- Sim…já
te disse que sim, não há problema.
- Mas o
médico disse que tinhas de ir com calma…sem grandes perdas de
energia lembras-te?
- Mas eu
tenho de jantar ou não?
- Tens…
- Então! Se
o meu coração aguenta com o meu namorado…muito facilmente
aguentará com os pais dele.
- Eu tenho a
sensação que esse teu namorado é a pessoa mais sortuda do mundo.
- Não
sei…és?
- Sou –
ele deu-me um beijo e permanecemos os dois algum tempo agarradinhos.
Depois de
almoçarmos o Sergio foi para o treino e eu fiquei…a “descansar”
O Sergio tinha
pedido que me fosse deitar e que esperasse por ele, mas eu decidi ir
começar a idealizar o que iria ser o jantar e dar uma limpeza à
casa.
Quando eram
cerca das 17:00h, era mais ou menos hora do Sergio chegar. Fui até
ao andar de cima e deitei-me na cama a ver televisão. Cerca de 10
minutos depois, o Sergio chega ao quarto.
- Olha quem
voltou… - atirei.
- Tens estado
aí deitada?
- Sim –
mentirinha…mas é por uma boa causa.
- Como é que
te sentes? – Ele deitou-se na cama, deixando a sua cabeça nas
minhas pernas.
- Estou bem.
- Ainda bem –
ele aninhou-se e fechou os olhos. Ele tinha dormido no hospital…e o
sofá onde tinha ficado não era o mais confortável. E ainda tinha
ido ao treino…
- Estás
cansado?
- Um bocado.
- Deita-te
como deve ser…eu vou preparando o jantar e tu podes dormir um
bocadinho, que tal?
- Não!
-
Sergio…porque não?
- Não te
podes cansar.
- E fazer o
jantar cansa?
- Sim.
- Por favor…
- Então
vamos fazer os dois…nem te cansas tanto tu, nem eu.
- E…ainda
temos tempo para um duche – o Sergio olhou-me…e riu-se.
- Sabes o que
o médico disse…
- Eu só
falei em duche…tu é que estás a ter outras ideias.
- Tens razão
– ele deu-me um beijo e fomos até à cozinha.
Eu já tinha
retirado carne do congelador para fazermos. Ele reparou e abanou a
cabeça, abraçando-me.
- Tens
noção…de que és super teimosa?
- Tenho…já
me disseram algumas vezes – ele olhou-me, dando-me um beijinho
no nariz – eu não aguento ficar muito tempo no mesmo sitio. Eu
não me cansei…só estive a pensar no que poderia ser o jantar, dei
um jeito à sala de jantar…
- E não te
cansas-te?
- Não…acho
que o problema do meu cansaço és mesmo tu.
- Eish…que
mazinha!
- Sou…de
vez em quando. Mas, só quero é que daqui a uma semana o médico
diga que está tudo bem, e que possamos voltar a fazer exercício
físico os dois.
- Hum… -
ele deu-me um beijo no canto dos lábios que me deixou…estranha.
Senti uma coisa completamente…WOW.
- O que é
que pensas que estás a fazer?
- Nada…
- Eu te digo
o nada…sabes bem que o meu coração está fraquinho.
- Sei muito
bem.
- Ainda
bem…que é que estás a pensar fazer para o jantar? –
Perguntei, colocando as minhas mãos no fundo das suas costas.
- Já que já
temos carne…podemos fazer um guisado.
- Parece-me
bem.
Começamos os
dois a descascar batatas, cenourinha e tudo o que era necessário
para aquele guisado. Depois de já o termos adiantado o suficiente,
fomos tomar, os dois, um banho de emersão…super relaxante e
demorado. Sabia mesmo bem, estar dentro da banheira, quentinha e com
o Sergio. Cerca de 40 minutos depois saímos da banheira e fomos até
ao quarto, enrolados em toalhas. O Sergio foi até ao seu closet e eu
à minha mala…o que é que eu poderia escolher para jantar com os
pais do Sergio…a roupa já estava toda espalhada, misturada com os
sapatos e bijutaria, quando o Sergio saiu do closet, já pronto…em
menos de 15 minutos.
