sábado, 24 de setembro de 2016

69: “é a mãe, ratinha.”

 Os dias passaram, mais tranquilos do que Ana alguma vez pensou que pudesse acontecer dado aos acontecimentos dos últimos tempos.
- Ana? – Sergio chegava à cozinha, colocando-se ao lado da mulher.
- Que é que se passa? – apenas pelo tom de voz de Sergio, Ana conseguiu perceber que alguma coisa ele queria dizer-lhe. E, depois de o olhar, percebeu que havia uma certa preocupação estampada no seu rosto.
- Podemos falar um pouco?
- Claro – Ana desligou o bico do fogão e os dois sentaram-se à mesa, lado a lado – o que é que te anda a preocupar?
- Acho que há já algum tempo que devia ter tido esta conversa contigo porque és minha mulher e tens todo e mais algum poder de decisão sobre as nossas vidas – naquele momento a certeza de que seria uma conversa séria tornou-se ainda maior – eu tenho recebido algumas propostas de trabalho… - esta conversa… - eu sei que, se calhar, nunca te ocorreu que eu pudesse pensar nesta situação, nesta altura sobretudo…mas eu tenho propostas bastante aliciantes, que nos poderiam dar uma maior estabilidade ao dois.
- Sergio…
- Eu sei que pode parecer algo muito repentino, que também pode parecer que só estou a pensar em mim e na minha profissão mas, ao sair de Madrid, eu só sairia para vos dar o melhor aos dois. Só mudaria de vida para que as nossas vidas pudessem melhorar.
- Eu sou feliz com a vida que tenho em Madrid. Eu não esperava que pudesses vir com esta conversa neste momento – de certa forma, Ana não sabia bem o que pensar – claro que sei que, mais cedo ou mais tarde, acabarás por sair de Madrid mas eu não sei se estou preparada para que seja neste momento – Ana viu o olhar de Sergio afastar-se do seu. Conseguia perceber que, talvez, não fosse aquela resposta que ele estaria à espera – tu sabes dos problemas que eu tenho entre mãos, sabes da proposta de trabalho que estou a ponderar…e o Vicente é tão pequeno. Seriam muitas mudanças…
- Eu percebo mas…achas que podemos considerar a hipótese dessas mudanças?
- Eu não sei, Sergio. Não sei mesmo… - o som do telemóvel de Ana fez-se ouvir nos segundos seguintes, fazendo-a saltar da cadeira num ápice. Dirigiu-se até à sala, atendendo a chamada – boa noite? – disse, ao atender sem reparar quem era.
- Já não sabes quem eu sou é? sentiu o seu corpo enfraquecer. Sentou-se no sofá desatando num pranto que há muito não lhe acontecia. Do outro lado da linha tinha a sua Miranda, a sua melhor amiga, quem mais falta lhe fazia então minha princesa?
- Miró… - estava cheia de saudades da sua melhor amiga por mais que falassem todos os dias – tenho tantas saudades tuas…
- Oh meu amor, eu também tenho saudades tuas! Mas não precisas de chorar, nós andamos sempre em contato uma com a outra. O que é se passa?
- Há tanta coisa a acontecer…
- Eu sei, eu sei disso meu amor. Eu vou para Madrid amanhã de manhã e estou já aí uma semaninha para te ajudar e estar contigo um peso começava a sair das costas de Ana. Estar com a sua melhor amiga era tudo aquilo que pedia naquele momento. Era o que mais lhe iria fazer bem mas tu estás bem? Aconteceu mais alguma coisa?
- É só…posso ser eu a ir buscar-te ao aeroporto e vamos tomar o pequeno-almoço juntas?
- Claro. Eu vou com os meninos e a Manuela, deixamos todos em casa e vamos as duas pôr tudo em dia.
- Obrigada. Obrigada mesmo, Miró.
- Shh, tu estás a precisar de mim e eu já percebi isso.
- Preciso imenso mesmo…
- Eu estou a chegar, meu amor mantiveram-se a conversar durante algum tempo. O tempo suficiente para conseguir acalmar-se e pensar com a cabeça mais tranquila.
Desligou a chamada, deixando-se ficar ali sentada. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, Sergio iria estar à sua procura ou que, provavelmente, teria ouvido parte da conversa e já estava a olhá-la pela porta entre a cozinha e a sala. Mas optou por não se mexer, não movimentar um único músculo seu.
- Estiveste a chorar? – a voz de Sergio quase parecia ecoar pela sala, ou então pelo coração de Ana.
- Estive a falar com a Miranda…são as saudades a funcionar – levantou-se, deparando-se com Sergio encostado à ombreira da porta – eu vou terminar o jantar…achas que podes ir buscar o Vicente para ele comer, também?
- Claro – Ana passou por Sergio, indo até à cozinha. Naquele momento os dois perceberam que as coisas estavam mais tensas entre ambos. Naquele momento, toda a história de uma possível mudança afastou-os aos dois.


