sexta-feira, 3 de outubro de 2014

53 – “Tinhas assim tanta certeza que eu iria voltar aqui?”

Ana e Sergio mantinham-se deitados na cama. Olhavam o teto permanecendo de mãos dadas.
- Isto foi...
- Tu prometeste que não ias dizer que era um erro, Ana!
- Que mania que tu tens de não me deixar acabar de falar... - Ana virou-se de barriga para baixo, deixando a sua cabeça sobre o peito de Sergio - eu ia dizer que isto foi a melhor tarde que passei nos últimos dois meses - Sergio sorriu...ele sabia que o que havia entre os dois não poderia ter acabado de um dia para o outro. Deu um beijo na cabeça de Ana, envolvendo-a nos seus braços.
- Vais adormecer ou sair por aquela porta?
- Se eu sair já corro o risco de chegar a casa e dizerem que cheiro a homem, se adormecer vou querer ficar aqui mais tempo - Ana olhou para Sergio a sorrir - e se...fôssemos tomar um banho daqueles nossos? - Ana fazia pequenos círculos no peito de Sergio tentando convencê-lo.
- Acho que pode ser, sim senhora - Sergio beijou-a e os dois foram até à casa de banho.
Entre eles não havia qualquer tipo de constrangimento, já se conheciam melhor do que ninguém e Ana sentia falta de estar assim: a ser a Ana despreocupada, louca, selvagem e sem vergonha de expor o seu corpo a um homem.
Sergio encheu a banheira, enquanto Ana o agarrava e lhe beijava as costas. Depois de a banheira estar cheia, com bastante espuma, Sergio entrou primeiro e só depois é que entrou Ana, ficando envolvida pelos braços de Sergio.
- Há quanto tempo não usava esta banheira... - confessou Sergio, levando as suas mãos até às coxas de Ana.
- Não me digas que a Mia nunca teve direito a um banho destes...
- Nesta banheira só tu e eu podemos ter destes banhos.
- Tinhas assim tanta certeza que eu iria voltar aqui? - Ana virou-se ao contrário, ficando a olhar para Sergio.
- Tinha. Quando estive em casa do Xabi, naquela noite da lesão do Mario, eu percebi que ainda iria haver algo mais da nossa história aos nossos netos.
- Mas...Sergio...isto não significa que eu vá acabar com o Mario.
- Ei...eu sei.
- Sabes?
- Sim...mas quero ter-te assim mais tardes como esta. Não há volta a dar. Tu és minha e eu sou teu. Caso contrário terias saído pela porta de entrada quando decidi investir em ti.
- És tão meu como eu sou tua. Mas o melhor mesmo é não criamos muita proximidade antes que comecem a falar a imprensa.
- Sim, tens razão - Sergio levou as suas mãos às nádegas de Ana que sentiu, por baixo dela, Sergio ficar excitado.
- Amiguinho, vais brincar com a mãozinha - Ana beijou Sergio, saindo da banheira. Voltou até ao quarto, vestiu-se e, quando estava pronta, tinha Sergio completamente nu à sua frente - vou andando - Ana aproximou-se dele, passando com a sua mão no peito dele - havemos de repetir isto - deu-lhe um beijo, saindo dali.


Chegou a casa na mesma altura que Mario estava a chegar. Só espero que ele não note algo de diferente em mim - era a única coisa que Ana conseguia pensar.
Os dois saíram dos carros a sorrir e Mario retirou Esperanza da cadeirinha do banco traseiro.
- Não esperava ver-te em casa tão cedo... - Mario aproximou-se de Ana, beijando-a...e Ana voltou a sentir-se amada apenas com aquele beijo.
- Acabei mais cedo o trabalho...e como amanhã não trabalho deixaram-me sair mais cedo.
- Então isso significa que já escreveste a tua última coluna...
- Sim. Sai amanhã a última. Mario... - os três entraram em casam fechando a porta. Mario deixou Esperanza no pequeno cantinho onde ela costuma estar, olhando para Ana - eu prometi-te que a última coluna seria sobre ti e para ti mas...surgiu outra ideia e se calhar não é bem aquilo que estavas à espera...
- Como assim?
- Prefiro que saibas amanhã, quando te ler o que escrevi, pode ser?
- Claro...mas quase que aposto que o Sergio está envolvido nessa coluna... - Ana percebeu que Mario disse aquilo com certeza na voz e com frieza na voz.
Ana sabia que, ao publicar aquela coluna, estaria a por em causa a sua relação com Mario mas tinha a certeza que o queria fazer. Além do mais tinha tido o apoio da sua chefe e recebera largos elogios.



