quarta-feira, 27 de março de 2013

25 - "Ana Filipa...tu queres..."

- Sergio... - o meu corpo reagia a ele...comecei a sentir um formigueiro na barriga, as pernas a tremerem. Mas não consegui fazer nada, nem me chegar perto dele, nem falar...apenas me afastei...afastei-me dele. 
- Ana... - ele entrou no quarto fechando a porta. 
Ficamos os dois a olhar um para o outro...eu queria...alguma coisa, não sei o que, mas queria. Um abraço? Uma festinha na cabeça? Um toque na mão? Alguma coisa...
Eu sentei-me ao lado da cama...no chão, e comecei a chorar...não desesperadamente porque não queria que ele ouvisse, mas chorei...era o que acontecia cada vez que tinha pensado nele nestes últimos tempos...
- Tudo o que aconteceu...foi a pior experiência das nossas vidas. Tínhamos tudo...passamos a não ter quase nada. Eu amo-te, mas sei que...as coisas mudaram. Tu mudaste. 
- Porque é que dizes que mudei? - não me atrevi a olhar para ele...a sua voz vinha de trás de mim, logo ou ele estava em pé do lado contrário da cama ou também estaria sentado. 
- Sofreres o que sofreste...é óbvio que muda uma pessoa. 
- É verdade...
- Desculpa...ter...sido o culpado de tudo. Ter sido o culpado de o teu coração ter voltado a fraquejar, de teres chorado por mim, por teres perdido...o filho que queríamos ter...
- Talvez...não estivesse destinado a nascer - olhei para trás...e ele estava de joelhos, com os braços apoiados no colchão e a sua cabeça sobre eles, olhando-me - estamos...estávamos a levar as coisas com muita pressa Sergio...estava a ser demasiado perfeito, entendes? As coisas não são perfeitas, ninguém é perfeito...e se este bebé não nasceu...não temos ficar presos a ele. Nenhum de nós sabia da sua existência...eu não o amava para saber o que é perder um filho. Podes chamar-me insensível mas é o que sinto...eu não sabia que ele estava dentro de mim para o amar. Sei...que amar é uma palavra que é forte...forte demais para ser usada em vão...nunca a usei, não é agora que a quero usar para nada. 
- Tu não és insensível ..és uma pessoa capaz de me surpreender por estes pormenores, por seres...forte, apesar de tudo...por seres...a Ana que eu sempre conheci...tu mudaste, mas eu sei que tu és tu...e que...se me deixares...se permitires, possas ser, de modo mais sério...a minha namorada. 
- Sergio...
- Dá-me a tua mão - o Sergio esticou a dele na minha direcção...e, sinceramente nunca pensei que o meu corpo fosse reagir como a minha cabeça queria fazer. Juntei as nossas mãos e simplesmente olhei para a forma como elas se conheciam, como elas encaixavam, como elas...trocaram carinho. 


- Na minha família ..há um objecto que todos nós usamos...homens e mulheres. Eu quero que tenhas isto - o Sergio abriu a sua outra mão e nela tinha um anel...igual ao que ele usava na mão direita. 


