quinta-feira, 27 de junho de 2013

32 - "Vocês só são da minha família à pouco tempo..."

Passou uma semana. A minha avó tinha ficado internada quatro dias, mas estava muito melhor, cheia de energia, de vontade de viver a vida. Em conversa, eu, ela e o Gonçalo, decidimos que ela iria connosco para Madrid. Ela não se estava a sentir já muito bem com a irmã, uma vez que elas nunca se deram realmente bem.
Ficaria em casa do Gonçalo. Pedi ao meu irmão que assim fosse, eles teriam oportunidade de se conhecerem melhor, teriam tempo para aproveitar enquanto que eu teria de resolver o futuro. 
Há tanta coisa para resolver...há tudo do bebé para tratar, o quarto, as roupas, os biberons, as chuchas...tudo! E depois...ainda há a filha da Pilar, que poderá vir para nossa casa e serão mais preocupações para ter em conta. E ainda, no meio de tudo isto, há nós. Eu e o Sergio. Temos de aproveitar que ele está de férias para tratar de planear o nosso futuro, o que fazer quando o bebe nascer, o que fazer em relação à bebé da Pilar e o que fazer em relação a nós. Eu tenho de começar a pensar o que quero fazer da vida. Tenho de arranjar um emprego, não irei viver às custas do Sergio. Mas também sei que até ao fim da gravidez ninguém me dá emprego. 
Era dia de regressar a Madrid. Voltar a estar com ele. Falávamos todos os dias, chegávamos a adormecer a falar um com o outro. As saudades eram muitas e sabia perfeitamente que quando chegasse a Madrid o tinha de encher de mimo.
Toda a viagem foi tranquila. A minha avó fazia imensas perguntas porque tinha medo de andar de avião. A Miranda ia sempre a tentar animar o pessoal, enquanto que eu e o meu irmão tranquilizávamos a nossa avó. Depressa aterrámos em Madrid, recolhemos as nossas malas e começámos em procura dos nossos acompanhantes. 
Ora bem...teríamos de ver um senhor com duas crianças, uma rapariga muito bonita com um carrinho de bebé e o rapaz vai com todas de Espanha. Os meus olhos procuravam por este último, teria sido um vai com todas, mas é comigo que ele está. 
Estava complicado de os encontrar. Muito complicado mesmo, estava imensa gente na zona das chegadas o que nos dificultou ainda mais a vida. Ia a pegar no telemóvel para ligar ao Sergio a saber onde ele estava, quando:
- Ratinha! - apenas três pessoas me chamavam assim: os meus pais e o Sergio. Virei-me para trás e ele vinha na minha direcção com um enorme sorriso nos lábios. Dei uns passos na direcção dele até que as mãos dele chegaram ao meu pescoço e os nossos lábios se tocaram.
- Tinha tantas saudades tuas... - disse, quebrando o beijo.
- E eu vossas! - colocou uma das mãos dele, sobre a minha barriga e, de imediato, o bebé começou a mexer-se.
- Parece que o piolho também tinha saudades.
- Se a mãe tinha, porque não haveria ele de ter?
- Tens razão... - ele deu-me mais um beijo e fomos ter com o meu irmão, que já estava com a minha cunhada e o meu sobrinho, junto da minha avó, da Miranda, do Xabi e dos filhos dele.
O Gonçalo já tinha apresentado a família dele à avó e, quando eu e o Sergio chegámos junto deles, ela olhou de imediato para nós.
- Avó? - chamei-a e ela aproximou-se de nós - queria apresentar-lhe o Sergio, o meu namorado, pai do seu bisneto; Sergio es mi abuela.
- Encantado - o Sergio pegou na mão da minha avó, beijando-a.
- Que guapo es! Mi nieta es muy afortunada por tenerte - surpreendeu-me...não pelo que disse, porque a D. Palmira, quando quer diz-lhe o que lhe apetece, mas pela forma como o disse. Falando em espanhol. Ela já cá tinha estado, quando os meus pais se conheceram, mas daí a saber falar espanhol...
Enquanto o Sergio cumprimentou o meu irmão e a Miranda, agarrei a minha avó pelo braço. 
- Sabe falar muito bem espanhol, abuela...
- O porque só saberás quando eu te quiser contar.
- Como quiser...até pode contar ao Gonçalo primeiro, já que vai passar mais tempo com ele. 
- Que é isso?
- O que?
- Estás com ciúmes do teu irmão?
- Porque haveria de estar? Vocês só são da minha família à pouco tempo... - deixei a boca fugir para a verdade...e a minha avó ficou um pouco chocada com isso - não sabe porque nunca me procurou mas eu sou desbocada e digo o que me passa pela cabeça. 
- E tens razão...entrámos na tua vida à demasiado pouco tempo...mas entrámos. 
- Eu não digo que não, mas já lhe disse, não me peça para ser, sobretudo para si, uma neta a 100%. Nunca tive uma avó para retribuir isso. 
- Espero que ainda tenhamos tempo para isso. 
- É esperar e ver o que nos irá acontecer a todos. Mas...vão ser tempos complicados, não para nós enquanto família Moreira, mas para...todos. 
- Que queres dizer com isso?
- Mais tarde saberá... - vamos começando a sair do aeroporto e distribui-mo-nos pelos carros. A minha avó foi com o Gonçalo, a mulher e o meu sobrinho, a Miranda com o Xabi e os meninos e eu com o Sergio.
- Nem acredito que já te tenho ao pé de mim... - disse o Sergio, para de seguida me beijar antes de entrarmos no carro.
- É bom estar de volta...e ficar longe deles.
- Então?
- Não me sinto feliz ao lado deles.
- Mas...
- É a verdade Sergio. Estou a adorar te-los na minha vida, mas estar assim tanto tempo com eles é dificil. Estão sempre a querer ser uma família quando não o somos.
- Oh...mas eles estão a tentar Ana.
- Eu sei que sim, mas podiam ter tentado quando eu tinha 4 anos e fui viver para um orfanato.
- O teu irmão não sabia. 
- Não é dele que falo...é a minha avó. Faz de conta que está tudo bem entre nós, mas eu não me esqueço que ela também nunca me foi procurar.
- Eu entendo-te, mas tens de lhe dar um desconto. 
- Que desconto? Ela simplesmente me deixou à deriva, assim como deixou o meu irmão também. Mas eu não quero falar mais nisto. Agora estou contigo, que és a minha verdadeira família - agarrei-lhe na mão, que estava no volante, e ele continuou a conduzir. 
- Eu e o nosso piolho. Podes ter sempre a certeza disso.
- Quando é que decidimos o nome do nosso filho?
- Por acaso já tinha pensado nisso. 
- A serio? Eu também pensei durante a semana...
- Alguma sugestão?
- Sim...e tu?
- Também. Diz a tua primeiro - pediu ele. 
- Sabes que não se pode contrariar uma grávida, por isso serás tu a dizer primeiro.
- Porque é que é sempre esse o argumento agora? 
- É a verdade...já sabes quais são as consequências.
- Sim...o meu filho pode nascer com falta de qualquer coisa, ou eu posso nunca mais ter filhos e ainda me ameaças-te com a greve de sexo até ao menino nascer.
- Sabes bem a lição - ameaças de grávida que o Sergio anda a levar muito a sério - mas vá...diz lá. Qual é a tua ideia?
- Lucas.
- É bonito.
- E a tua?
- Santiago - entretanto chegámos a casa, o Sergio retirou a mala do porta bagagens e entrámos em casa. O nosso cantinho, cheio de coisas boas, coisas nossas, coisas que só nós sabíamos que tinham acontecido.
- Santiago porque? - perguntou ele, depois de pousar a mala junto da escada e de termos entrado na cozinha...estava com fome só para variar.
- Porque mantinha o S dos meus Sergios...tu e o meu pai e Santiago porque foi no Santiago Bernabéu que tive a certeza do que sentias por mim. 
- A noite do Barnabéu...

