. - Tia, não. Nós vamos para casa – disse Ana, abrindo os olhos.
- Sim, é melhor…não queremos dar trabalho.
- Ora essa. A Elsa vai dar banho ao menino, eu faço o jantar e vocês…recomponham-se.
- Oh…estamos a dar trabalho, tio.
- Nós íamos jantar na mesma. Mais dois são bem-vindos.
- Obrigada.
- Si…gracias, Ricardo.
- Vá, não me agradeçam. Tem é calma contigo, rapariga – Ricardo deu um beijo na testa da sobrinha, indo até à cozinha.
- Ana, tu estás mesmo bem? – Perguntou Sergio, fazendo com que Ana olhasse para ele – e não falo só em relação ao coração…em relação a tudo, como é que estás?
- É tudo muito estranho, Sergio – Ana pousou a sua mão direita sobre o peito de Sergio, olhando-o – saber que…eles escolheram acabar com a vida deles para me deixarem aquele testamento é horrível. É horrível porque eu preferia que eles estivessem vivos, comigo e aqui…do meu lado. Eu preferia isso do que aquelas cartas, aquele testamento ou as lembranças daquele dia… - Sergio levou a sua mão ao pescoço de Ana, acariciando-lhe a bochecha com o polegar – eu queria que eles aqui estivessem.
- A tua mãe agiu por amor ao teu pai. Não consigo entender como é que deixam uma filha para trás, como é que conseguiram fazer isso…mas a decisão deles foi por amor um ao outro e por amor a ti.
- Sergio…eles podiam ter esse amor mas vivos. Eles tinham o dinheiro para os tratamentos, eles podiam ter sobrevivido – na cabeça de Ana era tudo, ainda, muito confuso. Não conseguia acreditar em tudo aquilo – eu…eu preciso de falar com a minha avó.
- A tua avó? – Sergio estava surpreendido com aquela vontade de Ana.
- Sim…eu tenho a certeza que ela sabe disto tudo, ela vai ajudar-me, de certeza.
- Amanhã vamos a casa do teu irmão.

- Podemos ir hoje? – Sergio acenou que não com a cabeça, preparando-se para falar, mas Ana não o deixou continuar – por favor Sergio. Eu não aguento até amanhã sem falar com ela…e eles moram aqui perto. Eu prometo que não me enervo e, se me sentir mal, vamos logo para o hospital.
- Eu não sei se é boa ideia…eu tenho medo, Ana.
- Não tenhas, a sério – Ana encostou a sua testa com a de Sergio, mantendo a sua mão junto do peito dele – eu juro-te que estou bem e que, em casa do meu irmão, se me sentir mal eu digo logo. Por favor, Sergio.
- Está bem…mas à mínima coisa acaba-se a conversa e vamos ao hospital.
- Obrigada – Ana beijou-o, não estando preocupada com o sítio onde estavam.
Jantaram com Elsa e Ricardo num ambiente muito familiar e tranquilo. O assunto da morte dos pais de Ana não tinha sido o tema do jantar, já que Ana queria distrair-se de tudo aquilo até chegar a casa do irmão.



- Posso dizer que não estava nada à espera de vos ver hoje… - comentou Gonçalo depois de abrir a porta.
- Preciso de falar com a avó e, se o assunto não fosse tão sério eu não estaria aqui…
- Claro, entrem – Gonçalo afastou-se, dando passagem a Ana e Sergio.
- Boa noite – disseram os dois ao entrarem em casa de Gonçalo. A avó estava na sala e ficou surpreendida de os ver ali.
- Boa noite… - Palmira levantou-se do sofá vendo Ana a aproximar-se dela – não estava à espera que viessem cá… - Ana cumprimentou a avó com dois beijos e Sergio fez o mesmo – sentem-se, estejam à vontade.
- Obrigada – Ana sentou-se ao lado de Sergio, agarrando na mão dele. Palmira sentou-se à frente deles, olhando-os em silêncio.
- Querem alguma coisa? – perguntou Gonçalo.
- Não, obrigada – respondeu Ana.
- Obrigado, Gonçalo, estou bem assim.
- Bom, eu deixo-vos à vontade – Gonçalo saiu da sala, não dando tempo a Ana para lhe pedir para ficar. Se bem que até preferia ficar a sós com a avó.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntou Palmira.
- Eu já sei de tudo…
- De tudo…o que?
- Que o pai estava doente, que eles tinham tudo planeado, que eu devia ter ficado com o tio Sergio…e das cartas – era visível no rosto de Palmira que tinha sido apanhada desprevenida em relação aquele assunto.
- Foi o teu tio…
- Sim. Ele achou as cartas…
- Ana, é tudo muito complicado. Tu não és nenhuma criança, mas faço ideia que estejas muito baralhada.
- Estou…porque é que todos sabiam e me deixaram no orfanato?