- É muita coisa a acontecer neste momento…
- Mesmo que eu me queira pôr no teu lugar é algo que eu não conseguiria fazer – Ana e Miranda estavam juntas há quase duas horas. Duas horas onde Ana desabafara sobre o que a atormentava naquele momento: a insistente procura de comprarem a casa, a oferta de trabalho, os sete meses de Vicente e, por último, a conversa com Sergio. Muita coisa estava e estaria para acontecer.
- Já tive momentos em que tive de ser eu a procurar problemas onde eles não existiam…se calhar agora é a paga e os problemas estão a vir todos para cima de mim ao mesmo tempo.
- Precisas de levar um de cada vez. Começar pelos mais simples e dar uma solução a cada um deles.
- Se eu soubesse qual deles é o mais simples…
- A oferta de trabalho! – Miranda demonstrava estar disposta a ajudar Ana de qualquer maneira. Se há coisa que, naquele momento, Miranda mais queria era aliviar o peso que Ana tinha sobre si naquele momento – não é super simples, não é algo que possas dizer que sim ou que não por ti só. Fala com o Sergio, falem os dois sobre as propostas de trabalho que ambos têm. E, a partir daí, resolvam as coisas.
- Se fosse assim tão simples…
- Eu sei que não é – Miranda passou o braço por cima dos ombros da amiga, puxando-a para ela – mas tens de começar por algum lado. Tens de superar o primeiro obstáculo para dares cabo de todos a seguir – Ana olhou-a e respirou fundo.
- Obrigada. Por simplesmente seres a melhor irmã que eu tenho.
- O Gonçalo se ouve isso fica com ciúmes – as duas riram-se e Miranda acabou por beijar a bochecha de Ana – eu vou estar sempre aqui para tudo o que precisares.
- O mesmo te digo eu. Como é que têm andado as coisas lá por Munique? – perguntou para conseguir mudar de assunto e focarem-se em Miranda por um momento.
- Ainda é tudo muito estranho, a língua é horrível mas tem sido muito bom. Temos lá o Thiago Alcantara que nos ajuda imenso a perceber as coisas e a comunicar, ele tem mulher então andamos muitas vezes com eles.
- Que bom! Ainda bem que tens lá alguém assim. E os meninos? Eles têm-se adaptado bem?
- Sim. Acho que para eles é mais complicado porque há sempre aquela vergonha inicial de falarem com alguém, há o medo de errarem…mas eles já falam mais alemão do que eu e o Xabi juntos – as duas riram-se por um momento.
- E a nossa princesa já fez um ano! – Maya havia cumprido um ano há duas semanas. Tinha havido uma pequena festa onde os pais de Xabi tinham estado presentes. Ana bem desejou lá estar, mas foi-lhe recomendado pela médica de Vicente que não o fizesse, tendo em conta os problemas de saúde que o menino tivera quando nasceu – desculpa por não ter ido ter com vocês…
- Eu sei. E não te tens de preocupar com isso, foi só mesmo para marcar o dia porque para ela foi mais do mesmo. Comeu, dormiu, brincou e pouco mais – as duas riram-se, ficando ainda algum tempo juntas.
Ana sabia que Miranda tinha razão quando lhe dizia que precisa de começar a resolver os seus problemas, quando lhe disse para começar por algum lado. E Ana sabe que só precisa de ganhar coragem para começar e enfrentar o primeiro problema de frente.