LEMBRANÇA:
A música deixara de tocar, Sergio parou de cantar, mas os corpos do casal continuavam embalados pela melodia, continuavam a bailar, sem música, mas um com o outro.
-Fui o maior imbecil, mas quero que saibas, que nem por um segundo te deixei de amar...tu és uma pessoa maravilhosa, és uma princesa, um ser humano como eu nunca conheci. Eu não queria que sofresses...pelo que disse, mas...eu senti que estava a acontecer o que já me aconteceu uma vez...estarem as coisas bem, mas depois saber que ela só estava comigo pela fama... - Ana colocou o seu dedo nos lábios de Sergio e tomara a sua vez de falar.
-É a minha vez de falar – Sergio rodeou-a com os seus dois braços – eu também sei o que sentis-te...e, acho que, agora, consigo compreender um bocadinho...eu não sei a verdade do teu passado, sei do teu presente...e quero, pelo menos, fazer parte do futuro...não como apenas mais uma que te vai usar...mas como uma rapariga, que te vai...amar, sempre, Sergio.
-Descu...
-Shiu – Ana não queria que ele pedisse desculpa...a culpa não era dele, nem dela, não era de ninguém. Aproximou-se dele, mas...uma vez sem saltos, Sergio teve de se curvar para que, depois de imenso tempo, talvez demais até, os lábios que tão bem se beijassem, se envolvessem, também eles, num bailado calmo e sincronizado.

