Os dias passaram, mais tranquilos do que Ana
alguma vez pensou que pudesse acontecer dado aos acontecimentos dos últimos
tempos.
-
Ana? – Sergio chegava à cozinha, colocando-se ao lado da mulher.
-
Que é que se passa? – apenas pelo tom de voz de Sergio, Ana conseguiu perceber
que alguma coisa ele queria dizer-lhe. E, depois de o olhar, percebeu que havia
uma certa preocupação estampada no seu rosto.
-
Podemos falar um pouco?
-
Claro – Ana desligou o bico do fogão e os dois sentaram-se à mesa, lado a lado
– o que é que te anda a preocupar?
-
Acho que há já algum tempo que devia ter tido esta conversa contigo porque és
minha mulher e tens todo e mais algum poder de decisão sobre as nossas vidas –
naquele momento a certeza de que seria uma conversa séria tornou-se ainda maior
– eu tenho recebido algumas propostas de trabalho… - esta conversa… - eu sei que, se calhar, nunca te ocorreu que eu
pudesse pensar nesta situação, nesta altura sobretudo…mas eu tenho propostas
bastante aliciantes, que nos poderiam dar uma maior estabilidade ao dois.
-
Sergio…
-
Eu sei que pode parecer algo muito repentino, que também pode parecer que só
estou a pensar em mim e na minha profissão mas, ao sair de Madrid, eu só sairia
para vos dar o melhor aos dois. Só mudaria de vida para que as nossas vidas
pudessem melhorar.
-
Eu sou feliz com a vida que tenho em Madrid. Eu não esperava que pudesses vir
com esta conversa neste momento – de certa forma, Ana não sabia bem o que pensar
– claro que sei que, mais cedo ou mais tarde, acabarás por sair de Madrid mas
eu não sei se estou preparada para que seja neste momento – Ana viu o olhar de
Sergio afastar-se do seu. Conseguia perceber que, talvez, não fosse aquela
resposta que ele estaria à espera – tu sabes dos problemas que eu tenho entre
mãos, sabes da proposta de trabalho que estou a ponderar…e o Vicente é tão
pequeno. Seriam muitas mudanças…
-
Eu percebo mas…achas que podemos considerar a hipótese dessas mudanças?
-
Eu não sei, Sergio. Não sei mesmo… - o som do telemóvel de Ana fez-se ouvir nos
segundos seguintes, fazendo-a saltar da cadeira num ápice. Dirigiu-se até à
sala, atendendo a chamada – boa noite? – disse, ao atender sem reparar quem
era.
-
Já não sabes quem eu sou é? – sentiu
o seu corpo enfraquecer. Sentou-se no sofá desatando num pranto que há muito
não lhe acontecia. Do outro lado da linha tinha a sua Miranda, a sua melhor
amiga, quem mais falta lhe fazia – então
minha princesa?
-
Miró… - estava cheia de saudades da sua melhor amiga por mais que falassem
todos os dias – tenho tantas saudades tuas…
-
Oh meu amor, eu também tenho saudades
tuas! Mas não precisas de chorar, nós andamos sempre em contato uma com a
outra. O que é se passa?
-
Há tanta coisa a acontecer…
-
Eu sei, eu sei disso meu amor. Eu vou
para Madrid amanhã de manhã e estou já aí uma semaninha para te ajudar e estar
contigo – um peso começava a sair das costas de Ana. Estar com a sua melhor
amiga era tudo aquilo que pedia naquele momento. Era o que mais lhe iria fazer
bem – mas tu estás bem? Aconteceu mais
alguma coisa?
-
É só…posso ser eu a ir buscar-te ao aeroporto e vamos tomar o pequeno-almoço
juntas?
-
Claro. Eu vou com os meninos e a Manuela,
deixamos todos em casa e vamos as duas pôr tudo em dia.
-
Obrigada. Obrigada mesmo, Miró.
-
Shh, tu estás a precisar de mim e eu já
percebi isso.