- O teu tio Ricardo era para ter ido buscar-te, mas depois o filho deles morreu…
- Sim, eu sei disso.
- Bom e, como já sabes, eu nunca aprovei a relação dos teus pais. Quando a minha filha me disse que ia desistir de tudo por causa dele…eu não aceitei essa decisão dela. Ela estava a desistir da vida, de todos os que a amavam, de ti e do teu irmão. Por causa dele…de um homem!
- A mãe amava o pai…e a avó sabe disso.
- Sim…mas eu não conseguia perder a minha filha por causa dele.
- E eu? Porque é que nunca me foi buscar?
- És o fruto deles… - Palmira baixou o olhar, deixando-se render às lágrimas que tentou não mostrar – o Gonçalo nunca esteve por perto, não havia contacto. Mas tu…tu sempre foste a luz da vida deles, a alegria naquela casa. E eu não conseguia tomar conta de ti…lembravas-me a tua mãe…e eu perdi-a por causa do teu pai.
- Então é por causa disso que não gosta de mim? É por eu ser parecida com a minha mãe, por ser fruto de uma relação que proibiu que não me foi buscar?

Palmira não respondeu de imediato a Ana, limitando-se a olhar para a neta.
- Fiquei à espera que o Ricardo te fosse buscar…mas os anos foram passando e a coragem acabou por faltar. Não conseguia ir buscar-te quando já eras mais crescida e, de certeza, ias ter imensas perguntas.
- Porque é que preferem sempre esconder a verdade? Esconderam o Gonçalo, a verdade em relação à morte dos meus pais…a verdade é melhor do que a mentira. A verdade ia dar-me um passado, ia custar ouvir mas não era uma mentira que só agora me contam…eu vi os meus pais morrerem. Acha que é fácil viver com essas imagens a virem-me à cabeça todos os dias? – Palmira não respondeu, levando as suas mãos à cara. Ana levantou-se e Sergio fez o mesmo. Abriu a sua mala, retirando de lá duas cartas. ”Para dares à tua avó” e “Para dares ao teu irmão” era o que estava escrito nelas – uma é sua, outra é do Gonçalo. Fique bem, avó.
- Ana…nós precisamos de falar.
- Hoje não…foram muitas emoções para um dia só e eu não me posso enervar. O meu coração não aguenta e tenho de pensar na vida do meu filho – Palmira olhou para a barriga de Ana, olhando de seguida para a neta – sim…estou grávida, outra vez, e quero ter todos os cuidados com este bebé. Fica bem? – Palmira acenou afirmativamente com a cabeça – Até um dia.
Ana deu a mão a Sergio e os dois dirigiram-se à porta de casa de Gonçalo.
- Já vão? – Perguntou ele, vindo do fundo do corredor.
- Sim. É melhor falares com a avó antes de leres o que tens em cima da mesa. Fica bem, Gonçalo – Sergio abriu a porta e os dois saíram de casa do irmão de Ana, indo até ao carro.
- Como é que estás? – Perguntou Sergio.
- Cansada…com a cabeça numa confusão, mas só quero dormir.
- Vamos para casa, então – Sergio pegou na mão de Ana, dando-lhe um beijo.



