terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

66: “Isto é uma surpresa para mim.”

 - Ai, Sergio! Já chega de praia-casa, casa-praia! Estamos aqui há dois dias e ainda nem fomos conhecer as redondezas.
- Ah e tu queres conhecer as redondezas? Eu a pensar que os dias podiam ser sempre assim…
- É, íamos passar sete dias a acordar, comer, ir para a praia, comer, estar na praia, ir jantar, ir dormir?
- Estás a esquecer-te de uma parte fundamental do nosso dia – Sergio rodeou a cintura da mulher, dando-lhe um beijo nos lábios – estás muito resmungona hoje. E não podes alegar falta de sexo…
- Alego, sexo a mais!
- Sexo nunca é demais, bomboca!
- Eu acho que é. Acho que podíamos ir passear, beber umas quantas tequilas ou ficar a noite toda na praia até o nascer do sol! Falta aqui aventura na nossa lua de mel, Sergio! – Ana passou os seus braços por cima dos ombros de Sergio, roçando o seu nariz no dele – vá lá…
- Tu, então, estás com falta de aventura… - Sergio beijou-a, agarrando uma das suas mãos – vamos lá, então.
- Vamos?
- Agora vamos mesmo! – foram em direção da recepção daquele condomínio onde estavam e Sergio acabou por ficar algum tempo a conversar com o recepcionista sobre todas as possibilidades que tinham para a aventura que Ana queria Cascadas de Agua Azul, que te parece?
- Não sei…
- Há um itinerário turístico que podemos seguir. Sai um autocarro daqui a pouco em direcção das cascatas. Depois temos de seguir um trilho a pé para lá chegar…parece-te aventura suficiente?
- Acho que sim – os dois riram-se e, depois de trocarem um beijo, seguiram para marcar a sua ida no autocarro para o tal local.
Por sorte, poucas eram as pessoas que iam naquele momento com eles. Dando-lhes, assim, algum espaço para estarem mais à vontade. Claro que algumas das pessoas os reconheceram mas tornaram aquela viagem agradável e despreocupada.
Assim que chegaram ao fim do caminho, foi entregue um mapa para não se perderem, sendo que iria estar ali o autocarro para voltarem ao condomínio assim que terminassem a visita. Tinham duas horas para o fazer.
- Toma, Miss Aventura – Sergio entregou o mapa a Ana, que ficou a olhar para ele – tu é que querias aventura, tu é que tens de decifrar isso!
- Não me digas que não sabes olhar para um mapa?
- Claro que sei! Mas sou cavalheiro!
- Não haja dúvida que és! – os dois riram-se e, depois de Ana se dedicar a olhar para o mapa, começaram a caminhar rumo ao sitio que estava marcado no mapa como sendo aquele onde poderiam estar mais perto da água – não há animas selvagens por aqui, pois não?
- Não. Mas há macacos, umas quantas serpentes e aranhas – Ana, que ia há frente, parou olhando para ele – não são tão selvagens quanto os leões…
- Tu não te esqueças que temos um filho em casa e casamos há três dias! Se houver desses bichos por aqui eu juro que faço de tudo para me salvar a mim primeiro!
- Ei, relaxa – Sergio passou para o lado de Ana, rodeando a cintura da mulher com o braço – não há qualquer perigo por aqui.
- Espero bem que me estejas a dizer a verdade!
Sergio riu-se e seguiram-se mais alguns minutos de caminhada, sempre em torno do assunto dos animais. Ana tentava olhar para todo o lado, garantindo que não havia vestígios de movimentações de animais estranhos. Começava a ficar cansada, demasiado suada…
- Começo a achar que isto não foi boa ideia – disse, depois de retirar a camisola ficando apenas de calções e a parte de cima do biquíni.
- Ser aventureira custa! Não estás habituada…
- Caluda!
- Ah agora mandas-me calar?
- Não, a sério. Cala-te – Ana aproximou-se de Sergio, tapando-lhe a boca. Fez sinal para que apenas ouvisse, ficando a olhá-lo. Era o som da água. Um som intenso, de água a correr a grande velocidade – estamos perto com certeza – falou, baixinho, retirando a mão da boca de Sergio.
- És boa a comandar as operações.
- É bom que saibas isso…
- Claro que sei – retomaram a caminhada, num passo mais calmo e apreciando a paisagem que tinham à sua volta. Para além de todas as arvores que tinham à sua volta, de todas as flores de todas as cores…o sol aparecia por entre as folhas, dando uma cor ainda mais bonita a tudo aquilo.
- Chegámos! – Ana, vendo água à sua frente, apressou-se a correr na direcção de uma espécie de alpendre que os possibilitava aproximar-se de tudo.

O som tornou-se ainda mais intenso, era tudo tão bonito que Ana se deixou aconchegar nos braços de Sergio e apreciar aquele momento. Tinham um outro senhor ali a explicar tudo o que representavam aquelas cascatas e, no fim dessa explicação, fizeram um outro caminho para regressar ao autocarro percebendo qual era a dimensão daquelas cascatas e que não existia apenas aquele sitio onde estavam.