- Não…não
pode ser! Tu entras num closet cheio de roupa e demoras 15 minutos a
estar nesse estado…eu com uma malinha ainda não tenho nada para
vestir.
- Acho que te
posso resolver o problema.
- Vais
escolher a minha roupa?
- Vou dar uma
ajuda. Vem comigo – ele esticou a sua mão na minha direcção.
Eu agarrei-a e fui com ele. O Sergio levou-me…para fora do quarto
encaminhando-se para o fundo do corredor – enquanto a minha irmã
vivia cá em casa…ela foi juntando roupa que não queria e agora,
que casou e tem a casa dela, deixou-me isto.
O Sergio abriu a
porta e o meu queixo caiu-me aos pés…simplesmente o sonho de
qualquer mulher…
- Wow –
foi o que consegui dizer…estava completamente deslumbrada com o
tamanho do closet e a quantidade de roupa que ali estava.
- Podes
escolher o que quiseres.
- Não…isto
é da tua irmã.
- Ela nunca
usou nada disto. Diz que não fazia o estilo dela. Queres ajuda?
- Sim… -
disse a medo.
- Senta-te –
disse apontando para uma cadeira que se encontrava junto da porta –
dá-me uns minutinhos para vasculhar o que há por aqui.
O Sergio começou
a ir em busca de algo…para eu vestir. Ri-me com a situação…o
meu…namorado, está a procurar a roupa para eu usar, no jantar que
vamos ter com os pais dele. Está bonito, está.
Ele ia mostrando
algumas peças de roupa, que eu ia amando, mas ele dizia que tinham
defeito e que não era o que ELE queria que EU usasse.
Vi que ele
estava…empenhado na tarefa e nem sequer tentei me meter no meio da
sua busca.
Passado algum
tempo e quando ele já ia a meio, ouvi:
- Achei!
Ele veio na
minha direcção…com uma peça de roupa que eu não vestiria num
jantar com os pais do meu namorado.
- Deves
pensar…eu não vou jantar assim com os teus pais.
- Vais sim! E
sou eu que mando!
- Olha,
olha…deves estar muito enganado! Tu não mandas nada!
- Tens
razão…mas sou teu namorado – ele fez uma pausa e sorriu –
e sei que te vai ficar super bem. E sei que com os acessórios que há
para ali, fazes qualquer coisa.
- Mas…não
é…demais?
- Até é de
menos… - ele riu-se e curvou-se para chegar aos meus lábios e
beijar-me – vestes?
- Já te
disse que consegues…que eu faça as coisas sem pensar?
- Não…nunca
tinhas dito, mas é bom saber isso –
demos mais um beijo e ele colocou a roupa nas minhas pernas –
vou por o comer ao lume para acabar. Tens meia hora para te
consciencializar que vais ser o meu arraso.
- Ai… -
ele deu-me mais um beijo e saiu.
Fui até ao
quarto do Sergio para ir buscar a minha roupa interior. Depois de
vestir o vestido, fui, de novo, até ao closet e dirigi-me até ao
sapatos…a minha perdição. Depois de os escolher, escolhi os
acessórios também e…acho que estava pronta.
Fui
até à cozinha, onde estava o Sergio. Assim que cheguei à cozinha,
ajeitei o vestido...achava-o demasiado curto.
-Sergio...eu
acho que o vestido é curto demais.
O
Sergio olhou-me e riu-se, vindo ter comigo.
-Como
tinha pensado, estás um arraso.
-É...os
teus pais também vão achar...eu vou trocar de roupa – dei
meia volta e comecei a ir para o andar de cima, de novo, mas o Sergio
agarrou-me pelo braço.
-Nem
penses...estás linda e não penses no que os meus pais vão
pensar...interessa-te mais o que eles pensam ou o que eu penso?
-Neste
momento? O que eles pensam!
-Esquece...eles
podem ficar a olhar para ti...mas é por seres linda e por seres...a
primeira rapriga que lhes apresento.
-E
pronto...ainda me deixas pior do que já estou.
-Ei...tem
calma! Sê tu própria e...eu estou contigo.
-Sei
que sim – beijamo-nos.
-Temos
de ir por a mesa – o
Sergio interrompeu o beijo e fomos os dois por a mesa na sala de
jantar, para que, quando os pais do Sergio chegassem, estar tudo
pronto.