- Sergio… - meia ensonada, Ana tentava acordar Sergio para que ele atendesse o telemóvel – Sergio, olha o telemóvel.
Não obteve nenhuma resposta dele mas viu que ele alcançou o telemóvel com a mão.
- Sim… Bom dia, Pilar – A Pilar? Ana abriu os olhos, tentando perceber o que eles falavam – Sim, sim… Estou a entender… Não, não há problema… A sério – Sergio riu-se, o que tranquilizou Ana – Tudo bem… Cá vos esperamos… Beijinhos… - Sergio desligou a chamada, sentando-se na cama.
- O que é que se passa? O que é que a Pilar queria? Aconteceu alguma coisa com a Esperanza?
- Uau, um “bom dia” era bem melhor!
- Se estás com disposição para brincar é porque não é nada grave… - Ana deitou-se, de novo, olhando para Sergio que, aos poucos, se aproximava da barriga dela. Começava a notar-se cada vez mais mas, mesmo assim, ainda era pequena. Sergio beijou-a, voltando a sentar-se na cama.
- A Pilar tem um casamento hoje. Todos os familiares vão, incluindo os pais. Era para perguntar se podíamos ficar com a Esperanza. E até já tenho planos para o nosso dia hoje…
- Tens?
- Sim, tenho. Vamos passar a manhã aqui na cama: vou buscar comida e vemos um filme.
- Engordar, portanto – Ana riu-se…sabia bem estes dias sem trabalho ao lado de Sergio.
- Elas chegam depois de almoço, vamos à praia com a menina e, depois, vamos visitar a nossa sobrinha a casa. Que te parece?
- Um plano perfeito! Vai buscar comidinha, eu escolho o filme.
- Não podemos ser nós a fazer um filme?
- Sergio Ramos Garcia…não te ponhas com ideias taradas que eu estou com a sensação que a médica ainda te proíbe de actividade sexual.
- Achas que ela era capaz disso?
- Acho! Não podemos abusar, sabes disso.
- Sei, sim senhora. Algum pedido especial?
- Qualquer coisa.
- Volto já.

Sergio saiu do quarto e Ana escolheu o filme. Quando o namorado voltou, percebeu que o pequeno-almoço se resumia a muitos doces mas não se preocupou. Naquele momento, comeria qualquer coisa. Ao contrário das últimas manhãs, Ana acordara cheia de vontade de comer.
- Já escolheste o filme?
- Amigos com Benefícios, já viste?
- Não…isso não é pornografia, pois não?
- Achas, Sergio!?
- Nunca se sabe…
- Envolve, sim, sexo…mas é quase como a nossa história.
- Estou a ver…ao inicio é só sexo, depois fica assim com filhos e tudo? 
- Vamos ver…só li o resumo – os dois riram-se e Sergio deitou-se ao lado de Ana que, de imediato, colocou o filme a dar.


Manhã de gordos! Mas adorando isto, obrigada Sergio.
 

- Eu vou lá, Sergio! – Ana descia as escadas apressadamente para abrir a porta. Era Pilar com a pequena Esperanza – Olá! – Ana estava muito animada por vê-las. Abraçou-as. As duas ao mesmo tempo, envolvendo-as nos seus braços – Tinha tantas saudades vossas!
- E nós tuas! –
Ana acabou por se afastar e Esperanza precipitou-se na direcção dela. Pegou na menina ao colo e, de imediato, Esperanza começou a dar beijinhos na bochecha de Ana – a sério que não vos faz transtorno?
- Claro que não. Sabes onde é que o tio Sergio nos vais levar, boneca?
- Dondi? –
Esperanza já começara a falar. Palavras que não acabava ou que estavam mal ditas, mas começava a falar.
- À praia!
- Paia, paia! –
Pilar riu-se passando com a mão na cara da filha.
- Estou a ver que se vão divertir muito mais que eu!
- Casamentos são sempre divertidos, Pilar.
- A ver vamos. Eu não preciso de deixar recados não é? Conhece-la…
- Vai descansada, nós tomamos conta dela.
- Porta-te bem, Esperanza –
Pilar deu um beijo na bochecha da filha e, de seguida, na de Ana – Muito obrigada, a sério!
- Diverte-te, guapa -
Pilar afastou-se a Ana fechou a porta – Vamos ver o tio Sergio, meu amor?
- Si, si. Tá ondi?
- No quarto, vamos lá ter com ele –
Ana subiu as escadas, encontrando Sergio deitado na cama – olha o dorminhoco – Ana deixou Esperanza sobre a cama e a menina, de imediato, meteu-se em cima das costas de Sergio.
- Oh meu Deus. Estou a ser atacado! – apenas aquelas palavras fizeram com que Esperanza se começasse a rir. Sergio virou-se de barriga para cima, fazendo com que a menina tombasse para o outro lado da cama – ataque de cócegas a caminho para a menina Esperanza!
- No, no, no tio!