-
Preciso imenso mesmo…
-
Eu estou a chegar, meu amor –
mantiveram-se a conversar durante algum tempo. O tempo suficiente para
conseguir acalmar-se e pensar com a cabeça mais tranquila.
Desligou
a chamada, deixando-se ficar ali sentada. Sabia que, mais cedo ou mais tarde,
Sergio iria estar à sua procura ou que, provavelmente, teria ouvido parte da
conversa e já estava a olhá-la pela porta entre a cozinha e a sala. Mas optou
por não se mexer, não movimentar um único músculo seu.
-
Estiveste a chorar? – a voz de Sergio quase parecia ecoar pela sala, ou então
pelo coração de Ana.
-
Estive a falar com a Miranda…são as saudades a funcionar – levantou-se,
deparando-se com Sergio encostado à ombreira da porta – eu vou terminar o
jantar…achas que podes ir buscar o Vicente para ele comer, também?
-
Claro – Ana passou por Sergio, indo até à cozinha. Naquele momento os dois
perceberam que as coisas estavam mais tensas entre ambos. Naquele momento, toda
a história de uma possível mudança afastou-os aos dois.
-
É muita coisa a acontecer neste momento…
-
Mesmo que eu me queira pôr no teu lugar é algo que eu não conseguiria fazer – Ana
e Miranda estavam juntas há quase duas horas. Duas horas onde Ana desabafara
sobre o que a atormentava naquele momento: a insistente procura de comprarem a
casa, a oferta de trabalho, os sete meses de Vicente e, por último, a conversa
com Sergio. Muita coisa estava e estaria para acontecer.
-
Já tive momentos em que tive de ser eu a procurar problemas onde eles não
existiam…se calhar agora é a paga e os problemas estão a vir todos para cima de
mim ao mesmo tempo.
-
Precisas de levar um de cada vez. Começar pelos mais simples e dar uma solução
a cada um deles.
-
Se eu soubesse qual deles é o mais simples…
-
A oferta de trabalho! – Miranda demonstrava estar disposta a ajudar Ana de
qualquer maneira. Se há coisa que, naquele momento, Miranda mais queria era
aliviar o peso que Ana tinha sobre si naquele momento – não é super simples,
não é algo que possas dizer que sim ou que não por ti só. Fala com o Sergio,
falem os dois sobre as propostas de trabalho que ambos têm. E, a partir daí,
resolvam as coisas.
-
Se fosse assim tão simples…
-
Eu sei que não é – Miranda passou o braço por cima dos ombros da amiga,
puxando-a para ela – mas tens de começar por algum lado. Tens de superar o
primeiro obstáculo para dares cabo de todos a seguir – Ana olhou-a e respirou
fundo.
-
Obrigada. Por simplesmente seres a melhor irmã que eu tenho.
-
O Gonçalo se ouve isso fica com ciúmes – as duas riram-se e Miranda acabou por
beijar a bochecha de Ana – eu vou estar sempre aqui para tudo o que precisares.
-
O mesmo te digo eu. Como é que têm andado as coisas lá por Munique? – perguntou
para conseguir mudar de assunto e focarem-se em Miranda por um momento.
-
Ainda é tudo muito estranho, a língua é horrível mas tem sido muito bom. Temos
lá o Thiago Alcantara que nos ajuda imenso a perceber as coisas e a comunicar,
ele tem mulher então andamos muitas vezes com eles.
-
Que bom! Ainda bem que tens lá alguém assim. E os meninos? Eles têm-se adaptado
bem?
-
Sim. Acho que para eles é mais complicado porque há sempre aquela vergonha
inicial de falarem com alguém, há o medo de errarem…mas eles já falam mais
alemão do que eu e o Xabi juntos – as duas riram-se por um momento.
-
E a nossa princesa já fez um ano! – Maya havia cumprido um ano há duas semanas.
Tinha havido uma pequena festa onde os pais de Xabi tinham estado presentes.
