Ana, depois de deixar Sergio e Vicente em
casa, decidiu ir até casa do seu irmão. Precisava de falar com ele e com a sua
avó sobre o que tinha acabado se saber. Por breves instantes, na sua cabeça
havia a possibilidade de serem eles a querer comprar a casa…mas também não
queria acreditar nisso por ser uma hipótese tão estranha.
-
Como assim? Se a casa não está para venda como é que a querem comprar? –
perguntava Palmira.
-
Não faço ideia – Ana andava de um lado para o outro no meio da sala, estando
irritada com tudo aquilo – e o mais estranho é ser alguém de cá! É alguém de
Madrid que quer comprar aquele terreno!
-
Tem calma, Ana – pediu Gonçalo, fazendo com que a irmã se sentasse no sofá –
temos de ir por partes. Tens o contato dessas pessoas, certo?
-
Sim…mas acho que não tenho coragem para lhes ligar. O que é que eu vou dizer?
-
Tu é que és a jornalista! Devias estar à vontade para essas coisas – Ana riu-se
perante a afirmação do irmão, acabando por retirar o telemóvel da mala.
-
É isso…eu sou jornalista, não é? – tanto o irmão como a avó acenaram
afirmativamente com a cabeça e Ana depressa iniciou uma chamada para o número
que Salvador lhe tinha dado. Não demorou muito a que atendessem e colocasse a
chamada em alta voz – Juan?
-
Sim, quem fala?
-
Daqui fala Ana Ramos. Eu sei que é advogado em Madrid…correto?
-
Sim, exatamente. Há algo que possa fazer
por si?
-
Eu sou a proprietária da casa em Portugal que está a tentar comprar para os
seus clientes.
-
Então estou a falar com a Ana Moreira,
agora esposa do senhor Ramos.
-
Exatamente – Ana olhou para o irmão – eu gostaria de saber se há alguma
possibilidade de nos encontrarmos para esclarecer toda esta situação. A casa
não se encontra à venda, nem penso colocá-la à venda…
-
Claro que sim. Podemos agendar uma
reunião no meu escritório e tratar pessoalmente desse assuno. A proposta que os
meus clientes fazem é bastante flexível e estarão dispostos a qualquer tipo de
negociação que queria fazer.
-
Acho que não me entendeu – Ana levantou-se, caminhando pela sala – a casa não
será vendida. Seja qual for a proposta dos seus clientes. Aquela casa será
sempre minha, neste momento ao cuidado do Salvador com quem tem falado.
-
Podemos então encontrar-nos amanhã? E eu
mostro-lhe toda a proposta. Só assim poderá ter a certeza que não vende.
-
Eu encontro-me consigo para colocar um fim a isto. Pode enviar-me a morada do
seu escritório, por favor?
-
Claro.
-
Muito obrigada – Ana desligou a chamada, sentando-se de novo – não consigo
compreender esta insistência, juro.
-
O sítio onde vocês moravam é lindo, Ana – comentou a avó – talvez alguém se
tenha identificado com o local e queira um escape de férias.
-
Algo que me diz que há mais qualquer coisa por detrás.
-
Só amanhã saberás – interveio Gonçalo – queres que vá contigo?
-
Acho que não…ou acabo por ir sozinha ou com o Sergio. Mas…achas que me podes
fazer um favor?
-
Claro, diz.
-
Podes falar com o tio Ricardo? Ele ultimamente anda estranho comigo e, se
calhar, se falasses tu com ele poderia ser que ele soubesse de alguma coisa…
-
Claro. Eu passo lá por casa dele a ver se consigo saber de alguma coisa.
-
Obrigada, Gonçalo – Ana ainda ficou algum tempo em casa do irmão, esperando
para ver o seu sobrinho acordado. O menino, com os seus dois anos e meio,
estava a dormir uma sesta enquanto ali estava.
-
Só sei que amanhã me vou encontrar com o tal advogado e ver o que é que ele tem
para dizer. Mas é tudo muito estranho, Sergio – Ana sentava-se no sofá, com o
seu pequeno Vicente nos braços. Tinha adormecido e Ana simplesmente não o
conseguia largar – como é que é possível já terem passado seis meses desde que
ele nasceu? – perguntou, olhando para Sergio.
-
Acho que só nos apercebemos que o tempo passa mesmo muito depressa ao termos
uma coisinha assim – Sergio aproximou-se dos dois, dando um beijo na cabeça do
filho – chegaram hoje as fotografias que mandámos fazer.
-
A sério? Até que enfim! – Sergio e Ana tinham mandado revelar três fotografias
especiais do seu dia de casamento. Queriam colocá-las na casa, em molduras
maiores.