Cerca de 20 minutos depois tocam
à campainha...o meu estômago começou a andar às voltas. O Sergio
veio ter comigo à sala. Olhou-me e deu-me um beijo.
-Independentemente
do que se passar, quero que saibas que te amo – disse
ele beijando-me de novo.
Ele
foi até à porta, abriu-a e os pais dele estavam à porta.
Cumprimentaram-se os três animados e o Sergio deu-lhes licença para
passarem. Assim que os nossos olhos se cruzaram...senti-me super
estranha. Os pais do Sergio ficaram...confusos, com a minha presença.
O Sergio fechou a porta e veio ter comigo, colocando um dos seus
braços em torno da minha cintura...senti-me...amparada.
-Queria
apresentar-vos a Ana...a minha namorada. Ana, são os meus pais,
Paqui e José.
Para meu espanto, a mãe do
Sergio é quem toma a primeira iniciativa e me veio cumprimentar, com
dois beijinhos. Já com o pai...era diferente, o senhor estava tenso
e sem grandes vontades de me cumprimentar. Sei que o Sergio reparou
nisso, mas nada dissemos...óbvio que não, os senhores tinham sido
apanhados de surpresa.
Durante todo o jantar, íamos tendo conversas banais...simplesmente em relação ao castigo do
Sergio, ao dia-a-dia dele e coisas assim. Quando terminamos o jantar
fomos até à sala e o pai do Sergio pediu-lhe para falar com ele a
sós, assim, foram os dois para o escritório, ficando eu, na sala,
com a mãe do Sergio.
Assim que o Sergio e o pai saíram
da sala, a mãe do Sergio, chegou-se para junto de mim, agarrando-me
na mão.
-Deves
ser muito especial para o meu filho – começou
ela – o Sergio nunca nos tinha apresentado uma
rapariga...como namorada. Deves saber a fama que as revistas e
jornais fazem dele...mas o meu menino não é como o fazem parecer
que é. O Sergio é...ele é...
-O
homem mais perfeito...é atencioso, amigo, preocupado e tem sempre as
palavras certas para o momento certo – completei.
A
senhora olhou-me, emocionada, e deu-me um abraço.
-Ainda
bem que...apareceste.
-Foi...por
acaso – a mãe do Sergio
voltou a olhar-me e a agarrar-me pela mão.
-Obrigada.
-Porque?
-Por
demonstrares ao meu filho que...amar de novo não tem problemas.
-Acho
que, nesse caso, eu é que tenho de agradecer...o Sergio é...o meu
primeiro namorado a serio.
Vi que a senhora ficou espantada
com o que lhe disse, mas permaneceu com o seu sorriso magnifico nos
lábios...era semelhante ao do Sergio...vejo, agora, a quem é que
ele sai.
(Sergio)
O jantar com os meus pais e a Ana
estava a ser, no mínimo casual...pouca conversa sobre nós, e muita
sobre mim. Penso que a Ana não ficou incomodada com esse facto, mas
eu, por outro lado, gostava que, ao jantar, os meus pais tivessem
feito mais perguntas sobre ela, a ela. Sobretudo a minha mãe...do
meu pai não iria esperar nada disso, muito pelo contrário. O que eu
esperava dele chegou depois de jantarmos. Uma conversa a sós.
Fomos os dois para o escritório,
deixando a Ana e a minha mãe na sala.
-Tens
recebido propostas? - perguntou
o meu pai, sentando-se no pequeno sofá que ali tinha.
-Algumas...mas,
ambos sabemos que não é por isso que o pai quis falar comigo
sozinho.
-Tens
razão. Senta-te – puxei a
cadeira e sentei-me em frente dele – isto da Ana...é
alguma brincadeira? Sabes que não deves tornar as coisas tão sérias
antes de o serem.
-Sei
disso pai, mas que aquela mulher que está na sala, é a minha futura
esposa e futura mãe dos seus netos. Desde...o meu último
relacionamento...que nunca senti nada por alguém como sinto pela
Ana.
-Com
a Pilar...tu não chegas-te a apresentá-la como namorada.
-Vê...aí
tem mais uma razão para ver que é tudo muito sério.