Ana bem desejou lá estar, mas foi-lhe recomendado pela médica de Vicente que
não o fizesse, tendo em conta os problemas de saúde que o menino tivera quando
nasceu – desculpa por não ter ido ter com vocês…
-
Eu sei. E não te tens de preocupar com isso, foi só mesmo para marcar o dia
porque para ela foi mais do mesmo. Comeu, dormiu, brincou e pouco mais – as
duas riram-se, ficando ainda algum tempo juntas.
Ana
sabia que Miranda tinha razão quando lhe dizia que precisa de começar a
resolver os seus problemas, quando lhe disse para começar por algum lado. E Ana
sabe que só precisa de ganhar coragem para começar e enfrentar o primeiro
problema de frente.
Ana
terminou de dar banho ao filho, pegou nele ao colo começando a dirigir-se para
o seu quarto. Ouviu o seu telemóvel tocar, apressando o passo para o atender.
Era Salvador.
-
Sal! Como é que estás?
-
Eu estou bem e tu, miúda?
-
Eu cá vou andando…com tudo por resolver.
-
Eu não imagino como seja difícil gerir
tudo…
-
Tem sido complicado – Ana deitou Vicente na sua cama, sentando-se perto do
filho – há mesmo muita coisa a acontecer neste momento.
-
Eu liguei para saber se havia
desenvolvimentos por aí. É que o advogado voltou a ligar…
-
Para ti? Porquê? Eu tenho falado com ele! Para que é que ele te foi ligar? –
Ana não estava a conseguir compreender aquilo, não depois da conversa que teve
com Simeone.
-
Acho que a mulher quer comprar a casa
sozinha…
-
Eu já falei com o marido dela…não percebo, juro-te – Ana percebeu que tinha uma
chama em linha, vendo que era o seu irmão – Sal, o meu irmão está a ligar-me.
Importas-te que te ligue depois?
-
Claro que não. Vê lá o que aconteceu que
depois falamos.
-
Obrigada por teres ligado – Ana desligou aquela chamada, atendendo logo de
seguida a do seu irmão – olá, Gonçalo.
-
Como é que estás?
-
Lá vamos andando. O Salvador, o meu amigo que tem a casa de Portugal…ligou
agora a dizer que lhe voltaram a ligar.
-
Hum…isso já está a ficar cada vez mais
complexo.
-
Nem tu sabes o quanto!
-
Ouve…se tu quiseres vamos os dois a casa
deles e falamos com os dois – Ana não esperava ouvir aquilo de Gonçalo. A
relação dos dois tinha melhorado, não poderiam negá-lo, mas Ana ficava
surpreendida com determinadas ações do irmão.
-
Obrigada, Gonçalo. Mas eu não sei o que fazer…eu ando muito baralhada.
-
Eu acredito que sim, Ana. Isto deve mexer
imenso contigo…mas se quiseres, eu vou contigo – se calhar não era o mais
correto a fazer, nem o mais indicado. Mas tinha de começar por algum lado.
-
Podemos ir lá amanhã?
-
Claro que podemos. Quero que resolvas
isto de uma vez por todas.
-
Obrigada, Gonçalo.
-
De nada. Também te liguei para dizer que
a avó está doente…eu fui com ela hoje ao médico, é uma constipação bem forte.
-
A sério? Podias ter dito que eu tinha ido contigo!
-
Não te quis maçar com isto. O médico
alertou para se, daqui a três dias, ela não estiver melhor a levar de novo ao
hospital.
-
Se precisares de alguma coisa diz. Vamos esperar que ela não tenha de ir ao
hospital de novo… - Sergio entrou no quarto, deitando-se ao lado do filho.
Começou a beijar-lhe a bochecha, fazendo o menino rir-se à gargalhada.
-
Está animado!
-
O Sergio está a brincar com ele.
-
Vá, então aproveita esse momento para
relaxar. Amanhã passo aí para te ir buscar, sim?