-
Queres ir ver onde as pôr?
-
Sim, claro! – os dois levantaram-se – vou só pôr o Vicente no berço.
-
E eu vou buscar as molduras – Sergio beijou-a e assim o fizeram.
Depois
de deixar o filho bem aconchegado no berço, Ana desceu novamente as escadas,
encontrando Sergio na sala, com três molduras grandes ao pé de si.
-
Ai…estão com o tamanho certo! – disse, visivelmente entusiasmada, Ana
aproximando-se do marido – já as viste?
-
Não. Claro que não. Queria fazê-lo contigo.
-
Obrigada – Sergio agarrou apenas numa.
-
Começamos por esta?
- Sim – os dois começaram a retirar o papel que as
cobria, sorrindo de imediato ao ver aquela fotografia.
Era
a moldura mais pequena, mas mesmo assim com tamanho suficiente para colocar na
parede. Sergio olhou para Ana, passando o seu braço por cima dos ombros da
mulher.
-
Está tão bonita… - confessou Ana, rodeando a cintura de Sergio com os braços –
achas que ficará bem onde?
-
Onde tu a quiseres colocar. Mas no teu futuro escritório seria uma boa opção… -
Ana olhou-o, estranhando aquela sugestão – quando começares a trabalhar, temos
de te arranjar um espaço para que possas estar à tua vontade, sem interrupções.
Temos aquela salinha ao lado do meu escritório – que, por agora, era apenas a
salinha onde estavam todos os troféus do Sergio – eu coloco os troféus no
escritório e ficas com aquele espaço para ti.
-
A sério?
-
Claro!
-
Obrigada – os dois trocaram um prolongado beijo, retomando à questão das
fotografias – agora aquela – disse, apontando para a maior – tenho a certeza
que será a que vai para o nosso quarto!
-
Assim não vale! Tu sabes os tamanhos das molduras de certeza – Ana riu-se,
pegando na moldura.
Depressa retiraram o papel que a cobria e Ana tinha
acertado. Era mesmo aquela que iria para o quarto deles.
-
Está super bonita – comentou Ana – foi um dia tão lindo, Sergio – Ana começava
a emocionar-se ao ver aquela fotografia. Já o mesmo tinha acontecido quando
andaram a escolher aquelas que queriam ampliar para colocar na sua casa –
obrigada por tudo – olhou o marido, vendo-o sorrir – estou feita uma lamechas!
– disse, limpando as lágrimas que lhe caiam pela cara.
-
Eu gosto disso – Sergio aproximou-se dela, abraçando-a – e foi, sem dúvida, um
dia lindo que ninguém poderá tirar das nossas memórias.
Foram logo colocar aquela fotografia onde tinha
planeado que ficasse. Em frente da cama do seu quarto, bem no centro da parede.
Abriram a outra apenas para a ver já que a iam colocar por cima do sofá mas
ainda não tinham tudo preparado para o fazer.
- Ana? –
chamou Sergio, enquanto a rapariga se começava a espreguiçar – Buenos dias!
- Buenos dias
– saudou o marido, rodeando o pescoço de Sergio com os seus braços.
- Tenho de ir
para o treino…
- Hum, hum.
- E o Vicente
acordou há pouco – Ana olhou-o, meio confusa – acho que dormiste profundamente
que não o ouviste chorar. Já lhe dei o leite.
- Oh,
obrigada, meu amor – os dois trocaram um beijo e Sergio acabou por se levantar.
- Vou
buscá-lo para aqui – Sergio saiu do quarto, voltando pouco tempo depois com
Vicente nos seus braços – está a parecer-me que vão ter uma manhã de ronha.
- Não pode
ser…tenho de ir ao advogado.
- Desculpa não
puder ir contigo – Sergio entregou Vicente a Ana, que o deixou deitado a seu
lado.
- Não tem
mal…tens de trabalhar. E eu não vou fazer nada de especial. Tenho de garantir
que não é para vender aquela casa.
- Assim que
souberes mais alguma coisa diz-me – despediu-se da mulher com um beijo fugaz,
quente e prolongado.
Ana aninhou-se na cama, colocando o filho mais perto
dela. Vicente tinha tapado a sua cara com a mão e tinha adormecido junto do seu
ombro. Ana não resistiu em fotografá-lo, beijando a mão do filho.
Acho que já começou a perceber
que o fotografo por tudo e por nada. Te amo, bebé.
|
Estava,
também ela, quase a adormecer quando o seu telemóvel tocou. Era Gonçalo.
-
Bom dia – disse, assim que atendeu.
-
Bom dia, mana. Que tal estás?