- Foi um dia perfeito - disse ele.
- Foi mesmo... - concordei ao lembrar-me de tudo o que tinha acontecido. A nossa reconciliação, a dança, o vestido, o jantar em casa da mãe dele, a Daniela. Tinha saudades dela, fazia-me bem estar com ela, sobretudo agora com a gravidez que ela anda sempre curiosa com tudo o que o primo faz na minha barriga.
- Fica Santiago o nosso menino?
- Então e Lucas, também é bonito. E não temos de escolher já.
- Teremos, de certeza, outras oportunidades para escolher nomes para os nossos filhos. E a tua explicação para o nome deixa-me tocado, acho que é o nome perfeito que o nosso filho pode ter.
- Tens a certeza?
- Absoluta! - ele veio na minha direcção, deu-me um beijo a agarrou-se à barriga - Santiago Moreira García?
- É esquisito não ter o Ramos...nem parece teu filho.
- Tens dúvidas de que não seja?
- Óbvio que não, parvo. 
- Eu sei bem isso, mas eu só uso o Ramos por causa da minha mãe. Sabes que ela é o meu ídolo desde que nasci, ela era a minha mulher antes de te conhecer.
- Será...que ela sente que eu te afastei dela?
- Não. Achas? A D. Paqui sabia perfeitamente que o filho iria arranjar uma mulher linda e perfeita para ser a mãe dos filhos dele e o aturar de manhã à noite.
- E eu bem que o aturo.
- Nem é difícil pois não?
- Não...com jeitinho vais lá - ficamos ali os dois na cozinha e, enquanto eu comia o Sergio ia-me pondo a par de tudo o que tinha acontecido.
Contou-me de que tinha voltado a falar com os pais da Pilar e que nos iríamos encontrar com eles dentro de três dias aqui, em Madrid, para falarmos sobre a possível vinda da bebé dela cá para casa.