-
Sim. Obrigada – despediu-se do irmão, atirando o seu telemóvel para o lado e
ficou apenas a olhar para o seu marido e o seu filho – eu poderei considerar a
saída de Madrid – começou, fazendo com que Sergio a olhasse – mas só depois de
ter tudo resolvido aqui, só depois de o Vicente ter autorização para viajar…
-
Penso que podemos ficar descansados, por agora – Sergio sorriu, agarrando a mão
de Ana – as propostas que houveram não são as ideais. Eu vou ficar por Madrid
este ano…ficaremos os três juntos, aqui.
-
Tu não recusaste por minha causa, pois não?
-
Não, meu amor. Eu só aceitaria algo depois de falar contigo sobre a proposta.
Mas não nos ia dar mais do que temos agora. Mas obrigado por considerares sair
de Madrid comigo.
-
Eu vou querer sempre estar onde tu estejas.
-
Gracias. De verdad – Ana aproximou-se do marido, beijando-lhe os lábios – vale.
A tua proposta de trabalho…queres falar sobre ela?
-
É diferente do que eu estou acostumada – viu Sergio olhar para o filho,
começando a brincar com as mãos de Vicente – é uma revista de arquitetura e
decoração de interiores, eu seria responsável por entrevistas na área…e eu não
conheço assim grande coisa disso. Eu acho que tu até estarias mais bem
qualificado para o trabalho do que eu – Sergio olhou para Ana, enrugando a
testa – o que tu fizeste com a nossa casa…não era nenhum homem que o faria!
-
Eu só dei ideias do que queria. Quem tratou de tudo foi a minha mãe, a Miriam e
a Miranda – Ana ficava mais do que surpreendida com aquela afirmação. Nunca
Sergio antes lhe tinha dito – estraguei o teu sonho de homem decorador de
interiores não foi?
-
Foi! Enganaste-me este tempo todo – os dois riram-se e Sergio levou a sua mão
ao pescoço da mulher.
-
Eu sei que não é a tua área – começou Sergio – mas eu conheci a tua casa e
Lisboa e a outra ao pé da praia. E tu essas decoraste-as sozinha…e estavam
lindas. Tenho a certeza que te vais dar bem por lá, caso aceites, e que depois
te vais esforçar ainda mais para conseguires aprender tudo. E é o recomeço da
tua carreira de jornalista.
-
Obrigada – Ana beijou-o, levantando-se a seguir. Foi até à sua mala, retirando
de lá o cartãozinho com o contato que o diretor da revista lhe havia dado há
algum tempo – acho que posso, então, saber mais do que é que a oferta de
trabalho implica.
-
Isso é um excelente começo – os dois sorriram e Ana iniciou uma curta chamada
com Davi de la Rosa. Combinaram uma pequena reunião para dali a dois dias
-
Feito. Daqui a dois tinhas tenho reunião e logo veremos.
-
Vai correr tudo bem e, escolhas o que escolheres, eu vou estar cá para te
apoiar.
-
Obrigada, a sério – voltou a sentar-se na cama, reparando que Vicente tinha
adormecido – outra coisa – olhou para Sergio – amanhã vou com o Gonçalo a casa
do Diego.
-
O Simeone?
-
Sim. Ligaram hoje, de novo, para o Salvador. Ao que parece a mulher dele está
interessada em comprar a casa sozinha.
-
Bem, não desiste mesmo!
-
E eu já começo a ficar farta disto. Agora que dois pesos saíram-me de cima,
tenho de lidar com este isolado.
-
Fico contente que o teu irmão te ajude nisto. E que a vossa relação esteja a
crescer.
-
Eu também, Sergio. E…desculpa se eu não tenho sido a tua mulher nos últimos
tempos. Praticamente não temos tido tempo os dois sozinhos… - Sergio colocou o
seu dedo indicador nos lábios de Ana, levantou-se e pegou em Vicente ao colo.
Saiu,
por momentos, do quarto regressando sem Vicente no seu colo.