-
Bem, bem. Estava quase a adormecer aqui ao pé do Vicente. Mas ainda bem que
ligaste porque tenho de me pôr a andar…
-
Posso ir contigo?
-
Claro mas…
-
Eu falei com o tio e há qualquer coisa
que não bate certo. A tia também estava lá e pareceu querer-me contar qualquer
coisa mas o tio Ricardo, simplesmente não a deixou falar e ficou atrapalhado.
-
Eu sabia que havia mais qualquer coisa aqui envolvida…
-
Vou buscar-te, sim? Estou aí dentro de 15
minutos.
-
Está bem, obrigada Gonçalo – Ana não teve tempo para ficar ali deitada. Deixou
o filho sobre a cama, enquanto se vestir sempre atenta aos seus movimentos.
Despachou-se
a comer qualquer coisa rápida e, assim que Gonçalo tocou à campainha, saiu de
casa com a sua mala e de Vicente. Viu o irmão estacionar o seu carro ao lado do
dela, fazendo-lhe sinal que saísse.
-
Vamos no meu pode ser? – perguntou, aproximando-se do irmão. Deu-lhe dois beijos,
seguidos de um abraço – tenho lá a cadeirinha do Vicente.
-
Claro! – Gonçalo fechou o seu carro, indo até ao da irmã. Conduzia ele,
enquanto Ana ia nos bancos traseiros junto do filho – sabes alguma coisa sobre
esse advogado?
-
Não muita coisa…é conhecido aqui por Madrid por se relacionar com grandes nomes
de várias áreas.
-
E o que é que estás a achar de tudo? – os dois olharam-se pelo espelho e Ana só
conseguiu encolher os ombros – tudo se vai resolver, pequenita.
A
conversa com o advogado foi bem curta. Juan bem tentou persuadir Ana para que
vendesse a casa mas sem qualquer sucesso. Estavam já a caminho de casa, quando
esta recebe um telefonema.
-
Sim? – disse, depois de atender.
-
Buenos dias – a voz de uma mulher
surgiu do outro lado da linha – eu tenho
andado a tentar comprar a sua casa em Portugal.
-
Eu acabei de falar com o seu advogado… - Gonçalo olhou para a irmã,
surpreendido.
-
Eu sei. Mas eu preciso que reconsidere a
sua decisão. Preciso que me venda aquele espaço.
-
Isso está fora de questão! O valor que aquela casa e aquele sitio têm, para
mim, são incalculáveis. Eu não lhe vendo nada – Ana não teve outra reação a não
ser desligar o telefonema – era a mulher que quer comprar a casa…
-
Bem, tanta insistência começa a ser demais.
-
É que começa mesmo! – Ana percorreu os seus contatos, ligando de seguida para
Pilar – sei de alguém que é capaz de me ajudar – não demorou muito até que
Pilar atendesse a chamada.
-
Hola neña!
-
Olá Pilar! Como estás?
-
Bem, muito bem! E tu? E o Vicente?
-
Estamos todos bem. E a minha afilhada?
-
Cada dia maior! Temos de combinar
qualquer coisa! Ela adoraria ver-vos.
-
E nós a ela…Pilar, eu telefonei-te por uma razão específica.
-
Que se passa?
-
Andam a querer comprar a minha casa em Portugal e é alguém cá de Madrid…achas
que me podes ajudar? Eu sei que deves ter alguns contatos de quando eras
jornalista. Eu já tentei pensar em alguém que eu conhecesse mas ninguém me deve
conseguir ajudar.
-
Eu vou tentar…tens algum nome?
-
Juan Vargas.
-
É o meu advogado!
-
A sério? Bom…ele tem uns clientes, então, interessados em comprar a minha casa.
-
Vou tentar saber de alguma coisa e,
quando tiver resultados, aviso.
-
Muito obrigada!
Ainda ficaram algum tempo a conversar mas Ana não
conseguia esquecer a voz da mulher com quem tinha falado. Era uma voz terna,
muito doce e calma. Uma voz determinada naquilo que queria. Mas que Ana não lhe
iria dar.
Olá meninas!
Cá vos trago um capítulo. Demorei mais tempo, não por não ter conseguido escrever antes mas foi mesmo por esperar os vossos comentários. Como eles não chegaram, decidi trazer-vos um outro capítulo na mesma. Espero, contudo, que não tenham desistido da história.
Beijinhos,
Ana Patrícia.
Holla :)
ResponderEliminarFic em dia...aleluia :P
Bem que insistência, irra -_-
Será que essa mulher não é familiar da Ana?...tipo uma tia, alguma prima ou...a mãe dela?...
Quero capitulo rapido sff :*