3 dias depois: 
Era hoje o dia de nos encontrarmos com a mãe e o pai da Pilar. Não estava nervosa com a conversa, só eles poderiam decidir o que queriam para a bebé, eu não podia simplesmente impor-me perante eles. Sugeri-lhes que a menina ficasse connosco para terem tempo de acertar tudo.
Combinámos encontrar-nos num café no centro de Madrid. Eles vieram cá de propósito para falar connosco, uma vez que voltarão para Málaga, onde está a Pilar.
Eu e o Sergio fomos para o tal café e sentámo-nos na esplanada já que eles ainda não tinham chegado e estava um calorzinho bom para se estar à sombrinha. Pedimos uns sumos para beber uma vez que ainda iríamos ficar por ali algum tempo.
- Que é que achas que eles têm para dizer? - perguntei. 
- Não faço ideia...mas estou preparado para qualquer coisa.
- Somos dois...como é que estará a Pilar?
- Na mesma, quase de certeza. Estando a fazer a medicação leve é complicado que o comportamento dela seja outro.
- És capaz de ter razão. Quando falaste lá com a senhora, ela disse que a bebé estava bem, certo?
- Sim. A bebé está bem...têm medo é do parto.
- O que é que poderá correr mal?
- Não sei. Eu falei de novo com a médica a meio da semana, e ela disse-me que vai ser cesariana porque ela ainda não está no fim do tempo, ainda lhe faltam mais duas semanas, mas querem começar o tratamento mais cedo e como a bebé está com o tamanho e peso certo, vão fazer assim.
- Essa menina já está a sofrer...espero que quando nasça não tenha de ser assim.
- Olha, eles vêm aí - o Sergio levantou-se e eu fiz o mesmo.
Um casal, na casa dos 50 anos, aproximou-se de nós.
- Boa tarde - disseram eles. O Sergio encaminhou-se na direcção deles e cumprimentou-os.
- É a Ana, a minha namorada. Ana, são os pais da Pilar: Antonella e Paco - anunciou o Sergio, agarrando-me na mão. Caminhei até eles e cumprimentei-os.
- Muito gosto em conhece-los. 
- É todo nosso - disse o pai da Pilar.
- Sentem-se - falou o Sergio para depois voltarmos aos nossos lugares. 
- Muito obrigada por terem decidido vir falar connosco - fui eu a começar, porque tinha sido eu a pedir à Antonella que pensasse na oferta que lhes estávamos a fazer.
- Nós é que temos de agradecer pelo que têm demonstrado para connosco e a nossa neta - era curioso... a Antonella não incluía a Pilar. Muito provavelmente saberia de tudo o que se tinha passado e é mais que óbvio que não era pela Pilar que o fazíamos.
- A minha mulher explicou-me o telefonema que lhe fizeram. Por muito que eu saiba que o Sergio é boa pessoa, é um grande homem, eu não sei se o devemos aceitar. Seria um fardo para vocês, sem um prazo estabelecido.
- Paco... - desta vez era o Sergio quem falava - Digo-lhe, o que estamos aqui a discutir, foi algo que eu não pensei. É tudo fruto do coração da Ana. Ela é que tomou a iniciativa de sugerir-lhes isto e eu, claro, aceitei esta iniciativa e apoio a 100%. É óbvio que a decisão final é vossa, não sei o que lhes passa pela cabeça, mas acreditem que o fazemos com a maior vontade do mundo. 
- Vocês são duas pessoas fantásticas - começou a Antonella, um pouco emocionada - já sabia isso do Sergio, mas falar com a Ana ao telemóvel e saber que ainda mantém a mesma ideia...vocês são dois anjos.
- Antonella, acredite que só estamos a fazer isto a pensar na vida da bebé e também em vocês. Eu...eu vivi num orfanato durante 14 anos. Não fui entregue para a adopção porque os meus familiares não quiseram, acho que se o tivessem feito, talvez eu fosse diferente...mas, durante os anos em que lá estive, fui aprendendo a crescer uma pessoa melhor, sem rancor, com o pensamento virado para os outros e foi isso que me fez dar-vos a minha ideia - fiz uma pausa, já que o empregado nos tinha vindo trazer os pedidos da Antonella e do Paco. Quando este voltou a sair de ao pé da nossa mesa continuei - eu vou ser mãe daqui a 21 semanas e, se me acontecesse alguma coisa depois do parto, eu não queria que o meu filho fosse para uma instituição. Os casos são diferentes, vocês são quase a única família da Pilar e têm de estar focados nela, eu teria pessoas que cuidassem do meu filho, mas nós estamos a querer ser essas pessoas para a vossa neta. Estamos dispostos a dar-lhe um lar, durante o tempo que ela precisar, durante dias, semanas, meses, como entenderem. Tudo faremos para que ela passe os primeiros tempos da vida dela num ambiente estável, já que, mesmo na barriga da mãe, não deve ser uma criança tranquila.
- Obrigada Ana, obrigada por teres telefonado, por seres uma pessoa boa, depois de tudo o que a Pilar te fez.
- É feito com o coração. Sabem que o fazemos pela bebé e não pela Pilar, até é um pouco por ela, porque depois, quando ela ficar boa, quem não nos garante que ela não irá ser uma mãe a 100%?
- Era muito bom que isso acontecesse - disse o Paco, com esperança na voz.
- Como é que ela têm estado? - perguntou o Sergio. Não me admirou o facto de ele querer saber como ela estava. Ela marcou as nossas vidas, sempre pela negativa para mim, mas ao Sergio, ela tinha mostrado outro lado dela enquanto namoravam.
- Nestes dois dias foi um pouco a baixo, começou com contracções de treino no outro dia e tiveram de lhe baixar os medicamentos, mas está bem. Não tem falado tanto em vocês e fala mais com a bebé. 
- Sempre vão fazer a cesariana? - perguntei.
- Sim. Tanto os psiquiatras, como os obstetras acham que é o melhor. Já está marcada e tudo. 
- Quando é que será?
- No final deste mês. Dia 27 de Julho.
- E em relação à nossa proposta? - perguntou o Sergio. Tal como ele, eu também queria saber o que iria acontecer.
- Nunca nos passou pela cabeça tal possibilidade. Quando ficámos a tomar conta da Pilar, começámos logo a pensar também na bebé e como seria. 
- Mas... - a Antonella interrompeu o Paco e agarrou a minha mão - não há palavras para agradecer o que vocês estão a fazer. Nós não sabemos como agradecer-vos. Nem sabemos se o nosso sim à vossa proposta será o mais acertado, mas queremos acreditar que sim, que é.
- Está a querer dizer-me que aceita a nossa proposta?
- Sim, nós aceitamos. Por muito que saibamos que será um processo complicado para vocês, saber que existem pessoas assim é muito bom. Temos um problema...nós não sabemos quanto tempo demorará a que a Pilar tenha alta do centro psiquiátrico...e o que acontecerá depois disso.
- Não se preocupem - falou o Sergio, colocando a sua mão em cima da da Antonella - iremos estar sempre em contacto, iremos sempre estar a par do que está a acontecer tanto com a Pilar como com a bebé. Quando acharem que está na altura de a virem buscar, vêm. E...se, por acaso, acontecer que não possam mesmo ficar com a menina, arranjaremos depois solução para isso.
- Obrigada pelo que estão a fazer. Se não fossem vocês eu tinha a certeza de que nunca iria ver a minha neta. 
- Não nos agradeça, a serio - tanto a Antonella como o Paco, nos agradeciam imenso, choravam e fizeram-me a mim chorar. 
Tenho a certeza de que será o melhor para aquele ser tão indefeso que irá nascer. Também tenho a certeza que me irei apegar a ela, mas sei que não é minha, sei que vou se a ama dela, que lhe irei dar o amor de uma mãe, mas que a mãe dela estará a recuperar para a vir buscar.