-
Estamos sozinhos! – Ana riu-se, vendo Sergio abrir os braços. Apressou-se a ir
na direção dele, levando as suas mãos ao peito do marido – és e sempre serás a
mulher que eu mais quero neste mundo – depois de levar as suas mãos ao pescoço
de Ana, Sergio beijou-a sem pressa de terminar aquele momento.
E
há quanto tempo não estavam os dois sozinhos enquanto casal. Há demasiado
tempo, fazendo com que cada beijo fosse uma nova descoberta de sensações, de
prazeres, de sentimentos a explodirem no interior de Ana. Sabia que Sergio a conhecia
como ninguém, sabia que iria proporcionar-lhe dos melhores e maiores momentos
de prazer,
Não
estavam juntos assim, entregando-se um ao outro com um desejo tremendo, um
sentimento de posse um do outro e uma vontade de não pôr um ponto final há demasiado
tempo. E ambos sentiam falta disso mas, naquele momento, todo o tempo em que
não se tinham entregue um ao outro estava a ser recompensado.
-
Deixei o Vicente com a Miranda. Eu não sei quanto tempo demoramos aqui –
confessava Ana ao seu irmão, já a caminho da casa de Simeone.
-
Como é que ela está?
-
Acho que nunca a vi tão feliz. Sabes…a Miranda cresceu comigo e com todas as
meninas do orfanato, nas mesmas condições, sem o mesmo afeto. E ela sempre foi
a que procurava mais carinho, mais amor e uma família – Ana olhou o irmão – e
estar a ter isso tudo agora…acho que é o momento em que a Miranda mais anda
feliz.
-
De certeza que o irá continuar a ser por muitos e bons anos. Acho que é aqui –
disse, parando o carro em frente de uma grande e bonita moradia.
-
Acho que não estou preparada… - Gonçalo agarrou a mão da irmã, fazendo com que
a rapariga o olhasse.
-
Eu estou contigo. Vai correr tudo bem.
-
Obrigada – Ana não resistiu e abraçou o irmão. Saíram, depois, os dois do carro
indo na direção do pequeno portão da casa. Gonçalo tocou à campainha, esperaram
um pouco e Diego apareceu junto do portão.
-
Ana… - abriu o portão, cumprimentando-a com dois beijos.
-
Este é o meu irmão, Gonçalo é o Diego – os dois cumprimentaram-se com um aperto
de mão e Diego olhou para Ana – desculpe termos aparecido aqui sem avisar. Mas
eu já soube que a sua esposa quer avançar na compra da minha casa sozinha…
-
Ana, eu falei com ela. Disse-lhe que ia deixá-la decidir sozinha e que não me
iria envolver no assunto. Mas ela não desiste…
-
Seria possível falarmos com ela?
-
Bom… - Ana reparou que, de um momento para o outro, a tranquilidade existente
no rosto de Diego tinha desaparecido. Começou a mexer as mãos uma na outra,
coçou a cabeça e não a olhou nos olhos durante alguns segundos – eu acho melhor
não – voltou a olhar para Ana – porque não vêm noutro dia? Ela hoje não se está
a sentir muito bem…
-
Mas só para uma palavrinha… - começou Ana.
-
Ana – chamou-a Gonçalo, fazendo com que a irmã o olhasse – tentamos noutro dia
– Ana assentiu que sim com a cabeça, olhando de novo para Diego.
-
Desculpe termos aparecido aqui sem avisar…
-
Não precisas de me pedir desculpa. E venham quando quiserem…pode ser que a
consigam fazer mudar de ideias.
-
Obrigada – despediram-se de Diego, voltando para o carro. Gonçalo começou a
conduzir, parando o carro ao fundo da rua – que se passa?
-
De certeza que ele vai ter de sair para o treino – olhou para a irmã – nessa
altura nós vamos lá ver se ela está lá – Ana sorriu, sabendo que ainda hoje aquele
assunto também poderia ficar resolvido.
