segunda-feira, 28 de setembro de 2015

61: “Já só faltam quatro meses”

- Onde é que vais? – perguntava Ana a Sergio. 
- Ah, olha quem aqui está! – Sergio, que se preparava para sair de casa, deu meia volta e foi ter com Ana ao sofá – não deverias estar no teu repouso absoluto na nossa cama? 
- A médica disse que bastava uma semana e depois podia começar, aos poucos, a retomar a minha vida. Eu sei que te assustou aquela perda de sangue toda, a mim também. Mas são cinco meses, esta barriga não pára de crescer e eu não consigo ficar tanto tempo na cama – à medida que ia falando, Ana mexia na cara de Sergio. 
- Estás quentinha? – Sergio aconchegou Ana com a manta que esta tinha a tapá-la. 
- Estou – o rapaz levou a sua mão esquerda à barriga de Ana, sentindo logo um forte pontapé – a Pilar vai passar aí com a Esperanza. E onde é que vais? 
- Tenho uns assuntos para tratar no Real. Por causa do contrato. 
- Hum. Vai lá trabalhar, então, Sr. Ramos – Sergio despediu-se de Ana com um beijo apaixonado, saindo de casa. Cruzou-se com Pilar e Esperanza quando se preparava para sair do portão de casa. 
A campainha tocou e, com calma, Ana levantou-se para ir abrir a porta. 
- Olha quem são elas! – Esperanza agarrou-se às pernas de Ana, olhando para ela. 
- Bebé! – Esperanza levou as suas mãos à barriga de Ana, dando-lhe imensos beijos sobre a camisola. 
- Vamos entrar que está frio, Esperanza – disse Pilar, fazendo com que a menina corresse até ao sofá. Cumprimentou Ana, acariciando-lhe a barriga – está cada vez maior! 
- E parece que não pára mesmo de crescer...
- Oh, mas está tão bonita! – as duas riram-se e foram até ao sofá, também. Esperanza já estava a olhar para a televisão (era impressionante como já agarrava no comando e mudava para o canal dos desenhos animados).
- Como é que estão? – perguntou Ana. 
- Está tudo bem. Ela anda toda contente na escolinha, já se ambientou e eu já ando com um trabalho em vista. 
- A sério? Isso é ótimo, Pilar!
- Sim. Vou aproveitar o meu curso de esteticista...
- Isso é ótimo mesmo. É uma coisa que está em expansão por toda a Espanha. 
- Obrigada. 
- Não me tens de agradecer nada, querida. 
- Então e vocês? – Pilar levou as suas mãos à barriga de Ana – como é que este bebé se anda a portar?
- Irrequieto, pesado e ando super enjoada de manhã...
- Então agora é que tens enjoos?
- As minhas gravidezes não são muito normais – as duas riram-se e Ana, olhando para o chão onde estava Esperanza, percebeu que a menina tinha adormecido – sempre gostou de dormir no chão, é impressionante. 
- Ela adormece imensas vezes assim! 
- Está cada vez maior...
- Quem diria que esta piolha já corre de um lado para o outro! 
- É tão linda – Ana não resistiu e fotografou-a, partilhando nas redes sociais.

A gorda mais linda da madrinha. Te amo, bochechas boas


- Mantêm-se os planos do casamento? – perguntou Pilar. 
- Sim. Nós queremos casar...mas, sinceramente, não me sinto com energia de preparar o casamento. 
- Grávida, com uma dieta de sopas e descanso...organizar um casamento não é a melhor combinação, não. 
- Ainda tenho de falar com o Sergio. Depende do que aconteça daqui para a frente. 
- Onde é que foi esse parvo? 
- Ao Real. Tratar de qualquer coisa do contrato, mas ele anda tão estranho. 
- Ele já é estranho – as duas riram-se, olhando uma para a outra – se calhar anda a preparar-te uma surpresa. 
- Ele não consegue. Eu descubro sempre! 
- Olha que ele pode surpreender. 
- Duvido. A sério, o Sergio não consegue manter surpresas durante muito tempo. 