2 semanas depois: 
Estar grávida, em pleno verão, tem dias que é horrível. Nestas duas semanas a minha barriga sofreu um aumento considerável. O Santiago cresceu imenso e anda cada vez mais activo o que, a misturar com este calor infernal de Madrid, tem dias que me deixa completamente mole, sem vontade nenhuma de fazer nada, rabugenta, cheia de dores de costas e com desejos ao fim de um tempo. Ainda tenho desejos...por coisas geladas ou então coisas super quentes. O Sergio...tem sido a coisa mais compreensível à face da terra. Atura todos os meus amuos, todas as minhas birras, apoia-me nas minhas dores, está presente em cada momento de futebol na minha barriga. Sim que o Santiago mexe-se de uma maneira que meu Deus! 
Era dia do nascimento da Esperanza, a filha da Pilar. Tinha sido a Pilar a escolher o nome e era bem apropriado. Pode ser que, até ela, veja a filha como uma esperança para ela.
Rumamos a Málaga, de carro. Saímos de Madrid às 9:00h, já que o Sergio não queria que eu andasse de avião e, uma vez que vamos ficar lá até trazermos a Esperanza, tínhamos de ter o carro para trazer a menina de volta. A viagem foi longa, parámos algumas vezes em bombas de gasolina para nos refrescar-mos e satisfazer algumas necessidades. 
Depois de fazermos uma paragem, o Sergio avisou que era a última, visto que já estávamos quase a chegar. 
Liguei-me ao twitter para ver o que se andava a partilhar e, também, para partilhar uma das nossas fotos.