Passaram
meia hora naquele carro, tentando ocupá-los da melhor maneira. Cantaram,
riram-se e falaram sobre as melhoras na saúde da avó. Assim que viram um carro
sair de casa de Diego e vir na direção deles, baixaram-se para que não fossem
vistos.
-
Quem era? – perguntou Ana.
-
Acho que era ele – sentaram-se os dois como deve ser e Gonçalo ligou o carro,
indo até à porta de casa. Saíram dele, caminhando de novo na direção do portão
– estás pronta?
-
Acho que sim – Ana respirou fundo, bem fundo, tocando à campainha.
Passado
pouco tempo, a porta da casa abriu-se e uma senhora apareceu. Deveria ser
Tereza, a mulher de Diego. Longos cabelos morenos, uma figura bastante maternal
e simpática. Ninguém lhe daria mais de 40 anos, uma maquilhagem impecável que a
deixava ainda mais encantadora e muito bem vestida. Notava-se que era mulher de
posses, que tinha cuidado com a sua imagem.
À
medida que se ia aproximando deles, Ana conseguia ver as lágrimas a escorrerem
pela cara daquela mulher. Começou a ver que havia imenso sofrimento naquele
mulher que se aproximava dela. Os olhos de Tereza, estavam fixos aos de Gonçalo
e, assim que chegou ao portão, ambos ouviram um enorme suspiro vindo da mulher.
-
Gonçalo… - disse Tereza, fazendo com que os dois não conseguissem compreender
como é que ela saberia o seu nome. Tereza abriu o portão, aproximando-se de
Gonçalo – sou eu, filho. É a mãe – no momento em que Tereza levou a sua mão à
cara de Gonçalo, o rapaz deixou-se petrificar. Olhou de esguelha para Ana que
nem um único músculo mexia.
Ana.
Não estava a conseguir sequer processar o que os seus ouvidos acabavam de
ouvir. Não conseguia tirar os olhos de Tereza mas não sabia o que pensar. Nada
na sua cabeça fazia sentido naquele momento. Tereza olhou-a, aproximando-se
dela.
-
Filha – Tereza quis aproximar-se dela, quis tocar-lhe mas Ana recuou. Nada daquilo
estava a fazer sentido – ratinha – as lágrimas invadiram o rosto de Ana ao
ouvir aquilo…como é que aquela mulher poderia ser a sua mãe? Estava…diferente,
agora que a olhava bem reconhecia-lhe os olhos mas todo o seu rosto estava
diferente. Aquela não poderia ser a sua mãe…aquela não poderia ser a mulher que
a trouxe ao mundo, a que mulher que ela mais amava, a mulher que ela perdeu aos
4 anos. Não poderia ser ela e ser a mesma que lhe queria tirar o que restava da
sua infância – é a mãe, ratinha.
Olá meninas!
Em primeiro lugar quero pedir-vos desculpa pela demora em trazer um novo capítulo a esta história. Como já tinha anunciado, a Veo está a entrar na sua fase final pelo que muitas decisões têm de ser pensadas e tomadas. Daí, às vezes, ser complicado transportar as ideias que tenho na cabeça para um documento Word.
Espero que gostem deste capítulo e do rumo que toda a história está a levar. Fico à espera da vossa opinião e, se for o caso, dos vossos desejos para o que falta de história. O que é que ainda gostariam de ver? Quais são as vossas expetativas? Digam-me tudo em comentário.
Beijinhos,
Ana Patrícia.
Holla :)
ResponderEliminarEu bem sabia que a tal mulher era a mãe da Ana O:
Daí a insistência dela em comprar a casa...muito esperta -_-
Bem!...este capitulo chocou-me um pouco porque pensava mesmo que a mãe da Ana tinha morrido...mas afinal não :O
Vou só deixar uma ideia para o rumo final...é a Ana perdoar a mãe
Próximo capitulo o mais rápido possível sff
Beijos :*