- Ana? – chamou Sergio – vá, está na hora.
- Mas ainda há pouco adormeci… - Sergio riu-se – não te rias…dói-me a cabeça – Ana levou as suas mãos à cabeça, começando a abrir os olhos. Tinha Sergio deitado em cima dela, já vestido – está mesmo na hora?
- Hum, hum…o avião está pronto dentro de meia hora.
- Ai dói-me tanto a cabeça – rodeou o pescoço do marido, fazendo com que ele acabasse por se deitar em cima dela – não podemos ficar cá?
- Temos um bebé à nossa espera…
- Acho que isso é mais que um argumento para eu me levantar depressa! – Ana soltou-o, acabando mesmo por se levantar de seguida – oh, que dor de cabeça! – queixou-se, assim que se colocou em pé.
- É o poder das tequilas!
- Tu, como bom marido que és, devias pensar em arranjar um pequeno almoço…e comprimido, não?
- Vai tomar um duche e despachar-te que eu trato disso.
- Muito obrigada, marido.
- De nada, esposa – os dois riram-se e Ana foi para aquele que considerou ser o banho mais demorado que tomou na sua estadia no México.
- Ana, despacha-te! – avisou Sergio, fazendo com que ela se risse. Despachou-se mesmo mais depressa, vestiu-se e voltou para o quarto onde estava Sergio – assim só vais ter direito a comer e comprimidos quando chegarmos ao avião.
- Estás a brincar…
- Não estou não…temos de ir. Agora.
Sergio agarrou em duas malas, Ana noutras duas e saíram daquela casa em direcção do aeroporto. Optaram por ir para o México e regressar a Madrid num jato privado por ser mais cómodo, tendo em conta a quantidade de horas que iriam passar ali.
Depois de entregarem as suas malas ao responsável de embarque, começaram a caminhar para junto do avião e Sergio aproveitou para partilhar, naquele momento, a primeira foto nas redes sociais. Desde que decidiram ficar desligados de tudo, ainda nenhum tinha publicado alguma coisa.

Madrid aqui vamos nós! 
- Tens a certeza?
- Tenho, Sergio. Não há qualquer problema.
- E se houver por lá algum jornalista?
- Eu garanto que o nosso filho fica bem escondido – Ana beijou-o, abrindo a porta do carro – queres que te venha buscar, certo?
- Dava jeito.
- Então nós estamos cá assim que acabe o treino – Ana entrou no carro, começando a conduzir. Tinha ido deixar Sergio ao treino do Real Madrid e agora preparava-se para ir passear pelo centro da cidade com o filho.
Dentro de poucos dias, Sergio iria começar mais uma época ao serviço do Real Madrid, sendo que tinha passado as ultimas duas semanas nos estados unidos a preparar essa mesma época.
Ana sabia que poderia correr riscos de se deparar com algum jornalista, que podiam haver paparazzi espalhados pela cidade que os vissem. Mas também sabia que tinha de fazer a sua vida normalmente.
- Ana Ramos? – por momentos ficou na duvida se seria para si mas depressa viu um senhor acenar-lhe aproximando-se dela – calculo que ainda não esteja habituada ao apelido…
- Não esperei que me fossem chamar assim…deveria conhecê-lo?
- Não, calculo que não. Eu sou jornalista – Ana começou a apressar-se a tentar avançar, sem sucesso uma vez que o senhor se colocou à frente dela – sou jornalista de profissão e fundador de uma revista de arquitetura – naquele momento, Ana ficou ainda mais confusa – sei que a sua área é o desporto e que, muito provavelmente, não se vê a fazer outra coisa para além disso mas…eu gostava muito de a ter na minha equipa.
- Isto é uma surpresa para mim.
- Eu imagino que sim…tome – o senhor entregou-lhe um cartão, olhando-a de seguida – o meu nome é Davi de La Rosa, se estiver interessada em agendar uma reunião comigo para falarmos melhor telefone-me. Eu agora estou com alguma pressa…obrigada pela sua disponibilidade.
- De nada… - Ana deixou-se ficar ali quieta, estando mesmo surpreendida por tudo aquilo que tinha acabado de acontecer. Nunca se imaginou a trabalhar noutra área, nem que poderia surgir uma oportunidade de trabalho no meio da rua.
Sentou-se num dos bancos que ali estavam, colocando o carrinho de Vicente à sua frente. Enquanto não foram horas de ir buscar Sergio, aproveitou para pensar no que tinha acontecido, no que tinha de comprar e fazer naquele dia.
- Buenas! – disse Sergio, assim que entrou no carro – que tal correu esse passeio?
- Correu bem. Fiz as compras que eram precisas, fomos apanhados pelos paparazzi e ainda houve tempo para uma proposta de trabalho – respondeu Ana, tudo muito depressa.
- Calma…paparazzi e trabalho?
- Sim…quanto aos paparazzi foi coisa simples. Limitaram-se a dizer o que é que andamos a fazer e a tirar algumas fotos – Ana entregou-lhe o telemóvel, começando a conduzir – não são nada de especial, penso que podemos deixar passar, não?
Sergio olhou para as fotografias, lendo também o que estava escrito. Tinham mesmo só descrito o que e que tinham andado a fazer e as fotografias não eram mesmo nada de especial. 