Duas pessoas do mesmo mundo, duas pessoas com uma carreira profissional exímia. Dois seres humanos com corações completos, dois corações seguros, dois corações que me apaixonaram.
Um com 27 anos, outro com 26. Um nascido em Sevilha, outro nascido em Alcobendas. Um é jogador do Real Madrid à oito anos, outro actua pelo Atlético de Madrid à três. Profissionais excelentes, representam ambos a seleção nacional espanhola. Um conta com 121 jogos pela principal seleção de futebol, outro apenas com dois mas um futuro promissor à sua espera.
Um é defesa central, o outro médio defensivo. Ambos usam o número quatro na camisola que envergam nos seus clubes. Ambos gostam de futebol, cinema e música. Ambos são especiais para estarem a ser falados e, talvez, o leitor já tenha reparado que esta coluna está a ser diferente daquelas que tem lido…considere isto a minha exposição, a minha declaração de amor por eles os dois.
É sabido do meu envolvimento com um…e mais recentemente com o outro. Mas, o que muitos não sabem, é que eu amo os dois. O que muitos não sabem é que vivo em conflito comigo mesma, tentando perceber com qual deles quero ficar, o que muitos não sabem…é que me arrependo de me ter entregue a alguém tão cedo depois da separação.
Expor a vida pessoal é algo que não queria fazer mas, o desafio foi proposto e eu aceitei-o. Vocês os dois…que deverão estar a ler, perdoem-me se não gostarem do que estou a fazer, mas isto…é a minha posição em relação aos dois.
Não sei com qual de vocês quero estar. Sinto-me bem com ambos, sinto-me feliz e realizada. Por isso, estar apenas com um seria estar a enganar-me a mim própria. Não penses que te usei para esquecer a separação…não o fiz. Todas as vezes que disse que te amava foram verdadeiras, aceitar o teu pedido de namoro foi verdadeiro…mas, e perdoa-me por só conseguir dizer isso assim, é ele o meu verdadeiro amor.
Um chama-se Sergio e o outro Mario.
Perdoem-me por tudo.
A vossa Ana.


- Isto é a gozar comigo? - perguntou Mario completamente atordoado.
Ana sabia que aquilo era uma bomba que iria estourar, sabia que não o deveria ter feito mas era necessário para que avançasse com a sua vida.
- Não...não é Mario. Têm sido tempos maravilhosos os que vivo contigo, mas não dá para esquecer os que vivi e...vivo com o Sergio.
- Ainda vives coisas com ele?
- Sim...temos a Esperanza e ontem...ontem nós envolvemo-nos. Desculpa.
- Eu não estou a acreditar nisto...
- Desculpa, Mario.
- Não há pedido de desculpa que seja suficiente. Eu quero-te fora desta casa ainda hoje!

4 comentários:

  1. Espetacular, sem dúvida...
    Fico a espera de mais...
    Beijos
    Nana

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  2. Olá

    Adorei e quero mais *_*


    Beijinhos


    Catarina

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  3. Holla :)
    Ui!...ui!...ui!...adorei este capitulo :)
    Ainda bem que a Ana foi sincera com o Mário...mas não gostei da reacção dele -_-
    Próximo bjs sff

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  4. Olá!
    Uau.....gostei muito!
    São sempre lindos os reencontros da Ana com o Sergio *__*
    Agora fiquei foi :o com a reacçâo do Mário. Ok que pronto aquilo escrito assim na coluna do jornal e a maneira que percebeu que ela ainda tem algo com o Sergio seja sempre mau mas também nao era preciso reagir assim!
    Vou ler o proximo para saber o que vem a seguir!
    Sofia

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