Ana terminou de dar banho ao filho, pegou nele ao colo começando a dirigir-se para o seu quarto. Ouviu o seu telemóvel tocar, apressando o passo para o atender. Era Salvador.
- Sal! Como é que estás?
- Eu estou bem e tu, miúda?
- Eu cá vou andando…com tudo por resolver.
- Eu não imagino como seja difícil gerir tudo…
- Tem sido complicado – Ana deitou Vicente na sua cama, sentando-se perto do filho – há mesmo muita coisa a acontecer neste momento.
- Eu liguei para saber se havia desenvolvimentos por aí. É que o advogado voltou a ligar…
- Para ti? Porquê? Eu tenho falado com ele! Para que é que ele te foi ligar? – Ana não estava a conseguir compreender aquilo, não depois da conversa que teve com Simeone.
- Acho que a mulher quer comprar a casa sozinha…
- Eu já falei com o marido dela…não percebo, juro-te – Ana percebeu que tinha uma chama em linha, vendo que era o seu irmão – Sal, o meu irmão está a ligar-me. Importas-te que te ligue depois?
- Claro que não. Vê lá o que aconteceu que depois falamos.
- Obrigada por teres ligado – Ana desligou aquela chamada, atendendo logo de seguida a do seu irmão – olá, Gonçalo.
- Como é que estás?
- Lá vamos andando. O Salvador, o meu amigo que tem a casa de Portugal…ligou agora a dizer que lhe voltaram a ligar.
- Hum…isso já está a ficar cada vez mais complexo.
- Nem tu sabes o quanto!
- Ouve…se tu quiseres vamos os dois a casa deles e falamos com os dois Ana não esperava ouvir aquilo de Gonçalo. A relação dos dois tinha melhorado, não poderiam negá-lo, mas Ana ficava surpreendida com determinadas ações do irmão.
- Obrigada, Gonçalo. Mas eu não sei o que fazer…eu ando muito baralhada.
- Eu acredito que sim, Ana. Isto deve mexer imenso contigo…mas se quiseres, eu vou contigo se calhar não era o mais correto a fazer, nem o mais indicado. Mas tinha de começar por algum lado.
- Podemos ir lá amanhã?
- Claro que podemos. Quero que resolvas isto de uma vez por todas.
- Obrigada, Gonçalo.
- De nada. Também te liguei para dizer que a avó está doente…eu fui com ela hoje ao médico, é uma constipação bem forte.
- A sério? Podias ter dito que eu tinha ido contigo!
- Não te quis maçar com isto. O médico alertou para se, daqui a três dias, ela não estiver melhor a levar de novo ao hospital.
- Se precisares de alguma coisa diz. Vamos esperar que ela não tenha de ir ao hospital de novo… - Sergio entrou no quarto, deitando-se ao lado do filho. Começou a beijar-lhe a bochecha, fazendo o menino rir-se à gargalhada.
- Está animado!
- O Sergio está a brincar com ele.
- Vá, então aproveita esse momento para relaxar. Amanhã passo aí para te ir buscar, sim?
- Sim. Obrigada – despediu-se do irmão, atirando o seu telemóvel para o lado e ficou apenas a olhar para o seu marido e o seu filho – eu poderei considerar a saída de Madrid – começou, fazendo com que Sergio a olhasse – mas só depois de ter tudo resolvido aqui, só depois de o Vicente ter autorização para viajar…
- Penso que podemos ficar descansados, por agora – Sergio sorriu, agarrando a mão de Ana – as propostas que houveram não são as ideais. Eu vou ficar por Madrid este ano…ficaremos os três juntos, aqui.
- Tu não recusaste por minha causa, pois não?
- Não, meu amor. Eu só aceitaria algo depois de falar contigo sobre a proposta. Mas não nos ia dar mais do que temos agora. Mas obrigado por considerares sair de Madrid comigo.
- Eu vou querer sempre estar onde tu estejas.
- Gracias. De verdad – Ana aproximou-se do marido, beijando-lhe os lábios – vale. A tua proposta de trabalho…queres falar sobre ela?
- É diferente do que eu estou acostumada – viu Sergio olhar para o filho, começando a brincar com as mãos de Vicente – é uma revista de arquitetura e decoração de interiores, eu seria responsável por entrevistas na área…e eu não conheço assim grande coisa disso. Eu acho que tu até estarias mais bem qualificado para o trabalho do que eu – Sergio olhou para Ana, enrugando a testa – o que tu fizeste com a nossa casa…não era nenhum homem que o faria!
- Eu só dei ideias do que queria. Quem tratou de tudo foi a minha mãe, a Miriam e a Miranda – Ana ficava mais do que surpreendida com aquela afirmação. Nunca Sergio antes lhe tinha dito – estraguei o teu sonho de homem decorador de interiores não foi?
- Foi! Enganaste-me este tempo todo – os dois riram-se e Sergio levou a sua mão ao pescoço da mulher.
- Eu sei que não é a tua área – começou Sergio – mas eu conheci a tua casa e Lisboa e a outra ao pé da praia. E tu essas decoraste-as sozinha…e estavam lindas. Tenho a certeza que te vais dar bem por lá, caso aceites, e que depois te vais esforçar ainda mais para conseguires aprender tudo. E é o recomeço da tua carreira de jornalista.
- Obrigada – Ana beijou-o, levantando-se a seguir. Foi até à sua mala, retirando de lá o cartãozinho com o contato que o diretor da revista lhe havia dado há algum tempo – acho que posso, então, saber mais do que é que a oferta de trabalho implica.
- Isso é um excelente começo – os dois sorriram e Ana iniciou uma curta chamada com Davi de la Rosa. Combinaram uma pequena reunião para dali a dois dias
- Feito. Daqui a dois tinhas tenho reunião e logo veremos.
- Vai correr tudo bem e, escolhas o que escolheres, eu vou estar cá para te apoiar.
- Obrigada, a sério – voltou a sentar-se na cama, reparando que Vicente tinha adormecido – outra coisa – olhou para Sergio – amanhã vou com o Gonçalo a casa do Diego.
- O Simeone?
- Sim. Ligaram hoje, de novo, para o Salvador. Ao que parece a mulher dele está interessada em comprar a casa sozinha.
- Bem, não desiste mesmo!
- E eu já começo a ficar farta disto. Agora que dois pesos saíram-me de cima, tenho de lidar com este isolado.
- Fico contente que o teu irmão te ajude nisto. E que a vossa relação esteja a crescer.
- Eu também, Sergio. E…desculpa se eu não tenho sido a tua mulher nos últimos tempos. Praticamente não temos tido tempo os dois sozinhos… - Sergio colocou o seu dedo indicador nos lábios de Ana, levantou-se e pegou em Vicente ao colo.
Saiu, por momentos, do quarto regressando sem Vicente no seu colo.
- Estamos sozinhos! – Ana riu-se, vendo Sergio abrir os braços. Apressou-se a ir na direção dele, levando as suas mãos ao peito do marido – és e sempre serás a mulher que eu mais quero neste mundo – depois de levar as suas mãos ao pescoço de Ana, Sergio beijou-a sem pressa de terminar aquele momento.
E há quanto tempo não estavam os dois sozinhos enquanto casal. Há demasiado tempo, fazendo com que cada beijo fosse uma nova descoberta de sensações, de prazeres, de sentimentos a explodirem no interior de Ana. Sabia que Sergio a conhecia como ninguém, sabia que iria proporcionar-lhe dos melhores e maiores momentos de prazer,
Não estavam juntos assim, entregando-se um ao outro com um desejo tremendo, um sentimento de posse um do outro e uma vontade de não pôr um ponto final há demasiado tempo. E ambos sentiam falta disso mas, naquele momento, todo o tempo em que não se tinham entregue um ao outro estava a ser recompensado.