- Podemos mesmo deixar passar isto…desde que se mantenham assim – Sergio olhou para o banco detrás, vendo que o filho dormia tranquilo – agora…proposta de trabalho?
- Isso é o mais estranho de tudo…um senhor, Davi de La Rosa, veio ter comigo para me propor uma reunião com ele…disse que gostava de me ter na equipa dele mas na área da arquitetura.
- Isso é um pouco fora da tua área…
- Muito fora! Eu entretanto pesquisei sobre a revista, eles têm imensa reputação na área e não falam só sobre arquitetura em si. Têm também a questão da decoração de interiores.
- Pareces entusiasmada a falar…
- Se calhar um bocadinho – acabou por confessar – era uma oportunidade de recomeçar a minha carreira, longe do desporto entendes?
- Perfeitamente.
- Ainda tenho muito que pensar, muitas opiniões para ouvir – Ana olhou para Sergio, vendo-o sorrir – mas deixou-me entusiasmada em certo ponto.
- Escolhas o que escolheres, eu só quero que sejas feliz. Mesmo que seja numa área diferente da tua.
- Obrigada – os dois foram interrompidos pelo som do telemóvel de Ana a tocar – atendes?
- Claro... – Sergio fez o que Ana lhe pediu, mesmo sem ver quem era – sim?
- Sergio?
- Sim, quem fala?
- É o Salvador. De Portugal…o amigo da Ana.
- Ah, sim! Salvador! – Ana olhou-o, estranhando aquele telefonema – como estás?
- Eu estou bem. desculpem mais uma vez não ter conseguido ir ao casamento…
- Não te preocupes…não é todos os dias que se tem a oportunidade de carreira que tu tiveste – Salvador tinha formado a sua empresa de fatos de surf e, na altura do casamento, ausentou-se do país para uma reunião com uma marca mundialmente conhecida para fazerem uma parceria.
- E…acho que não estou a ligar pelas melhores razoes.
- Aconteceu alguma coisa?
- Põe em alta voz – pediu Ana e Sergio acabou por o fazer – Sal?
- Olá miúda! Que tal estás tu?
- Está tudo bem…e tu?
- Também. Mas, como eu estava a dizer ao Sergio…eu acho que não são as melhores razões para vos telefonar.
- O que é que aconteceu?
- Há alguns dias que me andam a telefonar insistentemente por causa do terreno da tua casa aqui na Ericeira.
- Sim…
- Eu já disse imensas vezes que a casa não está para venda, que tu não estás interessada em vender…mas simplesmente não me ouvem e estão mesmo interessados em comprar a tua casa.
- Isso está completamente fora de questão – Ana teve de parar o carro junto de um parque de estacionamento, para não se distrair – quem é que são essas pessoas?
- Eu tenho falado com o advogado, um tal Juan. Quem quer comprar a tua casa vive em Madrid e só fala comigo através do advogado.
- Tens o contacto?
- Claro. Eu ainda não te tinha dito nada porque sei que não a vendes e que seria essa a resposta que eu tinha de dar. Mas são tão insistentes que eu decidi que te devia dizer.
- Fizeste bem, Sal. Não deixes ninguém se aproximar dessa casa. Ela agora está na tua posse porque eu confio em ti para cuidares do que resta das minhas memórias de infância…
- E podes ficar descansada que eu vou guardar esta casa com tudo o que possa. Até porque é onde moro agora…
- Eu vou tentar descobrir quem são essas pessoas e, assim que souber alguma coisa eu digo-te. E, obrigada Salvador. Por tudo.
- De nada, assim que souberes alguma coisa diz Ana desligou a chamada, debruçando-se sobre o volante. Sentiu a mão de Sergio percorrer as suas costas, começando a abanar a cabeça.
- Quem é que poderá querer comprar aquela casa, aquele terreno com tanta insistência?
- Não sei, meu amor…mas vamos descobrir – Sergio acabou por abraçá-la, percebendo o quanto Ana tinha ficado perturbada com aquele telefonema.
Sabia o quanto aquela casa significava para ela e o quanto seria difícil estar a receber todas aquelas informações. Sabia, também, que agora iria ter como prioridade descobrir quem eram aquelas pessoas. E Ana não vai descansar enquanto não o fizer. 


Olá meninas!
Aqui está mais um capítulo que espero mesmo que tenham gostado. Fico há espera dos vossos comentários e, se quiserem, deixar alguma sugestão com ideias que quisessem ver colocadas em prática na história. 
Beijinhos para todas.
Ana Patrícia.

1 comentário:

  1. Holla :)
    Desculpa pelo meu atraso gigante, mas ultimamente não tenho tido tempo para ler, mas hoje consegui um pouco de tempo e vou actualizar-me :P
    Bem!...estou mesmo curiosa para saber quem quer a casa

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