- Eu não quero saber o sexo do bebé... – Sergio, que conduzia em direcção do consultório médico, olhou para Ana – eu prefiro não saber, Sergio. Por favor. 
- Mas...eu posso saber? 
- Claro! 
- Porque é que não queres saber? 
- Acho que prefiro jogar pelo seguro e não saber o que comprar, que nome escolher...prefiro só saber no dia em que nascer. 
- Mi amor – Sergio agarrou a mão de Ana, beijando-a – vai correr tudo bem! 
- Sim, vai. Mas eu prefiro assim, Sergio. 
- E eu respeito isso. 
- E estás proibido de me dar pistas! 
- Combinado. 
- Tu não vais aguentar...eu já sei como és. 
- Vais ver que te surpreendes! – depressa chegaram ao consultório da médica e, depois de algumas perguntas e conversa, passaram à ecografia. 
- É hoje que sabemos o sexo do bebé? – perguntou Sergio. 
- Se ele deixar...mas eu acredito que sim. 
- Eu não quero saber – disse Ana – diz só ao Sergio, por favor, Marta – a médica estranhou aquele pedido, olhando para os dois – diz só ao Sergio, eu prefiro assim. 
- Muito bem. Eu guardo as imagens num envelope e escrevo o sexo do bebé só para o Sergio. 
- Obrigada, Marta – a médica foi a única que viu as imagens em tempo real – está tudo bem? 
- Está sim senhora. Continua saudável como no primeiro dia, a crescer com as dimensões certas e tens todos os valores das ultimas analises com valores estáveis – Marta olhou-a – descansa, relaxa, que está tudo no caminho certo. 
- Obrigada, Marta. 
- Podes limpar a barriga que eu vou buscar as imagens para vos dar – Marta ausentou-se e, depois de limpar a sua barriga, Ana sentiu a mão de Sergio chocar contra a sua barriga. Tinha a mão quente, contrastando com a sua barriga fria. Claro que não deixou escapar aquele momento...eram poucas as fotografias que tinha da sua barriga. 
- Está a correr tudo bem, mi amor. 
- Já só faltam quatro meses – levou as suas mãos à cara de Sergio, beijando-o. 
- Está quase! Vai passar tão depressa que nem vamos dar por isso. 
- Mas vamos manter a calma. 
- Foi bom não teres começado a trabalhar. 
- Tinha de fazer escolhas e, neste momento, eu prefiro ter uma gravidez calma como estamos a ter. 
- Dentro dos possíveis... 
- Sim. Isso é verdade. 
- Ana... 
- Diz? 
- Posso convidar a tua avó para jantar lá em casa? 
- Tu? 
- Sim...vocês precisam de estar juntas. E eu posso dizer que tu não sabes de nada e ser surpresa. 
- Tudo bem – Ana reparou que Sergio ficou surpreendido com aquela resposta – eu já percebi que queres que a minha avó faça parte da minha gravidez e do nascimento do nosso filho. E eu também quero isso. 
- Vou tratar disso, então – Sergio beijou-a e, depois de estarem despachados do médico, foram até casa. Ana aproveitou para publicar a imagem de à pouco nas redes sociais.