- Si, si, si! – Sergio fez-lhe as cócegas causando uma ternurenta gargalhada na menina.
- Portem-se bem. Eu vou preparar as coisas para irmos à praia.



- Anda bonequinha – Ana pegou em Esperanza ao colo, indo com ela até à beirinha da água.
- Aguinha, aguinha! – A menina estava bastante entusiasmada por estar na praia, isso era notório. Ana ajoelhou-se, colocando a menina em contacto com a água – Aguinha!
- Tu gostas da aguinha, Esperanza? –
Perguntou Sergio, aparecendo com um chapéu. Colocou-o ali ao pé delas para que não apanhassem sol em demasia.
- Si, si. Mas é fia, muto fia. 
Os três permaneceram por ali algum tempo mas Sergio parecia estar num mundo só dele. Via Ana brincar com Esperanza e perdia-se no brilho que ela ganhara naquele momento. Olhava para ela e via um amor lindo que sempre existia entre elas. E, ainda, via que a barriga da sua mulher estava cada vez a notar-se mais. Isso enchia-o de alegria. Era o filho de ambos a crescer dia para dia.
 
 
Sem duvida que a vida me corre às mil maravilhas. Tarde com duas princesas.
 

Como não podiam estar muitas horas ao sol, acabaram por sair da praia em direcção de casa de Xabi e Miranda. Ela tinha regressado a casa naquela manhã e Ana já estava com saudades da sobrinha.
Depois de tocarem à campainha, esperaram alguns segundos até que Xabi abriu a porta. Estava estranho…parecia ter estado a chorar.
- Xabi…
- Entrem…há algo que precisam de saber.
- O que é que aconteceu?
- Algo grave e…Ana?
- Sim?
- A Miranda vai precisar imenso de ti. 
O coração de Ana disparou, assim como ela. Entrou de rompante em casa, vendo Miranda sentada no sofá com Maya nos seus braços. Ane e Jon estavam sentados ao pé dela e Ana percebia que a sua irmã chorava. Mas o que é que terá acontecido…?
 
 
Olá meninas!
Aqui vos deixo mais um capítulo e espero que tenham gostado. Foi muito bom receber todos os vossos comentários ao capítulo do segundo aniversário da Veo. Obrigada de coração.
Fico à espera dos comentários a este capítulo, então.
Beijinhos.
Ana Patrícia 

5 comentários:

  1. Olá

    Adorei ! Adorei ! Adorei ! Mil vezes Adorei !


    Quero Mais *_* O que aconteceu ?


    PRÓXIMO :)


    Beijinhos

    Catarina

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  2. OMG! O que é que aconteceu?
    Adorei
    Estou super curiosa por mais...
    Beijinhos
    Ri

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  3. Fantástico...

    Quero mais... Tou super curiosa para ver o próximo...

    Continua... Cada vez ta melhor...

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  4. Holla :)
    Eu já tinha lido o capitulo, mas só agora é que o consigo comentar...sorry pela demora :/
    No geral está bom :)
    Gostei mt de ver a Ana enfrentar a Avo ;)
    Agora este final...ui...
    Próximo rápido sff besitos

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  5. Olá!
    Tenho der dormir neh? Mas decidi por-me mais em estado de nervos e mais curiosa! É giro ficar assim xD Não. não é! xD
    Agora....o capítulo: Ammeeeiii!!
    Gostei que a Ana tivesse ido falar com a avó! Ele pareceu-me um pouquinho arrependida de nunca ter ido buscar a neta.Espero que voltem a falar para se tudo fica bem!
    A Esperanza voltou pa matarem saudades! Depois aquele momento do Sérgio perdido a olhar para elas foi bonito *__* Eles merecem que esta gravidez corra bem e que finalmente tenham um bebé fruto do amor deles!
    Agora que fim é este??? O que é que aconteceu à Miranda?
    Quero o próximo!!!
    Besos,
    Sofia

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