- Deixei o Vicente com a Miranda. Eu não sei quanto tempo demoramos aqui – confessava Ana ao seu irmão, já a caminho da casa de Simeone.
- Como é que ela está?
- Acho que nunca a vi tão feliz. Sabes…a Miranda cresceu comigo e com todas as meninas do orfanato, nas mesmas condições, sem o mesmo afeto. E ela sempre foi a que procurava mais carinho, mais amor e uma família – Ana olhou o irmão – e estar a ter isso tudo agora…acho que é o momento em que a Miranda mais anda feliz.
- De certeza que o irá continuar a ser por muitos e bons anos. Acho que é aqui – disse, parando o carro em frente de uma grande e bonita moradia.
- Acho que não estou preparada… - Gonçalo agarrou a mão da irmã, fazendo com que a rapariga o olhasse.
- Eu estou contigo. Vai correr tudo bem.
- Obrigada – Ana não resistiu e abraçou o irmão. Saíram, depois, os dois do carro indo na direção do pequeno portão da casa. Gonçalo tocou à campainha, esperaram um pouco e Diego apareceu junto do portão.
- Ana… - abriu o portão, cumprimentando-a com dois beijos.
- Este é o meu irmão, Gonçalo é o Diego – os dois cumprimentaram-se com um aperto de mão e Diego olhou para Ana – desculpe termos aparecido aqui sem avisar. Mas eu já soube que a sua esposa quer avançar na compra da minha casa sozinha…
- Ana, eu falei com ela. Disse-lhe que ia deixá-la decidir sozinha e que não me iria envolver no assunto. Mas ela não desiste…
- Seria possível falarmos com ela?
- Bom… - Ana reparou que, de um momento para o outro, a tranquilidade existente no rosto de Diego tinha desaparecido. Começou a mexer as mãos uma na outra, coçou a cabeça e não a olhou nos olhos durante alguns segundos – eu acho melhor não – voltou a olhar para Ana – porque não vêm noutro dia? Ela hoje não se está a sentir muito bem…
- Mas só para uma palavrinha… - começou Ana.
- Ana – chamou-a Gonçalo, fazendo com que a irmã o olhasse – tentamos noutro dia – Ana assentiu que sim com a cabeça, olhando de novo para Diego.
- Desculpe termos aparecido aqui sem avisar…
- Não precisas de me pedir desculpa. E venham quando quiserem…pode ser que a consigam fazer mudar de ideias.
- Obrigada – despediram-se de Diego, voltando para o carro. Gonçalo começou a conduzir, parando o carro ao fundo da rua – que se passa?
- De certeza que ele vai ter de sair para o treino – olhou para a irmã – nessa altura nós vamos lá ver se ela está lá – Ana sorriu, sabendo que ainda hoje aquele assunto também poderia ficar resolvido.
Passaram meia hora naquele carro, tentando ocupá-los da melhor maneira. Cantaram, riram-se e falaram sobre as melhoras na saúde da avó. Assim que viram um carro sair de casa de Diego e vir na direção deles, baixaram-se para que não fossem vistos.
- Quem era? – perguntou Ana.
- Acho que era ele – sentaram-se os dois como deve ser e Gonçalo ligou o carro, indo até à porta de casa. Saíram dele, caminhando de novo na direção do portão – estás pronta?
- Acho que sim – Ana respirou fundo, bem fundo, tocando à campainha.
Passado pouco tempo, a porta da casa abriu-se e uma senhora apareceu. Deveria ser Tereza, a mulher de Diego. Longos cabelos morenos, uma figura bastante maternal e simpática. Ninguém lhe daria mais de 40 anos, uma maquilhagem impecável que a deixava ainda mais encantadora e muito bem vestida. Notava-se que era mulher de posses, que tinha cuidado com a sua imagem.
À medida que se ia aproximando deles, Ana conseguia ver as lágrimas a escorrerem pela cara daquela mulher. Começou a ver que havia imenso sofrimento naquele mulher que se aproximava dela. Os olhos de Tereza, estavam fixos aos de Gonçalo e, assim que chegou ao portão, ambos ouviram um enorme suspiro vindo da mulher.
- Gonçalo… - disse Tereza, fazendo com que os dois não conseguissem compreender como é que ela saberia o seu nome. Tereza abriu o portão, aproximando-se de Gonçalo – sou eu, filho. É a mãe – no momento em que Tereza levou a sua mão à cara de Gonçalo, o rapaz deixou-se petrificar. Olhou de esguelha para Ana que nem um único músculo mexia.
Ana. Não estava a conseguir sequer processar o que os seus ouvidos acabavam de ouvir. Não conseguia tirar os olhos de Tereza mas não sabia o que pensar. Nada na sua cabeça fazia sentido naquele momento. Tereza olhou-a, aproximando-se dela.