Estamos ansiosos à tua espera, bebé #QuatroMesesMais


- Não estejas tão nervosa, por favor – Sergio agarrava as mãos de Ana, olhando-a sério – isso faz mal ao bebé. 
- Sergio mas... 
- A tua avó demonstrou estar bastante tranquila e à vontade com o jantar. Não tardará em chegar e...vocês vão entender-se. 
- Espero que sim – a campainha tocou, sobressaltando Ana. Olhou para Sergio que lhe deu um curto beijo nos lábios. 
- Eu vou abrir – Sergio levantou-se do sofá, indo abrir a porta – buenas noches, Palmira. – a avó de Ana sorriu-lhe, cumprimentando-o com dois beijos. 
Entrou em casa, olhando séria para a neta mas, ao mesmo tempo, com uma ternura que Ana desconhecia. 
- Olá – disse, aproximando-se de Ana que, naquele momento, se levantou para cumprimentar a avó. 
- Obrigada por ter vindo – deu-lhe dois beijos sendo surpreendida por um abraço terna daquela avó que julgava ter perdido. 
- És minha neta, eu vim para Madrid para estar perto de ti e é isso que vou fazer – Palmira olhou-a – a avó promete que, nos últimos anos que me faltarem nesta vida, estarei sempre a teu lado – Ana olhou à sua volta já não vendo Sergio naquela sala. 
- Sente-se – Ana afastou-se da avó e as duas sentaram-se naquele sofá. 
- Estás tão bonita – Palmira levou as suas mãos à barriga de Ana, causando um certo desconforto na neta – já sabes o sexo do bebé? 
- O Sergio sabe...eu prefiro não saber. 
- Preferes não saber? 
- Sim...como sabe, já sofri dois abortos e tudo isso ainda mexe imenso comigo. Na verdade, eu queria muito saber para já ir começando a preparar tudo...mas eu não quero. Prefiro que assim seja. 
- Se eu perguntar ao Sergio...será que ele me diz? 
- Tenho quase a certeza que sim. 
- Ana... – Palmira agarrou as mãos da neta olhando-a séria – eu sei que nem sempre fui uma avó como tu precisarias. Ou melhor, eu nunca o fui. Mas, e se tu o permitires, eu quero recuperar o tempo que perdi da tua vida. Quero imenso fazer parte da tua vida neste momento importante, quero estar a teu lado nos primeiros dias de vida do meu bisneto ou bisneta. Eu peço-te perdão por tudo o que aconteceu...por não ter sido a avó que precisavas. 
- Tenho sonhado consigo nas ultimas noites – Ana levou a sua mão direita ao rosto enrugado mas bonito da sua avó – nesses sonhos, eu volto a ser aquela menina feliz em criança, volto a ter uma energia que neste momento não tenho...e tenho-a a si a brincar comigo. Esses tempos já não podem ser recuperados, não podem ser revividos...vamos ter de construir novos. E melhores do que aqueles que não existiram... 
- Promete-me uma coisa, querida. 
- Diga – Palmira levou as suas mãos ao seu pescoço, retirando um dos seus colares. Um fio de ouro muito fino com um anjo como pendente. 
- É o teu anjo d’aguarda – Palmira agarrou a mão de Ana, deixando o fio na sua palma da mão – é o anjo do mês em que nasceste e eu comprei-o para te oferecer. Nunca o fiz...mais um erro que cometi ao longo da minha vida mas, por favor, promete que o irás guardar a partir de agora. Tenho-o na minha posse à 24 anos. Exatamente aqueles que tu hoje tens. Acredito que, mesmo longe de ti, te tenha vindo a proteger e, hoje, passo-o para ti. Para que tenhas mais perto a proteção – Ana olhou para o colar, emocionando-se. 
- Obrigada, avó – Ana pegou no colar, colocando-o ao pescoço – acredite que significa muito para mim. 




- Sergio eu preciso de falar contigo – Ana chegava à cozinha, onde Sergio tomava o seu pequeno-almoço. Era véspera de natal e, naquela manha, Ana estava com algumas dores fortes na barriga. 
- Primeiro deixa-me tirar-te uma foto para desejar bom natal aos nossos seguidores – Ana riu-se e Sergio fotografou-a acabando por partilhar a imagem nas redes sociais.

Feliz Navidad a todos!


- Agora sim, dime – Ana sentou-se à frente de Sergio, agarrando as suas mãos. 
- Sabes que te amo, não sabes? 
- Sou capaz de saber um pouco. 
- E que quero muito casar contigo? 
- Sim... 
- Sergio, ando a sentir-me demasiado cansada, hoje voltaram as dores na barriga... 
- Ana! Porque é que não disseste antes!? 
- Não, não. Está tudo bem, não precisamos de ir para o médico. Está tudo controlado, a sério – Ana levou as suas mãos à face de Sergio tranquilizando-o – o que eu quero dizer é...eu acho que... 
- Ana, vá, fala de uma vez. 
- Acho que deveríamos adiar o casamento. Eu não consigo, neste momento, planear tudo o que falta a pouco tempo do casamento. 
Faltavam duas semanas para a data prevista. Já tinham decidido o local, quem queriam convidar e como tudo iria ser naquele dia tão especial. Ana viu o semblante de Sergio mudar por completo...e sentiu-se demasiado nervosa naquele momento.

2 comentários:

  1. Holla :)
    Bem!...que dizer?...esta duvida da Ana apanhou-me de surpresa :O
    Espero que o Sérgio não discuta com ela e que compreenda tudo :/
    Besitos

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