-Eu
só espero que saibas o que estás a fazer...não brinques com a
rapariga.
-Fique
descansado... - foi então que
me lembrei que a Ana tinha de tomar um comprimido que o médico lhe
tinha dado para completar a dose que tinha de tomar – eu
já volto.
(Ana)
Estava a falar tranquilamente com
a mãe do Sergio, quando ele aparecesse na sala.
-Estávamos a esquecer-nos do que o médico disse – ele
vinha com um copo de água na mão, bem como o comprimido que o
médico me tinha mandado tomar, depois de jantar.
Peguei
no comprimido e tomei-o. Ele voltou a sair da sala e eu voltei à
conversa com a mãe dele.
-Estás
bem, querida?
-Foi
só um problemazinho...
-Queres
contar-me?
-É
medicação por causa do meu coração...ontem fui parar ao hospital
porque estava com insuficiência cardíaca.
-E
estás bem?
-Sim...fizeram-me
apenas uma mini cirurgia, mas tenho de ter cuidado em relação aos
esforços durante uma semana.
-Então...foste
operada e estás já a conhecer os teus sogros?
-O
Sergio queria levar-vos a jantar fora...eu é que não deixei.
-Custou
muito a cirurgia?
-Custou
o acordar dela...parecia que me tinha passado um camião em cima, mas
agora está tudo bem. Tenho uma cicatriz pequena e quando retirar os
pontos nem se vê.
Ainda ficamos um bom bocado a
falar do que se tinha passado, até que chegou a hora dos senhores se
irem embora. Despedi-me de cada um deles, o pai do Sergio, estava
mais...relaxado.
-Até
que nem correu mal – disse o
Sergio, depois de fechar a porta.
-Adoro
a tua mãe. Foi super querida comigo...uma mãe.
-Já
viste a quem é que saiu certo?
-Já
sim... - dei-lhe um beijo e
fomos deitarmo-nos.
Despi-me,
ficando apenas em roupa interior. Ri-me sozinha...iria ser a primeira
noite que, realmente, iríamos para a cama os dois para dormir.
Retirei o soutien e vesti uma T-shirt para ficar mais à vontade.
Peguei
no meu tablet e nos óculos.
Deitei-me
na cama, tapei-me, pus os óculos e preparei-me para ir ler o que se
passava por Portugal. Notícias do país, notícias do meu...chefe,
ou ex-chefe...essa tarefa foi-me dificultada pela entrada do Sergio
no quarto...ele vinha apenas em boxers...o que me deixou
completamente desnorteada.
Ele
olhou-me e riu-se.
-Estás
a gozar comigo e com o facto de usar óculos? - perguntei.
-Nada
disso – ele meteu-se dentro
dos lençóis, encostando a sua cabeça ao meu ombro – só
não fazia ideia de que usavas óculos e que ficavas linda com eles.
-Não
sejas parvo! O meu chefe mandou-me um mail – disse
ao abrir a minha caixa de correio.
-Que
diz?
-Vou
abrir agora. Queres que te leia?
-Se
quiseres...
-Pode
ser em português?
-Se
for devagar, eu percebo.
-Ok.
Então começa assim:
“Estimada
Ana Moreira,
creio
ter arranjado uma substituta para o seu lugar, não tem as suas características profissionais, mas parece-me que a sua escolha já
estava feita no dia em que falamos. Contudo, fico a aguardar uma
resposta sua até amanha de manhã. Fique sabendo que apreciava
bastante o seu trabalho e que deveria aceitar a minha proposta. Se
não o fizer, as minhas felicidades. Cumprimentes.”
-O
que é que ele quer dizer com isso? - perguntou
o Sergio.
-Quer
dizer que estou desempregada. Eu não vou aceitar a proposta dele...é
que nem pensar.
-Já
te disse que te posso ajudar.
-Não...já
disse que não.
-Vamos
dormir, então...amanhã é outro dia.
-É
outro dia...que eu vou passar aqui em casa...aviso já que depois de
amanha tenho de sair daqui, senão dou em maluquinha.
-Depois
vemos o teu caso.
Desliguei o tablet, colocando-o
em cima da mesa de cabeceira, assim como aos meus óculos. Virei-me
para o Sergio e, até o sono chegar, estivemos numa de...namorar.