- Independentemente de qual seja a tua resposta, eu quero que o uses...
- Resposta?
- Ana Filipa...tu queres...
- Sergio...tu vais...
- Pedir-te em namoro. Tu queres namorar comigo? Com calmas, sem pensar no futuro, ser um dia de cada vez, cada dia igual ou melhor ao anterior.
- E...porque o anel de família? 
- Tu és parte dela...sendo ou não minha namorada. Todos te adoram, todos sabem que eu te amo.
- Sergio...eu não sei. 
- Não preciso que o saibas...preciso que o sintas. Não sabes o que sentes? 
- Sei...
- Responde com base nisso. 
- Sim... - ele sorriu-me...e eu sorri. Precisava de sorrir...com ele e por ele. 
O Sergio colocou-me o anel no dedo...era uma coisa gigante...mas nada em que se comparasse com o seu significado. 
- Obrigada - disse-lhe. 
- Porque?
- Por...me tentares proteger...colocando-te naquela posição com a Pilar.
- Shhh... - o Sergio deu a volta à cama e sentou-se a meu lado - se eu te amo como amo, foi por isso que o fiz - abracei-o...o meu corpo precisava de estar envolvido no dele, precisava de estar rodeada pelos braços dele, pelo cheiro dele...
- Eu amo-te tanto... - houve sofrimento...ainda há um pouco...mas eu amo-o, quero amá-lo mais que sofrer...
- E eu amo-te ainda mais...
- É impossível...
- Acho que não.
- Sergio... - olhei-o nos olhos - eu amo-te. 
- Eu também te amo, namorada. 
- Namorado... - os nossos lábios...juntaram-se, precisavam disso, mas com calma...com algum receio de apressar as coisas, mas com paixão, com saudade, com alegria e tristeza à mistura... estávamos diferentes...mas estávamos melhores, estávamos conscientes de que somos a serio...de que...é para valer...um dia de cada vez. 
- Desces comigo para jantar? 
- Claro...
Levantamo-nos e descemos em direcção da sala de estar onde estavam os pais do Sergio e a Miranda, que veio ter comigo e me abraçou. 
- Pequenina...ainda bem que não me vais bater - falou ela ao meu ouvido. 
- Achas que podia? - olhei para ela...a minha Miranda - dêem nos licença - peguei na Miranda pela mão e fomos até um sitio onde não estava ninguém - Miro...obrigada por tudo amor. Obrigada por teres sido a minha amiga, a minha irmã, a minha...mãe, naquela semana. Obrigada por não me teres deixado...acabar o que queria fazer. 
- Não me tens de agradecer...tens de me prometer que vais andar mais calma, que vais aproveitar o amor que aquelas pessoas que estão na sala têm para te dar...vais prometer-me que nunca, mas NUNCA mais te voltas a tentar matar. 
- Contas-te ao Sergio?
- Não...eu disse-lhe que tinhas batido no fundo...mas não entrei tão fundo no assunto...se lhe quiseres contar contas, se não...não contas. Mas...se eu por acaso vir que as coisas estão a dar mal...eu conto-lhe.
- Eu não sei o que é que me deu...tu sabes que eu nunca fui assim...de querer acabar com a minha vida...mas...
- Eu sei...eu sei - ela apenas me abraçou. 
- Obrigada Miranda. 
- Diz lá que às vezes aqui a louca não sabe o que faz.
- Se sabe! - gargalhamos as duas - olha - mostrei-lhe o anel.
- Isso é...um anel...
- Sim Miranda...é um anel.
- Mas um anel de...
- Um anel de família...e um anel de namoro. 
- É...grande...e...de família!? 
- Sim. Todos na família têm um. Ainda só tinha reparado no do Sergio...mas todos na família terem um...
- O moço é mesmo...
- Eu nem mereço isto.
- Mereces isso e muito mais. 
- Ana? - era o Sergio, que pouco depois aparece junto de nós - estão aqui...vamos jantar?
- Claro - avancei com a Miranda ao meu lado direito e o Sergio do meu lado esquerdo...aproximei-os de mim...eles...eles eram duas pessoas completamente cheias de amor para dar...teimosos como o raio, são os meus dois amores, os meus dois corações a bater fora do meu peito...o meu suporte de vida. 
Chegámos à sala de jantar e, tanto a Paqui, como o José tinham um sorriso nos lábios. Jantámos todos com tranquilidade...muito amor...haviam imenso amor em torno daquele jantar...havia...uma família. 
- Sergio... - começou o pai dele - eu nunca pensei que tu hoje, aqui, sentado na nossa mesa a jantar tivesses a tua namorada...a usar o nosso anel de família. 
O Sergio agarrou na minha mão...na do anel. A Paqui começou a chorar...e a Miranda falou: 
- Proponho um brinde - levantou-se...e...vai começar o discurso... - desde que a Paqui chegou aos Estados Unidos...eu soube que a Ana estava bem entregue...eu já tinha conhecido o Sergio, mas pude constatar que a família dele também protege a minha menina. Nunca pensei viver o que vivi nestes últimos dois dias...nem nos meus pesadelos o que aconteceu alguma vez apareceu...mas, obrigada por me mostrarem o significado de uma família. Por significarem isso para a Ana - é óbvio que chorei...a Miranda é a minha irmã que eu conheci tarde demais, conhecemo-nos demasiado tarde para aquilo que devia ter sido. 
Brindámos...havia felicidade...alivio, paz...serenidade...