- Filha – Tereza quis aproximar-se dela, quis tocar-lhe mas Ana recuou. Nada daquilo estava a fazer sentido – ratinha – as lágrimas invadiram o rosto de Ana ao ouvir aquilo…como é que aquela mulher poderia ser a sua mãe? Estava…diferente, agora que a olhava bem reconhecia-lhe os olhos mas todo o seu rosto estava diferente. Aquela não poderia ser a sua mãe…aquela não poderia ser a mulher que a trouxe ao mundo, a que mulher que ela mais amava, a mulher que ela perdeu aos 4 anos. Não poderia ser ela e ser a mesma que lhe queria tirar o que restava da sua infância – é a mãe, ratinha. 



Olá meninas! 
Em primeiro lugar quero pedir-vos desculpa pela demora em trazer um novo capítulo a esta história. Como já tinha anunciado, a Veo está a entrar na sua fase final pelo que muitas decisões têm de ser pensadas e tomadas. Daí, às vezes, ser complicado transportar as ideias que tenho na cabeça para um documento Word. 
Espero que gostem deste capítulo e do rumo que toda a história está a levar. Fico à espera da vossa opinião e, se for o caso, dos vossos desejos para o que falta de história. O que é que ainda gostariam de ver? Quais são as vossas expetativas? Digam-me tudo em comentário. 
Beijinhos, 
Ana Patrícia. 

1 comentário:

  1. Holla :)
    Eu bem sabia que a tal mulher era a mãe da Ana O:
    Daí a insistência dela em comprar a casa...muito esperta -_-
    Bem!...este capitulo chocou-me um pouco porque pensava mesmo que a mãe da Ana tinha morrido...mas afinal não :O
    Vou só deixar uma ideia para o rumo final...é a Ana perdoar a mãe
    Próximo capitulo o mais rápido possível sff
    Beijos :*

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