Calor, viagem, pai e filho, que mais posso querer?
Creio que adormeci um pouco depois disso porque não me lembro dessa parte da viagem, só me lembro de estar a fazer a rotunda e a entrar no parque de estacionamento do hospital. 
Saímos do carro e fomos até à recepção do hospital, onde estavam a Antonella e o Paco à nossa espera.
- Olá meus queridos - cumprimenta-mos os dois, sendo que eu cumprimentei primeiro o Paco e só depois a Antonella - como é que está esse menino? - perguntou ela. 
- Cada vez mais mexido, mas cada vez melhor. 
- Ainda bem. Já estão a preparar a Pilar. 
- E como é que ela está?
- Muito calma...super tranquila.
- Que bom - nisto, uma rapariga bastante jovem, de bata verde, chega perto de nós.
- D. Antonella, a sua filha está pronta e ela pediu para lhe perguntar se a Ana já cá estava. 
- Ela sabe que cá estamos? - perguntei.
- Sim, contámos-lhe tudo o que estão a fazer e ela reagiu muito bem a isso. Quer agradecer-vos e tudo, por isso perguntou se já tinhas chegado. Ela quer falar contigo antes que a Esperanza nasça. 
- Mas...eu não me posso aproximar dela. Por causa do processo. 
- Já o anulámos, dentro de dias irás receber essa informação. A Pilar pediu-nos isso também. 
- Ela...quer falar comigo?
- Sim. Peço-te, por favor, Ana. Vai falar com ela. Era muito importante que o fizesses. 
Olhei para o Sergio que me olhava e deu força para que o fizesse. Concordei em fazê-lo. Fui com a enfermeira até ao quarto da Pilar e ainda fiquei cerca de dois minutos a preparar-me psicologicamente cá fora para entrar. 
Quando achei que já estava em condições, bati à porta e entrei. Assim que os nossos olhos se cruzaram, a Pilar sorriu e ao mesmo tempo começou a chorar.
- Ainda bem que vieste, Ana.
Será que tinha feito bem? Não estava nada, mas mesmo nada, à espera disto, não sabia ao certo o que é que ela poderia querer dizer. Ou ia ter um ataque de bom senso e falar coisas sinceras de tudo o que tinha acontecido, ou ia ter um ataque de loucura e ser só mais um momento negativo para adicionar aos que tenho com ela. Já estou por tudo.


Olá meninas!
Durante as próximas duas semanas não terão mais capitulos. Vou de férias, sem qualquer contacto com a internet. Assim que voltar prometo que irei publicar mais.
Espero que gostem do que vos trouxe neste capitulo.

Muito obrigada por todo o carinho que me têm dado, VOCÊS SÃO AS MELHORES.
Muitos beijinhos.
Ana Patrícia Moreira.

8 comentários:

  1. CADA VEZ MELHOR !! escusado será dizer que quero o próximo !!
    Besos Sergita continua com essa maneira linda de escrever <3

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  2. Olá! Adorei!!!
    Ainda bem que os pais da Pilar aceitaram que a Ana e o Sergio tomem conta da Esperanza.
    Achas bem teres acabado isto assim? Ainda por cima vais-nos deixar duas semanas a morrer de curiosidade.
    Já estou cheia de curiosidade para saber o que é que a Pilar quer da Ana e como é que vai ser daqui para a frente.

    Próxxxiimmooo!!! ( e desta vez não posso dizer rápido)

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  3. Olá...Adorei...
    Ainda bem que os pais da Pilar aceitaram a propostado Sérgio e da Ana...a Esperanza não tem culpa de nada.
    Próximo...bj sff

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  4. Nunca pensei que a Ana se senti-se assim em relação à avó.
    E adorei o nome «Santiago», e gostei ainda mais da explicação.
    Fiquei feliz por os pais da Pilar terem aceite a proposta do Sérgio e da Ana.
    E por falar em Pilar, este final deixou-me totalmente surpreendida.

    Beijinhos

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  5. Lindo lindo lindo :)
    Mas tu já sabes né?
    Que adoro o que escreves <3
    * yo , já consigo comentar :D
    Quero o próximo! <3 *-*
    Beijinho
    * Rita

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  6. Fantástico...

    Quero mais... Tou super curiosa para ver o próximo...

    Continua... Cada vez tá melhor....

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  7. "o rapaz vai com todas de Espanha" Ahahahah! Nem sabes o que me ri ao ler isto.
    O momento da escolha do nome... Foi tão lindo!
    Fiquei muito feliz pelos pais da Pilar terem aceite a proposta do Sergio e da Ana.
    A Pilar... estou desconfiada. Parece-me que ela não vai fazer outra cena de loucura, mas nunca se sabe...
    Adorei!
    Proóximo!
    Besos!

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