A noite ia longa... estávamos cansados...e, nem o Sergio foi dormir a casa dele. Ficamos todos em casa da Paqui. Eu deitei-me com o Sergio...deitei-me nos braços dele, no calor do seu corpo...e preparei-me para dormir. 


Estava mesmo quase a dormir...quando senti alguém entrar. 
Olhei para a porta e era a Miranda.
- Que é que estás aqui a fazer...
- Eu sei que isto vai parecer estranho...mas eu quero dormir contigo. 
- Desculpa?
- Sim...Ana...acho que me habituei demasiado a dormir contigo.
- Mas...está aqui o Sergio...
- Não te preocupes. Eu fico do teu lado...ficas no meio de nós dois. Por favor? 
- Anda - abri-lhe os cobertores e ela entrou e abraçou-se a mim...
- Obrigada. 
Isto era completamente...surreal, mas era tão bom. Tinha a Miranda de um lado, a abraçar-me, e tinha o Sergio do outro...que eu o agarrava. O acordar para o Sergio...deveria ser estranho...mas é tão bom estar assim...com eles. 

8 comentários:

  1. Que final mais engraçado, quero ver a reacção do Sérgio quando vir a Miranda na cama :P.
    Próximo rapidamente sff :*

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  2. Addoorrreeiii!!
    Ainda bem que finalmente o Sérgio e a Ana estão bem.
    Este final foi maravilhoso. Estou para ver quando o Sérgio acordar xD

    Próximmmoooo rápiiidddooo!!!

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  3. Ahahahahahah adorei o fim!!
    Melhor adorei tudo mas o fim é "de morte"!
    Mais por favor
    Bjokinhas
    Mariaa

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  4. Olá :)
    Gostei, mas este final simplesmente matou-me xD
    Fez-me lembrar as crianças quando pedem aos pais para dormirem com eles.
    Acho que o Sérgio ao acordar vai pensar que continua a...sonhar.

    P.S. O comentário da Sónia Clemente era o meu.
    Esqueci-me que tinha a conta dela aberta e não a minha :s

    Beijinhos
    Daniela^^

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  5. Adorei!
    Capítulo fofinho!
    O acordar do Sérgio... Quero ver isso!
    Bjs

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  6. Oh que fofinho *o*
    Adorei do principio ao fim!!!
    Ainda bem que eles retomaram o namoro e de forma tao especial. Anel de familia...nem tinha reparado no anel, pah! xD
    E quanto a este fim...ahahahah a Miro parte tudo! Adoro-a! xD
    Quero o proximo!!

    Beso
    Ana Santos

    P.S. Espero que a Pilar ja esteja a mugir bem longe de Madrid ;)

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  7. oin *-* Que coisas fofas *-*
    Ainda bem que já esta tudo bem.

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  8. Isto está tão perfeito :o
    Adorei, tudo, adorei o anel pois aquilo é um símbolo de verdadeiro compromisso, adorei o pedido, adorei o reencontro, adorei ter descoberto que ela se tentou matar (ok, isto foi um pouco sinistro xD), mas é um momento importante e certamente marcante, e por fim adorei o final!
    E que final, mas algo me diz que o acordar vai ser melhor assim, assim que o Sergio reparar que têm companhia :b
    Mas quero o próximo rapidamente, sim? *.*

    Besos, Débora*

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